Capítulo 88 Marcelus Moreau França | 22 de Maio Ela estava ali, nos meus braços, e por um segundo, o mundo inteiro pareceu sumir. O corpo dela ainda se moldava ao meu, o calor que emanava da pele dela fazendo um contraste violento com a minha própria temperatura, que parecia ter subido de uma forma descontrolada. Clare estava exausta, a respiração dela irregular, o peito subindo e descendo rápido, os olhos entreabertos, sem foco, como se estivesse flutuando entre o prazer e a exaustão completa. Eu sorri, aquele sorriso que sempre vinha quando eu sabia que tinha ganhado. Porque, claro, era isso, não era? Tudo era um jogo. Eu sabia que cada olhar, cada palavra dita ou não dita, tinha levado a gente até aqui. E agora, com o corpo dela entrelaçado no meu, a pele marcada pelos meus dedos, pelos meus lábios... Ela era minha, pelo menos enquanto durasse esse "acordo", como ela gostava de chamar. Eu a beijei de novo, mas dessa vez não havia mais a urgência de antes. Era mais calmo, como
Capítulo 89Marcelus MoreauFrança | 23 de Maio O cheiro do café invadiu o quarto como um lembrete suave de que o mundo lá fora continuava girando, indiferente ao que aconteceu na noite anterior. Eu ainda meio grogue, fiquei por uns segundos de olhos fechados, sentindo o espaço vazio ao meu lado naquele tapete. Clare já tinha saído, o que ainda era algo um tanto novo pra mim, considerando que eu sempre acordava antes dela antes. Passei a mão pelo rosto, tentando despertar. Os músculos do corpo ainda estavam doloridos, pesados com o eco da noite passada. Me espreguicei, sentindo os ombros estalarem, e foi quando ouvi. A voz de Clare, baixa, doce, como um canto sem compromisso, se misturando com os sons da casa. Ela estava na cozinha, provavelmente preparando o café da manhã ou algo assim — e bom… até ai tudo estava normal, nos conformes. O que me fez congelar, no entanto, foi o leve som de outra risada. Grave. Familiar.Anders.Minha mandíbula travou. Eu sabia que ele ainda estava
Capítulo 90Clare VallenceFrança | 23 de Maio Eu estava em frente ao fogão, mexendo distraidamente na massa das panquecas enquanto o aroma doce começava a preencher o ar. O sol da manhã entrava suavemente pelas janelas da cozinha, e pela primeira vez em dias, eu estava quase em paz. “Quase”, porque Marcelus, mesmo adormecido lá em cima, eu sabia que provavelmente, ele ainda ia acordar querendo matar o primo dele. Minha cabeça ainda estava meio bagunçada com o que aconteceu na noite anterior. Ele tinha um jeito de tomar conta de tudo, de me consumir de um jeito que às vezes parecia esmagador. Eu podia sentir o controle em cada toque dele, como se quisesse me marcar, me lembrar de quem estava no comando. E tudo bem, eu não era inocente. Eu sabia jogar esse jogo — e talvez fosse esse o problema.Suspirei, virando mais uma panqueca na frigideira, tentando não pensar demais em nada. A ideia era simples: café da manhã, depois talvez uma caminhada para espairecer. Mas o universo parecia
Capítulo 91Clare VallenceFrança | 23 de Maio A risada morreu instantaneamente na minha garganta assim que vi Marcelus parado na entrada da cozinha. Seus braços cruzados sobre o peito, as sobrancelhas arqueadas. O sorriso no rosto dele não tinha nada de amistoso — era mais um aviso do que um gesto de felicidade. Ele estava puto. Totalmente puto.Eu sabia que ele tinha acordado com raiva, o jeito como ele olhava pra mim e pra Anders deixava isso bem claro. Mas, sinceramente, eu não achava que ele fosse entrar na cozinha como se tivesse pegado a gente no flagra de algo muito pior do que apenas uma conversa. De repente, o ar ficou pesado, e o contraste com o clima leve de alguns minutos atrás me deixou ainda mais consciente da tensão.— Marcelus? — Perguntei, enquanto esperava que ele falasse algo. Ele ignorou a pergunta completamente. Os olhos dele estavam fixos em Anders, o olhar tão afiado que parecia capaz de cortar. Ele deu um passo à frente, cada movimento calculado, como se es
