Capítulo 84 Anders Marini França | 22 de MaioEu sempre achei que a família Marini exagerava nas histórias, porque desde que entrei no negócio, aos 18 anos, nada do que eles diziam parecia real, como se tudo estivesse envolto em uma névoa de drama, mas… eu estava acostumado. Era o jogo deles, e eu jogava junto, e quando Vincenzo me ligou, dizendo que eu deveria ir à França pra "mexer as coisas", porque Marcelus — logo Marcelus — estava apaixonado, eu confesso… eu não acreditei de cara. Porque, Marcelus estar "apaixonado"? Por favor… achei que era mais uma daquelas baboseiras sentimentais que ele fingia pra manter tudo sob controle, — como a raposa velha que ele era. A verdade era que, no fundo, eu não acreditei nem por um segundo. Quer dizer, Marcelus? Apaixonado? Me poupe. O cara sempre foi um Don Juan barato que não valia nada, incapaz de deixar alguém entrar naquele coraçãozinho cheio de daddy issues. Eu já o conhecia bem o suficiente pra saber que ele sempre manteve as e
Capítulo 86 Clare Vallence França | 22 de Maio Eu já estava me acostumando a ver Marcelus assim: sempre tentando levar tudo pra brincadeira, e até mesmo desviar de qualquer assunto sério com alguma piada. Mas essa noite estava sendo um espetáculo à parte. Desde que Anders chegou, eu notei que ele mexia com Marcelus de um jeito que ninguém mais conseguia — e pra ser bem sincera, estava adorando assistir de camarote. Durante o jantar, a situação só piorou. Cada vez que Anders soltava uma provocação, eu via Marcelus se contorcer na cadeira, apertando os punhos debaixo da mesa como se estivesse segurando o mundo nas mãos. E eu não podia evitar rir. Era divertido, de certa forma, ver um homem como Marcelus que sempre estava acostumado a conseguir sair por cima, por conta do deboche ou humor — e até mesmo estratégia em alguns casos —, de repente, perder o chão. E o melhor de tudo? Eu nem estava fazendo nada. Era o Anders quem jogava às cartas, e Marcelus simplesmente não sabia como lida
Capítulo 87 Clare Vallence França | 22 de Maio Aquelas palavras dele me queimavam por dentro. Algo estava errado, mas eu não conseguia parar de pensar no jeito como ele me olhava. Na verdade, acho que já tinha me perdido ali, naquele momento, quando ele decidiu impor aquela intensidade toda. A sensação de estar presa, de não ter mais controle, era um misto de frustração e desejo, e isso me irritava de um jeito que eu não conseguia explicar. — Enquanto esse acordo durar, você é minha. E eu não vou deixar o Anders, ou ninguém… esquecer isso. — As palavras dele ainda ecoavam na minha cabeça como um aviso, ou talvez uma promessa. E parte de mim sabia que, quando ele disse aquilo, não estava só se referindo a um acordo ridículo. Eu abri a boca pra retrucar, algo sarcástico já se formando na minha mente, mas antes que qualquer palavra pudesse escapar, ele se moveu. Rápido. Antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo, senti os lábios dele sobre os meus de novo, com aquela me
Capítulo 88 Marcelus Moreau França | 22 de Maio Ela estava ali, nos meus braços, e por um segundo, o mundo inteiro pareceu sumir. O corpo dela ainda se moldava ao meu, o calor que emanava da pele dela fazendo um contraste violento com a minha própria temperatura, que parecia ter subido de uma forma descontrolada. Clare estava exausta, a respiração dela irregular, o peito subindo e descendo rápido, os olhos entreabertos, sem foco, como se estivesse flutuando entre o prazer e a exaustão completa. Eu sorri, aquele sorriso que sempre vinha quando eu sabia que tinha ganhado. Porque, claro, era isso, não era? Tudo era um jogo. Eu sabia que cada olhar, cada palavra dita ou não dita, tinha levado a gente até aqui. E agora, com o corpo dela entrelaçado no meu, a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus lábios... Ela era minha, pelo menos enquanto durasse esse "acordo", como ela gostava de chamar. Eu a beijei de novo, mas dessa vez não havia mais a urgência de antes. Era mais calmo, como
