Mountain, duas da manhã.Rita segurava a caneta, tentando várias vezes assinar no papel.O acordo listava até mesmo valores de indenização, Lucas decidira mesmo se divorciar.Mesmo sendo sempre a parte passiva nesse relacionamento, quando Lucas tomou a iniciativa do divórcio, ela não conseguiu aceitar facilmente.Divórcio significava que nos tediosos dias seguintes, não teria mais a companhia de seu marido. E que de agora em diante, não importava que mulher estivesse com ele, não seria mais ela.Rita enxugou as lágrimas, reuniu coragem e discou um número no celular.Enquanto era duas da manhã em Mountain, na Cidade S era nove da manhã.Quando atendeu aquela ligação de Florença, um lampejo gélido passou nos olhos de Caio.Sem hesitar, ele recusou a chamada.Segurando o aparelho, as lágrimas de Rita voltaram a molhar seu rosto assim que ouviu a recusa, Lucas recusara sua ligação...Estava bravo com sua partida repentina?Se não fosse isso o real motivo dele não atender, então o verdadeir
Depois de desligar do celular dentro do quarto do hospital, Noemia entrou com seus capangas trazendo uma sopa nutritiva.- Finalmente apareceu! Sabe há quanto tempo estou esperando? Aquele Lucas não me deixava chegar perto, mesmo depois de procurar vários hipnotizadores e terapeutas. Mas agora está tudo bem, você emergiu de novo, e... Agora com Rita longe em Florença, não temos mais ameaças!Caio segurava o celular, encostado na cama do hospital, com uma expressão gélida e vazia. - Quero ficar sozinho um pouco.Noemia sempre fora mimada, jamais toleraria alguém tratá-la com desdém. Franziu a testa: - Ei! Foi você quem me chamou aqui! Até mandei preparar essa sopa especialmente pra você! O que deu em, Caio? Não me diga que mudou de ideia quanto ao divórcio da Rita?Caio levantou o olhar, encarando-a com pupilas cortantes. Disse secamente: - Saia.- Você! Não se esqueça, fui eu quem te salvei! Sem mim você jamais teria emergido novamente! Estaria aprisionado pelo Lucas para sempre!-
A Rita estava dormindo profundamente em um hospital particular de Mountain, sem qualquer noção do ambiente ao seu redor.- Quando os resultados da comparação de DNA estarão prontos?- No máximo até amanhã à tarde, Sr.Jerónimo. Assim que saírem, informarei o senhor imediatamente.No caminho de volta, Cerqueira olhou pela janela traseira a moça deitada no ombro do Sr.Jerónimo e brincou: - Patrão, essa mocinha é bem corajosa. Está bêbada desse jeito, levada por dois homens estranhos no carro, e não exprimiu nenhuma reação. Ainda bem que somos pessoas de bem. Mas patrão, as reações dela bêbada são bem parecidas com as da Srta. Fernanda.Jerónimo escureceu seu olhar e observou a garota adormecida em seu ombro sem qualquer precaução. Sua voz soou baixa ao perguntar: - Alguma pista sobre o paradeiro da Barbosa?- Que coincidência, a Srta. Fernanda também está em Florença. Já mandei muitos homens procurá-la. Sr.Jerónimo, pode ficar tranquilo, no máximo até amanhã à noite o senhor poderá vê-l
Quando Jerónimo entregou o relatório do exame de DNA para Rita, que desconfiada, hesitou em aceitá-lo.- Senhor, o senhor...Cerqueira, parado atrás de Jerónimo, coçou o nariz sorrindo e brincou: - Srta. Rita, nosso patrão não tem más intenções. Não somos pessoas más, pode ficar tranquila que esse relatório não está envenenado.Ritasem jeito, aceitou o relatório e franziu a testa. - O que é isso?- Deixe-me me apresentar novamente. Me chamo Jerónimo, quando a encontrei no avião, tive a impressão de que a senhorita se parecia muito com minha mãe quando jovem. Por isso, tomei a liberdade de colocar um rastreador em sua bolsa. Depois de conseguir rastreá-la, te encontrar, conseguir materiais seus para o exame, toda esse minha intuição se mostrou verdadeira. A senhorita é a minha irmã biológica.Com poucas palavras, ele conseguiu revelar uma notícia chocante.Rita congelou, achava que ele estava brincando com ela. - Sr.Jerónimo, o senhor está me pregando uma peça?Com tudo que acontece
Cidade S, hospital.No quarto do hospital, Noemia trouxe uma refeição nutritiva para Caio.- Você já se divorciou da Rita? Deixe-me dizer-lhe uma coisa, eu não quero ser a terceira pessoa de um relacionamento. - Disse ela.Caio, com olhos frios e penetrantes, deu-lhe uma olhada e respondeu:- Eu também não quero ser pego pela mídia em alguma notícia negativa sobre um caso extraconjugal.- Que bom, é melhor assim.Fora do quarto, soou uma batida na porta.- Quem é?Marta, segurando uma marmita térmica, acabara de entrar no quarto quando viu outra mulher sentada ao lado da cama de Lucas.- Lucas, quem é ela?Noemia se levantou graciosamente:- Olá, eu sou Noemia, a noiva de Lucas.Caio, com seus olhos negros brilhantes, permaneceu em silêncio.Marta franzindo a testa, riu e disse:- Srta. Noemia, que tipo de piada é essa?Noemia arqueou uma sobrancelha de forma indiferente:- Se você não acredita, pergunte a ele.Marta perguntou, com os lábios apertados:- Lucas, o que está acontecendo?
