Amélia que tinha o rosto pressionado nas costas largas do homem, sacudiu a cabeça com força.Era longe de ser algum tipo de assédio.Tiago sentiu ela negando com a cabeça e o coração que estava suspenso se aquietou.Ele tentou manter a voz fria: - Então por que está me abraçando?Amélia olhou para o alto, inspirou fundo e reuniu coragem: - Numa grande noite de Ano Novo, você dirigiu toda essa distância da cidade até aqui, só para dizer algumas poucas frases e ir embora? Seria um desperdício de gasolina... Desperdício de gasolina?Tiago teve vontade de rir, que raciocínio era esse da garota?Nesse momento, o que importava mais, a gasolina ou ele?Mas com aqueles braços finos circulando firme sua cintura, não conseguia afastá-la.Amélia, não ouvindo resposta, comentou: - Perguntou se eu queria ficar com você, foi muito repentino. Eu... Preciso de um tempo para pensar direito.Tiago comprimiu os lábios, soltou as mãozinhas dela e sentou no carro.Amélia ficou parada do lado de fora, e
Na manhã do Ano Novo, às 6h, a Mansão da Baía Rasa ecoava um som dessincronizado de fogos de artifício.Lucas que segurava o celular em pé junto à vidraça, olhou para a pequena Amanda dormindo profundamente na grande cama.Francisco acabara de se levantar quando atendeu o telefone. - Alô, patrão, feliz Ano Novo!Lucas respondeu secamente e disse: - Peça ao advogado Neves para preparar dois acordos de divórcio, quanto mais detalhados forem, melhor.Francisco levou um susto. - Como? Patrão, não faça nada de forma impulsivo. Ainda não encontramos a senhora, seu pai não iria querer que se divorciassem assim de repente... Talvez ela esteja em algum lugar esperando o senhor buscá-la...- Vá preparar.O tom de Lucas permaneceu calmo, sem demonstrar tristeza.Francisco ficou parado por vários segundos depois que desligou, pensando: - Pedir os papéis do divórcio no Ano Novo... Que azar...Mas algo parecia ainda errado.Então Francisco, inesperadamente, estalou os dedos para concluir que aca
Amélia pretendia ir de ônibus até o Hotel Meia Lua, mas com medo dos Bolinhos esfriarem no caminho, chamou um táxi.Chegando à porta do quarto de Tiago, respirou fundo por um minuto inteiro antes de criar coragem para bater.Quando namorava Eurico, ela não ficava tão tímida e encabulada assim, por que agora estava tão medrosa?Era só um namoro, quem nunca namorou?Quando Tiago abriu a porta, os cabelos estavam molhados, claramente acabara de sair do banho pela manhã.- Bom dia.Amélia sorriu meio paralisada ao vê-lo, mas logo o cumprimentou desajeitadamente.Que péssima abordagem.Tiago segurava uma toalha branca e secava distraidamente os úmidos cabelos curtos. Caminhou para dentro dizendo: - Que horas dormiu ontem?Dando uma olhada no relógio, viu que eram nove e meia.Dormindo tão tarde e mesmo assim acordando cedo sem preguiça, será que significava que ele a deixava agitada essa noite?Amélia gaguejou:- Dormi bem cedo depois de te mandar mensagem! Acordei com os fogos na rua hoje
Tiago segurava a mão de Amélia enquanto saíam do Hotel Meia Lua. No caminho todo ela parecia querer dizer algo, ficava olhando fixadamente para a mão de Tiago que segurava as dela sem acreditar no que estava acontecendo, mesmo que tentasse, nada saia de sua boca. Eles agora eram... Oficialmente namorados? Era difícil saber pois em nenhum momento ele oficializou, em claras palavras, o pedido. Quando começou com Eurico, também foi meio sem querer, sem pedido, sem nada. Aí só depois que Eurico terminou, ele veio dizer a Amélia que nunca a havia chamado de “namorada”, realmente um canalha. Mesmo sentindo no fundo que Tiago não era esse tipo de pessoa, Amélia não podia deixar de ter suas dúvidas e preocupações.- Será?...Mal Amélia ia começar a falar, o WeChat de Tiago apitou com uma mensagem.Quando ele pegou o celular, Amélia, de soslaio, conseguiu ver quem era a pessoa no celular. Era Zara.Amélia ficou encanada. - Você realmente adicionou a Zara no seus contatos?Seu tom estava ni
