Eu tinha me esquecido de como o cheiro de hospital era repugnante, remédio misturado com soro seria uma péssima essência para perfume ou para ser inalada.Ver minha mãe deitada naquela cama me fez perceber que perdi muito tempo tendo ódio dela e não fui capaz de amá-la. Queria ter mais lembranças felizes com ela que não fossem na cozinha ou discutindo por algo idiota. Ela poderia estar morta agora, mas felizmente estava bem e logo voltaria para casa, para nossa casa.— Andrew? Filho? — Saí de meus pensamentos ou estava dormindo de olhos abertos e não sabia. Meu pai estava me cutucando para chamar minha atenção, de pé bem na minha frente. — Você tem que sair daqui, meu filho, está no hospital já faz dois dias — falou ele.— Não posso deixá-la aqui sozinha. — Eu me ajeitei na poltrona dura e desconfortável daquele quarto.— Vá para casa comer algo. — Fez careta ao olhar pra mim. — Tomar um banho e tirar esse cheiro podre que grudou em você. Não se preocupe, eu fico aqui. — Segurou minh
Eu me sentei de sobressalto no sofá, não percebi que tinha adormecido no estofado, estava tão cansado que dormi com o telefone na orelha. Lembrei-me do sonho que tive com Maree, olhei ao redor e estava sozinho, minha cabeça estava explodindo.Acredito que foi mais uma memória da minha mente distorcida.Fui até o banheiro me arrastando e tirei as roupas, a água quente relaxou um pouco a tensão do meu corpo, porém não ajudou com a dor de cabeça. Levei um susto quando a porta do boxe foi aberta e a minha garota apareceu completamente nua.— Desculpa, Bear. — Senti suas mãos em minhas costas, e logo meu corpo foi abraçado pelo seu. — Que tal uma massagem nas costas, hm? Além de tirar toda essa tensão que está no seu corpo — apertou seus braços ao meu redor, e eu resmunguei por sentir pela primeira vez o resultado de dormir por uma semana na poltrona do hospital —, eu posso ficar um pouco com o amor da minha vida. O que acha? Assenti e terminei meu banho, eu estava mesmo precisando de um
Pedimos uma pizza e, enquanto a gente comia, fui contando com calma tudo que eu sabia até agora e, para um menino de apenas dezenove anos, ele até que entendeu as coisas melhor que eu, talvez eu estivesse ficando caduco aos vinte ou estivesse paranoico demais.— Deixa eu ver se entendi, o Ryan é gay e te ama, mas isso não o impediu de juntar os trapos com o Ex da Kath e tentar te matar? — Deixou a pizza de lado e falou com as mãos sob o queixo.Assenti, pegando mais um pedaço.— Sua vida ficou mais emocionante, hein. — Fez o mesmo que eu.— E ainda tem a Eve, ela está no mesmo hospital que a mamãe.— Será que ela sabe de algo?— Talvez.Ficamos um tempo em silêncio até eu lembrar o motivo de ele estar aqui.— Andrew, escuta. — Respirou fundo e tomou mais um gole, logo deixando a garrafa na mesa e me encarando com um semblante sério. O fato de ele, justo ele, estar sério era um problema. — Você passou por muita coisa, suas memórias estão todas distorcidas.Isso explicava muita coisa...
