Parte 51AlessandroAcho que no meio dessa bagunça que está minha relação com Emma, no final das contas teve algo de bom, que foi eu ter encontrado a pequena Bianca. Ainda é um nome esquisito pra mim de pronunciar, porque tenho ainda a recordação da Bianca anterior, aquela maluca.Saí um pouco do hospital para aproveitar e comprar uma muda de roupa nova para mim. Já não aguento mais usar a mesma calça direto, sem falar na cueca. Acho que vou tocar fogo nela, só de abuso.— Posso ajudar em algo? – uma morena se aproximou.— Não, obrigado – fui seco — Já sei o que quero e estou sem tempo.— Tudo bem – vi que ela me deu uma olhada geral, conferindo o material — Mas se precisar de algo, estou à disposição... Para o que quiser.É de lascar! Só porq
Parte 52AlessandroConsegui mudar de roupa e foi ótimo. Até fiz a barba que já começava a me incomodar. Falei ao telefone com Stênio e dei outras ordens para ele e respondi algumas mensagens dos associados novos. Até que consegui ser produtivo.E ainda cheguei a tempo de volta no hospital para ver Emma acordar. E foi muito bom. Eu sentei na cadeira ao lado e me recostei para trás. Acabei pegando no sono também e acordei com a mão dela, tocando a minha de leve, os dedos esticados pela distância. Esfreguei os olhos e me ajeitei na cadeira.— Tudo bem, Emma? – levantei.— Sim... Me sinto bem – ela sorriu de leve — Você cumpriu a promessa.— Sim, eu disse que estaria aqui quando acordasse – sentei na cama ao seu lado e mexi em seu cabelo — Está com fome, com sede? Quer que eu chame a enfermeira?&
Parte 53AlessandroVoltei para o quarto para dar a notícia a Emma. A enfermeira estava medindo sua pressão e disse que estava só um pouco alta.— Daqui a pouco o remédio começa a fazer efeito e volto para fazer uma nova medida, está bem? – ela recolheu a bandeja e o aparelho.— Obrigada! – Emma sorriu de leve.Quando a mulher saiu eu sentei na cama e contei o que o médico tinha me dito sobre ela poder ir embora.— Graças a Deus! Eu não gosto de hospitais e menos ainda de ser a doente – ela fez um bico — Você ainda não me contou como foi o acidente.— E nem vou contar agora – bati de leve em sua mão — Depois, quando estivermos em casa, em outra hora. Não quero ficar relembrando coisas ruins – e eu ainda queria os detalhes do acidente que o policial ficou de enviar par
Parte 54AlessandroOlhei para Emma. Não tem nem meia hora de viagem e ela já pegou no sono. Desci um pouco o banco dela para que fique mais confortável e vou deixar que durma. É até bom que descanse. A viagem não tem muito o que ver. A estrada é bonita, mas é melhor que ela relaxe a mente.Pego o celular e começo a digitar, mas mantendo a atenção na estrada. Aviso a Stênio que vou fazer uma parada mais à frente, em um ponto onde tem um pequeno restaurante e um posto de combustível, para que ela tome o remédio. Quero seguir tudo o que o médico recomendou.Mais uns vinte minutos e vejo a placa que avisa a distância do restaurante e já ligo a seta para avisar que vou entrar na estrada lateral. Olho no retrovisor e o carro deles vem logo atrás do meu.Parei o carro embaixo de uma árvore para aproveitar
Parte 55EmmaEu senti o balanço suave ao meu lado e abri os olhos, erguendo um pouco a cabeça, para ver onde estou. Não sei que lugar é este. Viro para o outro lado e sim, esse rosto eu reconheço.— Alessandro... – falei baixinho com a voz meio travada na garganta.— Chegamos, querida – ele desliga o carro e alisa minha perna — Estamos em casa – ele sorri para mim e eu gosto dessa sensação de acolhimento — Ou quase. Ainda temos que subir para o apartamento – ele aponta para o prédio alto em frente.Me ajeitei no banco devagar e mesmo assim, senti uma pontada na cabeça e levei a mão até a lateral, mas ele a segurou.— Não pressione o machucado, baby. Se sente mal?— Minha cabeça... Dói um pouco – apertei os olhos em dor.— Eu tentei vir o mais devagar possível na estrada – ele torce a boca em descontentamento — Sinto muito que esteja com dor, mas vamos entrar e poderá tomar o remédio e deitar mais.Olhei a rua ao lado. O prédio é antigo e clássico, muito bonito e fica na ponta da rua,
Parte 56AlessandroÉ muito chato ver alguém passando por uma dificuldade como está acontecendo com Emma agora. Ela até parece uma criança indefesa. E de certa forma, é isso mesmo, já que não tem recordação de nada e nem uma base para se segurar.Tudo o que ela sabe agora sou eu quem está lhe entregando e já disse que ela é sozinha aqui, que não tem parentes. Isso também deve ser bem assustador. Sair de um hospital ao lado de um desconhecido.O que não me agrada em nada ser desconhecido para ela. Mas, parece que o desastre está no meio de minha história com ela. Quando a conheci foi naquela noite maluca onde trocava tiros com os capangas de Bianca e na perseguição invadimos a lanchonete onde ela estava.Talvez essa seja uma marca nossa. Tem que ter um drama no meio, mas não gosto nada disso
Parte 57Alessandro— Fique deitada e nem tente sair da cama, está bem?Ela concordou com a cabeça. Depois do banho está mais relaxada e também percebi que está com sono. O médico disse que isso continuaria assim por mais alguns dias, até que ela começasse a firmar seu horário de novo e também porque os medicamentos a deixavam um pouco grogue.Deixei a porta aberta, mas apaguei a luz e deixei só um dos abajures aceso, para dar um pouco de claridade no ambiente, caso ela acorde. O tempo passou que eu nem percebi. A viagem foi mais demorada do que o normal porque fiquei com medo de causar algum dano para ela.Depois aqui em casa ainda ficamos nessa situação de recordar ou não e com o banho cuidadoso que lhe dei, as horas foram embora. Agora só falta preparar algo leve para que ela coma.Ainda bem que a despensa est&aacut
Parte 58EmmaQuando eu abri os olhos, alguns flashes pipocaram diante de mim e voltei a fechá-los, apertando a testa. Sinto um gosto ruim na boca, metálico. Abro os olhos de novo e vejo o teto em cima de mim. Já não é mais aquele teto branco sem graça do hospital. Esse tem detalhes que seguram meu olhar.Estou coberta até a cintura. Olho meus braços. Tenho machucados vermelhos de lado e arranhões. Ergo a mão. Minhas unhas estão curtas, foram cortadas e não têm esmalte. Eu não me lembro se antes tinham.Me mexi um pouco e senti minha coluna travada, pesada. Minhas pernas também. É estranho. Quando eu acordei no hospital não podia me mexer porque estava presa. Agora estou livre, mas sinto o corpo muito pesado.Respiro fundo. É um novo dia. Passo os olhos em volta e então o vejo. Alessandro. Aquele que diz ser meu noivo. Então, por que eu não me lembro dele? Me viro devagar para o lado para poder vê-lo melhor.Ele está dormindo todo esticado em cima de um sofá. Uma perna caída e a outra