As janelas da minha casa tremem com o poder do trovão rolando pelos céus. Os raios caem ao longe, iluminando a noite. Meus olhos se abrem e tropeço para fora da cama, alisando meu cabelo para que caia na parte inferior das minhas costas.Tive mais um pesadelo dos infernos. Alguém me perseguindo, alguém prestes a me devorar. Ainda posso sentir a respiração desse animal selvagem em meu rosto. A única luz vem da lâmpada da varanda que sempre deixo acesa. Não alcanço o interruptor da lâmpada nem tento tocá-lo. Algo me diz que se iluminar qualquer animal que esteja à espreita por aí, a situação irá divergir em uma direção feia.O que é uma loucura. Sabe aquela torre de marfim em que Rapunzel ficou?meu quarto nessa mansão é a personificação disso. Inferno, há até guardas embaixo da varanda. Não tem a menor chance de alguém ter entrado em meu quarto. No lado positivo, no entanto, estou protegida. Estou protegida desde o dia em que nasci na família Russel.Então isso é apenas mais um dos
Cabelo, roupa, maquiagem, sapato. Dou uma última voltinha em frente ao grande espelho do closet. E ao olhar para o relógio dourado da parede, constato que já são 21h. — Hora de ir. Desço as escadas. E ao chegar a sala, encontro papai finalizando uma ligação. Quando cheguei da universidade mais cedo, fui ao seu escritório para perguntar se poderia ir até a festa hoje a noite com a Reina. Mesmo um pouco relutante, ele concordou. No entanto, disse que Killian teria que me acompanhar. E eu não deveria em hipótese alguma, me afastar dele. Era ridiculo toda a situação. Porém, não discuti. Não ia adiantar de nada mesmo. — Você está linda, meu amor. - papai elogia ao se aproximar de mim, com olhos atentos. Sorrio, e o agradeço. — Obrigada, pai. — Animada? — Sim. Faz tempo que não vou a uma festa com meus amigos. Ele me abraça, e deposita um beijo em minha testa. Como sempre faz. — Só tome cuidado, tudo bem? E não se meta em encrencas. - ele sorri. — Aquele guarda-costas estará lá
Pisquei até abrir os olhos. Minhas pálpebras estavam pesadas, mas o ar estava mais frio que o normal.Já eram seis horas? Meu alarme não havia despertado.Estendi a mão e apertei o botão do dispositivo na mesa de cabeceira, ouvindo a voz masculina dizer em alto e bom tom: "quatro e meia da manhã".— Quatro e meia? -ofeguei, totalmente acordada agora.Fechei os olhos outra vez, torcendo para dormir novamente, mas meu cérebro já havia despertado. O problema com o sono estava saindo de controle. — Droga! A noite estava silenciosa do lado de fora. Nada de chuva ou ventania, mas era previsto que caísse neve no próximo mês. Levantei da cama e não me incomodei em vestir uma roupa decente, enquanto descia para ir até o estúdio de dança, que ficava depois do jardim da mansão.○●○●○●○●○●○●○●○●○●Levantei as mãos, saltando pelo chão, os músculos das costas e ombros se esticando ao máximo enquanto mantinha a cabeça e rosto erguidos na direção do teto.Dançar sempre me distraia e me fazia re
Estava jogada na cama, com meu pijama confortável. Sem um pingo de vontade de comparecer a grande festa que meu pai iria dar essa noite. — Senhorita Russel? -Rosalina chama ao dar uma batidinha na porta. — Sim? — Posso entrar? — Sim. -sento na cama, enquanto ela entra no quarto, me olhando com indignação. — Você não deveria estar pronta? — Deveria? -dou um olhar zombeteiro. — Cecily, você sabe como este evento é importante para seu pai. Ele ficaria muito chateado se você não aparecesse. — Eu sei. -assegurei. — Vou me arrumar. — Tem vestidos novos em seu closet, seu pai providenciou mais cedo. Pode escolher algum. E dar um jeito nessa sua cara pálida. -os lábios dela ficam rígidos, mostrando sua irritação.Rosalina trabalha nessa casa desde quando meus pais se casaram. Ela é uma boa pessoa, mas rigorosa as vezes. Levanto da cama com um sorriso no rosto, me inclino e deposito um beijo em sua testa. Ela segura o riso, e me da tapinhas nos braços. — Vamos, você precisa se apres
