Capítulo 3

Samantha

 Ando de um lado pro outro, pensando no que fazer sobre toda essa situação, minha cabeça gira e doi sem encontrar uma solução. 

— Sam, para de andar assim, está me deixando tonta.

— Eu não consigo desligar a minha mente, tia, não posso ficar parada esperando um velho rico e miserável tomar o que é nosso.

— Como sabe que ele é velho?

— Porque deve ser alguém mal-amado e que não tem hobby, a diversão dele é causar tristeza nas pessoas mais pobres... Quer saber, vou atrás dele agora, pesquisa aí o endereço dessa empresa.

— Calma minha filha, não vai resolver nada e estressada desse jeito, porque nervosa só vai piorar as coisas. 

— Eu sei tia, mas não consigo ficar aqui esperando o pior acontecer, primeiro vou conversar com o locatário e ver como vai ficar a questão dos depósitos e quebra de contrato. Tenho certeza que ele vai perder muito tendo que devolver esses valores.

— Tá bom minha filha, mas não faça nada que possa se arrepender.

— Não se preocupe tia, não vou fazer nada que nos prejudique, vou para o meu quarto tentar dormir um pouco. 

— Boa noite querida, tente descansar e amanhã resolveremos. Até amanhã! 

— Boa noite tia, vou ver se Ben já está dormindo e vou descansar, nos vemos amanhã.

 Assim que a minha tia sai da minha casa, tranco a porta e vou pro quarto de Ben, ao entrar o vejo ajoelhado orando.

— Papai do céu, não deixe a minha mamãe perder o restaurante dela, faz com que o homem rico esqueça do nosso lugar e ache outro lugar bem melhor para ele, amém. 

 Ele levanta-se e me olha com um sorriso meigo, me sinto a pior mãe do mundo quando ele teve que ouvir cada lamento meu sem me preocupar com a sua presença.

 Ando até a sua cama e o ajudo a se cobrir, o meu filho é tão perfeito.

— Me desculpe, meu amor, por escutar toda essa conversa, você é muito novo para se preocupar com isso. Prometo que vou ajeitar as coisas o mais rápido possível e obrigada pela oração, pode ter certeza que papai do céu está trabalhando a nosso favor.

— Eu tenho certeza que sim mamãe, e também sei que a senhora vai conseguir.

— Eu mereço você pingo de gente?

— Merece muito mamãe. 

 Dou um beijo na sua testa, me deito na beirada da cama e afago os seus cabelos castanhos claros o vendo fechar os seus grandes olhos verdes até pegar no sono. Por ele farei qualquer coisa nesse mundo para que nunca passe necessidade e sofra. 

Depois que ele dorme vou para meu quarto e tomo um banho bem quente, a minha cabeça ainda fervilha com toda essa situação e amanhã tomarei providências. Saio do banheiro e visto o meu pijama de seda, pego o meu notebook e começo a pesquisar a empresa Carmichael e localizo o seu endereço da Sede. Já sei o que farei amanhã, por agora tentarei dormir e descansar a minha mente.

___________

Acordo na manhã seguinte ainda me sentindo cansada pela noite mal dormida, mas determinada. O dia ainda não amanheceu direito e aproveito para organizar as minhas ideias. Ligo pra minha tia e peço para ela cuidar do Ben.

Me levanto, tomo um banho e visto uma calça jeans, camisa social branca e um sapato de salto preto, prendo metade do cabelo com uma presilha e deixo o restante solto, tenho um franjão e deixo ele solto. Ligo pra minha tia levar Bem na escola e enquanto ela chega pego os documentos do estabelecimento e vou à imobiliária me informar. 

[...]

Chegando na imobiliária ao passar da porta de vidro e recepcionista me olha já imaginando do que se trata a minha visita. 

— Bom dia! Gostaria de falar com o Sr Scott. 

— Bom dia Senhorita Jenkins, ele não pode falar agora, quer que eu deixe recado?

— Preciso falar pessoalmente e agora mesmo.

— Isso não será possível…

— Eu não vou sair daqui sem falar com ele, então sugiro que ele me receba agora mesmo e eu não estou para brincadeira.

 Ela está sem saber o que fazer, fico com um pouco de dó, mas sei que ele vai se esconder até eu me cansar de esperar e isso não vai acontecer. Me sento no sofá da recepção e aguardo.

— Vou esperar no máximo 20 minutos, para ele terminar de fazer seja lá o que for. - Falo olhando o relógio. 

— Si..sim Senhorita.

Ela sai correndo pelo corredor, acredito que serei recebida mais cedo. 5 minutos depois o Sr Scott aparece com um sorriso amarelo.

— Bom dia Senhorita Jenkins, como está?

— Bom dia, pode imaginar como estou. - Respondo seca.

— Vamos até a minha sala, por favor! Você aceita um café?

— Somente água, por favor!

 Ele faz sinal para a recepcionista trazer o pedido e seguimos para a sua sala. Ele se senta na sua cadeira e eu me sento na sua frente numa cadeira disponível a sua frente.

 Ele procura as palavras, mas parece que não sai e estão travadas na sua garganta.

Ergo a sobrancelha para ele prosseguir.

— Eu não tive escolha!

Começo a dar risada, sem acreditar na sua desculpa.

— Você compreende que a minha vida, a vida do meu filho e a minha tia, gira em torno desse restaurante? Como assim não teve escolha?

— Eu sei Samantha, eu te acompanho desde o início, acredite em mim quando digo que eu não tenho mesmo escolha.

— Então me fala porque, talvez possamos dar um jeito.

 Ele me encara uns segundo e me surpreendo quando ele começa a chorar feito bebê.

— Eu não durmo há dias, pensando em quantas pessoas vão se prejudicar com esse despejo, e não teria o suficiente para ajudar todo mundo, eu estou esgotado e perdido, não sei o que fazer.

 Me comovo com o seu pranto e tento consolá-lo, mas é em vão, pois ele chora copiosamente e tenta explicar entre soluços, fico com pena desse homem de meia-idade aparentemente tão firme, estar tão fragilizado dessa forma.

— Me diga o que aconteceu, nada nessa vida tem somente uma opção, tentaremos resolver juntos, me fala.

— Minha família está em débito com o Sr Carmichael a alguns anos, quando o pai estava na direção estávamos pagando nossa dúvida aos poucos, mas depois que o filho assumiu a empresa, está nos pressionando a pagar a dívida toda de uma vez, como não tenho como fazer isso agora, ele quer esse quarteirão, faz 3 anos que adiei o máximo que pude, mas ele quer tudo para ontem, se eu rejeitar ele vai usar os seus contatos para bloquear tudo que tenho e aí, sim, as coisas irão ficar feias.

 Fico em choque em saber que existem pessoas assim na vida real, não só em livros de ficção ou filmes, não aguento ver esse homem desta forma, preciso fazer algo.

— Calma Sr Scott, não fique assim, tem fé em Deus?

— Não acredito nessas coisas Senhorita Jenkins. – Fala enxugando as lágrimas. 

— Pois então acredite em mim, ninguém vai tomar nada seu se não for de uma maneira justa, ou não me chamo Samantha Jenkins. 

 Pego a minha bolsa e saio do seu escritório, e já sei muito bem qual será minha próxima parada.

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