ㅡ Então, essa é a profecia. ㅡ eu afirmo e Farall me encara, seu semblante sério em clara expectativa ㅡ Quem garante que sou eu? Quem garante que eu sou essa pessoa? Porque, que eu saiba, a profecia não citou meu nome em momento algum. Então, onde está a prova?
Todos os presentes na sala me olham como se eu não estivesse em meu perfeito juízo, quando, na verdade, são eles os que precisam urgentemente de uma intervenção psiquiátrica.
ㅡ Querida... ㅡ Vanora diz, me segurando quando eu tento levantar do sofá ㅡ Acalme-se, Ana, por favor! Deixe-o falar!
ㅡ Van, não tem provas de que eu sou a pessoa dessa profecia maluca! Você está acreditando nisso? ㅡ eu grito e rio ao mesmo tempo ㅡ Pelo amor de Deus, um completo desconhecido chega aqui e diz que sou princesa? Fala sério! Como acreditar em uma loucura dessas? Eu sei que não sou normal, mas princesa? Bruxa? Isso é demais, Vanora!
ㅡ Escuta a história toda primeiro... ㅡ Zephan diz calmamente, de olhos fechados ainda no chão ㅡ Por favor, criança, ao menos escute. Ainda não acabou.
Balanço a cabeça, incrédula com tudo que está acontecendo na madrugada do meu aniversário. Ainda tenho a esperança de acordar, deitada em minha cama, e perceber que tudo isso não passou de mais um pesadelo. Deixo escapar uma risada, sem a menor graça, e olho para Farall. Engulo com dificuldade e faço um sinal de afirmação, ele entende que é pra continuar a história.
ㅡ Séculos se passaram e o povo ainda sofria com a Terra morta. Os humanos ainda tinham receios de entrar nas florestas, e o Povo Encantado não podia se aproximar do palácio. Vez ou outra uma Fada era encontrada morta por uma espada, ou uma bruxa totalmente carbonizada, e até mesmo humanos com o corpo apodrecido ou ressecado. Até que uma das líderes do clã das Fadas retornou a Alroy. ㅡ ele me olha e sorri ㅡ Sua mãe biológica.
Meu Deus, isso não pode ser verdade... fadas não existem, não podem existir.
ㅡ Ela havia sido sequestrada e torturada por um grupo de Manachs quando se perdeu em terras desconhecidas, mas um deles não a quis matar. Ele mentiu para as outras e disse que iria se encarregar do fim dessa fada, então a levou para uma cabana escondida e tentou convencê-la a se tornar uma aliada deles, uma espiã. Mas ela não quis. ㅡ Farall para de falar e me olha por alguns segundos ㅡ Mas eles já tinham se apaixonado. Segundo ela, ele não a machucou em nenhum momento, e eles viveram dias de amor no meio da floresta. Mas então ele teve que voltar, e ela, de coração partido, fugiu para Alroy. As fadas locais sentiram que tinha algo diferente nela assim que a viram; uma energia que pulsava de forma nunca vista antes, um cheiro excêntrico que exalava de sua pele fazia com que os animais aparecessem em sua porta, e, até mesmo os mais perigosos, obedeciam aos seus comandos e se tornavam dóceis. E a notícia de que uma fada poderosa, que encantava até mesmo os animais, se espalhou. Quando a barriga de sua mãe começou a crescer, houve um boato de que uma antiga profecia estava se cumprindo dentro daquela fada. Então as Ullas chegaram e a protegeram de todos que viviam naquelas terras.
Zephan nessa hora levanta do chão e vem sentar-se ao meu lado. Em meu estado de choque, sequer consigo pensar em afastá-lo, apenas aceito seu carinho em meu cabelo enquanto espero Farall continuar.
