Já fazia quase dois meses que Angel tinha se mudado para a casa de Taylor e aos poucos as coisas iam entrando na rotina. Ele tinha contratado uma cozinheira e uma diarista para limpar a casa e cuidava dela como se fosse uma princesa.
Angel continuava frequentando as aulas na faculdade e no tempo livre o ajudava com as coisas da fazenda. Ele estava se esforçando para trazer vida para aquela fazenda e os frutos não demorariam a ser colhidos. Vários criadores de cavalos já estavam negociando embriões e ele tinha comprado um caminhão de bois e contratado alguns empregados para fazer a lida diária com os animais. Taylor era uma caixinha de surpresas. Com a mesma habilidade que domava um cavalo bravo ele passava horas na frente do computador fazendo contas e criando planilhas onde colocava os dados dos animais e dos embriões comercializados.
Aos poucos, Angel foi aprendendo a lidar com as mudanças de humor
Cerca de quatro horas depois, Angel ouviu o barulho do carro estacionando na frente da casa. Já eram quase dez horas da noite e ela estava deitada na cama com a mãe apreensiva pela falta de notícias.Elas correram para a porta e Robert andava devagar com a ajuda de Taylor. Ele sentou pesadamente no sofá e fechou os olhos.- Que droga! Como vou trabalhar com essa perna toda costurada!Marta sentou ao lado do marido.- Você vai ficar quieto até se curar.Taylor abraçou Angel e acariciou os cabelos dela.- Tudo bem?- Tudo bem e você?Ele sacudiu o ombros e torceu a boca.- Estou cansado.- Vem aqui, vem comer alguma coisa.Ele parecia inquieto.- Podemos ir para casa?Robert o interrompeu.- Você pode ficar um minuto, preciso falar com você.Marta olhou para o marido.- Querido, você precisa descansar, n
Angel pensava que um dia se casaria, mas como nunca imaginou que fosse tão cedo não tinha criado nenhuma expectativas de como seria aquele dia.Então tudo aconteceu como em um sonho.Ela queria esperar o bebê nascer para poder escolher um vestido mais bonito, mas Taylor insistiu em oficializar logo aquela união.- Não quero que meu filho venha ao mundo sem estarmos devidamente casados.- Mas Taylor, olha só minha barriga? Não vou achar um vestido que fique bonito.- Claro que vai, eu mando fazer, sei lá. Você fica linda de qualquer jeito.E então eles se casaram no final de dezembro, perto do natal. Se o vestido ficou bonito? Angel se olhou no espelho e se achou a mulher mais linda do mundo. Era verão e o casamento seria na fazenda mesmo pela manhã. Então o vestido era longo de alças fininhas e com um recorte bem abaixo dos seios se abrindo
Taylor não concordava, mas mesmo assim foi com Angel visitar Joana, que ainda se encontrava na casa de abrigo.Antes de descer do carro ele virou-se para ela aborrecido.- Custava esperar o bebê nascer, Angel! Você está nos últimos dias de gravidez, para que se estressar com essa história?Angel segurou a mão dele.- Por favor, Taylor, você prometeu me ajudar.- E estou ajudando, mas essa mulher é muita confusa. Ela não se lembra de nada, como vamos ajudá-la?- Ela disse que vai me mostrar uma foto da filha dela, isso talvez ajude.Ele suspirou impaciente e desceu do carro.- Vamos logo acabar com isso!Angel segurou a mão do marido e andou lentamente para a entrada da casa. Sua barriga agora estava realmente incomodando e ela sentia um peso no baixo ventre que a impedia de andar rápido. Sua respiração estava mais curta
