Capítulo 38Clare Vallence França | 14 de MaioAcordei como se tivesse sido atropelada por um caminhão, mas ao invés de estranhar, eu até gostei, porque, pela primeira vez em dias, eu tinha dormido de verdade, e talvez tivesse a ver com o fato de que decidi dormir antes de Marcelus voltar, para ter certeza de que ele nem teria tempo de… tentar nada — afinal, eu até podia estar curiosa sobre Marcelus agora, mas o meu orgulho? Ainda era algo que eu queria manter intacto (ou pelo menos, não acabar mais com o coitado, porque no presente momento… ele devia estar em frangalhos).Virei na cama, me espreguiçando lentamente, sentindo o cheiro do café no ar. Minhas narinas se encheram com aquele cheiro maravilhoso e, por um segundo, achei que estava sonhando, mas… quando abri os olhos eu vi Marcelus… sem camisa, deixando todas as suas tatuagens à mostra — que por mais que eu já tivesse as visto antes, agora… elas pareciam mais vivas agora, aparentes. Ele estava simplesmente fritando ovos como
Capítulo 39Clare Vallence França | 14 de MaioEu mal conseguia respirar com ele me pressionando contra a bancada, o calor do corpo dele queimando a minha pele e fazendo com que tudo dentro de mim gritasse por mais. A verdade era que, por mais que eu quisesse resistir, o autocontrole me abandonou no momento em que Marcelus me puxou pela cintura e me beijou como se o mundo estivesse acabando.— Você realmente não tem vergonha, né? — Minha voz saiu rouca, enquanto eu tentava recuperar o fôlego.— Nenhuma. — Ele sussurrou contra o meu pescoço, os lábios roçando na minha pele, me deixando arrepiada dos pés à cabeça.Eu odiava o poder que ele tinha sobre mim, o jeito que o meu corpo respondia a cada toque, como se estivesse programado para ceder a qualquer coisa que esse filho da puta fizesse. Marcelus sabia exatamente o que estava fazendo, e eu odiava ainda mais o fato de que, por mais que eu quisesse manter algum controle, eu sabia que já havia perdido.Suas mãos deslizaram pelo meu co
Capítulo 41Marcelus Moreau França | 14 de MaioO que eu tinha contra relacionamentos? Eu admito, essa pergunta me pegou de surpresa, tanto que fiquei ali, olhando para ela por alguns segundos, tentando processar — e até mesmo, tentando pensar em uma resposta, afinal… não era como se eu tivesse pensado muito a fundo a respeito — enquanto Clare segurava a xícara de café com as duas mãos, os olhos fixos em mim como se estivesse realmente esperando uma resposta séria para aquilo. — O que eu tenho contra relacionamentos? — Repeti, meio em choque, enquanto me recostava na cabeceira da cama, cruzando os braços. — É, Marcelus. — Ela respondeu, os olhos azuis brilhando de curiosidade e, talvez, um toque de frustração. — Pelo o que Nathaniel me falou, você sempre foge deles, como o diabo foge da cruz. Então, o que é? O que você tem contra isso?Eu soltei um suspiro longo, tentando encontrar a melhor maneira de responder. Clare sempre foi direta, e eu admirava isso nela, mas às vezes suas p
Capítulo 42Mario Marini França | 14 de MaioEu estava sentado na poltrona de couro do escritório, fumando um charuto enquanto observava a fumaça se dissipar lentamente no ar. O silêncio no escritório era pesado, um silêncio que normalmente me traria alguma paz, mas hoje? Hoje, ele só alimentava a tempestade de pensamentos que me invadia, como um soco no estômago, que deixava um gosto amargo de sangue na boca.Eu ouvi passos fortes se aproximando da porta, e não precisei levantar o olhar para saber quem era. — Pai. — A voz de Vincenzo ecoou no escritório.Eu apenas soltei um longo suspiro antes de responder.— Vincenzo. — Respondi, sem tirar os olhos da janela à minha frente. O sol tentava furar as nuvens, mas o céu continuava cinza. — Pode entrar.Ele entrou, sem hesitar, como era de costume, enquanto os seus olhos pareciam analisar a minha expressão — como de costume. — Pensando no Marcelus de novo? — Ele perguntou, direto, enquanto se encostava na parede e cruzava os braços.Eu
