Jantei em meu quarto com Winnie e Sean me fazendo companhia. Ambos sentados no chão, pois se recusaram a dividir a cama comigo, e absorvendo cada palavra que eu dava em meio às garfadas da minha comida.
Contava para eles como é a Irlanda. As terras e montanhas infinitas, o verde mais puro que já vi, os nossos costumes, sobre a tecnologia e meu saudoso celular. Eles não conseguiram entender o que era, então dei um jeito, meio torto, de explicar.
ㅡ É como um espelho mágico. E com ele você consegue ver ou apenas falar com uma pessoa que está do outro lado mundo. ㅡ digo, e vejo um pouco de compreensão em suas faces ㅡ E também serve como fonte de pesquisa, ao invés de ficarmos horas e horas procurando em livros, basta dizer ao espelho o que queremos e ele nos dá a resposta.
ㅡ O seu mundo me p
Já está quase na hora. É isso.Eu serei Rainha.A ficha ainda não caiu, mesmo eu já estando pronta, só esperando Farall vir me buscar. Ainda parece algo surreal para mim, inimaginável. Pela milésima vez, faço contornos com os dedos pelos desenhos em renda de meu vestido. Todo em seda, ele se arrasta pelo chão; contém uma espécie de capa, amarrada em meu pescoço, que se estende ao longo de minhas costas. Uma tiara presa em meus cabelos soltos, mas que fica grudada em minha testa, toda em prata com uma solitária pedra negra, completam minhas vestimentas.O tédio aumenta a cada batida acelerada de meu coração, já impaciente com toda essa espera. Então a porta se abre e, finalmente, Farall aparece. ㅡ Pri
A comemoração não durou muito. As pessoas não tinham ânimo para comemorar, a maioria já tinham perdido familiares na guerra, ou os familiares estavam, naquele momento, protegendo a barreira mágica.A maioria das perguntas dirigidas a mim eram se eu já sabia qual plano iria usar, quando iria para o fronte e se eu já havia falado com a deusa; as respostas sendo "não, não sei, e não", respectivamente.Alaric não saiu do meu lado o tempo todo. Andamos pelo salão cumprimentando o máximo de convidados que conseguimos, enquanto os músicos tocavam seus instrumentos e a mesa de comida estava sendo visitada por todos. Tendo nomes demais para gravar, minha mente já estava dando nó quando dei uma fugida, com a desculpa de que tinha sede.Parei no corredor e ouvi passos atrás de m
Ouço vozes ao longe, mas não consigo distinguir de quem são. Abro os olhos devagar e sinto uma forte pontada em minha cabeça, que logo começa a latejar. Deixo escapar um gemido de dor e as vozes cessam, quase imediatamente.Eu desmaiei?! Ai, meu Deus! Eu desmaiei! Ando com passos lentos e calculados, tentando não pisar em nenhum galho ou folha que faça qualquer barulho. Ao meu redor há apenas árvores, mas consigo sentir a energia deles. Me abaixo procurando pegadas em meio a folhagem marrom e apodrecida no chão, mas não encontro nada. Fecho meus olhos e respiro fundo, o vento trazendo o cheiro até mim. Achei. Ando calmamente para o leste, e o cheiro dele fica mais forte. Mas, por um descuido, piso em um galho que estala sob meus pés. Em questão de segundos Alaric salta sobre mim, com sua espada em mãos, e me jogo no chão para desviar. Ele passa direto e puxo uma flecha com tanta rapidez que, quando ele se vira em minha direção, a ponta já está apontada para seu peito, o pegando totalmente de surpresa. ㅡ Xeque mate. ㅡ sussurro para que Any e Mota, ainda escondidos, n&Capítulo 13
ㅡ Do que está falando, Alaric? ㅡ minha voz sai trêmula, demonstrando meu total nervosismo ㅡ Você não me quer, você tem nojo de mim...ㅡ Eu fui o maior idiota do mundo por te dizer esse absurdo. ㅡ ele dá mais um passo à frente, e leva suas duas mãos ao meu rosto enquanto fala: ㅡ Confesso que senti muito medo do seu poder; medo de você tomar as rédeas de tudo e me excluir. Mas hoje eu sei que você não é assim. Você não é. E mesmo que fosse, Alhana, eu daria tudo que tenho só para vê-la sorrir.O tempo parece parar com sua fala. Suas íris negras brilhando tanto, sem desgrudar do meu rosto por um segundo sequer. Suas mãos fazendo círculos em minhas bochechas, aquecendo-me completamente por dentro.ㅡ Alaric, eu...ㅡ Deixe-me falar, por favor. ㅡ sinto minha boca
Cavalgamos por horas seguidas, sem pausas para descanso, até alcançarmos um córrego que cortava o meio da floresta. Paramos e resolvemos fazer uma fogueira, enquanto Sean e os outros guardas saem para colocar os cavalos para descansar.O dia foi cansativo, nos alimentamos e hidratamos sem interromper a caminhada, então esse descanso é muito merecido para cada um de nós. Mota faz um feitiço de segurança ao nosso redor, e espantamos o frio da noite em volta da fogueira. Guardas conversam entre si, e Alaric ri de vez em quando de coisas que não entendo, como uma piada interna.Não consigo falar, nem interagir com ninguém, desde que saímos dos jardins do Palácio. O medo está me corroendo por dentro, pois não sei o que esperar do fronte. Ouvi algumas hi
Estou sentada em uma cama improvisada de palha dentro de uma barraca de lona. Any dorme na cama ao lado, e ouço a movimentação do lado de fora. Não lembro como vim parar aqui, a última coisa que lembro é de sentir muita dor de cabeça e uma voz gritando meu nome. Levanto devagar e saio do ambiente fechado, respirando o ar com cheiro de podre que esse lugar tem. Vejo alguns guardas em volta de uma fogueira, vestidos com roupas normais, tomando algo quente em suas tigelas, e há outros rondando o espaço vestidos com suas armaduras. Olhando ao redor vejo Alaric e Farall conversando com algumas pessoas em volta de uma mesa, e ando lentamente até eles. ㅡ O último Manach que conseguiu atravessar a barreira veio por aqui. ㅡ ouço um homem dizer e apontar um lugar no papel esticado a sua frente ㅡ Sete bruxos atravessaram com ele. ㅡ A barreira está enfraquecendo cada vez mais. ㅡ Alaric murmura, morde
Estamos reunidos para jantar em volta de uma fogueira. Já se passaram dois dias desde o ataque dos bruxos Manachs e ainda não conseguimos pensar em um modo de derrubarmos a barreira, para termos mais chances de defesa ou podermos atacar primeiro.O exército está todo reunido e amanhã chegam os clãs de fadas e bruxas Ullas que mandei chamar, contra a vontade de Fingal, é claro, mas foi uma ordem clara e direta minha, então ninguém mais pode questionar a decisão da Rainha. Todos estão com medo do Povo Encantado, mas esquecem que a magia das fadas e das bruxas não funciona aqui. Mota reclama o tempo inteiro sobre isso, mas não aceita ir embora, alegando que não ficaria em paz ao estar tão distante de mim. Depois de minha crise de choro ninguém mais tocou no assunto da morte dos brux