Parte 56
Alessandro
É muito chato ver alguém passando por uma dificuldade como está acontecendo com Emma agora. Ela até parece uma criança indefesa. E de certa forma, é isso mesmo, já que não tem recordação de nada e nem uma base para se segurar.
Tudo o que ela sabe agora sou eu quem está lhe entregando e já disse que ela é sozinha aqui, que não tem parentes. Isso também deve ser bem assustador. Sair de um hospital ao lado de um desconhecido.
O que não me agrada em nada ser desconhecido para ela. Mas, parece que o desastre está no meio de minha história com ela. Quando a conheci foi naquela noite maluca onde trocava tiros com os capangas de Bianca e na perseguição invadimos a lanchonete onde ela estava.
Talvez essa seja uma marca nossa. Tem que ter um drama no meio, mas não gosto nada disso
Parte 57Alessandro— Fique deitada e nem tente sair da cama, está bem?Ela concordou com a cabeça. Depois do banho está mais relaxada e também percebi que está com sono. O médico disse que isso continuaria assim por mais alguns dias, até que ela começasse a firmar seu horário de novo e também porque os medicamentos a deixavam um pouco grogue.Deixei a porta aberta, mas apaguei a luz e deixei só um dos abajures aceso, para dar um pouco de claridade no ambiente, caso ela acorde. O tempo passou que eu nem percebi. A viagem foi mais demorada do que o normal porque fiquei com medo de causar algum dano para ela.Depois aqui em casa ainda ficamos nessa situação de recordar ou não e com o banho cuidadoso que lhe dei, as horas foram embora. Agora só falta preparar algo leve para que ela coma.Ainda bem que a despensa est&aacut
Parte 58EmmaQuando eu abri os olhos, alguns flashes pipocaram diante de mim e voltei a fechá-los, apertando a testa. Sinto um gosto ruim na boca, metálico. Abro os olhos de novo e vejo o teto em cima de mim. Já não é mais aquele teto branco sem graça do hospital. Esse tem detalhes que seguram meu olhar.Estou coberta até a cintura. Olho meus braços. Tenho machucados vermelhos de lado e arranhões. Ergo a mão. Minhas unhas estão curtas, foram cortadas e não têm esmalte. Eu não me lembro se antes tinham.Me mexi um pouco e senti minha coluna travada, pesada. Minhas pernas também. É estranho. Quando eu acordei no hospital não podia me mexer porque estava presa. Agora estou livre, mas sinto o corpo muito pesado.Respiro fundo. É um novo dia. Passo os olhos em volta e então o vejo. Alessandro. Aquele que diz ser meu noivo. Então, por que eu não me lembro dele? Me viro devagar para o lado para poder vê-lo melhor.Ele está dormindo todo esticado em cima de um sofá. Uma perna caída e a outra
Parte 59AlessandroAgora que vi minhas mensagens no celular. Só de minha mãe tem seis mensagens e duas delas brigando comigo por não ter respondido antes. Natural. Minha mãe quer ser atendida de imediato pelos filhos.Mandei que Stênio entrasse em contato com os profissionais indicados pelo médico em Cefalù. Quero que Emma inicie logo o tratamento. Quanto antes, melhor. Não quero ficar levando susto com ela caindo pelo apartamento.Fiz algumas ligações que precisava e talvez eu tenha que sair mais tarde. Não queria deixá-la sozinha. Talvez seja o caso de contratar uma enfermeira para ficar aqui com ela.— Está pensativo - ela diz mexendo o suco com o canudo — Está preocupado?— De certa forma, estou sim - peguei sua mão em cima da mesa — Eu vou ter que sair para resolver uma coisa do trabalho, Emma. Mas não quero deixar você aqui sozinha.— Eu fico quietinha - ela dá um pequeno sorriso.— Não confio nisso - fiz uma careta e ela riu — Tenho uma ideia, depois vejo.— E você faz o que,
