Julia aproveitou a loja vazia para estudar. Ela era a melhor aluna da sua classe, e uma das melhores da escola. No ranking da escola, Julia era a número 3, tinha chance de ser a primeira se tivesse um pouco mais de tempo para estudar, ou se pudesse fazer cursinho como seus colegas. O 1° e o 2° do ranking, faziam 2 cursinhos e tinham aulas particulares com professores renomados, Julia tinha apenas o seu esforço e os livros que conseguia encontrar na biblioteca. Se Julia tivesse os mesmos recursos com certeza seria a número 1 da escola, mas não adiantava pensar em nada disso. Independentemente de suas notas Julia não conseguiria cursar a Universidade depois que se formasse.
Enquanto Julia virava a página do livro quando um grupo de estudantes de sua escola entrou. Julia as reconheceu imediatamente e já respirou fundo. Ashley Stuart e sua gangue. Esses era um dos momentos que faziam Julia acreditar com firmeza que o universo a odiava. Aquela era uma loja pequena em um bairro, o que elas estavam fazendo lá, elas são ricas. As garotas pegaram alguns salgadinhos, raspadinha e algumas bebidas. Então 2 delas foram para o caixa enquanto as outras continuaram andando pela loja. Ashley foi para o caixa balançando uma latinha de refrigerante na mão. ― Só isso? ― perguntou Julia em tom frio, desejando que elas fossem logo embora. ― E essa latinha ― respondeu Ashley com um sorriso de superioridade de que quem estava pronta para causar problemas. ― 15 dólares ― disse Julia. ― Aqui — disse Ashley entregando uma nota de 20 dólares. Julia colocou as compras em uma sacola, pegou o troco e estendeu para Ashley. — Sabe meninas, esse troco é muito pequeno acho que nem adianta guardar — disse ela para as amigas. — Acho que você deveria dar pra um mendigo — disse uma das garotas. — Mas onde eu vou encontrar alguém tão deplorável? Espera! — falou Ashley virando novamente para Julia — Achei! Julia fechou os punhos tentando conter a raiva e ficou alí sem falar nada enquanto todas as garotas na loja riam dela. Não era a primeira vez que Ashley e as amigas diziam coisas para humilha-la. — Toma, mendiga — disse Ashley jogando o dinheiro em Julia. Ashley deu um sorriso se sentindo superior enquanto todas as outras garotas riam e derrubavam coisas das prateleiras. — Opa! — disse uma das garotas depois de derrubar de propósito algumas embalagens de salgadinhos. — Vamos meninas antes que a gente pegue o azar dela — disse Ashley. Todas as garotas pararam de vandalizar a loja e saíram ainda rindo de Julia e a chamando de perdedora. Ashley foi a última a sair da loja, antes de passar pela porta ela abriu a latinha que estava balançando e a jogou no chão da loja. A latinha girou e espalhou refrigerante por todo o chão da loja. Julia olhou para os 5 dólares que foram jogados nela enquanto a latinha rodava no chão da loja e sujava tudo. Julia se perguntou o que deveria estar sentindo naquele momento. Raiva? Tristeza? Frustração? Será que ela deveria chorar? Gritar? Querer bater naquelas garotas? Esses seriam sentimentos normais para alguém naquela situação. Mas Julia não teve nenhuma reação naquele momento. É claro que ela não estava bem com aquilo, mas faria diferença se ela desse ouvidos a qualquer um daqueles sentimentos? Assim que a latinha parou de girar Julia começou a limpar. Ela jogou a latinha no lixo, limpou o chão e juntou tudo o que as garotas tinham derrubado. No geral não demorou muito para ela terminar. Depois que Julia guardou o esfregão ela foi em direção ao caixa e viu novamente os 5 dólares em cima do balcão. Julia pegou a nota na mão e olhando para ela a garota sentiu o sangue ferver. Julia segurou a nota e olhando para ela começou a gritar, jogando toda a sua frustração para fora. Depois de perder o fôlego de tanto gritar Julia se abaixou, sentindo a força nas pernas ir embora, e começou a chorar. Julia estava tão imersa na situação quem nem percebeu um garoto entrando na loja. — Uau — soltou o garoto que parecia ter a mesma idade de Julia — Nunca vi alguém tão brava com dinheiro. Julia se levantou rapidamente com um sobressalto, e enxugou o rosto com as mãos. Ela se sentiu um tanto constrangida e apenas ficou alí imóvel sem saber o que fazer. — Hey, eu posso perguntar uma coisa? — disse o garoto se aproximando um pouco dela. Julia apenas levantou a cabeça e olhou para o garoto, mas não teve coragem de dizer nada. Quando ele viu que Julia não ia dizer nada ele continuou. — Você gosta de sorvete? — perguntou o garoto levantando dois sorvetes do freezer que ficava na frente da loja — Esse está em promoção, compre um leve outro, mas eu só consigo comer um. Você quer o outro? — Quê? — falou Julia confusa. — Na verdade é que