Estamos reunidos para jantar em volta de uma fogueira. Já se passaram dois dias desde o ataque dos bruxos Manachs e ainda não conseguimos pensar em um modo de derrubarmos a barreira, para termos mais chances de defesa ou podermos atacar primeiro.
O exército está todo reunido e amanhã chegam os clãs de fadas e bruxas Ullas que mandei chamar, contra a vontade de Fingal, é claro, mas foi uma ordem clara e direta minha, então ninguém mais pode questionar a decisão da Rainha.
Todos estão com medo do Povo Encantado, mas esquecem que a magia das fadas e das bruxas não funciona aqui. Mota reclama o tempo inteiro sobre isso, mas não aceita ir embora, alegando que não ficaria em paz ao estar tão distante de mim.
Depois de minha crise de choro ninguém mais tocou no assunto da morte dos brux
ㅡ Filha da Lua... Um barulho alto faz com que todos congelem no lugar por um milésimo de segundo, e, então, a correria começa. Vejo alguns guardas correrem em direção a barreira e outros seguirem em direção ao depósito de armas. Daric puxa Raynara e a joga bruscamente dentro de uma tenda, correndo em seguida para junto de seus companheiros. ㅡ Alhana, precisamos ir. ㅡ Alaric diz ao meu lado.Neste momento saio do transe e corro em direção ao caos, e sinto o Rei correndo atrás de mim. O barulho de espadas fica mais alto a cada passo que dou, e minhas pernas queimam quando corro ainda mais rápido. Ao chegar mais perto vejo a formação que os guardas utilizam, mas que não está dando muito certo. Alguns Manachs estão caídos próximo à barreira, provavelmente por terem sidos os primeiros que atravessaram, mas isso não traz conforto algum quando vejo muitos outros passarem pelos buracos feitos na barreira.Sim, desta vez conseguiram fazer mais quCapítulo 19
ㅡ Minha rainha… Olhe para mim.Ouço a voz de Farall ao longe, mas não consigo obedecer. Meus olhos estão fixos no corpo cinza e enrugado do Manach morto na minha frente. Suas órbitas estão saltadas, vazias, sua boca ainda está aberta, buscando por um fôlego inexistente.Sinto um arrepio de satisfação ao saber que ele está morto.Maldito.ㅡ Alhana.O guarda se põe à minha frente e me obriga a olhá-lo, puxando meu rosto com suas mãos sujas de sangue e terra. Seus olhos estão assustados ao examinar meu rosto, e seu ferimento parece sério.ㅡ Você está bem? ㅡ suas sobrancelhas se juntam ao fazer a pergunta.ㅡ Você está bem?! Está ferido, Daric!ㅡ Pouc
Os últimos dias foram de pura monotonia para mim. Fui obrigada a ficar descansando, deitada, sem usar magia, e sequer andei pelo acampamento, tendo que ficar presa dentro da tenda de Alaric. Quando ele não estava ao meu lado mandava alguém para me vigiar, e aproveitei as horas e horas de prisão domiciliar para ler os livros de magia.O primeiro grupo de Fadas e Bruxas Ullas chegou no dia seguinte
Corro sem rumo para dentro da floresta. Não sei direito o que estou sentindo neste momento, só sei que algo em mim está doendo com a cena que vi na tenda. Eles pareciam tão íntimos um do outro, que é difícil acreditar que nunca tiveram nada.Me lembro do dia em que entrei em seu quarto e ela estava deitada em sua cama. Como pude ser tão cega? É tão óbvio!Não sei se passaram horas, ou apenas alguns minutos, quando tropeço e caio com tudo no chão da floresta. Minhas mãos ardem e sinto que cortei meus joelhos e cotovelos na queda.Sento na raiz de uma árvore e tento me acalmar, olho em volta e não reconheço o lugar. Há apenas árvores mortas por todos os lados. Não consigo controlar meus sentimentos e desabo.O choro vem lavando minha alma. Choro
ㅡ O que você fez?Ouço a voz da deusa Daire, mas não consigo me mexer. Abro os olhos e me vejo sentada em uma cadeira de ferro, em um lugar que não é a floresta em que me encontrava, poucos segundos atrás.ㅡ Alhana…ㅡ Eu não fiz nada!ㅡ Não fez? Olhe para você!ㅡ Eu não faço ideia de como meu cabelo ficou assim. ㅡ respondo, com dentes trincados.ㅡ Você deixou seu sangue Manach falar mais alto, foi isso que você fez! ㅡ acusa.Meu corpo gela. Não é possível.ㅡ O que quer dizer com isso?ㅡ Minha querida, você é filha de um bruxo Manach. O sangue dele corre em suas veias, não o sangue Ulla, mas o sangue já corrompido pela ganância e podridão. ㅡ Daire se aproxima e estuda os fios brancos de meu cabelo ㅡ Eu nunca vi algo assim em toda a minha existência. E, acredite em mim, é uma existência muito longa. ㅡ diz, leva
👑👑👑👑 Alaric 👑👑👑👑Andar pela floresta a noite não é uma tarefa fácil. Seria bem pior se as duas Fadas, que agora andam a minha frente, não estivessem aqui conosco. Assim que saí da clareira elas apareceram ao meu lado, logo após mais três guardas nos alcançaram. Elas vão na frente, nos guiando pelo caminho cheio de pedras e galhos caídos, tent
A claridade é incômoda e constante. Feixes de luz invadem a tenda pelas pequenas brechas entre as junções de madeiras que seguram a lona sobre nossas cabeças. Meus olhos ardem e reclamam quando forço minhas pálpebras preguiçosas a se abrirem, e levo alguns segundos para que meu cérebro registre e compreenda a cena à minha frente.No chão, encostados em tocos de árvore, vejo Alaric, Keshua e Mota dormindo. A líder do clã das Fadas está sentada entre os homens, que estão com suas cabeças repousadas em seu ombro. Os três se encontram em um sono tão pesado e profundo que sequer se incomodam com o ruído de atividades diárias na clareira, ou com o ronco suave e constante que sai da boca aberta do ancião das Ullas. Sorrio com a cena totalmente inusitada e espontânea, guardando essa imagem em minha memó