Ando com passos lentos e calculados, tentando não pisar em nenhum galho ou folha que faça qualquer barulho. Ao meu redor há apenas árvores, mas consigo sentir a energia deles. Me abaixo procurando pegadas em meio a folhagem marrom e apodrecida no chão, mas não encontro nada. Fecho meus olhos e respiro fundo, o vento trazendo o cheiro até mim. Achei.
Ando calmamente para o leste, e o cheiro dele fica mais forte. Mas, por um descuido, piso em um galho que estala sob meus pés. Em questão de segundos Alaric salta sobre mim, com sua espada em mãos, e me jogo no chão para desviar. Ele passa direto e puxo uma flecha com tanta rapidez que, quando ele se vira em minha direção, a ponta já está apontada para seu peito, o pegando totalmente de surpresa.
ㅡ Xeque mate. ㅡ sussurro para que Any e Mota, ainda escondidos, n&
ㅡ Do que está falando, Alaric? ㅡ minha voz sai trêmula, demonstrando meu total nervosismo ㅡ Você não me quer, você tem nojo de mim...ㅡ Eu fui o maior idiota do mundo por te dizer esse absurdo. ㅡ ele dá mais um passo à frente, e leva suas duas mãos ao meu rosto enquanto fala: ㅡ Confesso que senti muito medo do seu poder; medo de você tomar as rédeas de tudo e me excluir. Mas hoje eu sei que você não é assim. Você não é. E mesmo que fosse, Alhana, eu daria tudo que tenho só para vê-la sorrir.O tempo parece parar com sua fala. Suas íris negras brilhando tanto, sem desgrudar do meu rosto por um segundo sequer. Suas mãos fazendo círculos em minhas bochechas, aquecendo-me completamente por dentro.ㅡ Alaric, eu...ㅡ Deixe-me falar, por favor. ㅡ sinto minha boca
Cavalgamos por horas seguidas, sem pausas para descanso, até alcançarmos um córrego que cortava o meio da floresta. Paramos e resolvemos fazer uma fogueira, enquanto Sean e os outros guardas saem para colocar os cavalos para descansar.O dia foi cansativo, nos alimentamos e hidratamos sem interromper a caminhada, então esse descanso é muito merecido para cada um de nós. Mota faz um feitiço de segurança ao nosso redor, e espantamos o frio da noite em volta da fogueira. Guardas conversam entre si, e Alaric ri de vez em quando de coisas que não entendo, como uma piada interna.Não consigo falar, nem interagir com ninguém, desde que saímos dos jardins do Palácio. O medo está me corroendo por dentro, pois não sei o que esperar do fronte. Ouvi algumas hi
Estou sentada em uma cama improvisada de palha dentro de uma barraca de lona. Any dorme na cama ao lado, e ouço a movimentação do lado de fora. Não lembro como vim parar aqui, a última coisa que lembro é de sentir muita dor de cabeça e uma voz gritando meu nome. Levanto devagar e saio do ambiente fechado, respirando o ar com cheiro de podre que esse lugar tem. Vejo alguns guardas em volta de uma fogueira, vestidos com roupas normais, tomando algo quente em suas tigelas, e há outros rondando o espaço vestidos com suas armaduras. Olhando ao redor vejo Alaric e Farall conversando com algumas pessoas em volta de uma mesa, e ando lentamente até eles. ㅡ O último Manach que conseguiu atravessar a barreira veio por aqui. ㅡ ouço um homem dizer e apontar um lugar no papel esticado a sua frente ㅡ Sete bruxos atravessaram com ele. ㅡ A barreira está enfraquecendo cada vez mais. ㅡ Alaric murmura, morde
Estamos reunidos para jantar em volta de uma fogueira. Já se passaram dois dias desde o ataque dos bruxos Manachs e ainda não conseguimos pensar em um modo de derrubarmos a barreira, para termos mais chances de defesa ou podermos atacar primeiro.O exército está todo reunido e amanhã chegam os clãs de fadas e bruxas Ullas que mandei chamar, contra a vontade de Fingal, é claro, mas foi uma ordem clara e direta minha, então ninguém mais pode questionar a decisão da Rainha. Todos estão com medo do Povo Encantado, mas esquecem que a magia das fadas e das bruxas não funciona aqui. Mota reclama o tempo inteiro sobre isso, mas não aceita ir embora, alegando que não ficaria em paz ao estar tão distante de mim. Depois de minha crise de choro ninguém mais tocou no assunto da morte dos brux
ㅡ Filha da Lua... Um barulho alto faz com que todos congelem no lugar por um milésimo de segundo, e, então, a correria começa. Vejo alguns guardas correrem em direção a barreira e outros seguirem em direção ao depósito de armas. Daric puxa Raynara e a joga bruscamente dentro de uma tenda, correndo em seguida para junto de seus companheiros. ㅡ Alhana, precisamos ir. ㅡ Alaric diz ao meu lado.Neste momento saio do transe e corro em direção ao caos, e sinto o Rei correndo atrás de mim. O barulho de espadas fica mais alto a cada passo que dou, e minhas pernas queimam quando corro ainda mais rápido. Ao chegar mais perto vejo a formação que os guardas utilizam, mas que não está dando muito certo. Alguns Manachs estão caídos próximo à barreira, provavelmente por terem sidos os primeiros que atravessaram, mas isso não traz conforto algum quando vejo muitos outros passarem pelos buracos feitos na barreira.Sim, desta vez conseguiram fazer mais quCapítulo 19
ㅡ Minha rainha… Olhe para mim.Ouço a voz de Farall ao longe, mas não consigo obedecer. Meus olhos estão fixos no corpo cinza e enrugado do Manach morto na minha frente. Suas órbitas estão saltadas, vazias, sua boca ainda está aberta, buscando por um fôlego inexistente.Sinto um arrepio de satisfação ao saber que ele está morto.Maldito.ㅡ Alhana.O guarda se põe à minha frente e me obriga a olhá-lo, puxando meu rosto com suas mãos sujas de sangue e terra. Seus olhos estão assustados ao examinar meu rosto, e seu ferimento parece sério.ㅡ Você está bem? ㅡ suas sobrancelhas se juntam ao fazer a pergunta.ㅡ Você está bem?! Está ferido, Daric!ㅡ Pouc
Os últimos dias foram de pura monotonia para mim. Fui obrigada a ficar descansando, deitada, sem usar magia, e sequer andei pelo acampamento, tendo que ficar presa dentro da tenda de Alaric. Quando ele não estava ao meu lado mandava alguém para me vigiar, e aproveitei as horas e horas de prisão domiciliar para ler os livros de magia.O primeiro grupo de Fadas e Bruxas Ullas chegou no dia seguinte