Capítulo 43Vincenzo MariniFrança | 14 de MaioEu estava sentado no salão principal, o som abafado das conversas ao redor se misturava com os meus próprios pensamentos, e o que mais me incomodava não era a ideia de Marcelus estar noivo — eu já tinha superado esse choque inicial. O que praticamente me fazia perder o sono era a incerteza de tudo isso, porque eu sempre consegui prever os movimentos de Marcelus, até quando ele era jovem e se metia em encrencas, eu sabia exatamente o que esperar, mas agora? Com essa história de Clare, eu estava totalmente no escuro.Marcelus estava se comportando de forma estranha — mais atencioso com Clare do que eu jamais vi ele ser com qualquer mulher, e isso honestamente, era algo que eu não sabia se me deixava preocupado, ou aliviado. Porque ao mesmo tempo que isso queria dizer que Marcelus podia estar finalmente amadurecendo, também podia querer dizer que… ele estava fazendo alguma coisa que… eu não estava nem um pouco afim de arrumar. Mas enquanto
Capítulo 44Íris ColomboFrança | 14 de MaioEu lembro como se fosse ontem, o dia em que Mario Marini me fez aquela proposta. Eu estava no topo do mundo, com a ideia de me tornar a nora do homem mais poderoso que já conheci, e aquilo? Era tudo o que eu sempre sonhei — poder, status, uma vida de luxo ao lado de Marcelus Moreau. Eu me sentia invencível, pronta para assumir meu lugar na família Marini, mas então… como um balde de água fria, Mario simplesmente mudou de ideia.Ele me chamou para uma conversa dias depois e disse que não seria mais necessário. Não deu explicações, só jogou aquelas palavras no ar como se fosse algo trivial. Como assim “não seria mais necessário”? Eu não conseguia entender. Não fazia sentido. Eu sempre fui perfeita, sempre fiz tudo o que era esperado de mim. Então, o que mudou?Passei dias tentando encontrar respostas, revirando cada conversa, cada detalhe daquele encontro. Nada. Nenhuma pista. A raiva foi crescendo dentro de mim, misturada com uma frustr
Capítulo 45Marcelus Moreau França | 14 de MaioA manhã estava indo melhor do que eu podia imaginar. Clare estava ao meu lado, rindo das minhas tentativas de escapar de conversas sérias, enquanto eu fazia o que podia para manter o clima leve. As coisas estavam… normais, o que, considerando a loucura da nossa situação, já era um milagre — mas claro que essa paz… não ia durar. Porque assim que eu olhei para o lado, eu vi Íris — que eu nem sabia de onde tinha surgido — sair da casa de campo, enquanto jogava os cabelos pra trás, com clara frustração, enquanto vinha em minha direção. “Oh porra… quem chamou esse capeta em forma de mulher?” Eu acabei pensando, porque eu tinha tido uma foda com ela, uma e ela? Nunca perdia uma oportunidade sequer de me perseguir — e pelo visto, nem a casa de campo da minha família escapava daquela mulher. — Marcelus. — Íris disse, com a voz melosa de sempre. — Espero que não esteja atrapalhando. Ela falou sem ser convidada na conversa que eu estava t
Capítulo 46Clare Vallence França | 14 de MaioO dia estava até que indo bem, naquele dia, eu e Marcelus conseguimos ter uma manhã quase normal, sem drama, sem ninguém em cima de nós, e até conseguimos rir de algumas besteiras que ele falava — mesmo que fosse para fugir de qualquer assunto sério que eu queria tratar com ele. Ele até tentou me ensinar a cozinhar um prato italiano uma hora — e claro, eu estraguei tudo, mas ele só riu — mas… foi uma experiência um tanto gostosa de se ter… mas só… levemente. Um momento raro de paz. Mas, claro, essa paz não ia durar. Afinal, quando se trata de Marcelus, sempre tem uma merda esperando pra acontecer — como se o universo soubesse que eu não sou feita pra viver na tranquilidade. Porque quando eu fui notar, o ar havia ficado pesado, e claro… uma morena do nada começou a falar com Marcelus, sobre um noivado que o pai dele, planejou pra os dois. O meu sangue ferveu. Eu odiava admitir isso, mas eu senti um tremendo ódio daquela desgraç