É FÁCIL SE PERDER. A PARTE MAIS DIFÍCIL ESTA EM SE ACHAR. E a mais perigosa em sucumbir. Existem erros irreparáveis, perguntas indubitáveis e decisões intomáveis. Sentimentos indomáveis. Como o próprio Augusto Branco uma vez havia dito "tomar uma decisão é difícil quando ser justo não significa ser bondoso".
Eu estava sendo justa ou bondosa comigo mesma? Como poderia saber a diferença entre os dois? Merecia justiça ou bondade? As Trevas estavam destinadas a me traguearem. E o que eu podia fazer contra isso? Que decisões tomar contra algo que eu sabia que não teria como evitar? Quais as perspectivas positivas em vencer uma luta travada contra uma causa considerada perdida? O Lumiar de Eveline estava escurecendo. Ao tentar vislumbrar as trilhas incertas de meu destino,
O TIC TAC DO RELÓGIO SOAVA NA MESMA BATIDA DO MEU coração.Acalme-se! Maldição! Respire fundo e acalme-se! ― eu repreendia a mim mesma, sentindo os espasmos de terror se contorcerem dentro de meu corpo. Mas havia um modo de conseguir manter a calma quando o peso do mundo estava suspenso em cima de meus ombros, prestes a desabarem a qualquer momento?O risco. Haviam muitos deles.O risco de todos morrerem.O risco de estarem errados sobre tudo.O risco de já saberem o que iria acontecer.O risco de Zórem descobrir que eu não era a terrena que todos achavam.O pequeno risco de Zórem sequer cogitar a possibilidade de eu ter alguma ligação com Hera Hathweey.Ou o enorme risco com dimensões inomináveis de
APENAS FAÇA O QUE EU FIZER, FALE O que eu falar e aja como eu agir. ― Arbo me cutucou enquanto nos espremíamos entre o emaranhado de Falanges ao redor da Catedral Elementar ― Não necessariamente nessa ordem.Assenti, relutante, ainda tentando me recordar da maneira correta de fazer os pulmões trabalharem.O sol estava se pondo no horizonte, e conforme Edra havia explicado mais cedo, julgamentos deviam ser conduzidos quando as luzes estivessem se dissolvendo e compactuando com as sombras. Era o quase no mundo da justiça, a farpa entre os dois equilíbrios. Quando a luz beijava as sombras. Havíamos sentido o impacto de nossa presença enquanto retornávamos em grupo de volta á Catedral Elementar, que dessa vez, se encontrava completamente rodeada com o que me pareciam ser toda a população d
ELA ESTAVA MAGRA DEMAIS PAA A IVI QUE EU CONHECIA há apenas alguns dias antes. A Ivi que deixei em segurança no Rio de Janeiro. A Ivi que ainda alguns dias atrás, me jogou água benta na cara.LA ESTAVA MAGRA.Essa Ivi era diferente de uma maneira quase dolorosa de se olhar. Haviam círculos escuros á baixo de seus olhos, o que indicava que também havia passado muito sono.Mas a peculiaridade que fez meus olhos lacrimejarem, seguindo da dormência em todos os meus membros, foi o temor assombrado em seus olhos castanhos. Geralmente redondos e cintilantes, estavam opacos, apagados, e sem vida. Eles pareciam estar carregando todas as sombras do mundo lá dentro. E algo me dizia que eu sabia bem o porquê.― Ivi! ― Meu grito a alcançou antes que eu pudesse me conter, e Arbo me deteve por um dos braços ao
-MAS QUE GRANDE MERDA. ― ALGUÉM sibilou em algum lugar.Os tremores desembocaram uma reação em cadeia difícil de ser controlada. Era como se o mundo estivesse todo dentro de mim, me puxando, me rasgando, me comprimindo, me modelando como uma massinha de modelar. O fato, era que eu não sabia quanto tempo seria capaz de resistir enjaulada naquele inferno persistente de reações controversas. Eu sentia minha coluna se partindo, assim como minhas costelas pareciam estar sendo projetadas para fora do corpo, como se toda a luz que existisse no mundo estivesse aprisionada dentro de mim, desejando desesperadamente se libertar.Eu estava entrando em colapso. Imaginava que isso se assemelhasse com o que acontecia no Sol da Meia Noite, ou quando a luz beijava as sombras.Eu era o céu noturno, e sentia suas estrelas se colidirem dentro de mi
FALANGES DAS TREVAS.Eu havia ouvido algumas histórias sobre elas.Elas eram responsáveis por todos os Renegados que existiam na face da terra. Estavam cheias de almas humanas dentro de si, duplicando suas forças. Assim como também estavam cheias de poderes de outras Falanges, que se transformaram em Renegados Celestes.Mas o detalhe de todo o erro no processo das coisas, era que elas eram das Trevas, então, que demônios faziam em Miriad?Me vi ganhando forças nos músculos imediatamente, me torcendo e conseguindo fazer com que minhas pernas começassem a me obedecer, mesmo que um modo débil.— Mas... que diabos? — alguém crocitou de algum lugar, mas não fui capaz de saber qual.Me arrastei para longe enquanto ouvia os sons da batalha iniciada á apenas alg
MORRER TEM SUAS QUALIDADES NEGATIVAS. É doloroso, difícil, confuso. Voltar de tudo isso, é ainda mais.Emergi de um lago escuro, onde eu flutuava e coexistia. Minha mente perecia anexada á algo que me impedia de voltar. Como estar em um sono sem sonhos, mas atribulado e agitado. Como se o véu escuro á frente de meus olhos tivesse sido rasgado, me permitindo ver a luz.De alguma maneira, eu estava de volta á meu corpo, podendo tocar meus pensamentos confusos.A respiração voltou a meu peito junto com minha compreensão.Viva.Eu estava viva.Infelizmente, as sensações que acompanhavam meus sentidos não eram das melhores. Respirar doía, assim como tentar me mover e todo o resto. E mesmo sem me mexer, eu podia sentir uma dorzinha irritante em meu rosto.Solt
-VOCÊ QUER FAZER O MALDITO FAVOR de parar de puxar a barra desse vestido para baixo, Eveline? — Ivi crocitou enquanto repuxava os olhos com os dedos á frente do espelho do seu quarto, tentando acertar o traço do delineador com os lábios formando um biquinho de peixe.— Ivi... eu já não tenho mais certeza sobre isso... quero dizer, este vestido está muito curto!— Não quer que suas pernas estejam fáceis de serem pegas hoje, Eve? — Arbo sorriu de forma maliciosa do outro lado do quarto, ajeitando melhor o corpete de sua fantasia de Tempestade, dos Ex-Man. Era tão irônico quanto uma travessa de batatas. A diferença, era que o vestido era extremamente curto, colado e sexy. Uma espécie de Tempestade Medieval. Itham poderia fazer xixi nas calças quando visse aquilo.&mdas
Os galhos afiados da árvore espinhosa e seca lá fora arranhavam a construção de madeira velha enquanto ela observava pela janela branca com a tintura descascada. A chuva caía grossa lá fora, como se o mundo estivesse acabando em água, levando às enxurradas um gatinho branco bueiro abaixo e apedrejando com força o telhado da única construção mais próxima.As vigas tremiam enquanto o vento forte acertava a casa velha, o ar em movimento entrando pelas frestas e emitindo rugidos aleatórios e assustadores enquanto o mundo uivava lá fora.Ela não esperava menos.Se perguntava se finalmente haveria acontecido.Haviam tantos anos que ela observava por aquela janela! E nada nunca mudava. Porém, agora, a natureza parecia urrar com algo que ela rapidamente poderia identificar co