Parte129EmmaFiquei realmente feliz por Isabela. Ela estava tão pálida e reclamando de dores nas pernas, que me preocupei. Mas no final, a notícia foi ótima. A família vai aumentar para eles.Alessandro fica me olhando com essa cara de pidão que ele tem, com um sorriso disfarçado. Sei que ele quer continuar nossa conversa que foi interrompida e eu também quero. Preciso que ele continue o que estava falando antes.Ele ia dizer que me ama, eu sei que ia, eu senti isso. Nós estávamos indo para isso. Ele já me chamou de amore, já me pediu perdão mais de uma vez pelo ocorrido antes, por ter omitido certos assuntos de mim. É muita coisa. Eu sei que ele sente muito mais do que uma paixão, do que uma atração. Eu sei disso porque eu também sinto.Estou morando na casa da família dele, todos me tratam muito bem e algumas imagens já voltaram para mim, desde que fui morar lá com ele. Pequenos trechos soltos que dá para juntar e ter uma ideia de como era nossa vida antes e eu me lembrei bem de qu
Parte 130EmmaUm calafrio percorreu minha espinha e meu coração acelerou, batendo fora do ritmo. Uma sensação estranha tomou conta de mim e foi como se meu corpo estivesse paralisado pelo medo. A expressão do homem era pesada, com um brilho feio e cruel nos olhos. Seu sorriso era ameaçador. Ele deu um passo para frente e eu recuei, ficando presa entre ele e a pia de granito escuro.— Você é muito bonita... Emma! - ele enfia mão no bolso.— Eu... Eu conheço você? - segurei a bolsa na frente do corpo, como se isso fosse fazer uma barreira eficiente contra ele.— Não realmente - ele mexe a cabeça de lado, me analisando — Mas eu a conheço - meus olhos aumentam de tamanho quando vejo que ele tem um pano branco na mão — Aliás, eu conheço toda a família - ele faz um gesto com a boca como se fosse desprezo.— O que quer aqui? - foi uma pergunta burra, eu sei, mas foi o que saiu na hora, pelo nervosismo.— Bem, eu quero muita coisa, mas a principal, é vingança - ele enfia a mão de novo no bol
Parte 131AlessandroAntes mesmo de chegar no escritório central onde realizamos a maior parte de nossas reuniões, eu já fui recebendo chamadas sobre Emma. Um grupo pequeno que recebeu o aviso disse ter visto Antoanie passar por uma avenida dirigindo uma van branca que parecia ser de hospital.Claro, o idiota deve ter conseguido ajuda lá de dentro. Comentei isso com Enzo e ele avisou a Manollo. Liguei para Victor e o avisei do que tinha acontecido no hospital. Ele ficou muito irado e logo entrou em contato com Bartolo e o mandou ir ao hospital e saber exatamente como se deu o sequestro de Emma. Também mandou que Lívia fosse para casa e não saísse por nada.A segurança da casa principal foi reforçada. Ninguém podia sair ou entrar que não fosse um de nós. Não é possível que isso fosse acontecer logo agora. Antoanie estava sendo perseguido por vários soldados nossos e até mesmo dos aliados, mas o filho da puta conseguia um meio de fugir. Parece até que o fantasma de Bianca o está ajudan
Parte 132EmmaEu pisco os olhos para ajustar minha visão que ainda está um pouco turva, depois de despertar do ataque no banheiro. Tenho um gosto ruim na boca e meu nariz arde um pouco. Engulo em seco e ao tentar me mexer, não consigo. Meus pulsos estão amarrados e meus tornozelos também.Estou sentada em uma cadeira de madeira, no meio de um quarto, eu acho. A luz é fraca no ambiente, meio amarelada e a lâmpada acima de mim faz um zumbido constante que é irritante.O lugar é um pouco claustrofóbico. O ar aqui dentro é denso e sinto um cheiro de mofo desagradável. As paredes em volta são revestidas de concreto áspero e manchado. Isso me dá medo.Meu coração bate mais acelerado, minha visão vai melhorando e eu começo a perceber onde estou. É algum esconderijo, sabe Deus aonde. As cordas em meus pulsos são ásperas e está muito apertado.— Ora, já acordou? Você parecia ter morrido em meus braços - ele diz, sua voz distorcida.Era o homem que me tirou do banheiro. Sequestro é a palavra c