Parte 60AlessandroAo entrar na cozinha, minha mãe já foi logo abraçando Emma, mas com cuidado. Segurou seu rosto e deu uma geral em seus machucados, fazendo um bico contrariada. Depois me encarou como se isso fosse culpa minha. Eu fiz uma cara de volta, questionando.— Ai, minha querida, você não deveria ter saído por aí dirigindo se nem mesmo sabia como - minha mãe une as mãos e balança na frente de Emma — Você já imaginou se por acaso você tivesse morrido? Não deveria dirigir, Emma. Você nem mesmo tem carteira.— Eu não tenho? - ela me olh
Parte 61Stênio— Thaís, eu nem deveria estar ligando para você, mas no entanto, estou tentando explicar e você não me deixa.— Tudo bem, Stênio, não tem que me falar nada. Eu não sou boba - ela suspira fundo do outro lado, aborrecida — Eu entendi, foi uma coisa louca, momentânea, devido a situação.— Não foi bem assim. Eu apenas…— Você tem suas amantes com certeza - ela falou de modo irritado — Eu não seria nada mais do que isso. Agora que a Emma já voltou para casa, pode
Parte 62Victor— Ok, baby - eu pego a bolsa de minha esposa e penduro no cabide ao lado da porta — Vai ser assim hoje… - tiro a jaqueta por cima da camisa — Sexo maduro, sem pressa… Talvez só um pouco de pressa no começo - ela ri e cruza os braços — Vamos aproveitar que todo mundo está ocupado com algo e temos nosso tempo livre, só para a gente, só nós dois.— Eu sei, amore, mas…— E nada de dormir depois da primeira vez, nem pensar em assistir tevê - tiro os sapatos e jogo de lado — Hoje eu quero curtir minha esposa. Depois de tanta coisa que nos ac
Parte 63Emma— Eu sei, mas foi o modo como ela falou que me deixou curiosa.Alessandro está no closet, trocando de roupa depois do banho. Quando ele saiu do banheiro só de toalha, não pude deixar de notar como estava sexy com o cabelo molhado e a toalha presa na cintura.Aliás, desde o nosso banho de banheira que venho pensando em como ele é sexy. Será que é normal sentir essa atração assim tão forte ou é porque minha mente já está começando a destravar e estou me recordando da atração que sinto por ele?— Lívia só quis dizer isso - ele volta para o quarto — Que você nos preocupou ao sair sem avisar.— E por que eu tenho que avisar sempre que saio?— Porque… Ora, porque nós temos um acordo. Eu te aviso e você me avisa. Não é assim que os casais fazem? - ele apertou os lábios em um sorriso.— Não sei… Talvez seja… Eu não me lembro.Ele senta na cama ao meu lado e toca minha perna.— Você está um pouco agitada agora. Se sente mal?— A mesma coisa - suspirei e me recostei na cama — Será
Parte 64EmmaNão sei o que houve antes desse acidente que me roubou a memória, mas deve ter sido algo ruim porque Alessandro me pareceu muito aborrecido comigo. Apertei o travesseiro e chutei as almofadas para o chão com irritação.— Eu quero me lembrar - minha voz saiu tremida.O Quarto agora está mergulhado na penumbra, apenas a luz fraca de um abajur no canto lança suas sombras dançantes pelas paredes. O silêncio é opressivo, pontuado apenas pelo meu soluço solitário. Tenho quase certeza de que estou com os olhos vermelhos e inchados de chorar. Segurar firmemente esse travesseiro contra o peito, é o que me dá algum tipo de conforto nessa noite de tormento emocional.Meu corpo está tenso, não só pela dor física em meu quadril machucado, mas também pelo peso esmagador da mágoa e da incompreensão que se abateram sobre mim, após o desentendimento com Alessandro. Cada respiração é um esforço, como se o ar estivesse carregado. Eu não estou fingindo como ele insinuou.Eu tento forçar min