Capítulo 35Marcelus Moreau França | 13 de Maio Eu mal conseguia disfarçar o nó de raiva que se formou no meu estômago quando vi Flyn se aproximando de Clare com aquele envelope ridículo nas mãos. E o pior de tudo? A maneira como ela segurou aquilo, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, me deixou ainda mais possesso — mas, eu me segurei. Me segurei porque sabia que Clare estava exatamente onde eu queria: ao meu lado, presa nesse fim de semana comigo. Enquanto dirigia, o silêncio entre nós era tão denso que eu podia cortar com uma faca. Minha mão se apertava no volante a cada vez que eu lembrava do sorriso que Clare deu para Flyn, como se ele fosse o salvador da pátria. — Você parece tensa — eu acabei dizendo depois de um tempo, porque até mesmo aquele silêncio de merda, estava começando a me irritar. — E você parece estar se divertindo com isso — ela respondeu, ainda com os olhos no horizonte, o que me fez rir. Eu gostava do jeito que ela me via — porque até mesmo a
Capítulo 36Clare Vallence França | 13 de MaioEu me senti meio atordoada enquanto saímos do café, como se ainda estivesse processando tudo o que havia acontecido. Ficar ali, naquela cena quase doméstica, com Marcelus, era algo que eu nunca teria imaginado — e, de alguma forma, estávamos agindo como um casal normal, o que só tornava tudo mais surreal… estranho. “Nós não somos um casal, tudo é só uma fachada…” eu tentei me lembrar, mas… quando eu pensei que eu me expliquei sobre as fotos que Flyn tinha me dado, eu… ficava cada vez mais surpresa comigo mesma, porque… eu não tinha razão nenhuma para me explicar pra ele!Mas mesmo sabendo disso… eu ainda assim me expliquei pra ele, disse que… só haviam fotos no envelope. — Vamos voltar para a casa de campo… — Marcelus disse enquanto pegava as chaves do carro, me tirando dos meus pensamentos por completo. O caminho até a casa de campo dos Marini era um tanto longo, o que me deixou mais tempo ainda para pensar, mas… Marcelus? Ele manti
Capítulo 37Marcelus Moreau França | 13 de MaioQuando entramos na casa de campo (que estava mais pra uma mansão) — depois de Clare ter me chamado de filhinho da mamãe de quinze formas diferentes — o meu pai estava esperando por nós na entrada, com aquela cara de quem comeu e não gostou de sempre. Ele estava todo arrumado, mas havia um ar descontraído sobre ele — por algum motivo —, o que significava que ele estava de bom humor — ou, pelo menos, tão perto de bom humor quanto Mario Marini poderia estar.— Finalmente resolveram aparecer — ele disse, com aquele tom sério, enquanto dava uma última olhada em Clare, como se estivesse tentando decifrar o que ela estava pensando. — As cabanas foram preparadas para vocês, e como sempre, a mansão é só para os convidados e, claro, para mim.Eu dei de ombros, não querendo começar uma discussão sobre a tradição dos Marini logo de cara, especialmente porque Clare estava ali e eu sabia que ela provavelmente estava se perguntando o que diabos estav
Capítulo 38Clare Vallence França | 14 de MaioAcordei como se tivesse sido atropelada por um caminhão, mas ao invés de estranhar, eu até gostei, porque, pela primeira vez em dias, eu tinha dormido de verdade, e talvez tivesse a ver com o fato de que decidi dormir antes de Marcelus voltar, para ter certeza de que ele nem teria tempo de… tentar nada — afinal, eu até podia estar curiosa sobre Marcelus agora, mas o meu orgulho? Ainda era algo que eu queria manter intacto (ou pelo menos, não acabar mais com o coitado, porque no presente momento… ele devia estar em frangalhos).Virei na cama, me espreguiçando lentamente, sentindo o cheiro do café no ar. Minhas narinas se encheram com aquele cheiro maravilhoso e, por um segundo, achei que estava sonhando, mas… quando abri os olhos eu vi Marcelus… sem camisa, deixando todas as suas tatuagens à mostra — que por mais que eu já tivesse as visto antes, agora… elas pareciam mais vivas agora, aparentes. Ele estava simplesmente fritando ovos como
