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Capítulo 1 – Recomeçar

Marcos

Saio de casa e começo a correr, este é um hábito que não perdi e pretendo fortalecê-lo ainda mais. Agora que os meus cabelos estão longos faço um coque para diminuir o calor, afinal com cabelos e barba grande tudo fica muito quente.

Aproximo-me de um parque e entro, muitas pessoas vem se exercitar aqui eu os observo ao mesmo tempo em que corro, cada vez mais rápido, respirando fundo e adquirindo fôlego para correr ainda mais.

Continuo dando voltas até que sinto minhas pernas ficarem bambas. Paro a corrida e sento-me debaixo de uma árvore, compro uma água e bebo o máximo que consigo, minha garganta esta realmente seca.

Observo as pessoas algumas caminham, outras correm, andam de patins ou bicicleta. Encanto-me ao perceber como de alguma forma todos parecem mais relaxados e isso para ser renovador.

Algo chama minha atenção, ela ainda esta longe, mas eu não consigo parar de olhá-la, parece que é uma vontade mais forte do que o meu desejo de disfarçar, conforme ela se aproxima eu continuo admirando.

Ela vem andando de bicicleta, seus cabelos longos e vermelhos balançam com o vento destacando-se em sua pele clara. Seus lábios são tão rosados que eu aposto que encanta todos que estão apreciando.

Vejo que anda com agilidade e experiência, não é como se quisesse apenas aproveitar o parque, mas como se estivesse se decidindo sobre algo importante em sua vida, seus olhos expressivos olham fixamente para um lugar distante e eu realmente queria saber no que estava pensando.

Com rapidez ela passa por mim e confesso que respiro mais fundo conforme ela se vai, como se ao respirar fosse fazê-la ir embora e eu definitivamente não quero que ela vá.

Após alguns minutos volto a correr, não sei quantas voltas consegui dar, mas o que me entristece é que não a encontrei em nenhuma delas. Da mesma maneira que ela surgiu, conseguiu desaparecer.

Ignoro qualquer tipo de sentimento e começo a retornar para casa, ando na rua destinada para quem esta caminhando, ao lado direito sou acompanhado das árvores e da grama verde, já no lado esquerdo vemos prédios e carros passando.

Parece haver dois mundos diferentes em um mesmo lugar e todas as formas são atraentes, como se viver nos dois ambientes fosse um sonho realizado. Quando começo a chegar a casa, os prédios desaparecem dando espaço a casas grandes e espaços satisfatórios entre cada casa.

O que mais gosto daqui é da distância que possuímos entre uma casa e outra, posso dizer que sinto-me realmente à vontade por estar em minha casa. Entro no meu mais novo lar e vou direto para o chuveiro. Solto o meu cabelo e começo a lavá-lo, a água fria passeia pelo meu corpo fazendo com que eu me sinta melhor a cada momento.

Termino o banho e coloco uma cueca box, penteio o cabelo e vou para a cozinha, finalmente vou tomar café.

Começo a mexer no celular ao mesmo tempo em que preparo o meu café, como bastante fruta de manhã, tento manter uma boa dieta durante a semana para que no final de semana eu possa aproveitar.

Quando tudo esta pronto coloco o celular no armário e começo a comer. Após alguns minutos ouço-o tocar e levanto-me para atender.

— Alô. – Digo com a boca cheia.

— Engole antes de atender. – Reclama Maicon.

— Você que ligou na hora errada. – Afirmo após engolir e começamos a rir.

— Muito engraçado Marcos. – Fala sarcástico.

— Estou treinando minhas piadas. – Brinco.

— Então precisa treinar mais. – Resmunga fazendo-me rir.

— Diga, o que quer? – Indago enquanto continuo mastigando.

— Vai falar comigo enquanto come? – Questiona parecendo revoltado.

— Estou tomando café, se quiser posso retornar a ligação. – Informo.

— Não, fale de boca cheia mesmo. – Autoriza.

