Mariana
A sala do tribunal parecia imensa, e meu corpo estava tenso, como se cada parte de mim estivesse em constante conflito. Olhei para a porta, imaginando o que estava por vir. Não era apenas uma batalha pela guarda da minha filha, era uma guerra pelo controle da minha vida, uma luta pelo futuro de Isabela. Eu não havia levado Isabela comigo. Era melhor assim. Ela não precisava estar ali, naquele lugar frio e distante, ouvindo palavras que ela ainda não poderia compreender. Eu sabia que o que estava em jogo era mais do que simples documentos ou palavras ditas durante aquela audiência. Era a minha vida. Era o direito de uma mãe proteger sua filha. Henrique estava ao meu lado, firme, tranquilo, como sempre. Ele sabia o que eu estava sentindo. Ele sabia que aquela era uma batalha árdua, mas ele também sabia que, não importa o que acontecesse, ele estaria ao meu lado. E isso era o que me dava força. Eu estava ali por Isabela. Apenas por eMarianaEu estava com Isabela nos braços, caminhando ao lado de Henrique, minha mente repleta de tensão. O caminho até o laboratório parecia mais longo do que nunca. Eu sabia que hoje seria um dia importante: íamos colher a amostra de DNA de Isabela para resolver a questão da guarda, e eu não poderia permitir que ninguém tirasse minha filha de mim, não importasse o que acontecesse. Henrique, por mais que tentasse me acalmar, sabia que eu não seria fácil. Eu estava disposta a lutar com todas as forças.Você está bem? – Henrique me perguntou, com um tom preocupado, tentando perceber se eu estava realmente tranquila ou só fingindo.Eu estou, Henrique. Não se preocupe. – Respondi, tentando soar mais calma do que realmente estava. Mas eu sabia que a situação estava se tornando insustentável. Clara, aquela mulher, não entenderia o que era ser mãe de verdade, e eu não deixaria ela tirar minha filha.Chegamos ao laboratório e logo avistamos Clara e Leonardo esperando na sala de espera. Clara
Mariana Saímos do laboratório direto para o escritório do advogado. Eu segurava Isabela no colo, e Henrique caminhava ao meu lado, atento a cada movimento meu. Depois do encontro tenso com Clara e Leonardo, eu ainda sentia a adrenalina no meu corpo. Mas, por mais que tentasse me acalmar, minha cabeça estava a mil. Eu precisava entender quais seriam os próximos passos, o que aconteceria agora que o exame de DNA estava feito. Chegamos ao escritório e fomos recebidos pelo doutor Alexandre, o advogado que estava cuidando do meu caso. Ele nos cumprimentou com um aperto de mão firme e um olhar sério. Eu me sentei, colocando Isabela no meu colo, enquanto Henrique se acomodava ao meu lado. — Então, doutor, já fizemos a coleta do exame. Eu e a Isabela já colhemos o material, e Leonardo também vai fazer a parte dele. O que acontece agora? — perguntei, sem rodeios. Eu queria respostas diretas. Alexandre ajustou os óculos e abriu uma pasta com alguns documentos. — Agora, precisamos aguardar
Leonardo Chegamos ao hotel em completo silêncio. Clara não disse uma palavra no caminho, mas eu sabia que ela estava fervendo por dentro. O jeito como ela respirava fundo e mantinha o olhar fixo na estrada denunciava sua fúria. Assim que entramos no quarto, ela jogou a bolsa no sofá e começou a andar de um lado para o outro, visivelmente abalada. De repente, Clara soltou um grito e deu um soco na parede. — Aquela desgraçada! Como ela tem coragem de rir na minha cara? Ela passou as mãos pelo cabelo, tentando controlar o choro, mas as lágrimas desceram mesmo assim. — Ela disse que eu nunca vou ser mãe. Que Deus tirou isso de mim porque sou uma pessoa miserável. Suspirei e esfreguei o rosto. Eu já sabia que esse momento ia chegar. Clara não lidava bem com rejeição, e ouvir algo assim da Mariana foi como jogar gasolina em um incêndio. — Clara, você precisa parar com isso. — Falei, m
LEONARDO O silêncio do hotel era cortado apenas pelo som do relógio na parede. Tic-tac. Tic-tac. Como se estivesse contando o tempo que eu tinha antes de tudo desmoronar de vez. Eu sabia que Clara era instável, sabia que ela não desistiria dessa briga, mas agora... agora as coisas estavam saindo completamente do controle. Eu olhava para a porta do quarto, esperando que ela voltasse, ela saiu com raiva.Uma parte de mim sabia que, quando Clara decidia algo, nada a fazia mudar de ideia. E isso me preocupava. O telefone vibrou na minha mão. Dr. Marcelo. — Leonardo, precisamos conversar. — Fala. — A Mariana já entrou com um pedido de liminar para garantir a guarda de Isabela enquanto o exame não sai. Me levantei num pulo. — O quê? — Ela não quer correr riscos. Se conseguir essa liminar, qualquer tentativa nossa de reverter depois será um inferno. Passei a mão no rosto, sentindo o suor se formar na testa. Isso estava indo rápido demais. Eu precisava ganhar tempo. — Dá pra impedir