Capítulo 92Marcelus MoreauFrança | 23 de Maio Eu estava à beira de explodir.Cada risada que saía da boca de Anders era como um soco na minha paciência, e Clare, sentada ali, observando tudo, parecia alheia à situação. Anders não deveria estar perto dela, não daquele jeito. Eu não sabia exatamente por que isso me incomodava tanto, mas o fato de ele continuar, sorrindo e provocando, me fazia querer quebrar alguma coisa — de preferência, o próprio Anders.Eu tentei, várias vezes, manter o controle. Tentei mandar ele embora, sem causar uma cena, sem levantar a voz. Mas ele continuava jogando aquelas piadinhas, como se estivesse se divertindo à custa da minha frustração. O sorriso no rosto dele era quase uma provocação, e o pior era que ele parecia confortável demais. Como se estivesse tentando mostrar que não me levava a sério. — Anders, acho que você já ficou o suficiente por hoje — eu disse, tentando manter a voz controlada. Minhas palavras saíram entre dentes cerrados, mas eu não
Capítulo 93Anders MariniFrança | 23 de Maio Eu mal consegui segurar o riso até atravessar a porta da cabana, porque céus… o jeito que Marcelus me olhava, era o mesmo de um búfalo completamente furioso.Ver Marcelus à beira de um ataque de fúria era a melhor parte do meu dia. Ele estava tão puto que praticamente dava pra sentir a tensão no ar enquanto ele me mandava embora. Sério, eu quase tive pena dele. Quase. Mas a verdade era que provocá-lo era bom demais pra ignorar. E o mais engraçado? Ele nem sabia por que estava tão fora de si. Podia apostar que nem era tanto por minha causa, mas sim pela forma como ele não conseguia lidar com Clare.Parei do lado de fora da casa, encostando na parede de madeira, e soltei uma risada baixa, finalmente deixando escapar o riso que eu estava prendendo. “Marcelus, Marcelus… você realmente parece ter mudado muito de uns tempos pra cá.” eu acabei pensando enquanto ainda pensava na cara dele, “parecia até mesmo que ele ia tentar me matar se eu fic
Capítulo 94Clare VallenceFrança | 23 de MaioAssim que os lábios de Marcelus tocaram os meus, senti a urgência dele. O beijo era intenso, como se ele estivesse tentando apagar qualquer vestígio de dúvida que pudesse existir. Mas havia algo errado. Era raiva, não desejo. Raiva acumulada, quase palpável. Eu me deixei levar por alguns segundos, antes de afastá-lo com as mãos no peito, empurrando com firmeza.— Espera. — Minha voz saiu ofegante, mas eu estava completamente lúcida. — Você tá fazendo isso de novo porque tá puto.Marcelus me olhou com os olhos ainda cheios de fúria, respirando pesado, os ombros tensos. Eu sabia que ele estava à beira de explodir, e por mais que ele tentasse esconder, aquele controle todo era só uma fachada. Ele achava que beijar e me marcar de novo resolveria o problema, que isso apagaria o que ele sentia por ver Anders perto de mim — e por mais que eu até gostasse disso, porque era divertido ver ele desse jeito — não era o melhor jeito de resolver tudo,
Capítulo 95Marcelus MoreauFrança | 23 de MaioO calor do corpo de Clare ainda pulsava debaixo do meu, e, por um momento, fiquei apenas ali, ofegante, sentindo o corpo dela estremecer contra o meu. Eu sabia que não tinha acabado — a raiva, o desejo, tudo ainda estava fervendo dentro de mim, se misturando em um caos que eu não conseguia controlar. Nem queria. O gosto dela ainda estava na minha língua, e minha mente era um redemoinho de pensamentos sombrios, dominados pelo nome que ela ousou mencionar: Anders.Eu não conseguia esquecer. Era como uma faca cravada na minha mente, e cada vez que Clare me provocava, torcendo a lâmina só um pouco mais, meu sangue fervia. O corpo dela debaixo do meu, rendido ao meu controle, me dava uma sensação de poder. Mas isso não era o bastante. Nunca era. Eu precisava que ela entendesse. Precisava que ela soubesse que, não importa o que ela fizesse ou dissesse, eu não ia permitir que Anders ou qualquer outro homem chegasse perto dela.Ela me encarou, a