ㅡ Quando o Rei foi chamado você já estava nascendo. ㅡ ele diz ㅡ E sua mãe confessou que, aquele bebê, era filho de um Manach. A primeira reação do Rei foi mandar matar você e prender sua mãe pela mais alta traição, mas logo ele lembrou das histórias de uma antiga profecia... Quando você nasceu, o sol se escondeu sobre as nuvens e a Lua brilhou forte no céu, então todos souberam que a Filha da Lua havia nascido. ㅡ Farall sorri, seus olhos fechados e o rosto levemente inclinado para o lado ㅡ Eu me lembro daquele dia como se fosse ontem… a correria no palácio, meus pais abraçados e minha mãe chorando de felicidade. "Finalmente, finalmente essa guerra vai acabar!", ela repetia para nós. Eu não imaginava como, mas acreditei em minha mãe. Mas ninguém imaginava que você seria tirada de Alroy tão cedo.
Me levanto rápido e começo a andar em círculos na sala, a história queimando meu cérebro. Uma sensação estranha se apoderando de mim. Ele não está mentindo, meu corpo sabe que não é mentira.
ㅡ A deusa Daire apareceu logo após o seu nascimento, e disse que os Manachs já sabiam que o fruto da profecia se encontrava entre eles. Sua mãe, desesperada, implorou pela proteção da deusa, e Daire sabia que devia intervir. Então ela instruiu o Rei e sua mãe a te esconderem em outro mundo. Neste mundo. ㅡ Farall fala alto nessa hora, me fazendo parar de andar e olhá-lo ㅡ Ela abriu um portal secreto, que somente eles três saberiam da localização, e, ao atravessar, eles chegaram aqui, nessa cidade. Os três vieram te trazer pessoalmente, para te deixar em segurança, e o Rei fez questão de mandar um guardião para cuidar de você, com a permissão da deusa. ㅡ olho de lado para Zephan, que mantém seus olhos focados no chão… ele é um guardião ㅡ Ficou combinado que a cada aniversário o portal seria aberto para que um guardião viesse cobrir o ano do outro. Mas... Uma Manach descobriu o portal, e desde então eles também vêm aqui, a cada ano, procurar por você.
A ficha demora a cair. Me procurar...
ㅡ Eles querem me matar. ㅡ afirmo.
ㅡ Sim. ㅡ Zephan diz ㅡ E eles quase conseguiram... o incêndio, na casa de vocês...
ㅡ Não... ㅡ minha irmã geme e fecha os olhos de dor.
ㅡ Sim, foram os Manachs. ㅡ Zephan diz, limpando as lágrimas que escapam de seus olhos ㅡ O guardião conseguiu tirar vocês a tempo da casa, e ele matou o Manach que fez aquilo, mas sua mãe... Ele não... sinto muito.
ㅡ Meu Deus. ㅡ eu digo, ficando sem ar ㅡ Isso não é possível... não... Van… Por favor, me diz que isso tudo é uma mentira! Me diz que é uma brincadeira de mau gosto que vocês inventaram para o meu aniversário! Por favor! ㅡ o choro me toma e não consigo me controlar, as lágrimas caem incessantemente e sinto minhas veias cerebrais pulsando fortemente.
ㅡ Eu me lembro do dia em que você chegou. ㅡ ela diz, chorando junto comigo ㅡ Minha mãe de repente ficou com os olhos vidrados e foi andando para a porta, eu ouvi vozes e, quando ela voltou, você já estava em seus braços. Ela apenas disse que era a mais nova integrante da nossa família, que você seria minha irmã e que nós duas devíamos te proteger.
ㅡ Por favor... não... ㅡ eu choro e caio de joelhos no chão ㅡ Minha vida não pode ser tão trágica assim, Vanora!
ㅡ E a mãe dela? ㅡ Van pergunta a um deles ㅡ A mãe biológica… Ela está viva?
ㅡ Ela e o Rei sofreram um atentado alguns anos atrás... ㅡ Farall diz ㅡ Infelizmente... não… eles não sobreviveram.
ㅡ Okay. ㅡ Zephan diz pesaroso, dando a entender que não sabia do ocorrido.
O silêncio se torna incômodo na sala, e percebo que todos estão me olhando. Aguardando. Mas aguardando o quê? Eu nem sei o que isso tudo significa! Eu sou uma princesa? Uma bruxa? Uma fada? O que eu sou?