Capítulo 39Clare Vallence França | 14 de MaioEu mal conseguia respirar com ele me pressionando contra a bancada, o calor do corpo dele queimando a minha pele e fazendo com que tudo dentro de mim gritasse por mais. A verdade era que, por mais que eu quisesse resistir, o autocontrole me abandonou no momento em que Marcelus me puxou pela cintura e me beijou como se o mundo estivesse acabando.— Você realmente não tem vergonha, né? — Minha voz saiu rouca, enquanto eu tentava recuperar o fôlego.— Nenhuma. — Ele sussurrou contra o meu pescoço, os lábios roçando na minha pele, me deixando arrepiada dos pés à cabeça.Eu odiava o poder que ele tinha sobre mim, o jeito que o meu corpo respondia a cada toque, como se estivesse programado para ceder a qualquer coisa que esse filho da puta fizesse. Marcelus sabia exatamente o que estava fazendo, e eu odiava ainda mais o fato de que, por mais que eu quisesse manter algum controle, eu sabia que já havia perdido.Suas mãos deslizaram pelo meu co
Capítulo 41Marcelus Moreau França | 14 de MaioO que eu tinha contra relacionamentos? Eu admito, essa pergunta me pegou de surpresa, tanto que fiquei ali, olhando para ela por alguns segundos, tentando processar — e até mesmo, tentando pensar em uma resposta, afinal… não era como se eu tivesse pensado muito a fundo a respeito — enquanto Clare segurava a xícara de café com as duas mãos, os olhos fixos em mim como se estivesse realmente esperando uma resposta séria para aquilo. — O que eu tenho contra relacionamentos? — Repeti, meio em choque, enquanto me recostava na cabeceira da cama, cruzando os braços. — É, Marcelus. — Ela respondeu, os olhos azuis brilhando de curiosidade e, talvez, um toque de frustração. — Pelo o que Nathaniel me falou, você sempre foge deles, como o diabo foge da cruz. Então, o que é? O que você tem contra isso?Eu soltei um suspiro longo, tentando encontrar a melhor maneira de responder. Clare sempre foi direta, e eu admirava isso nela, mas às vezes suas p
Capítulo 42Mario Marini França | 14 de MaioEu estava sentado na poltrona de couro do escritório, fumando um charuto enquanto observava a fumaça se dissipar lentamente no ar. O silêncio no escritório era pesado, um silêncio que normalmente me traria alguma paz, mas hoje? Hoje, ele só alimentava a tempestade de pensamentos que me invadia, como um soco no estômago, que deixava um gosto amargo de sangue na boca.Eu ouvi passos fortes se aproximando da porta, e não precisei levantar o olhar para saber quem era. — Pai. — A voz de Vincenzo ecoou no escritório.Eu apenas soltei um longo suspiro antes de responder.— Vincenzo. — Respondi, sem tirar os olhos da janela à minha frente. O sol tentava furar as nuvens, mas o céu continuava cinza. — Pode entrar.Ele entrou, sem hesitar, como era de costume, enquanto os seus olhos pareciam analisar a minha expressão — como de costume. — Pensando no Marcelus de novo? — Ele perguntou, direto, enquanto se encostava na parede e cruzava os braços.Eu
Capítulo 43Vincenzo MariniFrança | 14 de MaioEu estava sentado no salão principal, o som abafado das conversas ao redor se misturava com os meus próprios pensamentos, e o que mais me incomodava não era a ideia de Marcelus estar noivo — eu já tinha superado esse choque inicial. O que praticamente me fazia perder o sono era a incerteza de tudo isso, porque eu sempre consegui prever os movimentos de Marcelus, até quando ele era jovem e se metia em encrencas, eu sabia exatamente o que esperar, mas agora? Com essa história de Clare, eu estava totalmente no escuro.Marcelus estava se comportando de forma estranha — mais atencioso com Clare do que eu jamais vi ele ser com qualquer mulher, e isso honestamente, era algo que eu não sabia se me deixava preocupado, ou aliviado. Porque ao mesmo tempo que isso queria dizer que Marcelus podia estar finalmente amadurecendo, também podia querer dizer que… ele estava fazendo alguma coisa que… eu não estava nem um pouco afim de arrumar. Mas enquanto