Capítulo 89Marcelus MoreauFrança | 23 de Maio O cheiro do café invadiu o quarto como um lembrete suave de que o mundo lá fora continuava girando, indiferente ao que aconteceu na noite anterior. Eu ainda meio grogue, fiquei por uns segundos de olhos fechados, sentindo o espaço vazio ao meu lado naquele tapete. Clare já tinha saído, o que ainda era algo um tanto novo pra mim, considerando que eu sempre acordava antes dela antes. Passei a mão pelo rosto, tentando despertar. Os músculos do corpo ainda estavam doloridos, pesados com o eco da noite passada. Me espreguicei, sentindo os ombros estalarem, e foi quando ouvi. A voz de Clare, baixa, doce, como um canto sem compromisso, se misturando com os sons da casa. Ela estava na cozinha, provavelmente preparando o café da manhã ou algo assim — e bom… até ai tudo estava normal, nos conformes. O que me fez congelar, no entanto, foi o leve som de outra risada. Grave. Familiar.Anders.Minha mandíbula travou. Eu sabia que ele ainda estava
Capítulo 90Clare VallenceFrança | 23 de Maio Eu estava em frente ao fogão, mexendo distraidamente na massa das panquecas enquanto o aroma doce começava a preencher o ar. O sol da manhã entrava suavemente pelas janelas da cozinha, e pela primeira vez em dias, eu estava quase em paz. “Quase”, porque Marcelus, mesmo adormecido lá em cima, eu sabia que provavelmente, ele ainda ia acordar querendo matar o primo dele. Minha cabeça ainda estava meio bagunçada com o que aconteceu na noite anterior. Ele tinha um jeito de tomar conta de tudo, de me consumir de um jeito que às vezes parecia esmagador. Eu podia sentir o controle em cada toque dele, como se quisesse me marcar, me lembrar de quem estava no comando. E tudo bem, eu não era inocente. Eu sabia jogar esse jogo — e talvez fosse esse o problema.Suspirei, virando mais uma panqueca na frigideira, tentando não pensar demais em nada. A ideia era simples: café da manhã, depois talvez uma caminhada para espairecer. Mas o universo parecia
Capítulo 91Clare VallenceFrança | 23 de Maio A risada morreu instantaneamente na minha garganta assim que vi Marcelus parado na entrada da cozinha. Seus braços cruzados sobre o peito, as sobrancelhas arqueadas. O sorriso no rosto dele não tinha nada de amistoso — era mais um aviso do que um gesto de felicidade. Ele estava puto. Totalmente puto.Eu sabia que ele tinha acordado com raiva, o jeito como ele olhava pra mim e pra Anders deixava isso bem claro. Mas, sinceramente, eu não achava que ele fosse entrar na cozinha como se tivesse pegado a gente no flagra de algo muito pior do que apenas uma conversa. De repente, o ar ficou pesado, e o contraste com o clima leve de alguns minutos atrás me deixou ainda mais consciente da tensão.— Marcelus? — Perguntei, enquanto esperava que ele falasse algo. Ele ignorou a pergunta completamente. Os olhos dele estavam fixos em Anders, o olhar tão afiado que parecia capaz de cortar. Ele deu um passo à frente, cada movimento calculado, como se es
Capítulo 92Marcelus MoreauFrança | 23 de Maio Eu estava à beira de explodir.Cada risada que saía da boca de Anders era como um soco na minha paciência, e Clare, sentada ali, observando tudo, parecia alheia à situação. Anders não deveria estar perto dela, não daquele jeito. Eu não sabia exatamente por que isso me incomodava tanto, mas o fato de ele continuar, sorrindo e provocando, me fazia querer quebrar alguma coisa — de preferência, o próprio Anders.Eu tentei, várias vezes, manter o controle. Tentei mandar ele embora, sem causar uma cena, sem levantar a voz. Mas ele continuava jogando aquelas piadinhas, como se estivesse se divertindo à custa da minha frustração. O sorriso no rosto dele era quase uma provocação, e o pior era que ele parecia confortável demais. Como se estivesse tentando mostrar que não me levava a sério. — Anders, acho que você já ficou o suficiente por hoje — eu disse, tentando manter a voz controlada. Minhas palavras saíram entre dentes cerrados, mas eu não