Depois de quase ter cãibras nas bochechas, de tanto sorrir, meu pai me deixou livre. Encontro Reina conversando com um homem, jovem e bonito. Sorrio e, decido deixar ela aproveitar a noite. Já que Killian está como convidado, talvez hoje seja meu dia de sorte e eu possa ficar livre. Mais pessoas continuam entrando na mansão em ondas. Passo pelo Hall de entrada, onde alguns guardas estão parados como estátuas ao longo da entrada, e tenho certeza de que outros estão escondidos. Passando pelo jardim, escuto alguém se aproximar. — Cecily? Congelo. No entanto, forço um sorriso assim que ele me alcança. — Trevor? O idiota se aproxima e me puxa para um abraço, enquanto desliza sua mão em minha cintura. — Nossa, estava ansioso para te ver está noite. Seus olhos passaram pelo meu corpo todo. Um sorriso brilhando em seus lábios. E eu tento me afastar dele, totalmente desconfortável.— Você está linda. Dou dois passos para trás.Trevor e eu tivemos um breve namoro. Mas tudo acabou da
Depois de me arrumar para ir até o abrigo onde Reina cuida dos animais, desci tomar meu café. Porém, graças ao meu estômago que revira cada vez que penso nas palavras de Trevor, não consegui comer absolutamente nada.Graças a Deus Edgar não está aqui agora. Seria péssimo começar o dia brigando. Prestes a ir para o abrigo, escuto passos se aproximando. — Filha, bom dia! Não te vi mais na festa ontem. Respiro fundo, tentando manter a calma. — Não me senti bem, então vim deitar. — Oh. -ele me olha, preocupado. — O que você tem? Ainda tentando manter a calma, mas falhando miseravelmente, eu o encaro. — Preocupado comigo? Ele franze a testa. — O que houve? — Engraçado. Você diz que se preocupa comigo, que só quer o meu bem, contratou todos esses guardas-costas só para me proteger, mas na primeira oportunidade, decidi me negociar como se eu fosse uma mercadoria. -desabafo. — Do que está falando? Para crédito do meu pai, ele realmente parece surpreso. — Trevor, pai. É sério? Voc
Volto para o carro e encontro Killian parado exatamente do mesmo jeito de quando entrei no abrigo. Abraçando minha bolsa, paro ao lado dele e coloco meu melhor sorriso.— Você não cansa de ficar assim... -aceno com a cabeça para ele. —Parecendo uma estátua? Ele não responde, mas não precisa. Por mais que tenha tentado arrancar palavras dele nas poucas semanas que o conheço, cheguei à conclusão amarga de que ele simplesmente não é do tipo falante. Pior, ele leva o jogo de tratamento silencioso para o próximo nível que faz você se sentir menos do que a sujeira em seus sapatos de grife.Para o registro, meu orgulho está ferido. Normalmente, sou capaz de fazer amizade com qualquer pessoa. Conto histórias espirituosas e sorrio e eles se apaixonam por mim, simples assim.A única exceção é essa parede de músculo de um metro e noventa.— Que seja. Vamos para casa, tenho uma festa para ir a noite. Ele olha para mim com aquela ponta de sua desaprovação habitual.— Que foi? Não gosta de fes
Assim que chego em casa, encontro papai sentado na sala conversando com uma mulher estranha.Paro assim que eles me veem.— Filha, já chegou. —ele diz, nervoso. Meus olhos vão para a mulher linda que está ao lado do meu pai. Seus cabelos cacheados e escuros, sua altura, seu corpo esbelto, a mulher parece ter saído de uma revista.E quando eu entrei eles pareciam muito próximos. Então um certo encomodo começa a roer por dentro.Claro que faz uma vida que mamãe se foi, e meu pai tem todo o direito de se relacionar de novo com alguém. Não posso ser aquela filha tóxica que não aceita ver o pai feliz.— Essa é a Daglene Ortis. Ela é... —meus olhos vão para os do meu pai.Merda. Ele está nervoso pra caramba.— Uma amiga. —ele conclui. Se ficou chateada pelo fato de ser apresentada como amiga do meu pai, Daglene não demonstrou.Talvez eles sejam apenas amigos mesmo. — Prazer, Cecily. — ela cumprimenta. Oferecendo um sorriso gentil. — Seu pai fala muito de você.Ela me olha por alguns segu