Parte 67
Alessandro
— Mama, o que está fazendo?
— Oi meu filho bonito - ela aperta minhas bochechas — Estou dando uma geral no quarto para Bianca. Ela vai ficar aqui - ela sorri.
— Mama, a senhora acha boa essa ideia de Isabela sobre adotar a menina?
— E por que não seria? - ela entrega dois travesseiros para uma das empregadas — Troque as fronhas e coloque algo mais colorido, obrigada.
— Sim, senhora - a empregada sai.
— Bem, ela está g
Parte 68Stênio— Eu sei que vai dar tempo, só estou adiantando um pouco minhas obrigações - eu respondo à pergunta de Enzo — Você tem o Manollo para correr atrás do que precisa, eu tenho que ajudar seu irmão. Só isso.— É só isso mesmo ou você está se adiantando para correr atrás de outros assuntos… Talvez de um rabo de saia?— Enzo, eu cumpro minhas obrigações primeiro… Depois eu posso aproveitar o tampo como quiser.— Claro, claro - ele sorri e guarda a pistol
Parte 69AlessandroEu assim que cheguei já fui tendo que controlar meu ciúme. Vi os dois conversando animadamente. Emma e o tal terapeuta, Diogo. Ela ria enquanto ele ajustava um aparelho. Olhei no relógio. O tempo dela já havia terminado.— Oi, querida - me inclinei e lhe dei um beijo rápido nos lábios.Senti um aperto no peito ao ver Emma assim, descontraída de papo com outro homem. E um que ela acabou de conhecer. Ciúmes é uma merda. Me sinto inseguro e puto da vida. Eu até poderia mandar dar uma surra nesse cara, mas isso seria infantilidade de minha parte, afinal, ele é apenas um profissional.E também ainda estou com as palavras de minha mãe na cabeça. “— Quer apostar que Emma não traiu você?”A resposta é não. Eu não quero apostar. Só queria ter a certeza se foi isso ou não. Só que minha mãe me deixou com a pulga atrás da orelha. E meus irmãos repetem o mesmo. Então não. Prefiro não apostar.— Como foi a primeira sessão? - pergunto a ele para tentar ser educado.— Foi boa - e
Parte 70Alessandro— Precisamos falar sobre as entregas - Enzo fica ao meu lado — Quer saber agora ou depois que seu ciúme passar?— Enzo, não me enche - me viro e encosto na mureta — O que houve? - vi que a expressão dele estava séria.— Tivemos um problema em nossa rota de entrega, mas foi em outra região. Houve um atraso e algumas mercadorias foram danificadas na entrega. Vou precisar ir até lá.— E o que você quer que eu faça?— O ideal seria que você fosse comigo, mas com a questão da saúde frágil de sua noiva - ele dá ênfase na palavra — Eu estou pensando em levar o Victor comigo e você fica cuidando de tudo até que a gente retorne.— Tudo bem, eu posso fazer isso. Qual a extensão dos danos?— Ainda não sabemos ao certo, estão fazendo a contabilidade.Eu olho para dentro e vejo minha mãe servindo algo para Emma. — Não se preocupe com ela aqui - Enzo segue meu olhar — As mulheres vão paparicar sua noiva o tempo todo.— Quer parar de falar “noiva” com essa ironia? - fechei a car
Parte 71EmmaFomos para a sala de refeição. A casa é muito grande e apesar de não me recordar de ter estado aqui antes, eu até que me sinto relaxada aqui entre a família dele. Gostei muito de Isabela e Lívia. As duas estão me dando muita atenção. E a mãe dele é bem gentil também.Fiquei observando Alessandro de modo discreto porque isso vai me ajudar a entender um pouco mais sobre ele. Mesmo tendo um pequeno confronto em que ele foi frio comigo e me acusou de algo tão feio como trair, agora noto que ele tem um comportamento carinhoso com a menina.Não dá para ignorar a ternura e o cuidado com que ele trata a pequena garota que olha para ele com um sorriso radiante. — Sabe, quem salvou a menina das ruas foi o Alessandro - Lívia me disse baixinho — Ele estava com a cabeça cheia de preocupações e medos e ainda assim, teve empatia pela menina sozinha.— Mesmo? E porque ele estava com medo?— Porque ele achava que tinha perdido você pra sempre - Isabela respondeu — Alessandro ficou deses
