— E se… você realmente gostasse dela, talvez até a amasse? Tentaria conquistá-la? — Pedro perguntou, num tom aparentemente casual.— Sabendo que ela é a esposa do Lucas? — Jaime franziu a testa. — Isso nunca aconteceria. Talvez eu pudesse guardar um sentimento por ela em segredo, mas enquanto ela estivesse com Lucas, jamais deixaria que soubesse do meu interesse. A diferença entre humanos e animais é que podemos controlar nossas emoções.Pedro soltou um som de desdém.Jaime o encarou:— Por que está perguntando essas coisas sem sentido? O que você deveria fazer agora é falar menos na frente do Lucas e parar de dar essas opiniões imaturas que só atrapalham.— Eu? Dar opinião imatura? — Pedro rebateu, rangendo os dentes. — Você passa a maior parte do tempo no quartel, nem tem ideia de como Mariana pode ser insuportável…— Se ela foi dura com você, é porque você a provocou primeiro. — Jaime retrucou, com um sorriso irônico. — Ou será que essa sua reação exagerada tem algum outro significa
Quando Gustavo finalmente deu trégua e Lucas pôde sair de casa, já havia se passado uma semana. No dia em que recuperou a liberdade, Pedro fez questão de organizar uma comemoração para ele. A reunião foi em um clube exclusivo, com um grupo de amigos, a maioria composta por conhecidos de infância. Mesmo aqueles que não eram tão próximos vinham de famílias influentes.Entre todos, era evidente que Lucas tinha o status mais elevado. Apesar de jovem, não havia muitos de sua idade que já comandassem os negócios da família como ele. Enquanto outros ainda dependiam da mesada dos pais para ostentar uma vida de luxo, Lucas já era independente há anos.Os amigos de longa data estavam acostumados com sua presença, mas aqueles que o conheceram através de conexões familiares sempre o tratavam com um respeito quase reverencial, como se ele fosse um adulto enquanto eles permaneciam adolescentes.Lucas era naturalmente reservado e carregava uma postura imponente, quase distante. Sua aura elegante e fr
— Eu… — Pedro começou, mas foi interrompido.— Chega. — Lucas cortou, com a voz firme. — Já te disse antes: não importa o que aconteceu no passado, daqui para frente quero que você respeite a Mariana. Se voltar a falar algo que a desagrade, não me culpe por esquecer que somos amigos.— Tá brincando, né? — Pedro respondeu com uma expressão de falsa indignação. — Eu nem falei nada demais! Se é assim, melhor eu ficar calado e virar um mudo de agora em diante.— Boa ideia. — Lucas disse, com um leve sorriso irônico. — Parece que você tem um cérebro funcionando.Pedro riu, sem graça:— Eu estava brincando.— Eu não. — Lucas respondeu, impassível. — Estou falando sério. Se ela não te perdoar, sugiro que não apareça mais em encontros como este.Pedro, sentindo o golpe, murmurou:— Primeiro tenta trazê-la de volta, depois me dá lição de moral.Lucas franziu a testa e lançou-lhe um olhar gélido. Ele não disse nada, mas a intensidade do olhar foi suficiente para fazer Pedro estremecer. Naquele i
Ele tentou ligar para o número de Mariana, mas, como esperado, não conseguiu.Sem hesitar, ligou para Paulo.Embora não entendesse bem por que, mesmo depois de terem chegado ao ponto de quererem a morte um do outro, ainda guardavam os números de celular um do outro.Aparentemente, Paulo também não o bloqueou, porque a ligação foi atendida rapidamente.Paulo atendeu, mas não disse nada.Lucas foi direto:— Onde está Mariana?Houve alguns segundos de silêncio antes de Paulo responder:— Onde ela está? Você está me perguntando isso?— Porque você com certeza sabe. — Disse Lucas, com uma voz firme e fria.A resposta de Paulo foi ainda mais cortante:— Lamento desapontá-lo, mas eu não sei. Estou com dificuldade para me locomover. Nos últimos dias, nem a vi.Lucas franziu o cenho:— É sério?Na verdade, ele sabia que Paulo não tinha motivo para mentir sobre algo assim. Se fosse uma mentira, seria muito fácil desmascará-lo.— Se não acredita em mim, por que está me ligando? — Retrucou Paulo.