eu não queria comer sozinho hoje — explicou o garoto. Julia olhou para o garoto tentando entender. Ela a tinha visto gritar e chorar e não tinha perguntado nada e agora a estava lhe oferecendo um sorvete só para ter uma companhia para comer. Ele era, com toda certeza, muito estranho. Enquanto Julia o encarava o garoto apenas abriu um sorriso e balançou o sorvete em frente ao rosto. *** Os dois sentaram nos bancos da loja virados para janela. De início nem um dos dois falou nada, apenas tomavam o sorvete olhando para rua, até que ele decidiu quebrar o silêncio. — Sempre que alguma coisa me deixava muito triste, minha avó me comprava um sorvete — ele disse sem olhar para Julia — Ela dizia que memórias ruins são como queimaduras se você não resfriar rapidamente vai ficar marcada pra sempre. E o sorvete e o único jeito de resfriar a mente. Verdade! Ele então virou para Julia e deu outro sorriso. O sorriso dele era o tipo de sorriso contagiante que faz você querer sorrir também. Mas Julia viu que no fundo dos olhos dele havia um toque de tristeza escondida. — Meu pai dizia algo parecido sobre comida picante — falou Julia — Ele dizia que a pimenta queima todos as memórias ruins. — Será que deveríamos estar comendo algo picante então? — questionou o garoto. — Não, mas talvez tenhamos errado a ordem — sugeriu Julia — Deveríamos primeiro ter queimado as memórias ruins e depois resfriado as queimaduras. O garoto riu e, sem parecer, Julia também.Quando Liam chegou ao escritório Leia já estava lá. Liam olhou ela dos pés a cabeça novamente. Dessa vez Leia estava usando calça e sapatos confortáveis, algo que Liam aprovou. A maioria das pessoas pensavam que estar com uma roupa cara ou bonita era o suficiente mas a verdade é que, claro usar uma roupa elegante era importante, mas o Secretário do CEO tinha muitas tarefas difíceis então usar uma roupa que desse para fazer todas com excelência era de extrema importância. — Bom dia, senhor — Leia o cumprimentou. — Bom dia — respondeu Liam friamente entrando na sala. — Eu enviei o seu cronograma de hoje por e-mail, se precisar de alguma alteração e só me avisar — disse Leia o seguindo para dentro da sala. — Vou dar uma olhada — foi a resposta fria de Liam. — Eu também tomei a liberdade de deixar um capuccino com leite de amêndoas na sua mesa ouvi dizer que o senhor gosta de tomar um toda manhã — contou Leia enquanto ele se sentava. — E... Sim — disse Liam escondendo sua leve
O restaurante que Liam escolheu tinha uma comida maravilhosa, mas não era nem de perto tão chique quanto o restaurante anterior, o que fez Leia se sentir menos desconfortável. Liam imaginava que um dos restaurantes favoritos do CEO de sua empresa seria um lugar muito mais caro que àquele. Mas sendo honesta mesmo aquele era não poderia pagar. — Pode pedir o que quiser — disse Liam — Não chegou a comer nada no restaurante, né? — Não, não comi — respondeu ela abrindo o cardápio. Liam não chegou a olhar o cardápio pois já sabia o que queria pedir. Leia por outro lado não fazia ideia do que pedir, não conhecia nem metade daqueles pratos. Quando o garçom chegou Liam fez o pedido e vendo a dificuldade de Leia, ele decidiu intervir. — Ela vai querer o mesmo — disse ele. O garçom foi embora e levou os cardápios. Leia se sentiu um tanto aliviada por Liam ter colocado um fim aquela situação, que já estava ficando constrangedora, mas um tanto incomodada também, afinal ela nem sabia o
Julia olhou para entrada da escola e se perguntou se um diploma era realmente tão importante em sua vida. Para ela aquele era o pior lugar do mundo. Julia respirou fundo e então entrou. Se ela faltasse aula Leia teria um troço e para abandonar a escola teria que explicar o motivo o que partiria o coração da irmã. Julia andou pelo corredor desviando das pessoas e fazendo o máximo para permanecer invisível. Infelizmente quando ela chegou ao armário Ashley e suas capangas já vieram recebê-la. — Olha só meninas, acho que a perdedora foi buscar a roupa no lixo de novo — disse Ashley. Julia apenas abriu o armário e pegou os livros fingindo que as garotas não estavam alí. — Eu acho que o lixo entupiu os ouvidos da nossa ratinha — continuou Ashley. Julia continuou sem responder nada. Ela ainda tinha um resquício de esperança de que elas poderiam ir embora se ela ignorasse. Ashley começou a ficar irritada com a falta de reação da garota. — HEY! Tá surda garota? — falou Ashley fec
