Parte 65AlessandroQue ótimo, o dia já começa chovendo. Nem precisei abrir a cortina para saber que lá fora cai uma forte chuva. Acabei dormindo no sofá quando voltei da caminhada com Stênio. Não quis acordar Emma. Apenas olhei rapidamente pela porta do quarto e ela estava dormindo.Hoje tenho que levá-la até o fisioterapeuta para que comece os exercícios, depois tem mais uns exames para fazer e também uma psicóloga que foi indicada pelo médico que cuidou dela.E tudo isso eu tenho que fazer como se a conversa de ontem não tivesse acontecido. Seria bom que não. Levantei sem muita vontade, mas não posso ficar enrolando no sofá e nem vou fugir de ter uma conversa com ela.— Emma? - empurrei a porta do quarto e ela não está na cama — Merda… Onde ela foi agora? - fui rápido ao banheiro e lá estava ela — O que está fazendo, Emma?Ela se virou apoiada na pia. Está usando uma toalha preta enrolada no corpo.— Você tomou banho sozinha? - fiz uma cara contrariada — Sabe que pode se machucar,
Parte 66AlessandroA loja tem muitas opções, mas pra mim tanto faz. Eu acho que Emma fica bonita em qualquer roupa, melhor ainda sem elas. Uma vendedora se aproxima e pergunta se ela tem preferência, mas Emma diz que não, apenas precisa de algo confortável para as sessões de fisioterapia.— Vamos achar algo com certeza - a mulher sorri e a leva para o fundo. Emma vai devagar — Aqui, sente-se nessa cadeira e eu trago as opções para você.— Muito obrigada! - Emma sorri educada.Eu fico olhando para ela enquanto conversa com a vendedora. Estou fingindo que procuro algo também, mas meu foco é nela. Estou me sentindo levemente aborrecido e já sei o motivo.Diogo. O fisioterapeuta. Ele é o motivo. Fiquei com ciúmes do modo como ele logo se enturmou com a Emma. Eu nunca fui ciumento, mas com ela eu sou e desde o começo. E isso é bem chato.A sensação de ciúmes é ruim porque me deixa ansioso e eu sei que agora isso é uma bobagem. Não há nada aqui além de um profissional e sua paciente, mas e
Parte 67Alessandro— Mama, o que está fazendo?— Oi meu filho bonito - ela aperta minhas bochechas — Estou dando uma geral no quarto para Bianca. Ela vai ficar aqui - ela sorri.— Mama, a senhora acha boa essa ideia de Isabela sobre adotar a menina?— E por que não seria? - ela entrega dois travesseiros para uma das empregadas — Troque as fronhas e coloque algo mais colorido, obrigada.— Sim, senhora - a empregada sai.— Bem, ela está g
Parte 68Stênio— Eu sei que vai dar tempo, só estou adiantando um pouco minhas obrigações - eu respondo à pergunta de Enzo — Você tem o Manollo para correr atrás do que precisa, eu tenho que ajudar seu irmão. Só isso.— É só isso mesmo ou você está se adiantando para correr atrás de outros assuntos… Talvez de um rabo de saia?— Enzo, eu cumpro minhas obrigações primeiro… Depois eu posso aproveitar o tampo como quiser.— Claro, claro - ele sorri e guarda a pistol
Parte 69AlessandroEu assim que cheguei já fui tendo que controlar meu ciúme. Vi os dois conversando animadamente. Emma e o tal terapeuta, Diogo. Ela ria enquanto ele ajustava um aparelho. Olhei no relógio. O tempo dela já havia terminado.— Oi, querida - me inclinei e lhe dei um beijo rápido nos lábios.Senti um aperto no peito ao ver Emma assim, descontraída de papo com outro homem. E um que ela acabou de conhecer. Ciúmes é uma merda. Me sinto inseguro e puto da vida. Eu até poderia mandar dar uma surra nesse cara, mas isso seria infantilidade de minha parte, afinal, ele é apenas um profissional.E também ainda estou com as palavras de minha mãe na cabeça. “— Quer apostar que Emma não traiu você?”A resposta é não. Eu não quero apostar. Só queria ter a certeza se foi isso ou não. Só que minha mãe me deixou com a pulga atrás da orelha. E meus irmãos repetem o mesmo. Então não. Prefiro não apostar.— Como foi a primeira sessão? - pergunto a ele para tentar ser educado.— Foi boa - e
Parte 70Alessandro— Precisamos falar sobre as entregas - Enzo fica ao meu lado — Quer saber agora ou depois que seu ciúme passar?— Enzo, não me enche - me viro e encosto na mureta — O que houve? - vi que a expressão dele estava séria.— Tivemos um problema em nossa rota de entrega, mas foi em outra região. Houve um atraso e algumas mercadorias foram danificadas na entrega. Vou precisar ir até lá.— E o que você quer que eu faça?— O ideal seria que você fosse comigo, mas com a questão da saúde frágil de sua noiva - ele dá ênfase na palavra — Eu estou pensando em levar o Victor comigo e você fica cuidando de tudo até que a gente retorne.— Tudo bem, eu posso fazer isso. Qual a extensão dos danos?— Ainda não sabemos ao certo, estão fazendo a contabilidade.Eu olho para dentro e vejo minha mãe servindo algo para Emma. — Não se preocupe com ela aqui - Enzo segue meu olhar — As mulheres vão paparicar sua noiva o tempo todo.— Quer parar de falar “noiva” com essa ironia? - fechei a car
Parte 71EmmaFomos para a sala de refeição. A casa é muito grande e apesar de não me recordar de ter estado aqui antes, eu até que me sinto relaxada aqui entre a família dele. Gostei muito de Isabela e Lívia. As duas estão me dando muita atenção. E a mãe dele é bem gentil também.Fiquei observando Alessandro de modo discreto porque isso vai me ajudar a entender um pouco mais sobre ele. Mesmo tendo um pequeno confronto em que ele foi frio comigo e me acusou de algo tão feio como trair, agora noto que ele tem um comportamento carinhoso com a menina.Não dá para ignorar a ternura e o cuidado com que ele trata a pequena garota que olha para ele com um sorriso radiante. — Sabe, quem salvou a menina das ruas foi o Alessandro - Lívia me disse baixinho — Ele estava com a cabeça cheia de preocupações e medos e ainda assim, teve empatia pela menina sozinha.— Mesmo? E porque ele estava com medo?— Porque ele achava que tinha perdido você pra sempre - Isabela respondeu — Alessandro ficou deses
Parte 72StênioEu gosto de vir até a estação de trem. Apesar da agitação, a estação tem também uma sensação de serenidade que é tão boa. Gosto de olhar a arquitetura da estação. É imponente e histórica e reflete a rica herança da Sicília.Os arcos de pedra se erguem majestosos sobre a plataforma principal. Os enormes lustres que pendem do teto iluminam o espaço com uma luz suave e acolhedora.O chão de mármore polido reluz sob os pés dos passageiros. Escolho um dos bancos de madeira trabalhada para me sentar e esperar. Não demora muito e logo eu a vejo se aproximando.Thaís está bonita. A calça jeans escura e colada no corpo marca suas curvas e eu gosto que ela não se sente intimidada pelos olhares das pessoas em volta. Thaís para alguns seria considerada gorda, mas para mim, ela é linda, com sua pernas grossas, seios fartos e uma bunda grande que eu gosto de dar palmadas.Me levanto e vou até ela. Paramos de frente um para outro e ela me olha por inteiro. Eu faço o mesmo. Já sinto v