Tiago provocou de propósito: - Por que não pode? Se você nem gosta de mim agora mesmo, eu ser bom com você não impede que eu goste de outra, por que não poderia então?Amélia continuava balançando a cabeça e teimosamente disse: - Não pode e pronto, você é meu namorado! Como pode gostar de outra garota além de mim?!Vendo-a bufar feito um gatinho, um brilho manso surgiu no olhar e no sorriso de Tiago.Amélia que não o entendia e disse: - Se gosta da Zara, então terminamos agora!A expressão de Tiago escureceu. - Nunca mais diga a palavra terminar.- Mas você gosta da Zara...- Não gosto dela, foi só um exemplo hipotético.Amélia exigiu teimosa: - Nem nos exemplos!A diversão no olhar profundo do homem se intensificou. - Então, chega desse exemplo idiota.Mesmo agora não gostando muito dele ainda, Amélia já tinha um forte senso de posse. Isso já bastava.O futuro ainda os aguardava, ele não tinha pressa. De qualquer forma, ela era dele agora. Era como se tivesse cercado um terreno
Povoado de Águas Claras, 16h.No inverno anoitecia muito cedo, as ruas sempre ficavam escuras, mas por ser Ano Novo, elas estavam cheias de luzes e fogos.Tiago e Amélia caminhavam de mãos dadas pela rua principal da cidadezinha. Ela usava o cachecol preto de lã dele, e mesmo com algumas rajadas geladas em seu corpo, não sentia frio.Não havia muita diversão em Povoado de Águas Claras, então depois de almoçarem em uma pensão, passaram a tarde toda no hotel.Amélia pensava se deveria ir para casa agora.Quando o celular tocou, ela viu que era sua mãe ligando.- Oi, mãe.- Filha, seu encontro com as amigas já acabou? Seu tio ainda está aqui esperando você para jantar, volte logo. Onde está rolando esse encontro? Quer que seu pai vá te buscar?Amélia apressou-se em dizer: - Não precisa não, já estou indo.Tiago, é claro, ouvira a conversa e disse friamente: - Está tão envergonhada de estar comigo que precisa mentir pra sua mãe dizendo que é um encontro com amigas?- Mas minha mãe acha q
Rita recebeu o fax do George às oito da noite em Mountain.Desde as oito da manhã quando atendeu a ligação do pai, ficara sentada à janela, sem comer ou beber por mais de dez horas seguidas.O fax apitou duas vezes e imprimiu duas cópias do acordo de divórcio.Ela acariciou suavemente o local da assinatura de Lucas, as lágrimas que pingavam rápido e frequentes, borraram a caneta sobre o papel.Amélia deixou os documento no colo, por quanto tempo, não sabia, ela estava sem nenhuma intenção de assinar aquilo.Quando descobriu o parentesco com Lucas, já havia se preparado mentalmente para o divórcio, então por que agora que ele assinara sem pestanejar, ela não conseguia acreditar?Eram poucos meses de casamento, mas parecia que tinham vivido juntos da adolescência até da aos cabelos brancos.Lá fora nevava em Mountain.Observando a neve, lembrou-se das guerras com bolas de neve em Cidade S.Uma cena tão bonita, parecia ter acontecido ontem, como de repente estavam se divorciando?Cidad
Mountain, duas da manhã.Rita segurava a caneta, tentando várias vezes assinar no papel.O acordo listava até mesmo valores de indenização, Lucas decidira mesmo se divorciar.Mesmo sendo sempre a parte passiva nesse relacionamento, quando Lucas tomou a iniciativa do divórcio, ela não conseguiu aceitar facilmente.Divórcio significava que nos tediosos dias seguintes, não teria mais a companhia de seu marido. E que de agora em diante, não importava que mulher estivesse com ele, não seria mais ela.Rita enxugou as lágrimas, reuniu coragem e discou um número no celular.Enquanto era duas da manhã em Mountain, na Cidade S era nove da manhã.Quando atendeu aquela ligação de Florença, um lampejo gélido passou nos olhos de Caio.Sem hesitar, ele recusou a chamada.Segurando o aparelho, as lágrimas de Rita voltaram a molhar seu rosto assim que ouviu a recusa, Lucas recusara sua ligação...Estava bravo com sua partida repentina?Se não fosse isso o real motivo dele não atender, então o verdadeir