Leonardo O sangue fervia nas minhas veias. Eu mal conseguia enxergar direito de tanta raiva. Quando eu cheguei ao hospital, a imagem da Clara chorando me voltava à cabeça. As palavras da Mariana também. A arrogância dela. A maneira como ela riu de mim e da Clara, como se ela tivesse vencido. E agora isso. Descobrir que esse médico, esse tal de Henrique, esse cara que aparece como o bonzinho da história, está por trás de tudo. Ele está manipulando tudo. Se metendo onde não foi chamado. Eu só precisava de um minuto. Só um. Entrei no hospital determinado. As pessoas me olhavam enquanto eu passava pelos corredores, mas eu não ligava. Não estava ali pra agradar ninguém. Eu queria uma conversa direta com esse sujeito. Nada de conversa fiada. Vi ele saindo de uma das salas, de jaleco, cumprimentando uma paciente. A calma no rosto dele me deu mais raiva ainda. Ele me viu e deu um passo pra trás, talvez percebendo a tensão no meu rosto. Eu fui direto. Sem pensar, sem avisar, sem medir, a
HenriqueA mão ainda doía. O gosto amargo da raiva e da frustração não passava, mesmo depois de lavar o rosto três vezes na pia do consultório. Eu olhava o próprio reflexo no espelho do banheiro do hospital e sentia um nó na garganta. Leonardo tinha passado de todos os limites. Invadir meu local de trabalho, me agredir fisicamente, me expor na frente de pacientes, colegas… aquilo não era só absurdo, era criminoso.Respirei fundo, tentando manter a calma, mas a verdade é que eu nunca me senti tão desrespeitado em toda a minha vida profissional. Ele veio com tudo, sem dar tempo para eu entender o que estava acontecendo. Aquele soco não foi só contra mim. Foi contra Mariana, contra Isabela, contra tudo que estamos construindo juntos.Saí do hospital com o apoio da segurança, que ainda estava em estado de alerta. Todos ficaram em choque. Alguns pacientes até começaram a chorar. Uma confusão completa. Fui direto para a delegacia, ainda com a ficha meio bagunçada. No caminho, liguei para Ma
HenriqueEu entrei em casa sentindo a tensão ainda correndo pelas veias, os nós nos ombros denunciando o peso do que havia acontecido naquele dia. O silêncio confortável da nossa casa contrastava com o caos que tinha vivido horas atrás. Eu só queria abraçar a Mariana, sentir Isabela nos meus braços e lembrar a mim mesmo que tudo isso tinha um propósito: protegê-las.Mariana estava sentada no sofá da sala com Isabela no colo, ninando ela com suavidade. Quando me viu, seu olhar se encheu de preocupação.— Amor… — ela se levantou devagar, ajeitando a pequena nos braços. — O que aconteceu? Você tá estranho… aconteceu alguma coisa?Suspirei fundo, tirei o paletó e joguei no encosto do sofá. Me aproximei, beijei a testa da minha filha, e depois olhei para Mariana com o semblante sério.— Aconteceu. E foi sério.Ela franziu o cenho, sentando-se novamente com Isabela no colo.— Fala logo, Henrique. Você tá me assustando.— O Leonardo foi até o hospital.— O quê? — Ela arregalou os olhos. — O
LeonardoEu ainda sentia a mão latejando do soco que dei naquele desgraçado. Não me arrependia. Aliás, já devia ter feito isso antes. Só que agora a merda estava feita — e a consequência veio mais rápido do que eu esperava.O celular tocou pela terceira vez em menos de meia hora. Era o Marcelo de novo. Respirei fundo antes de atender. Já sabia que vinha bronca.— Leonardo, pelo amor de Deus, você tá maluco?A voz dele ecoou pelo viva-voz do carro enquanto eu dirigia pelas ruas da cidade. Clara estava no banco do passageiro, muda, com o olhar fixo na janela.— Você foi até o hospital agredir o Henrique? — ele esbravejou. — Você perdeu o juízo?— Ele bateu na minha mulher! — rebati, segurando o volante com mais força.— E você devia ter ido na delegacia registrar uma queixa, não ir lá dar um soco no meio de um ambiente cheio de paciente e câmera de segurança! — a voz dele estava carregada de indignação.— Eu perdi a cabeça.— Pois é. E agora vai perder mais do que isso. — ele suspirou a