Parte 72StênioEu gosto de vir até a estação de trem. Apesar da agitação, a estação tem também uma sensação de serenidade que é tão boa. Gosto de olhar a arquitetura da estação. É imponente e histórica e reflete a rica herança da Sicília.Os arcos de pedra se erguem majestosos sobre a plataforma principal. Os enormes lustres que pendem do teto iluminam o espaço com uma luz suave e acolhedora.O chão de mármore polido reluz sob os pés dos passageiros. Escolho um dos bancos de madeira trabalhada para me sentar e esperar. Não demora muito e logo eu a vejo se aproximando.Thaís está bonita. A calça jeans escura e colada no corpo marca suas curvas e eu gosto que ela não se sente intimidada pelos olhares das pessoas em volta. Thaís para alguns seria considerada gorda, mas para mim, ela é linda, com sua pernas grossas, seios fartos e uma bunda grande que eu gosto de dar palmadas.Me levanto e vou até ela. Paramos de frente um para outro e ela me olha por inteiro. Eu faço o mesmo. Já sinto v
Parte 73ThaísEu sei que pareço ser um pouco brusca e talvez até dê a entender que eu não sou feminina, mas não é nada disso. A verdade é que eu gosto de saber onde estou indo para evitar cobranças e arrependimentos depois.Eu sei que estou fora do padrão desejado por muitos homens que sonham com as magricelas das passarelas. Isso nunca me incomodou quando eu fui crescendo e engordava e emagrecia sem parar. Mas entendi que para a maioria das pessoas que vive presa no sistema criado há milênios, isso incomoda e muito.Cansei de receber ofensas disfarçadas de conselhos sobre minha aparência e sobre meu peso. Aliás, as pessoas nunca se olham no espelho, mas adoram apontar nos outros o que elas consideram defeitos.Por isso mesmo eu sempre evitei me envolver a sério com um cara, a não ser que ele me mostrasse que minha aparência não era um problema para ele, porque eu não vou mudar nada em meu corpo só para agradar outra pessoa.Eu fiquei atraída pelo Stênio quando o vi e me animei muito
Parte 74Emma— Nossa… Que cheiro bom. O que você está esquentando aí? - eu me sento na cadeira perto da pia — Eu posso ajudar?— Não precisa, fique aí mesmo. Hoje você fez muito exercício.Ele mexe no fogão e arruma a mesa em minha frente até bem rápido. Fico observando como ele se porta na cozinha. E como isso é sexy também.— Como você não pode comer demais à noite, eu preparei uma salada de quinoa com legumes grelhados e para mim um bom e suculento bife para acompanhar porque eu sou muito carnívoro - ele sorri.— Eu já sabia disso antes? - apoiei o queixo na mão.— Sabia sim e você dizia que eu era sexy cozinhando.— Que bom que ainda acho - dei um pequeno sorriso — Na verdade, eu acho que você é sexy em muitas situações.Ele para de mexer na frigideira e me olha.— Você acha mesmo? - ele vem até mim — Porque eu gostaria de lembrar outras situações em que você me achava sexy.Eu sinto que corei porque meu rosto ficou quente. Gostaria muito de recordar como nós éramos antes, nossa
Parte 75EmmaAlessandro não me deixou ajudar a limpar o que ele usou para fazer o jantar. Mandou que eu viesse para o quarto depois que tomei o medicamento. Preferi ficar um pouco na varanda, até que ele venha para o quarto também. Tomar o remédio me fez bem, me sinto mais relaxada. Meu quadril estava levemente dolorido depois que saí da primeira sessão de fisioterapia com Diogo. Quando estava com a psicóloga fiquei mudando de posição no divã, buscando a melhor forma de não sentir incômodo.Fiquei no canto da varanda, apoiada na mureta de pedra e fiquei olhando para a rua lá embaixo. Ainda tem um movimento considerável de carros, mas o que me chamou a atenção foi que tinha uma pessoa parada na calçada em frente e me pareceu que estava olhando direto para a varanda onde estou.Achei estranho e franzi a testa, me questionando se eu estava certa. Continuei a olhar na direção dela. Era uma mulher. E eu não estou errada. Ela está parada olhando para cá. A luz fraca de um poste mais adian