Capítulo 4: A difícil arte de criar um relacionamento

Willian nunca foi um homem de lamentar ser abandonado na cama depois de uma noite agitada. Mas quando ele acordou pela terceira vez naquela últimas duas semanas e não a encontrou, sentiu como se tivesse sido usado e abandonado.

Sem bilhete, sem uma flor, sem uma objeto esquecido que pudesse significar que ela voltaria para buscar o pertence mais cedo ou mais tarde,

ele sorriu.

Se levantou e foi ao banheiro tomar um banho e fazer o resto de sua higiene pessoal sem pressa mesmo que atrasado. Riu do homem que estava se tornando. Completamente domesticado.

No escritório comentou com o amigo Roberto o acontecido e ele deu uma grande gargalhada.

- Como é estar do outro lado? Foi bom para você? Perguntou agora que os papéis estavam invertidos.

- Estou me sentindo um objeto sexual. Declarou olhando para ver se havia chegado alguma mensagem dela.

VALENTINA: [Minha avó chegou mais cedo do que o esperado e sua mãe quer falar comigo. Devo me preocupar?]

WILLIAN: [Minha mãe não costuma morder, mas seja cautelosa. Não se comprometa demais. Não fale muito de nossos planos.]

VALENTINA: [Esqueci a minha camisola no quarto. perto da cama.]

WILLIAN: [Só a camisola? Eu vi uma calcinha de renda ao lado da cama. Gostosa!]

VALENTINA: [Você está acabando com a minha reputação, seu safado.]

WILLIAN: [Reputação? Acho que a vi descer pelo ralo ontem a noite depois daquele banho.]

VALENTINA: [Tenho que ir agora, seu sem vergonha. Eu não vou trabalhar hoje. Vou ficar com a minha avó e depois vou almoçar com a sua mãe.]

WILLIAN: [OK. Nos encontramos à noite. Arranje uma boa desculpa. Quero dormir agarrado com você.]

VALENTINA: [DORMIR? Eu nem sei como é dormir mais. Eu cochilo agora.]

WILLIAN: [Deixe de reclamar, Bela Adormecida. Já dormiu por muito tempo. Cheguei no escritório, mas eu queria estar debaixo do chuveiro agora.]

VALENTINA: [Trabalhe bastante e venha para casa o mais rápido. Tenho uma surpresa para você.]

WILLIAN: [CARAMBA, VALENTINA. QUE TIPO DE SURPRESA?]

VALENTINA: [Do tipo SURPRESA, Will. Beijo]

Willian se sentou em sua cadeira sorrindo e fechou os olhos. Estava em êxtase e o seu melhor amigo viu que ele estava feliz e apaixonado pela primeira vez em sua vida de um jeito diferente.

Quando ele disse no passado que queria ficar com Valentina a ideia de casamento não era o que tinha em mente, mas perdê-la para outro acabou o destruindo e enxergando como havia sido tolo.

Ninguém gosta da ideia de eternidade. Só da juventude embora a maioria das mulheres se iludam com a ideia do amor eterno. Valentina tinha esse sonho. E por muito tempo a ideia de que se afastar dela era para o seu bem o deixou em paz.

O reencontro inicial entre eles tinha uma proposta de paciência que acabou com o primeiro beijo. Willian se considerava na idade certa para ter tudo o que ela havia sonhado e ela não conseguia mais fugir dele como antes.

Agora estava diante da mãe dele e não sabia mais como agir. Estava nervosa, com as mãos frias e suando, as pernas tremendo. A mulher deveria ter uns sessenta e cinco anos e parecia ter menos. Não era alta, não era loira natural, mas tinha uma elegância de dar inveja e caminhou lentamente até ela. Valentina sentiu medo.

- Valentina, há quanto tempo?

- Muito.

- Você está fabulosa.

- Obrigada. Voce está incrível também. Estão usando preservativo?

- Não...

- Acha que consegue engravidar do meu filho?

- Bem... Ele quer muito ter esse bebê.

- Quanto tempo andam acasalando por aí que nem coelhos?

- Ai, meu Deus! Um mês. Talvez dois.

- Valentina...

- Quatro! Eu não sei mentir.

- O que está achando de todos os orgasmos que ele anda lhe entregando?

- Maravilhoso!

- Não fique assim, Valentina. Sabe que eu lhe amo, não sabe?

