Capítulo 3 – Canela

Marcos

O sol brilha forte lá fora, fazendo com que a cidade fique ainda mais bonita. Mesmo estando aqui há alguns dias ainda não me acostumei com toda o encanto que este ambiente nos dá e a paz que transmite.

Termino de guardar as minhas malas no carro e tranco a casa, sinto-me pronto para experimentar o novo. Estou indo para Canela, visitar alguns familiares, imagino que irei me divertir lá.

Desde que encontrei e conheci minha família não fico muito tempo sem vê-los, quero aproveitar que estão próximos a mim e ficar sempre ao lado deles. Resolvi que ficar um final de semana fora de casa é uma boa ideia, então antes de desistir, já fiz as malas e me arrumei para sair.

Entro no carro e ligo o rádio, conecto meu pen drive e deixo a banda 3 doors down invadir o carro, é realmente minha banda preferida.  Após colocar o cinto saio com o carro.

Admito que ainda não conheci meus vizinhos, mas com a quantidade de câmeras que tenho em casa não me sinto receoso e ficar dois dias fora. Abro os vidros do carro e deixo que o vento encontre seu caminho passando por mim ao mesmo tempo em que deixa tudo mais agradável.

Ando tranquilamente, não sinto pressa para chegar, quero respeitar o tempo. Na avenida vejo que os carros começam a andar mais devagar e alguns chegam até a invadirem a faixa dos outros, aproximo-me devagar e o que vejo me desespera.

No meio da avenida vejo um filhote de cachorro, ele corre enlouquecido entre os carros e não consegue encontrar uma forma de sair dessa situação. Paro o carro e desço correndo indo em sua direção.

Não é fácil chegar até ele já que não fica parado em um único lugar, muitos carros buzinam e até reclamam, mas eu ignoro e continuo atrás dele até que finalmente o pego. Neste momento um carro vem em minha direção, coloco o pequeno em meu colo e sem ter para onde ir fico parado esperando para ver se ele vai me atingir.

Ele para bruscamente e eu finalmente respiro e começo a me afastar. O motorista ao perceber o que estava acontecendo pede desculpa, eu agradeço e vou para o meu carro.

Sinto o coração dele batendo em minha mão, é tão pequenino que não preciso de esforço para segurá-lo.  Faço carinho nele procurando acalmá-lo e fico um tempo sem movimentar o carro para que fique calmo.

Coloco no banco do passageiro e o prendo no cinto de segurança, em seguida volto a andar, mas agora mais devagar para que não se assuste. Algumas vezes ele me encara com seus olhos azuis brilhantes e eu desejo ardentemente que ele confie em mim, mas no fundo sei que vai acreditar.

Os carros voltam a andar normalmente deixando a viagem ainda mais agradável e agora com companhia sinto-me mais feliz. Paro na primeira cidade que vejo, vou a um petshop e compro algumas coisas que ele vai precisar. Escolho um peitoral e um cinto de segurança, coleira e brinquedo. Compro sua ração e permito que se alimente antes que voltemos para a estrada.

Neste ambiente, descubro que encontrei uma cachorrinha e começo a pensar em seu nome apesar de não encontrar nenhum que combine com ela no momento. Quando voltamos à estrada ela parece melhor e agora deixo o vidro aberto, pois com o cinto de segurança sei que não vai tentar escapar.

Quando entramos na cidade, encanto-me com a perfeição que vejo é realmente um lugar que me encanta. Se eu soubesse que essas cidades são tão lindas eu teria começado a viajar mais vezes.

Verifico o tempo que falta para chegar e continuo o percurso. Estranho quando começo a afastar-me do centro da cidade e vou para um espaço mais isolado, o espaço entre as casas tornam-se cada vez maiores até que nos aproximamos de alguns sítios.

Assim que finalmente chego ao endereço encanto-me com o ambiente é ainda mais bonito do que imaginei, minha nova companheira levanta e coloca a cabeça na janela para observar, ficamos assim por um tempo juntos apreciando o lugar que nos encontrávamos.

 Estou parado em frente a um portão grande de madeira, desço do carro e o abro para assim permitir a minha entrada. A casa é situada longe da entrada do sítio, é cercada pela grama e as árvores, somente onde são destinadas à passagem dos carros que possui um caminho de pedras.

Volto para o carro e entro, vou fechar o portão e retorno a fim de finamente ir ao meu destino. Demora aproximadamente cinco minutos para chegar ao portão principal, para no local destinado e fico apreciando o lugar que estou.

A casa é enorme, não sei precisar o tamanho exato, porém é muito maior do que imaginei, vejo minha nova companheira observar atenta, tiro seu sinto e ela vem diretamente para o meu colo.

Descemos do carro e eu pego minha mala, em seguida começamos a caminhar. Existe muita árvore envolta da casa, algumas possuem flores e outras frutíferas, é uma visão realmente maravilhosa.

Coloco a Pandora no chão, devo admitir que escolhi este nome para a minha cachorrinha. Após ela se sacodir, ouvimos a porta se abrir e vejo meu primo Leonardo na porta, nos olha divertido.

— Finalmente chegou Marcos, já estávamos preocupados. – Diz aproximando-se.

Leo é mais velho do que eu, possui 35 anos e é casado há 10 anos. Sua filha Lira tem 7 anos. Ele é uma das pessoas de minha família que mais me identifiquei. Abraço-o assim que estamos próximos e ele se agacha para falar com Pandora.

