2. LAERTE

Quando se fala em Laerte Valença me imaginam como um verdadeiro xerife, um homem extremamente frio e mandão, até sou assim, não sou de transparecer as minhas fragilidades e emoções para ninguém, mas sou um homem compreensível e de bom coração por baixo de toda essa carcaça de roupa de cowboy e caipira xucro.

Sempre gostei do campo, adoro sentir o ar puro da natureza, após formado em engenheiro-agrônomo aprendi a trabalhar e a conduzir os negócios da minha família, pois fiquei órfão de pais muito cedo e sempre sozinho, pois o meu irmão decidiu morar na capital e aprendi a me virar sozinho aqui.

Adoro a minha solidão, mas às vezes sinto um vazio profundo no meu coração, minha tia disse ser falta de um amor, uma mulher de verdade para entrar no meu coração e apesar de ser muito cobiçado pelas mulheres desse lugar, nenhuma me desperta o sentimento de querer estar perto, de conhecer.

Mas estou bem só, cuidando dos animais e organizando os meus rodeios, estou preparando a minha viagem para a capital do Texas, o meu irmão Célio pediu o meu comparecimento numa importante reunião e um evento de comemoração dos 25 anos da nossa empresa SOL indústrias.

Estou no meu quarto, quando a minha tia Lurdes b**e a porta!

— Pode entrar tia.

— Vim me despedir de você Laerte, já está quase na hora da sua partida, filho e não se esqueça de dizer que estou mandando um abraço para Célio.

— Pode deixar e saiba que você é muito importante para nós.

Lhe dei um abraço e em seguida desci com a mala e segui para a minha viagem e quando chego na capital, a minha vontade é de voltar para trás o motorista do Célio acena para mim, a diferença aqui é grande as pessoas não vivem elas correm não sabem sequer apreciar a natureza entro no carro no banco de trás e me deparo com um jornal com uma foto de uma mulher vestida de noiva que me chamou muito atenção ela é linda a manchete fala que um playboy abandonou a noiva e por incrível que seja o moleque é filho do Maximiliano um dos maiores bilionários desse país, e ainda está exposta à vida pessoal da noiva, que foi abandonada que é uma linda mulher, com jeito de garota tento imaginar o que ela sente nesse momento e o motorista me pede desculpas por deixar o jornal ali.

— Senhor Laerte, perdão por deixar esse jornal no banco de trás.

— Não precisa se preocupar, estou vendo que a mais alta sociedade está movimentando os sites de fofoca, quem é essa moça que foi abandonada?

— Vanessa é filha do Escobar, um grande e ex empresário que é amigo do senhor Célio e acho que do senhor também.

— Como assim ex-empresário? Ele é um grande amigo nosso, não estou sabendo que ele abandou a vida de empresário.

No caminho ele me conta o que está acontecendo, segundo ele está tudo escrito naquele jornal e os meus olhos fixam novamente na foto da tal Vanessa raramente algo me chama muito a atenção como ela me chamou, muito tempo se passou e não sabia que ele tem uma filha e o mesmo está vendendo as suas empresas.

O motorista me avisa dizendo que chegamos e sou recebido por Célio que me abraça.

— Irmão seja bem-vindo, já vejo que vem lendo as notícias de fofoca, o fazendeiro está diferente.

— Não sabia que Escobar tinha falido e nem dá existência da sua filha.

— Ah, Vanessa, ela só era conhecida por namorar o patife do Leonardo que abandonou no dia do casamento e o sinal ficou vermelho, o Escobar perdeu muito dinheiro em investimentos errados e jogos, mas não entendo a sua preocupação.

— Estou surpreso somente, sabe que odeio vir para cá, a foto do sofrimento da noiva me chamou atenção e comecei a ler.

— Chamou atenção entendi, Escobar nos ofereceu as suas empresas, não posso fazer um negócio sem sua autorização.

— Estou cansado Célio, depois conversamos sobre isso.

A governanta me leva até o meu quarto, e ao entrar me sento na poltrona olho a foto do jornal, Vanessa vestida de noiva, rasgo a página que esta aquela foto e deixo sobre o criado mudo, após o banho tomado, desci até a cozinha para fazer um lanche e todos os olhares das empregadas se voltam para mim, sem entender o que eu fazia ali no meio deles, tento falar um pouco da minha rotina simples na fazenda para eles e todos ficam felizes por eu tomar café com eles, percebi que Célio está no escritório, bato na porta.

— Pensei estar descansando? Ele fala.

— Pode comprar as empresas do Escobar e tudo o que estiver à venda dele, pelo que vejo eles estão precisando muito.

— Farei isso, a sua mansão está à venda também, ele nos convidou para irmos até a sua casa e negociar tudo.

— Por mim tudo bem.

Descansei bastante e no dia seguinte pude avaliar todos os relatórios das nossas empresas, e graças a um trabalho árduo estamos crescendo mais e mais e pela tarde enquanto me arrumava para ir à reunião com Escobar para agilizar a compra de todos os seus empreendimentos, Célio diz que não poderá ir comigo, mas o motorista me acompanha e quando chegamos Escobar corre para me abraçar.

— Quanto tempo Laerte, que homem você se tornou, seu pai deve estar feliz por deixar dois grandes homens a frente das suas indústrias.

— Quanto tempo mesmo vim aqui para fecharmos a compra das suas empresas, só quero voltar quando tudo tiver certo irá vender ainda.

Quando ele ia abrir a boca a sua filha Vanessa desse ligeiramente das escadas gritando pedindo para que o seu pai não faça essa loucura, meus olhos vão ao encontro dela, ela é mais bonita pessoalmente.

— Pai, não cometa essa loucura de vender a nossa herança, há de haver alguma solução.

Ela completamente descontrolada e fora de si…

— Não há uma solução filha, até essa casa irei vender, preciso pagar o que devo e o que sobrar ir morar num lugar pequeno.

— Saia da minha casa agora, você não irá comprar nada, saia daqui, seu impostor.

Ela fala vindo na minha direção me empurrando, a seguro nos braços, olhando nos seus olhos para tentar contê-la.

— Olha aqui, garota baixe a sua bola, você não sabe com quem está falando e mexendo, se estou aqui foi porque fui convidado, estou fazendo um favor ao seu pai comprando o que ainda lhe restou e por um preço até maior do que elas valem, agora tenta se controlar e fecha a boca e volta para a sua vida normal não tenho culpa das suas frustrações.

Escobar e a sua esposa nos olham assustado, eles tentam acalmar Vanessa que começa a chorar, e sai da nossa presença, fico arrependido de ter dito essas palavras, não consegui me controlar, perdi totalmente a minha paciência.

— Desculpa por essa cena agora, se você não quiser vender as empresas irei entender, só vim porque Célio disse que você nos ofereceu e quero fechar esse negócio e ir embora o mais rápido possível.

— Vamos fechar o negócio, Laerte, quero te pedir um favor de amigo.

— O que quer?

— Pedir se pode levar Vanessa para o campo, ela está passando por um momento difícil, foi abandonada pelo noivo, ela nunca agiu com ninguém assim como agora se ela permanecer aqui tenho medo dela se matar.

— Escobar você só pode estar brincando comigo, olha como ela agiu comigo, acha mesmo que ela irá acompanhar um homem estranho, a força não a levarei, estou indo embora amanhã as portas da minha fazenda estarão abertas caso um dia ela queira ir.

Ele me leva até o seu escritório para darmos início a nossa negociação, fiquei um pouco desconcertado com o pedido dele para levar Vanessa comigo para a fazenda, ela jamais irá aceitar descontrolada como está.

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