Antes disso, os subordinados dele estavam bastante confiantes.Se esses canais não fornecessem informações, eles começariam a investigar as pessoas próximas a ela: registros de comunicação, trajetos, especialmente a família Mendes. Algum iate deles saiu ao mar recentemente? Algum avião particular solicitou rota de voo?À tarde, vendo o prazo dado por Lucas se aproximar, ainda não havia nenhuma notícia sobre Mariana.Era como se ela tivesse desaparecido de Cidade A sem deixar vestígios. Talvez tivesse ido para outra cidade ou estivesse escondida em algum canto remoto de Cidade A.Ela parecia uma gota d’água que se misturou ao oceano.Como poderiam encontrá-la?Naquele momento, Lucas estava na empresa. Todos perceberam que ele estava de mau-humor e andavam em silêncio, tentando não chamar a atenção.No entanto, nos últimos meses, Lucas raramente parecia estar de bom humor. Seus subordinados já haviam se acostumado com isso.A reunião do conselho de acionistas acontecia como planejado. Ou
Lucas havia feito declarações ambiciosas.Nos dias seguintes, começou a trabalhar meticulosamente.Todos os dias, ele dedicava toda a sua energia ao trabalho, chegando a concluir mais da metade do planejamento trienal da Empresa Oliveira com antecedência.Projetos que haviam sido suspensos devido à oposição de alguns acionistas começaram a ser implementados de forma ousada sob a direção incansável de Lucas.Se algum acionista ousasse questionar, Lucas os esperava pessoalmente no escritório.Com as sobrancelhas cerradas, os lábios firmemente fechados e uma expressão gélida, ele parecia uma montanha de gelo inabalável e intimidadora.Quem entrava em sua sala saía cambaleando e fugindo às pressas.Todo o prédio da Empresa Oliveira sabia que o humor do presidente Lucas estava péssimo nos últimos dias.Péssimo como nunca antes.A situação era tão grave que ninguém ousava sequer respirar mais alto.Na sala da secretaria, cinco ou seis funcionários já haviam sido demitidos por erros mínimos.
Só José sabia que, aos olhos de Lucas, Joana talvez fosse apenas um enfeite.Como o tinteiro em seu escritório ou uma escultura de madeira em sua estante.Podem chamá-lo de frio ou insensível, mas Lucas nunca realmente colocou Joana no coração.Na verdade, nem mesmo aquela suposta “luz da sua vida” no exterior havia recebido qualquer gesto concreto de afeto dele.Pelo menos para Joana, ele chegou a comprar presentes luxuosos.Já para a outra, nem sequer um centavo foi gasto.Na visão de José, depois que Lucas se casou, embora não expressasse muito com palavras e agisse de maneira reservada, ele realmente tinha Mariana em seu coração.Sempre que Lucas voltava de uma viagem, no dia seguinte, José percebia aquela satisfação e alegria típicas de quem “mata as saudades” do parceiro.Ele acreditava que Lucas viveria com Mariana pelo resto da vida.Afinal, parecia que Lucas estava satisfeito com esse tipo de vida.Mas ele jamais imaginou que Lucas jogaria fora uma mão tão boa de cartas.Claro
Na empresa, por mais cansado que estivesse, Lucas ainda conseguia dormir três ou quatro horas seguidas.Agora, no entanto, com a mente completamente vazia e o corpo exausto, ele simplesmente não conseguia pregar os olhos.Nos dias anteriores, Lucas forçava-se a pensar apenas em trabalho. Afinal, estava na empresa, onde o ambiente o favorecia.Mas agora, na casa antiga, no quarto dos dois, na cama que eles compartilharam tantas noites, Lucas não pôde evitar pensar em Mariana.Ou melhor, a saudade que ele vinha reprimindo nos últimos dias parecia uma enchente rompendo uma barragem.Avassaladora.Esmagando-o sem piedade.Por fim, ele esmagou a caixa de cigarros nas mãos e se jogou na cama. Seus olhos fixaram-se no teto, vazios, assim permanecendo até o amanhecer.O fio que o mantinha sustentado finalmente cedeu.E ele não conseguiu mais voltar atrás.A saudade, como uma maré crescente, começou a sufocá-lo.Ao amanhecer, pegou o celular.Quando falou, sua voz estava tão rígida que parecia