Ele tentou ligar para o número de Mariana, mas, como esperado, não conseguiu.Sem hesitar, ligou para Paulo.Embora não entendesse bem por que, mesmo depois de terem chegado ao ponto de quererem a morte um do outro, ainda guardavam os números de celular um do outro.Aparentemente, Paulo também não o bloqueou, porque a ligação foi atendida rapidamente.Paulo atendeu, mas não disse nada.Lucas foi direto:— Onde está Mariana?Houve alguns segundos de silêncio antes de Paulo responder:— Onde ela está? Você está me perguntando isso?— Porque você com certeza sabe. — Disse Lucas, com uma voz firme e fria.A resposta de Paulo foi ainda mais cortante:— Lamento desapontá-lo, mas eu não sei. Estou com dificuldade para me locomover. Nos últimos dias, nem a vi.Lucas franziu o cenho:— É sério?Na verdade, ele sabia que Paulo não tinha motivo para mentir sobre algo assim. Se fosse uma mentira, seria muito fácil desmascará-lo.— Se não acredita em mim, por que está me ligando? — Retrucou Paulo.
Antes disso, os subordinados dele estavam bastante confiantes.Se esses canais não fornecessem informações, eles começariam a investigar as pessoas próximas a ela: registros de comunicação, trajetos, especialmente a família Mendes. Algum iate deles saiu ao mar recentemente? Algum avião particular solicitou rota de voo?À tarde, vendo o prazo dado por Lucas se aproximar, ainda não havia nenhuma notícia sobre Mariana.Era como se ela tivesse desaparecido de Cidade A sem deixar vestígios. Talvez tivesse ido para outra cidade ou estivesse escondida em algum canto remoto de Cidade A.Ela parecia uma gota d’água que se misturou ao oceano.Como poderiam encontrá-la?Naquele momento, Lucas estava na empresa. Todos perceberam que ele estava de mau-humor e andavam em silêncio, tentando não chamar a atenção.No entanto, nos últimos meses, Lucas raramente parecia estar de bom humor. Seus subordinados já haviam se acostumado com isso.A reunião do conselho de acionistas acontecia como planejado. Ou
Lucas havia feito declarações ambiciosas.Nos dias seguintes, começou a trabalhar meticulosamente.Todos os dias, ele dedicava toda a sua energia ao trabalho, chegando a concluir mais da metade do planejamento trienal da Empresa Oliveira com antecedência.Projetos que haviam sido suspensos devido à oposição de alguns acionistas começaram a ser implementados de forma ousada sob a direção incansável de Lucas.Se algum acionista ousasse questionar, Lucas os esperava pessoalmente no escritório.Com as sobrancelhas cerradas, os lábios firmemente fechados e uma expressão gélida, ele parecia uma montanha de gelo inabalável e intimidadora.Quem entrava em sua sala saía cambaleando e fugindo às pressas.Todo o prédio da Empresa Oliveira sabia que o humor do presidente Lucas estava péssimo nos últimos dias.Péssimo como nunca antes.A situação era tão grave que ninguém ousava sequer respirar mais alto.Na sala da secretaria, cinco ou seis funcionários já haviam sido demitidos por erros mínimos.