— Pode deixar, agora me diga o que houve. Como vocês estão? – Pergunto interessado.

— Estamos bem. Liguei para saber de você. Como esta sendo sua nova vida? – Indaga curioso.

— Muito boa. – Digo e mordo um pedaço do meu pão, quando acabo de mastigar continuo. — Adoro morar em gramado, não pensei que iria gostar tanto, mas gosto. – Assumo.

— Isso é muito bom, acho que você se encontrou. Pretende ficar morando ai? – Questiona.

— Por enquanto sim, é próximo de alguns familiares e me sinto bem aqui, mas quando achar que devo vou mudar. – Explico e volto a beber um pouco de suco.

Conversarmos durante e período longo de tempo, ele me conta como que as coisas estão ocorrendo em São Paulo. Me informa que a Samanta e o Rafael estão casados e tem uma filha.

Pensei que qualquer coisa sobre ela iria me desestabilizar, mas ao contrário disso me sinto muito bem em relação a eles dois, para ser sincero no fundo eu sempre achei que combinavam, por outro lado imagino que a filha deles é muito amada.

Quando desligamos percebo que ficamos conversando por quase uma hora, levanto-me da mesa e vou arrumar a cozinha, gosto de cuidar das minhas coisas, não acho interessante chamar alguém para fazer esse trabalho para mim.

Assim que termino vou para o meu quarto, ele fica no andar de cima e possui dois ambientes. Eu o pintei de verde, afinal esta é a minha cor preferida. De um lado tenho a minha cama, o guarda-roupa e mais alguns móveis que compõem o quarto.

No outro lado fiz um pequeno escritório para mim, possui uma mesa e o computador e uma impressora. Devo assumir que tem vários papéis que já deveriam ter ido para o lixo, mas eu fiz questão de guardar para usar como rascunho.

Possuo canetas e bloco de notas de várias cores, quando olho para a mesa sinto que quem a visse pensaria que não sou profissional, mas sim um bagunceiro, porém confesso que me encontro nessa bagunça e realmente gosto dela.

Sento-me na mesa e começo a abrir o computador, analiso o material que me foi enviado e faço as alterações que possuo liberdade de fazer, informo ao Renato às coisas que observei e envio o e-mail.

Assim que deixo este caso transferido começo a olhar algumas coisas sobre a SanCur, ela é realmente uma empresa muito boa, eu não imaginava que voltaria a trabalhar com eles, mas sinto que retornar foi a melhor decisão que tomei já que estou em uma posição diferente.

Na hora do almoço paro o trabalho e vou até a cozinha. Escolho uma marmita para descongelar, pois faço comida no inicio da semana e congelo várias marmitas para não precisar cozinhar sempre.

Pego uma que tem strogonoff e coloco no micro-ondas. Faço a minha refeição tranquilamente, trabalhar em casa tem algumas vantagens e essa é uma que eu gosto de aproveitar.

Assim que termino ouço o meu telefone começar a tocar, levanto e o encontro no balcão da cozinha, atendo no terceiro toque.

— Marcos. – Diz uma voz ríspida do outro lado.

— Oi tio Santeli, como vai? – Indago, sentindo feliz com a ligação.

— Bem e você? – Questiona parecendo amável.

— Bem, esta precisando de algo? – Pergunto interessado.

— Talvez, me diga você esta em Gramado? – Investiga.

— Estou sim, por quê? – Interrogo.

— Não é nada. Bom, na verdade minha filha mora ai e eu preciso saber dela. Para ser honesto não nos falamos faz anos. Você poderia cuidar dela para mim? – Pede.

Sinto-me confuso, pois não havia me falado sobre ela antes e não sei como poderia cuidar de alguém que não conheço. Ele me conta algumas histórias deles do passado e o que causou um possível desentendimento.

Antes que me explique como quer a minha ajuda e diga o nome dela, alega uma urgência e desliga o telefone. O mais estranho é que tenho a impressão que ele não vai mais ligar.

A esperança

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