- Ainda me considera a sua preferida?

- Claro que sim! Se eu soubesse que aquele babaca estava lhe passando para trás, teria atropelado ele quando tive oportunidade. O meu Willian está tão apaixonado por você. Eu acredito que você o fisgou por inteiro.

- Acha mesmo?

- Ele ficou mal quando se casou e pior quando você o mandou se afastar. Eu pensei que ele nunca se recuperasse, mas ele conseguiu. E vê-los juntos na casa de Sarah foi realmente incrível. Me dê a sua mão.

- Por favor, não faça isso!

A mãe de Willian puxou a mão trêmula de Valentina e colocou o anel que havia sido de sua mãe. Ela pôs as mãos de Valentina entre as suas e a beijou. Foi uma cena linda de se ver. Beatrice chorou e ela raramente chorava. Valentina tinha a aprovação dela, mas Willian realmente a amava?

- Ele te ama, Valentina querida. Eu sei.

- Eu tenho medo, Beatrice. Eu tenho muito medo.

- Não há nada para ter medo.

O garçom sorriu para as duas e Beatrice lhe apresentou como a sua futura nora. Ele lhe deu os parabéns e depois o próprio chef apareceu para cumprimentá-las. Depois do almoço Valentina deu uma desculpa e sumiu. Rodou pela cidade durante um tempo sem querer encontrar com ninguém e acabou indo para o escritório de Willian que estava terminando uma reunião.

- Valentina está na sua sala.

- Algum problema?

- Ela não disse. Ela não consegue parar de chorar.

- Droga! A mamãe almoçou com ela. Pai, termina a reunião.

Willian não teve tempo para pensar no que teria acontecido. Ela não conseguia falar, mas mostrou a mão. Ele sorriu. Pediu para secretária um café, água e algumas guloseimas da sala de reunião. Pegou-a no colo e a abraçou. Tirou os seus sapatos e ela foi ficando tranquila. Ela sorriu um pouco envergonhada. Era estranho tudo aquilo.

- Ela lhe deu o anel da vovó?

- Sim.

- Então você nao contou das nossas atividades extras?

- Não precisei falar muito. Acho que ela sabe de tudo.

- Mas não deu detalhes, não é mesmo?

- Acho que ela não precisa desse tipo de informação.

- Ótimo!

- A reunião acabou?

- Está acabando.

- Desculpe! Você deveria estar lá.

- Eu tenho certeza de que estou no lugar certo.

Willian a beijou sentindo o seu corpo ainda trêmulo se aproximar dele. Ela ainda estava sentada em seu colo e ele a apertou um pouco mais. Agatha havia aberto a porta para lhe entregar as pastas quando se deparou com a cena. Valentina o segurava pelo pescoço e aquilo foi o suficiente para que Agatha visse o anel, lembrando exatamente de vê-lo na mão de Beatrice em muitas ocasiões. Teve vontade de gritar, mas só conseguiu esbarrar na secretária de Willian e derrubar toda a bandeja no chão e fazendo um grande barulho.

- Vou ver o que houve. Fique aqui, minha senhora.

- Estarei esperando.

Willian viu tudo derramado e pediu que a secretaria chamasse alguém para limpar ele iria para casa mais cedo com Valentina. Agatha lhe entregou as pastas e caminhou com ele até o escritório onde viu Valentina mais recomposta com os sapatos, ajeitando os cabelos para irem embora.

- Não vai jantar conosco?

- Não! Hoje eu quero ir para casa aproveitar a companhia da minha mulher.

- Mulher?

- O casamento será apenas uma formalidade. Já estamos praticamente morando juntos.

- Ora, ora. Por essa eu não esperava. Parece que foi ontem que Valentina estava se divorciando.

- Exatamente. Já que está tudo pronto não témos motivo para nos mantermos distante. A mamãe ja entregou o anel da vovó para Valentina.

- Não vão noivar?

- Não. Vamos apenas planejar o casamento e efetivá-lo. Chega de espera. Eu a quero para ontem.

- Uau! Meus parabéns, Valentina. Pescou mais um marido.

- Obrigada.

Antes de saírem do escritório, Valentina teve que correr para o banheiro imediatamente. Parece que o anel não seria a única do dia. Mas antes de qualquer anúncio, eles passariam na farmácia para comprar testes de gravidez.

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