ㅡ Seu pai era um bruxo Ulla de nascença, se tornou um Manach quando adulto, ele escolheu se corromper para se tornar imortal. ㅡ Zephan diz, como se lesse minha mente ㅡ Sua mãe era uma fada muito poderosa, uma das líderes do clã, e se tornou ainda mais poderosa enquanto carregou você em seu ventre. Então você possui os três genes em seu sangue, Alhana. ㅡ ele faz uma pausa e todo o meu corpo se arrepia ㅡ Você é o ser mais poderoso nascido em Alroy. Uma híbrida, fruto de uma profecia. Você é a esperança de todo um povo.
Suas palavras caem como toneladas em minhas costas, e sinto que começo a hiperventilar.
ㅡ Vanora, podemos conversar sozinhas em meu quarto? ㅡ pergunto chorando e ignorando totalmente o Zephan.
ㅡ Claro, meu anjo. ㅡ ela levanta e vem em minha direção.
ㅡ Eu... ㅡ Farall nos interrompe ㅡ Eu preciso dizer uma coisa. ㅡ ele se aproxima, e olha de mim para o Zephan ㅡ Nós precisamos sair daqui até as próximas 00h, se não o portal se fechará. E nunca mais abrirá.
ㅡ E se ela não for? ㅡ minha irmã questiona, brava ㅡ Se ela escolher não ir? Ela não irá por pura obrigação, eu não vou deixar vocês jogarem essa responsabilidade toda nela!
ㅡ Não levarei ninguém a força, senhora. ㅡ Farall diz, de forma respeitosa ㅡ Mas a princesa precisa saber... se ela não for, todo o Povo Encantado morrerá. As Manachs já encontraram o caminho de Alroy novamente, a guerra está matando os povos há anos, desde a morte do Rei e da Fada mãe. Todos nós iremos morrer sem a Filha da Lua. Ela é a única com poderes para enfrentar os Manachs.
E com essa informação eu caminho para o quarto e desabo em minha cama. A sensação é de ter sido atropelada por um caminhão de concreto. Meu cérebro queima, me fazendo apertar meus olhos com força. Sinto todo o meu corpo tremer, formigar, com uma energia que não consigo mais conter dentro de mim.
Vanora não diz nada, apenas tranca a porta do quarto e deita ao meu lado. Nos abraçamos e choramos juntas, sem ter forças de conversar. Ficamos assim pelo que se parecem horas, mas, na verdade, se passaram apenas alguns minutos. Quando nos acalmamos, minha irmã senta na cama e me olha nos olhos.
ㅡ Eu sei que é loucura, mas... Eu acredito neles. ㅡ ela diz baixinho ㅡ A história cruza com o que mamãe sempre disse.
ㅡ Eu... eu sinto que é verdade. ㅡ confesso, pois algo dentro de mim sabe que essa é a minha verdadeira história, é como se o meu corpo já esperasse por isso, por esse momento ㅡ Eu só não sei o que fazer! Eu não quero ir embora! Abandonar minha vida aqui e entrar de cabeça nessa loucura? Eu não faço a menor ideia de onde fica esse lugar! Você ouviu o que ele disse? É uma guerra! Eles precisam de mim para uma guerra! É demais pra mim, Van!
ㅡ Não, não é. ㅡ ela diz, séria, apertando minhas mãos em sinal de repreensão ㅡ Se tem alguém capaz de fazer essa loucura ter um final feliz, esse alguém é você. E você sabe disso, Alhana. Nossa mãe sempre soube do seu destino, ela disse que não era para termos medo quando esse dia chegasse, e ele chegou. Então você sabe o que fazer. É o seu destino, está traçado há mil anos. ㅡ sua voz embargada me faz chorar ainda mais ㅡ Você não tem porque fugir. Vá. Salve o seu povo. Estarei esperando você voltar. Porque eu sei que você vai voltar. ㅡ ela faz uma pausa e se levanta ㅡ Você precisa voltar para mim.
Minha irmã sai do quarto com os olhos brilhando de lágrimas, e sei que, na verdade, ela me quer aqui. Mas ela entende a profecia. E se ela entendeu e aceitou, quem sou eu pra virar as costas? Afinal, pelo que eles disseram, eu sou uma princesa. A princesa deles. E é o meu povo que está morrendo... Meu povo.