Robert Cavalcanti Murat Neto nasceu quatro horas depois pesando 3,5kg e medindo 52 cm. A médica ainda tentou que fosse um parto normal, mas acabou sendo uma cesariana como tinham programado. Angel ficou acordada o tempo todo e acompanhou todos os detalhes do parto. Taylor não quis entrar na sala de cirurgia. Não teria estômago para vê-la sendo cortada e ficou na porta andando de um lado para outro.Meia hora depois, a pediatra saía da sala com um pacotinho envolto em uma manta. Taylor se aproximou e tentou pegá-lo.- Calma, papai, precisamos limpar e vestir seu filho, espere mais um pouco.- Como está minha mulher?- Está ótima, logo vai vê-la.E então ela sumiu no corredor e Taylor apertou o peito ansioso. Nunca mais ele pensaria em ter um filho. Não aguentaria tanta tensão de novo.Marta e Robert estavam esperando na sala de entrada da clí
O resultado do exame demorou mais do que o esperado e um mês depois Angel foi com Taylor ao abrigo para conversar com Joana.Como já era de costume eles a visitarem, nem passaram pela recepção indo direto para o quarto dela.Angel empurrou a porta e chamou por ela.- Dona Joana?Ela não respondeu e eles entraram procurando no banheiro.Angel franziu a testa.- Ela não está aqui.Taylor olhou em volta.- Talvez esteja no jardim, vamos.Depois de procurar em todos os lugares eles resolveram ir até a recepção.A mulher estava lá com os olhos grudados no celular, alheia a qualquer coisa que acontecia ao redor.Angel bateu na mesa irritada.- Ei, onde está Dona Joana?Ela levantou os olhos distraída.- Foi embora.O coração de Angel disparou.- Embora como? Para onde?
Joana abriu a porta do apartamento e entrou carregando as inúmeras sacolas que tinha trazido da rua. Colocou todas em cima do sofá e foi até a geladeira tomar um copo de água. Estava um calor infernal naqueles últimos dias de dezembro e ela estava suada e ofegante. Também depois de passar o dia vagando entre as lojas da cidade não podia estar de outra forma.Deixou-se cair no sofá e abriu o celular conferindo o saldo da sua conta. Tinha gastado demais. Pensou nas inúmeras peças de roupa e sapato que tinha comprado e mentalmente calculou a fatura do seu cartão de crédito para o mês seguinte. No entanto ela se acalmou pensando que iria ficar um mês ou dois no vermelho, mas aquilo não era nada para alguém que nunca tivera um centavo no bolso.Abriu uma das sacolas e pegou uma calça jeans que tinha comprado em 10x. Era linda e era a calça dos seus son
Naquele tarde, Angel saiu da faculdade e Taylor a esperava cochilando dentro da caminhonete. Ela riu baixinho ao relembrar aquela mesma cena a mais de dois anos, ele dormindo no volante enquanto a esperava sair da faculdade. Ela parou em silêncio e observou o homem que tinha conquistado seu coração. Continuava o mesmo. Lindo, sensual, bruto a seu jeito, mas cheio de amor e cuidados para sua família. Não tinha do que reclamar. Tinha um marido perfeito.Ele pressentiu sua presença e abriu os olhos.- Ei, estava aí me observando, foi?Angel riu.- Estava. Não pode?Ela deu a volta e entrou no carro.- Onde está nosso filho?Taylor riu enquanto acariciava o rosto dela com dois dedos.- Hoje é sexta e eu o despachei para a casa da sua mãe. Vamos ficar um pouco sozinhos.Angel estava radiante.- Oba! Nós vamos sair? Vamos on
Taylor puxou a rédea do cavalo e parou observando a planície verdejante ao longe. Estava parado no limite das terras que um dia separaram a Fazenda Boa Esperança e a Fazenda Campo Belo. O gado pastava tranquilamente e o capim tremulava com os últimos raios de sol que saíam do horizonte. O coração de Taylor estava em paz. Não porque ele tinha recuperado todas as terras que um dia pertenceram a sua família, mas principalmente por saber que elas nunca tinham sido retiradas dele, ao contrário, estiveram sempre ali protegidas da insanidade de um homem consumido pelo ódio.Não tinha lembranças boas do seu passado. Agora podia enxergar que o amor que sempre sentiu por Rodolfo era unilateral. Revivendo detalhes da sua vida, ele percebeu que em nenhum momento Rodolfo tinha dito que o amava. Nunca o abraçou de forma calorosa e o que ele achava que era da sua própria natu