Pov’s Will
Eu estava tendo um sonho muito bom. Extremante excitante. Mas aí ela me acordou com uma mordida na orelha.
E doeu. E aí eu não consegui me lembrar do sonho. Tinha alguma coisa a ver com ela, com certeza. Só que fora do sonho, Samira me olhava com um olhar assustador. Sério, parecia que ela havia esquecido de tomar os remédios, mas eu sabia que ela havia tomado. Tinha tomado os habituais, e alguns outros para ajuda-la a aguentar a barra sem pirar, e aquilo só tornava as coisas mais assustadoras ainda, pois ela estava agindo por conta própria.
— Ah, o.k. Acho que vou arrumar alguns remédios mais fortes para você — falei e bocejei.
— Estou falando sério! — exclamou.
— É isso o mais apavorante — retruquei.
— Não vai ser nada de mais. Só vamos entrar lá, encher os bolsos e sair correndo
Alguns minutos depois, entramos na praia. Samira agarrou minha mão e fomos para a água fria.— Porra, Sam, está muito gelada! — disse eu.Ela jogou a cabeça para trás e riu gostosamente. Ficou esfregando os pés na água, que batia nos joelhos.— Que graça tem nadar só de dia? — arqueou a sobrancelha.Samira sorriu perigosamente, me analisado, aliás, eu percebia que ela andava fazendo muito isso, me analisar. Ela deu um giro na água, agora olhando o horizonte à frente.— Eu amo tudo isso. Isso tudo me dá paz — ela disse. — Você. O mar. Esse bosque e nossa barraca. Por mim eu ficava aqui para sempre. Mas eu sei que temos que ir embora.Coloquei o braço nos ombros dela, sem me importar com a água em gelo que batia na batata da perna, e a brisa friorenta que me arrepiava a nuca. Só n&oacut
Posso dizer que esqueci toda a raiva, todo o ódio, todo o medo, a amargura e a mágoa que eu sentia há mais de 24 horas, tudo isso quando os lábios daquele garoto tocaram os meus. Se bem que, tocar é uma maneira delicada de se dizer. Os lábios dele se sucumbiram no meu, com tanta voracidade e desejo que eu juro que fomos para a Lua, Júpiter, Vênus e o caralho a 4 e voltamos. As mãos macias dele exploravam meu rosto, alisando e o acariciando, enquanto eu deixava minhas mãos invadirem o peitoral dele, se enfiando por baixo de sua camiseta, arranhando e alisando com carinhos. Mais de uma vez paramos para recuperar o fôlego, para dois segundos depois o desespero vencer e voltarmos a entremear nossos lábios, fundir nossas bocas. Me perguntei por que quase dois meses atrás eu não achei aquela boca tão gostosa e tão perfeita.— Porra, Will
— Eu ia dizer gostosa — falei entredentes.Ela bagunçou meus cabelos escuros e beijou minha bochecha, deixando uma marca de batom ali.Seguimos andando pela trilha. Estava tudo completamente escuro, a não ser pela lua, que jogava em nós um brilho prateado suficiente pra iluminar nosso caminho. Alguns minutos depois, chegamos à praia.Samira havia colocado os lençóis próximo ao mar, dobrando-os perfeitamente, de forma que parecessem mais uma toalha de piquenique. Havia também uma cesta em cima dela, que eu sinceramente não fazia ideia de onde ela havia tirado, bem provável que tivesse roubado também, não ligava. Os sacos de dormir estavam ao lado. Não havia ninguém na praia, estava totalmente vazia. Só eu e ela. A noite era nossa.— Ninguém faz piquenique