Sinto um arrepio passar por todo o meu corpo e minha cabeça esquentar ainda mais. As luzes do quarto começam a piscar e uma corrente forte de vento entra no ambiente, fazendo com que vários papéis e livros voem pelos ares. Quando olho para as minhas mãos, vejo uma bola de fogo em cada uma delas, e sinto o poder correr por minhas veias. Toda a energia pulsante do meu corpo se concentra em minhas mãos, e faço o fogo aumentar. A sensação de poder toma conta de mim, e um sorriso de fascínio se abre em meu rosto. A porta se abre bruscamente e vejo três pessoas me olhando com olhos arregalados. Vanora cobre a boca com as mãos e começa a chorar, enquanto Zephan e Farall se jogam de joelhos e grudam suas testas no chão.
ㅡ Eu aceito o meu destino. ㅡ ouço uma voz que não é minha sair de minha boca, e todos me olham chocados ㅡ Irei salvar o meu povo com meu próprio sangue.
Sinto como se uma mão arrancasse algo de meu peito, e uma sensação de leveza imediata me toma.
O muro caiu. Eu sinto o poder rompendo minhas barreiras... Eu sou o poder.
É como se minha magia me dissesse: estou livre, finalmente.
Me lembro do dia exato em que senti que eu era diferente. O momento em que eu percebi que as coisas ao meu redor sempre eram estranhas por um motivo… eu. Estava brincando na hora do intervalo da escola com meus poucos amigos, tinha apenas 6 anos. Um menino, que adorava bater e implicar com as meninas e crianças pequenas, estava atacando novamente. E, daquela vez, ele me escolheu como alvo. ㅡ Ei, cenoura fina, o que você trouxe de lanche hoje para mim? ㅡ o menino, que devia ter seus plenos 10 anos, já chegou tirando a lancheira da minha mão. ㅡ Solta meu lanche, seu feio! Vou chamar a tia! ㅡ lembro que gritei e tentei pegar meu lanche de volta, mas em vão. O garoto era bem alto para sua idade, e aproveitava a falta de alguns dentes para ser ainda mais amedrontador. ㅡ A cenoura quer ser gente é? Quer me enfrentar? ㅡ ele gritou no meu rosto e me encolhi de medo, o que o deixou ainda mais confiante de su
Minha primeira reação é rir. Não apenas uma simples risada, não, não, é uma crise de risos tão forte que perco o ar e tenho que me sentar no chão da floresta, pois sinto que posso desmaiar a qualquer momento. Minha risada é alta, escandalosa, daquelas que precisamos bater em nossa própria perna para aliviar a sensação de estar sem ar quando o riso nos tira a voz.Eu fui enganada. Eu fui enganada. Não posso acreditar que caí em uma armadilha de outro mundo. Respiro fundo várias vezes, tentando controlar meus batimentos cardíacos e olho ao redor da floresta tão vasta, tão verde, enquanto o riso vai acalmando até finalmente morrer. Sinto Farall me olhando, todo o tempo, mas não retribuo o olhar. Ele me enganou. Me trouxe para outra dimensão com uma mentira. ㅡ Princesa... ㅡ ele chama, receoso, e o vejo de joelhos próximo a mim, mas ainda longe, como se temesse chegar perto demais.
