6. LAERTE

Tive dias turbulentos aqui, e bem surpreendentes, confesso, ouvir Vanessa dizendo que queria vir comigo de uma certa forma me alegrou, vou poder fazer algo por ela que está totalmente desolada.

Célio não sabe que Vanessa veio comigo, mas não me importo com o que ele acha, quero somente ajudá-la, pude acompanhar um pouco do que o seu ex noivo fez, nunca vi em toda a minha vida, atitudes tão covardes vindo de um moleque que se intitula como homem.

A deixei no hotel e quando volto para irmos embora a encontro dormindo naquela cama Vanessa desperta a minha atenção, observo cada traço do seu lindo rosto quando ela acorda e se assusta com a minha presença.

Uso a minha frieza falando que aquele hotel me pertence, quando já estávamos no avião mais uma vez me preocupo com ela, pois a mesma dorme sem limites, nunca vi uma mulher dormir tanto, fico sempre atento, mas ela diz que está tudo bem.

Quando chegamos a fazenda somos recebidos pela tia Lurdes, mas não contava com Rose ali também e outras mulheres.

Rose sempre deixou claro que é apaixonada por mim, nunca a vi como uma mulher, ela armou a maior confusão pensando que Vanessa é a minha namorada, e Vanessa não a deixou sem desaforos, tive que me alterar para conter as duas, partimos para o casarão da minha fazenda, fui direto para o meu escritório antes de ir descansar e pedi a tia Lurdes que fizesse tudo para que Vanessa se sentisse bem aqui nessa casa.

Não imaginava que ela fosse parar no meu quarto, quando estou retirando a roupa, Vanessa entra de uma vez.

— Meu Deus! O que é isso? — Ela fala assustada.

— Esse quarto é o meu? Como assim o que é isso?

— Desculpa Laerte, deve está havendo um mal-entendido, é a tia Lurdes disse que aqui é o meu quarto. — Vanessa fecha os olhos.

— Entendi agora, ela pensa que somos um casal. — Falo sem graça. — É Vanessa tem um quarto ao lado e se quiser ir para lá posso ajudar a levar as suas coisas.

Ela confirma que irá para o quarto ao lado a ajudei com a sua mala que está pesada, depois que voltei finalmente pude relaxar um pouco no banho.

Na hora em que iria descer ela me acompanha e chegamos a sala de jantar, as empregadas nos olham com uns olhares curiosos.

— Como vocês formam um casal lindo. — Uma das empregadas fala sorrindo.

— Vocês podem nos deixar a sós. — Falo friamente.

Elas saem uma, a frente da outra…

— Desculpa pelo incômodo Vanessa, elas são assim mesmo, você é a primeira mulher que trago para essa casa, é natural elas pensarem que você é a minha namorada.

Ela ouve tudo calada, jantamos em silêncio, percebo ela comendo, muito pouco, tia Lurdes senta conosco e Vanessa foi se soltando mais conversando com a tia sei que aqui não é o ambiente que ela queria estar.

Depois que subi ao meu quarto ela sobe em seguida, espero que ela goste daqui, lembrei das palavras da (Rose) de que Vanessa não aguentará uma semana aqui do meu lado, deitei na cama e adormeci.

No dia seguinte acordei cedo para trabalhar, subi no meu trator e fui aradar as terras, o nascer do sol é perfeito, os cantos dos pássaros, tudo é lindo, cheiro da terra.

— Patrão já está de pé? Quer café?

— Aceito! Quero trabalhar, esses dias na capital me deixam doente, não vivo sem o campo.

— Lhe entendo patrão, mas a viagem não foi ruim assim, veio até acompanhado.

Não sei porque não consigo dizer que não somos nem amigos e que a qualquer hora ela partirá do meu lado.

— Vamos deixar a minha vida pessoal de lado e vamos trabalhar. — Falo sério.

Seguimos para olhar a colheita, vejo que muito planejamento e trabalho duro está saindo tudo como planejei.

Na volta para casa de longe observo, Vanessa sentada sozinha no balançador olhando para o nada, dá vontade de saber o que ela pensa, mas não falei com ela.

Entrei no casarão, já vou em busca de saber como Vanessa se comportou.

— Tia, Vanessa se alimentou? Como foi o dia dela?

— A filho, você não a viu, ela comeu muito bem, está um pouco solitária, ela é moça da cidade, é um mundo totalmente diferente para ela.

— Tudo bem, tia, a senhora tem razão.

Se ela soubesse como conheci Vanessa, que foi num dos momentos de mais vulnerabilidade da vida dela, o abandono no dia do seu casamento, observo da janela que Nanci, esposa do Nico, está com ela e a bebê filha deles, Vanessa brinca com a criança, espero que elas se dêem bem.

Tomo banho rapidamente, vou até onde às duas estão.

— Patrão Laerte, boa tarde estou aqui junto da patroa Vanessa, trouxe o meu pequeno para apresentar a patroa.

— Ele é tão lindo, parabéns — Digo fazendo um carinho no bebê, é incrível como todos aqui pensam que ela é a minha namorada.

— Patrão, quero aproveitar que os dois estão aqui para lhe fazer um convite. Vocês aceitam ser padrinhos do Henrique?

Olho para Vanessa, ela me olha assustada, tento encontrar uma resposta para a seguinte pergunta.

— Eu e Laerte — Vanessa fala sorrindo sem graça e olhando para mim.

— Eu e Vanessa como padrinhos, não esperava Nanci de verdade. — Falo.

— Ficarei feliz senhor Laerte, agora que está acompanhado me sentirei honrada se aceitarem.

— Eu aceito, você aceita Vanessa?

— Sim, aceito.

Depois que Nanci sai, ela me olha, ficamos em silêncio.

— Laerte não tem nada para me fazer, me sinto entediada, aqui não tem nada para me ocupar.

— Você sabe fazer o quê? Veio aqui para descansar e não para trabalhar.

— Sou médica dermatologista, fiz várias especialidades e preferi trabalhar como dermato numa clínica que eu tinha.

— Se quiser atender o pessoal da comunidade, todos aqui são carentes de um bom atendimento médico. Posso conseguir um local para você atender.

Ela ouve tudo atentamente e sai da minha presença, sem responder nada o orgulho dessa garota vai acabar engolindo-a o tempo em que ela passar aqui aprenderá muito. Conviverá com mais gente, pessoas carentes e humildes.

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