Parte 133Alessandro— É claro que eu vou também, Enzo - abri as mãos e ri de forma cínica — O que você acha que vou fazer? Ficar em casa enquanto vocês saem por aí em busca da minha mulher? - ele olha para Victor — É isso mesmo... É minha mulher. Estamos juntos, ok?— Certo... Você está certo - Victor ergue as mãos — Eu acho bom mesmo que finalmente tenha se decidido e já temos uma localização de Antoanie. Já temos homens no local esperando por nós.— Até mesmo um grupo de policiais - Manollo diz — Eles foram avisados sobre o caso e participaram das buscas. — Claro que sim - Enzo dá risada — Eles sabem que isso vai render muito para eles, em dinheiro e em prestígio - faz um gesto com a mão — Tudo bem, que participem. Quanto mais gente, melhor. Vai impedir que Antoanie escape como das outras vezes.— Ah, mas dessa vez ele não vai mesmo - eu disse entre dentes, com raiva reprimida — Eu vou tirar o couro desse bosta. Literalmente.E quando eu digo isso, é verdade. Depois que acabar com
Parte 134AlessandroO confronto era caótico, como era de se esperar. Os soldados que ainda seguem Antoanie não têm uma organização como a nossa. Eles agem sem pensar, por impulso, apenas como se fossem gado, tocando de um curral para outro. Gritam e atiram sem raciocinar e seu interesse maior é fazer algazarra, como se isso fosse nos assustar e nos fazer desistir de continuar a busca.Eu avancei em direção à porta quando do nada um dos homens se lançou contra mim de modo furtivo, saindo da escuridão lateral e me jogou ao chão em um impacto seco.O ar foi expelido de meus pulmões quando caí, batendo forte no chão, mas minha determinação continuava inabalada. Foquei minha atenção no que me atacava e deixei que os outros continuassem sua batalha.Com muita força de vontade e reflexos, eu girei o corpo saindo de lado e evitando mais um golpe dele. O homem parecia um louco desesperado e continuou a me atacar com fúria.Ele continuava vindo atrás de mim com os punhos cerrados, mas eu conse
Parte 135AlessandroEmma está apavorada e não é para menos. O lugar é horrível, o odor desagradável em cada canto e o canalha do Antoanie a assustou e machucou. Tenho que tirá-la daqui logo.A ergui nos braços e segurei forte contra meu peito. Ela deitou a cabeça e segurou em mim. Saí para o corredor e logo alguns de meus homens se aproximaram com as armas em punho e fizeram nossa escolta para fora. Não creio que haja mais algum dos homens de Antoanie, mas todo cuidado agora é pouco. Eles podem surgir como baratas, dos buracos.Andamos pelo corredor sinuoso e escuro, agora sem iluminação nenhuma depois do tiroteio. A adrenalina corre solta por meu corpo, eu posso sentir, ainda estou elétrico para uma nova batalha, mas sinto também o meu braço doer para um inferno. Mesmo Emma sendo pequena e leve, parece que seguro um peso enorme. Meus músculos devem ter sido afetados de novo. E queima como se tivesse brasa em cima.Ao emergirmos pela porta da frente, vejo um grupo maior. Enzo e Victo
Parte 136Alessandro— Tales, primeiro cuide dela - eu entrei com Emma nos braços.— Coloque-a aqui - ele empurra a maca para o meu lado — Você entre nessa salinha - ele faz um gesto com a cabeça para os dois médicos que o acompanham — Eles vão cuidar bem dela - ele aperta o braço dela — Pode ficar tranquila, querida, são ótimos profissionais. É só a cara que é feia.Emma eu uma risadinha e me olhou. Fiz um gesto para ela entender que estava tudo bem e ela deitou.— Agora vamos ver esse seu braço. Desse jeito você vai acabar perdendo os movimentos, rapaz - ele reclamou.— Eu não me importo, se for para defender quem eu amo - respondi apertando os lábios — Aquele lixo nunca mais vai importunar minha família.— Eu entendo, mas como médico e amigo, não acho que vá curar esse braço totalmente, se não der um tempo, Alessandro.— Tales, não me enche agora, por favor - sentei na maca e ele me ajudou a tirar a camisa — Você não acha que eu ficaria parado, enquanto aquele porco pegava minha mu