Acordo em uma cama enorme e macia, com lençóis de seda me cobrindo do pescoço aos pés. Fico encarando o teto e repassando a minha vida nas últimas 24 horas. Nunca imaginei que pudesse viver uma loucura assim. Ontem estava em minha vida pacata e normal, e hoje estou em um Palácio, em outro mundo, em um quarto que não tem absolutamente nada a ver comigo… Sem falar nas pessoas me olhando com medo o tempo inteiro, como se eu fosse capaz de transformar todos em besouros comedores de carne. Logo após o Rei sumir pelos corredores, duas mulheres apareceram e me pediram para acompanhá-las, e, depois de longas escadas e longos corredores, chegamos aqui, em um enorme quarto, com uma cama enorme, e um closet enorme. Não posso esquecer da sala de banho enorme… pelo menos eles tem vaso sanitário e chuveiro, o que me deixou um pouco mais aliviada. Elas queriam me ajudar a tomar banho, mas eu neguei veementemente, é claro; disse que queria apena
Depois de pouquíssimas horas de sono, Winnie bate à minha porta dizendo que me esperam na sala de reuniões. Ela coloca um vestido sobre a cama, e depois vai abrir as cortinas para a luz do Sol entrar enquanto vou ao banheiro. Aqui em Alroy não existe creme dental, eles usam uma espécie de pó verde para a limpeza bucal, que possui um gosto muito forte de menta e eucalipto, e só saberei o efeito deste produto a longo prazo. A escova de dentes é muito parecida com a que eu tinha na Irlanda, porém um pouco maior e com as cerdas um pouco duras. Shampoo e condicionador? Não sabem o que é isso. Eles usam o bom e velho sabão neutro para absolutamente tudo. Termino minha higiene matinal e tento controlar o meu cabelo apenas com água, o que é uma missão quase impossível, devido ao frizz. Volto para o quarto e reparo no ve
ㅡ Deve estar cansada, Princesa. ㅡ Keshua diz, próxima ao meu ouvido e concordo, não conseguindo mais segurar um bocejo. Depois da mudança, houve ainda mais festa na pequena vila. Todos queriam falar comigo, me tocar, e me presentear. Minhas mãos já estavam cheias de anéis, e pulseiras balançavam a cada vez que me mexia.Ainda não escureceu, então é melhor ir antes que não consiga enxergar o caminho de volta. ㅡ Obrigada pelo dia maravilhoso. ㅡ sorrio ao falar com o grupo que me cercava, já na entrada da floresta ㅡ Espero vê-los amanhã na minha coroação. ㅡ Não somos bem vindos no Castelo. ㅡ Keshua diz e vejo as fadas concordando, cabisbaixas ㅡ Não nos curvamos para o Rei humano, Princesa. ㅡ Mas vocês se curvam &ag
Jantei em meu quarto com Winnie e Sean me fazendo companhia. Ambos sentados no chão, pois se recusaram a dividir a cama comigo, e absorvendo cada palavra que eu dava em meio às garfadas da minha comida. Contava para eles como é a Irlanda. As terras e montanhas infinitas, o verde mais puro que já vi, os nossos costumes, sobre a tecnologia e meu saudoso celular. Eles não conseguiram entender o que era, então dei um jeito, meio torto, de explicar. ㅡ É como um espelho mágico. E com ele você consegue ver ou apenas falar com uma pessoa que está do outro lado mundo. ㅡ digo, e vejo um pouco de compreensão em suas faces ㅡ E também serve como fonte de pesquisa, ao invés de ficarmos horas e horas procurando em livros, basta dizer ao espelho o que queremos e ele nos dá a resposta. ㅡ O seu mundo me p
Já está quase na hora. É isso.Eu serei Rainha.A ficha ainda não caiu, mesmo eu já estando pronta, só esperando Farall vir me buscar. Ainda parece algo surreal para mim, inimaginável. Pela milésima vez, faço contornos com os dedos pelos desenhos em renda de meu vestido. Todo em seda, ele se arrasta pelo chão; contém uma espécie de capa, amarrada em meu pescoço, que se estende ao longo de minhas costas. Uma tiara presa em meus cabelos soltos, mas que fica grudada em minha testa, toda em prata com uma solitária pedra negra, completam minhas vestimentas.O tédio aumenta a cada batida acelerada de meu coração, já impaciente com toda essa espera. Então a porta se abre e, finalmente, Farall aparece. ㅡ Pri
A comemoração não durou muito. As pessoas não tinham ânimo para comemorar, a maioria já tinham perdido familiares na guerra, ou os familiares estavam, naquele momento, protegendo a barreira mágica.A maioria das perguntas dirigidas a mim eram se eu já sabia qual plano iria usar, quando iria para o fronte e se eu já havia falado com a deusa; as respostas sendo "não, não sei, e não", respectivamente.Alaric não saiu do meu lado o tempo todo. Andamos pelo salão cumprimentando o máximo de convidados que conseguimos, enquanto os músicos tocavam seus instrumentos e a mesa de comida estava sendo visitada por todos. Tendo nomes demais para gravar, minha mente já estava dando nó quando dei uma fugida, com a desculpa de que tinha sede.Parei no corredor e ouvi passos atrás de m