— Eu tive um imprevisto. – Justifico-me enquanto caminhamos em direção à porta.

— Entendi, eu não sabia que teria companhia. – Brinca referindo-se a Pandora.

— Para ser sincero eu não imaginava que teria companhia, mas fiquei feliz quando a vi. – Comento divertido.

Conto a ele como encontrei Pandora e vejo que fica emocionado, não posso negar que isso me deixou mais sentimental.

— Não entendo como alguém tem coragem de fazer isso com um animal indefeso, ela poderia ter morrido. – Fala irritado.

—Eu sei, pensei a mesma coisa e acho que ela também, pois estava muito nervosa. – Digo sentindo-me aliviado por ela estar bem.

Continuamos conversando e entramos em casa, analiso-a mais uma vez sentindo-me satisfeito por estar ao lado de minha família.

A sala possui um espaço confortável, tem um degrau na entrada permitindo que os móveis fiquem na parte de baixo. Eles possuem três sofás afastados uns dos outros e uma mesa de centro. A televisão fica grudada na parece.

Possuem alguns outros móveis que deixam a decoração da casa ainda mais bonita. Vou para o corredor e entro no qual a qual fui destinado, coloco minha mala ao lado da cama e sento-me.

Abro a mala e pego uma roupa mais confortável, saio do quarto e vou em direção ao banheiro. Assim que adentro o cômodo encanto-me como sempre ocorre afinal a decoração é toda realizada na cor preta, deixando o ambiente misterioso e elegante.

 Inicio o banho e deixo a água ainda mais gelada, permito que abaixe a temperatura do meu corpo fazendo com que todo o calor que eu estava sentindo comece a diminuir gradativamente.

Quando finalizo o banho, seco-me sentindo a textura de uma toalha que se permite ser totalmente macia e me visto com uma calça e camiseta de moletom. Saio do banheiro e vou para o quarto, coloco o meu tênis e vou para a sala vejo que Pandora ganhou uma grande amiga, a nossa pequena Lira e permito que elas fiquem juntas por mais tempo do que esperava.

Sento-me no sofá para vê-las brincar e converso animado com meus primos e tios. A resenha flui de maneira divertida e conforme o sol diminui resolvo ir ver um grande amigo, assim que começo a ir vejo Leo me acompanhar.

— Eu senti falta daqui, mesmo encontrando em Gramado um bom lugar para viver. – Comento enquanto caminhamos.

— Gramado é realmente muito bom, mas ficar mais próximo da natureza é maravilhoso. – Diz concordando comigo.

— Como esta a Asmín? Sinto falta dela sempre, fico mais confiante por que é você que cuida dela. – Falo conforme nos aproximamos do nosso destino.

— Sei que sente fala, acredito que a levaria para sua casa se pudesse. – Brinca.

— Levaria mesma. – Concordo e começamos a rir.

Andamos mais um pouco indo para a parte de traz da casa, aqui vemos mais árvores do que o que fica em frente a casa e a grama compõe todo o espaço junto com um caminho de terra.

Junto a grama têm algumas flores como margaridas, girassol, algumas rosas... Todos espalhados tomando conta de todo o campo. É um lugar esplendido como um perfeito paraíso.

— Já conheceu alguém em Gramado? – Indaga curioso.

— Não, mas já vi algumas mulheres que fizeram com que eu sentisse algo a mais. – Confesso, pois ele sabe de tudo o que houve comigo.

— Isso é muito bom, não tentou algo com elas? - Questiona.

— Não as conheço, apenas as vi. – Declaro e ele começa a rir.

— Você é realmente hilário. – Diz e não me controlo, começo a rir também.

Continuamos caminhando, ele me mostra algumas alterações que estão sendo feitas devido a imóveis que serão construídos, fico impressionado com algumas mudanças e realmente empolgado, acredito que em poucos meses teremos uma boa área de lazer.

Alguns pássaros começam a voar sobre nós e a forma como se expressão parece uma melodia para os meus ouvidos, olhos para o seu e agradeço mentalmente por estar aqui, por ter uma chance.

Não pensei que confiaria no universo novamente e agora sinto que finalmente terei uma chance, mesmo que agora tudo pareça distante de mim.

— Esta pensando nela não é? – Pergunta observando-me.

— Em quem? – Indago confuso.

— Na moça que invadiu os seus sonhos. – Informa e sorri.

— Não, não penso mais. Isso foi em outro tempo, outra história. – Explico e ele me observa tentando saber se estou sendo sincero.

Olho em frente e vejo Asmín ela é a égua mais linda que já vi. Seu corpo é forte e seus pelos brilham em um tom negro encantador, vou até ela animado e começo a acariciá-la fico feliz quando ela demonstra ter sentido minha falta.

Impressiono-me quando ela agacha com as patas da frente como se solicitasse que eu monte nela, sorrio e faço o que pede. Assim que estou em cima dela sinto-a levantar e começar a andar.

Me seguro nela, pois não a equipei para montar, mas não poderia fazer essa desfeita, pois senti saudade de viver isso e estava esperando por isso ansiosamente.

Caminhamos lentamente sobre a grama e flores, o sol já não ardia tanto, mas a felicidade que sinto traz luz para todo o meu universo.

  

E

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