- Fernanda, venha por aqui, este é o lugar para os curativos, não? Como você pode ser tão descuidada?Fernanda estava mancando, apoiada por um colega de trabalho, indo em direção à sala de curativos. No centro de exposições de arte, na parte das amostras de pinturas, um agrave acidente acorreu: a maior pintura da exposição caiu. Fernanda, tentando salvar um visitante, foi atingida no pé pela quando a obra estava caindo ao chão.Felizmente, o osso não quebrou, mas o pé estava inchado e contundido.O colega que a acompanhou viu que a porta da sala de curativos estava fechada. Mesmo assim ele abriu a porta, e ao entrar no quarto, Fernanda viu Jerónimo ajoelhado diante de uma jovem.O coração de Fernanda esfriou de repente. "Por que Jerónimo está aqui?"O colega, segurando Fernanda, disse:- Vamos, entre.Fernanda, pulando em um pé só, virou-se para ir embora. O colega, ao ajudá-la, perguntou a Jerónimo e Rita, que estavam na sala:- Vocês são pacientes? Onde está o médico de curativos?F
Após o médico enfaixar o tornozelo ferido de Fernanda, Jerónimo entrou novamente no quarto.Rita olhou para o jeito profundo que Jerónimo visava Fernanda,e entendeu que sua presença ali afetaria o relacionamento deles.- Vou ao banheiro. Depois de deixar estas palavras, Rita saiu da sala de curativos.Jerónimo sentou-se ao lado da cama. Seus olhos negros caíram sobre o tornozelo inchado de Fernanda, e ele gentilmente a tocou.- Como está, ainda dói? Fernanda encolheu o tornozelo.- Está tudo bem. Jerónimo sentou-se um pouco mais perto de Fernanda, que sentiu o cheiro de tabaco que exalava dele.- Você saiu para fumar? Jerónimo sabia que Fernanda odiava o cheiro de cigarro:- Eu já parei faz tempo, você não gosta, então não fumarei mais. - Você não precisa se fazer de coitado. Fernanda pensou: "Ele parou de fumar por vontade própria, agora está agindo como se estivesse sofrido, por que eu deveria sentir pena dele?"Jerónimo tocou seu rosto um pouco inchado, e olhando-a profundamen
Cidade S, Mansão da Baía Rasa.No escritório, Caio, vestindo uma roupa de dormir de cetim azul-escuro, trabalhava diante do computador há um bom tempo. Ele não era Lucas, não tinha o mesmo entendimento profundo da situação financeira, dos detalhes do Grupo Souza, e também não tinha a mesma sensibilidade aguçada para números como Lucas é.Caio levantou a mão, pressionou as têmporas e relaxou seus olhos cansados. Enquanto recostava na cadeira giratória com os olhos fechados, a porta do escritório foi aberta.Caio abriu os olhos e viu Noemia, vestida em um negligé de seda preta revelador, entrar. Ele ignorou seus desejos ao ver aquela mulher e perguntou friamente:- O que você quer aqui?Noemia se aproximou, colocou suas mãos nos ombros dele, apoiou seu peso em descanso, abraçou e sussurou no ouvido de Caio: - Não é óbvio? Eu quero fazer...A testa de Caio franziu, ele afastou a mão dela e a jogou de lado.- Não estou com vontade, saia.Noemia, tão orgulhosa quanto era, naturalmente não