Só José sabia que, aos olhos de Lucas, Joana talvez fosse apenas um enfeite.Como o tinteiro em seu escritório ou uma escultura de madeira em sua estante.Podem chamá-lo de frio ou insensível, mas Lucas nunca realmente colocou Joana no coração.Na verdade, nem mesmo aquela suposta “luz da sua vida” no exterior havia recebido qualquer gesto concreto de afeto dele.Pelo menos para Joana, ele chegou a comprar presentes luxuosos.Já para a outra, nem sequer um centavo foi gasto.Na visão de José, depois que Lucas se casou, embora não expressasse muito com palavras e agisse de maneira reservada, ele realmente tinha Mariana em seu coração.Sempre que Lucas voltava de uma viagem, no dia seguinte, José percebia aquela satisfação e alegria típicas de quem “mata as saudades” do parceiro.Ele acreditava que Lucas viveria com Mariana pelo resto da vida.Afinal, parecia que Lucas estava satisfeito com esse tipo de vida.Mas ele jamais imaginou que Lucas jogaria fora uma mão tão boa de cartas.Claro
Na empresa, por mais cansado que estivesse, Lucas ainda conseguia dormir três ou quatro horas seguidas.Agora, no entanto, com a mente completamente vazia e o corpo exausto, ele simplesmente não conseguia pregar os olhos.Nos dias anteriores, Lucas forçava-se a pensar apenas em trabalho. Afinal, estava na empresa, onde o ambiente o favorecia.Mas agora, na casa antiga, no quarto dos dois, na cama que eles compartilharam tantas noites, Lucas não pôde evitar pensar em Mariana.Ou melhor, a saudade que ele vinha reprimindo nos últimos dias parecia uma enchente rompendo uma barragem.Avassaladora.Esmagando-o sem piedade.Por fim, ele esmagou a caixa de cigarros nas mãos e se jogou na cama. Seus olhos fixaram-se no teto, vazios, assim permanecendo até o amanhecer.O fio que o mantinha sustentado finalmente cedeu.E ele não conseguiu mais voltar atrás.A saudade, como uma maré crescente, começou a sufocá-lo.Ao amanhecer, pegou o celular.Quando falou, sua voz estava tão rígida que parecia
Como se tivesse contraído alguma grave doença ocular.A notícia de que Lucas tinha ido ao hospital rapidamente se espalhou.Pedro ligou para ele:— O que aconteceu? Ainda foi ao hospital?Lucas, que estava deitado na cama do hospital, com algo gelado sobre os olhos, com uma sensação muito confortável, respondeu:— Uso excessivo da visão, meus olhos estavam incomodando. Vim dar uma olhada.— Que bom que não é nada sério. — Pedro comentou. — Estava pensando em te chamar para tomar uma cerveja, mas ouvi dizer que você anda bem ocupado ultimamente.Afinal, a Empresa Oliveira tinha concluído vários grandes projetos, o suficiente para despertar a inveja de outras famílias.— Por enquanto, não posso beber. — Lucas disse.— Então fica para daqui a alguns dias. — Pedro respondeu.A conversa parecia ter terminado, e Pedro estava prestes a desligar, quando Lucas disse:— Você tem notícias da Mariana?Pedro ficou perplexo.Primeiro, porque se sentiu culpado. Sempre que Lucas mencionava Mariana na
Lucas estava no hospital, mas continuava sem conseguir dormir.Existem muitas razões para a insônia, mas ele havia feito uma bateria de exames e não tinha nenhuma doença orgânica.Ele pediu ao médico que lhe prescrevesse um medicamento para ajudá-lo a dormir.Afinal, queria estar cheio de energia quando fosse encontrar Mariana.Não podia permitir que ela o visse abatido e desleixado.Com a ajuda da medicação, Lucas conseguiu dormir.Mas, ao acordar, não sentiu aquela sensação de leveza e renovação.Era como se uma nuvem cinzenta estivesse pairando sobre sua mente.Saía do hospital com uma sensação de desconforto constante.Na alta, o médico responsável recomendou que ele mantivesse uma rotina regular, praticasse exercícios físicos e relaxasse a mente.As duas primeiras recomendações pareciam possíveis.Mas relaxar a mente...?Como?Lucas achava que não conseguiria.Nos dois dias que passou no hospital, ninguém ligou para ele com notícias sobre Mariana.Ele chegou a se perguntar se o pr
— Não! — Lucas se exaltou ao ouvir aquilo. — Como assim “desistir”? Se a sua esposa fosse embora e você não conseguisse encontrá-la, você também desistiria?Jaime respondeu:— Não se esqueça, foi você que a fez ir embora. Eu sou solteiro, não tenho esposa, mas quando tiver, vou cuidar muito bem dela!— É hora de falar disso agora? — Lucas gritou. — Por acaso você acha que eu não vou cuidar bem dela no futuro?— E se ela não quiser reatar com você? Vai obrigá-la? Afinal, você já tem antecedentes…— Você é meu amigo ou amigo dela? Não deveria estar do meu lado?— Claro que estou pensando no seu bem, mas não posso simplesmente assistir você cometer erros. Posso te ajudar a encontrá-la, mas, se ela não quiser voltar, você precisa deixá-la ir, entendeu?Lucas cerrou os dentes:— Não preciso que você me ensine como agir!— Com essa atitude, não é difícil entender por que Mariana foi embora. Lucas, mesmo eu sendo solteiro, sei que não é assim que se deve tratar alguém que você ama.Lucas fina