A reunião depois do almoço foi longa e Leia ficou na sala, sentada em uma cadeira no canto, fazendo anotações. Leia ouviu todas as reclamações dos investidores. Aparentemente a empresa não estava tendo nenhum amento no número de vendas nos ultimos 6 meses. Liam estava tentando convencer os investidores a não encerrarem contrato com ele e irem para outra empresa. Até porque os lucros tinha subido muito nos ultimos 5 anos quando Liam assumiu, e apesar de não terem aumentado nos ultimos 6 meses ele também não tinham baixado. Mas sinceramente, Leia achou que a questão era que os investidores, que estavam por volta de seus 60 anos, consideravam Liam muito jovem para comandar a empresa. Leia achava isso uma loucura, eles tinham exatamente a mesma idade e ela já era considerada "velha", mas ele ainda era "muito novo". Isso era irritante. Por que mulheres de 30 anos eram velhas e homens de 30 anos estavam na flor da idade? Mas ela estava ali para trabalhar e não para começar um debate fem
Já hora do almoço e Adam ainda não tinha encontrado Julia de novo. Como ele teve a sorte de ir para mesma escola que a garota e o azar de ter tantas aulas diferentes dela; se ainda estivessem no fundamental eles teriam todas as aulas juntos. Adam torceu para encontrar a garota pelo menos na hora do almoço, não era certeza mas eles tinham uma boa chance de pegar o mesmo horário de almoço. Como Adam ainda não à tinha visto ele foi para fila pegar logo seu almoço. Enquanto Adam escolhia sua comida ele começou a pensar se talvez a garota estivesse comendo do lado de fora, assim que termina-se ali iria checar. Adam pegou praticamente de tudo que tinha na cantina. Adam sentia muita fome por conta da natação. O garoto quase foi para o lado de fora mas então viu Julia sentada com um caderno em uma mesa vazia em um canto do refeitório que batia muito sol, e além de uma banana não tinha nenhum outro sinal de comida alí. Adam foi até lá e se sentou de frente para a garota que olhou para e
Leia fez um relatório bastante detalhado de todas as celebridades digitais que eles poderiam contratar. Assim que terminou Leia juntou tudo para entregar a Liam, mas ela ficou olhando para um dos que tinha selecionado, ele seria a melhor opção mas consegui-lo seria praticamente impossível. Será que ela deveria tirá-lo da lista. Até porquê ele não era exatamente um influenciador mas sim um atleta. Mas tudo, literalmente tudo, que ele usava esgotava em segundos. Roupas, acessórios, celulares, tudo esgotava em segundos se alguém o visse usando. Enquanto Leia pensava se deveria manter ele na lista, Liam a chamou. A mulher, ainda com a tablet na mão, foi rapidamente para sala de Liam. — Terminou? — perguntou Liam se referindo a lista. — Sim... — disse Leia com certa hesitação. — Está aí? — perguntou Liam apontando para o tablet. — Sim... — Ótimo, já pode me dar, vou olhar logo — disse Liam estendendo a mão. Leia hesitou por um segundo mas depois entregou, afinal ela colocou
Leia juntava as coisas que os agiotas tinham jogado no chão e vendo o que estava quebrado,. Aquilo tinha se tornado rotina desde a morte de seu marido. Ao lado dela Julia, sua irmã mais nova de 15 anos, colocava as gavetas de volta na cômoda. Quando Leia pegou a guarda de sua irmã, 4 anos atrás, depois da morte de seu pai, ela tinha esperança de dar a irmã uma vida mais tranquila do que ela teve na idade da garota. Leia se perguntava se a vida não deveria ter ficado mais fácil agora que tinha 30 anos, ao invés de mais difícil.― Leia, já está na hora de ir busca-la ― disse Julia em seu tom fleumático de sempre. Leia ficava de coração partido ao ver a irmã falar com tanta calma após momentos como aquele, era como se Julia estivesse anestesiada para conseguir suportar aquela situação.― Não quero que ela veja a casa desse jeito ― respondeu Leia olhando o relógio.― Eu posso terminar aqui ― disse Julia pegando as coisas da mão da irmã ― Ela vai ficar triste se você demorar.***Leia esta
Leia acordou quando Julia chegou do trabalho. Julia trabalhava até as 3 da manhã na loja de conveniência e quando chegava em casa era a vez de Leia ir trabalha. Leia trabalho como temporária em uma empresa relativamente longe de onde elas moravam. Então Leia acordava cedo, preparava o almoço de Bel e depois pegava dois ônibus para o trabalho. Julia por outro lado dormia um pouco, depois se arrumava e levava Bel para escola antes de ir também. Era assim todos os dias. *** Assim que Leia tomou seu lugar em sua mesa, ela começou a ouvir todos agitados conversando. Hugo Dawson, o secretário pessoal do Ceo Liam Fisher, ficaria ausente por 2 semanas devido a uma apendicite e precisariam de alguém para o substitui-lo, ninguém queria. ― Eu prefiro ser demitida do que ter que trabalhar com aquele maníaco ― disse a Sra. Smith. ― Não exagera ― disse o Gerente Clark ― Eles vão te pagar 5 vezes o seu salário do mês, por 2 semanas, não é tão ruim assim. ― Então vai você ― respondeu Sra. Smith