Resolvi parar de me martirizar com algo que não daria em lugar nenhum e saí do banheiro, eu ia embora, não ia assistir a aula coisa nenhuma, já tinha me formado e me livrado da escola.Ao dobrar a esquina do corredor, encontrei meu antigo treinador.— Big Bear, quanto tempo — ele me cumprimentou. — Continua bonitão. — Deu dois tapinhas em meu braço e sorriu. Ele estava pouca coisa mais velho, e eu achei que devia ter crescido alguns centímetros, pois não me lembrava de ele ser mais baixo que eu. O cabelo escuro agora possuía alguns fios brancos, mas seu rosto continuava o mesmo, claro que com algumas rugas da idade, mas ele não mudou quase nada.— Como vai sua esposa? — questionou. Franzi o cenho.— Esposa?— Sim, da última vez que tive notícias suas, você estava indo ao altar se casar com a Kath.— Kath? A da foto no corredor? — ele assentiu. A gente é casado? Caramba, eu me esqueci do meu casamento também?Ao olhar novamente para o treinador, escutei o barulho de alguém engatilhan
Passei o restante do caminho mexendo meus dedos e virando de um lado para o outro no banco, só para ter certeza de que eu conseguia me mexer. Quando Bryan estacionou o carro, fui o primeiro a descer. Perguntei na recepção em que quarto Eve estava internada, e me disseram que era no quarto 369, peguei o elevador quando Bryan já estava ao meu lado e juntos fomos até o quarto dela. Com duas batidinhas, entramos no quarto. O quarto era branco do teto ao chão, o que me causou um arrepio por todo corpo, o único contraste eram as flores coloridas no vaso ao lado da cama. Eve estava dormindo ainda, e seu irmão Tyler estava sentado na poltrona ao lado enquanto segurava sua mão.— Que bom que vieram — Tyler disse ao se levantar. Primeiro me cumprimentou e logo fez o mesmo com Bryan.— Ela acabou de pegar no sono, daqui a pouco acorda — falou ele.— Estou acordada, querido irmão. — A voz de Eve soou pelo quarto e chamou a atenção dos presentes. — Podem nos dar licença? Preciso trocar algumas
Logo após Eve contar como foi a chegada da minha garota ao que deve ter sido um inferno de lugar, chegou a hora de ela fazer exames e tomar um banho. Bryan disse que ia para casa, pois ia ajudar mamãe a se internar em uma clínica de reabilitação, Tyler pediu para que eu ficasse como acompanhante da Eve enquanto ele ia para casa descansar um pouco, e eu aceitei de bom grado, estava mesmo precisando tirar umas dúvidas.Eu tinha em mente que foi difícil para Kath ficar naquele lugar, mas não que ela tinha se encontrado com o primeiro namorado e que ele foi seu primeiro cliente. Muitas coisas precisam ser esclarecidas.Quando o sol estava se pondo, Eve saiu do banheiro acompanhada de uma enfermeira que, após deixá-la acomodada em sua cama, se retirou do quarto.— Aonde o Tyler foi? — perguntou.— Foi para casa, ele está aqui desde o seu resgate. Sem contar que ele deveria estar se recuperando do tiro que tomou e… — Ela me interrompeu.— Que tiro? Ele parece perfeitamente saudável aos meus
A hora da Kath subir no palco chegou, e ela estava com medo de receber vaias, tentei acalmá-la do único jeito que eu sabia. Eu a segurei pelos ombros e dei um tapa em seu rosto.— Quem é a minha vadia? — perguntei. Ela apontou para si mesma. — Quem é que vai fazer o público gozar só de te olhar? — Apontou para si mesma outra vez. — Quem é que, se não der tudo de si naquele palco, vai levar mais dois tapas na cara? — Rindo, ela apontou para si mesma. — Vai lá, meu amor, mostra para esses homens de pau pequeno quem é a dona desse palco, minha Ghost Lady. — Dei um tapinha em sua bunda, e ela riu ao subir as escadinhas do palco. Esse foi o nome de palco que Dylan escolheu e, assim que seu nome foi falado por Mad no microfone, ela respirou fundo e subiu no palco. Corri para dar a volta e ver sua apresentação, “Take you down” do Chris Brown, escolhida por ela, começou a tocar e a luz se acendeu, minha pequena estava tão sexy naquele conjunto de lingerie azul todo trabalhado de renda que n
Chutei a porta e passei por ela com a minha garota em meus braços, ela me olhava com tanto amor que eu mal sentia as batidas do meu coração, porém sabia que ele batia alto o suficiente para ela ouvir. Fechei a porta com o pé e fui em direção ao quarto, deitei-a em cima da cama e a enchi de beijos.— Procurei por você feito um louco. — Beijei a bochecha. — Pensei que nunca mais veria você. — Beijei a testa. — Na minha cabeça, eu jamais iria sentir seu cheiro novamente. — Beijei o pescoço. — Pensei que não iria mais poder beijar sua boca e sentir seu gosto. — Beijei os lábios e deixei que a saudade que eu sentia dela fizesse o resto do trabalho.Passei a mão lentamente por seu corpo a fim de memorizar cada pedacinho, apertei sua cintura e colei mais meu corpo ao seu, meu corpo estava aceso e o dela parecia não estar muito diferente. Meus pulmões me traíram e faltou ar, separei nossos lábios e fiquei olhando para seu rosto.— Diga alguma coisa — falei.— Tenho medo de falar algo e acorda