— Tipo, pensando melhor, ter fugido não resolveu as coisas. E… estou com você. Estou segura. Posso aguentar a pressão agora. E também, as coisas entre mim e Sartori terminaram tão mal, se é que pra ele terminou. Mattias é idiota, eu sei, é imaturo, eu sei, e não é nem um pouco confiável, mas é como eu disse…— Ele é importante para você — completei.Samira ficou calada, parecendo pensativa, e depois de alguns segundos, assentiu.— Sim. Eu gosto muito dele, Will. E talvez Matth esteja puto por termos sumido assim. Não quero magoá-lo, apesar de tudo. Eu só quero que tudo termine bem e devo uma explicação a ele. Do mesmo jeito que ele deve à mim.Suspirei.— Eu sei. Você tem raz
Em todo os meus 15 anos, 11 meses e 5 dias de vida, eu não estava lá muito acostumada a ter um irmão. Muito menos um irmão babaca com quem eu havia trepado, no plural, para piorar a porra toda.Sim. Meu estômago embrulhou e, sim, foi por uma fração de segundo extremo e grande que eu não vomitei ali mesmo, aos pés de Mattias.Aquilo não era nem um pouco engraçado.Mas não, aquilo não podia ser verdade! Mattias e eu, irmãos?! Isso era impossível. Irmãs não sentem atração por irmãos, no pior sentido da coisa. Pelo menos, eu sentia.— Surpresa? — indagou ele. — Seu pai percebeu logo. Ou o sr. Carbone, sei lá. Aparentemente sua mãe disse que você nasceu… prematura. Já o Sr. Carbone acha que ela j&aa
— Eu não acredito que eu seja irmã dele. Mattias é o pior tipo de pessoa que eu já vi. — solucei. — Eu odeio ele.Will colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.— Sammy, sabe que esse tipo de coisa vem do tratamento recebido e não da genética. Você não precisa ser ruim pra ser irmã dele. Sinto muito, baby — sussurrou.— Eu sei — murmurei com a voz abafada. — Mas, por favor, por favor, deixe eu acreditar que não somos irmãos, por favor. Eu odeio tanto ele.Will colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.— Você só está com raiva. Tudo vai ficar bem, confie em mim. Estou com você.— Será que tem alguma coisa que eu ainda não sabia? — indaguei mais para mim mesmo. — Will, por favor, nunca minta pra mim. Eu odeio mentiras. Minha vida p
Ter uma conversa com meu pai e minha mãe era algo que eu já sabia que iria acontecer, cedo ou tarde.Minha mãe estava péssima, seus olhos estavam inchados e com olheiras profundas, seu cabelo estava desgrenhado e ela parecia ter envelhecido dez anos em quatro dias. Meu pai era a mesma incógnita de sempre, sem parecer se importar ou ligar para nada. Era como se nada disso fizesse parte do mundo dele.— Como você sabe, daqui três dias vamos embora — falou minha mãe, calmamente.— Vamos nos separar. Vou continuar em Winstonford, na minha outra casa — disse meu pai. Ele falava do mesmo jeito que uma pessoa comentava o tempo lá fora, com uma indiferença que me fazia desejar berrar de raiva.Tudo bem para mim. Era o melhor. Meus pais nunca se amaram mesmo e eu não era do tipo que caía em depressão por causa dos pais se divorciando.— Hm.
Pov’s WillParticularmente, eu não sabia dizer se Mattias e Sam eram mesmo irmãos ou não. Talvez. A possibilidade era grande. Ambos eram loiros, olhos verdes. Por que não? Sem querer ser egoísta e nem nada, mas se eles fossem, pelo menos não havia mais nenhuma chance de a Sam sentir alguma coisa, digamos, indecentes por Mattias. Mas eu sabia que ela não tava nenhum pouco afim de ser irmã dele. Aquilo a deixava doente, e por esse motivo, eu preferia que eles também não fossem. Eu só queria ela bem. Ela estando feliz, eu também estava.Quando decidimos arrumar nossas malas para voltarmos, me perguntei se aquilo seria bom. Sabe, ir embora da Califórnia. Depois de um tempo, decidi que sim. Seria quase um novo começo, um início, só mudaria a paisagem, as pessoas e a rotina.E além do mais, Sam e eu… estava perfeito entre a