Cidade S, Mansão da Baía Rasa.No escritório, Caio, vestindo uma roupa de dormir de cetim azul-escuro, trabalhava diante do computador há um bom tempo. Ele não era Lucas, não tinha o mesmo entendimento profundo da situação financeira, dos detalhes do Grupo Souza, e também não tinha a mesma sensibilidade aguçada para números como Lucas é.Caio levantou a mão, pressionou as têmporas e relaxou seus olhos cansados. Enquanto recostava na cadeira giratória com os olhos fechados, a porta do escritório foi aberta.Caio abriu os olhos e viu Noemia, vestida em um negligé de seda preta revelador, entrar. Ele ignorou seus desejos ao ver aquela mulher e perguntou friamente:- O que você quer aqui?Noemia se aproximou, colocou suas mãos nos ombros dele, apoiou seu peso em descanso, abraçou e sussurou no ouvido de Caio: - Não é óbvio? Eu quero fazer...A testa de Caio franziu, ele afastou a mão dela e a jogou de lado.- Não estou com vontade, saia.Noemia, tão orgulhosa quanto era, naturalmente não
Dentro do hotel sete estrelas do Grupo MG.Jerónimo acabara de tomar banho quando o som de alguém batendo à porta soou.Provavelmente era Cerqueira trazendo Fernanda.Jerónimo, usando apenas uma toalha em volta da parte inferior do corpo, sem vestir uma camisa, deu largas passadas até a porta.Ao abrir a porta, deparou-se com uma mulher alta e atraente.- Olá, Sr. Jerónimo.A mulher em questão não era outra senão a jovem atriz Juliana Francisco, que acabara de começar sua carreira recentemente. Por coincidência, ela estava sob contrato com o Grupo MG.Jerónimo franziu a testa:- O que você está fazendo aqui?Os olhos de Juliana estavam fixos nos músculos abdominais de Jerónimo, a vontade de tocá-los eram enormes. Juliana engoliu em seco e disse docilmente:- O senhor esqueceu, estou filmando em Florença recentemente, naquele filme "Atravessando os oceanos para te amar" em que o MG está investindo. Esqueceu, Sr. Jerónimo?Jerónimo a olhou friamente, virou-se e entrou no quarto para se v
Fernanda sempre gostava de discordar de Jerónimo. Quanto mais ele a incentivava a ir para o leste, mais ela queria ir para o oeste. Ela aumentou ainda mais o volume da televisão.- Fernanda. – Jerónimo falava alto.Fernanda desligou a televisão imediatamente, virando-se para olhar o homem furioso, e disse com escárnio:- Você me convidou aqui. Se não gosta das tornozeleiras que uso, não gosta do som alto do filme que estou assistindo, talveznão devesse ter me trazido de volta, afinal, eu também não quero voltar para Cidade N.Os longos dedos de Jerónimo pressionaram sua têmpora, fez um gesto de indiferença e fechou o notebook.Fernanda começou a assistir a uma comédia novamente, Jerónimo foi perto dela, sentou-se ao seu lado e ficou a acompanhar.Fernanda disse com desdém:- Você certamente não gostará da série de TV que estou assistindo. Eu sugiro que você vá dormir cedo.- Veja o seu, não se preocupe comigo.Bastava ele olhar para ela, que o rosto de Fernanda se contraia:- Aquela m
Sete anos atrás, quando Jerónimo tinha vinte e cinco anos e estava começando sua carreira, ele viajava a negócios por todo o país, por isso tinha pouco tempo para dar atenção a Fernanda. No entanto, mesmo sob tal pressão de trabalho, Jerónimo ainda ligava em vídeo para ela todas as noites, mesmo que às vezes ele estivesse em alguma viagem internacional. Nesses dias, onde o fuso horário era grande, Fernanda sempre acabava dormindo com o celular em mãos.O relacionamento à distância deles durou muitos anos.Jerónimo era oito anos mais velho que Fernanda, só que eles se conheciam desde pequenos. Jerónimo era sempre obediente, enquanto Fernanda era a "pequena travessa". Ela não se destacava na escola e não tinha talento para os estudos. Como moravam perto, os pais de Fernanda frequentemente pediam que Jerónimo viesse ajudá-la com o dever de casa.- Então, foi assim que vocês se apaixonaram? - perguntou Rita, com olhos sonhadores.Lembrando daqueles dias inocentes, os olhos de Fernanda brilh
No dia seguinte, ao amanhecer, o avião pousou chegando à Cidade N. Jerónimo veio bater à porta, mas não houve resposta de dentro.sSem ter outra escolha senão pedir à aeromoça para abrir a porta, Jerónimo, ao entrar, viu as duas garotas abraçadas.A aeromoça, que parecia um tanto conservadora em seu pensamento, não pôde evitar de sorrir ao ver a cena das duas.- Essas senhoritas têm um relacionamento tão bom. - ela comentou.Jerónimo pareceu perceber algo errado, seu rosto escureceu e suas sobrancelhas se franziram.Cerqueira chegou correndo e também presenciou a cena. Ele se lembrou das notícias sobre homossexualidade que havia visto nas manchetes recentemente e sentiu arrepios, afinal, ele era um garoto tradicional.Depois de desembarcar, Fernanda e Rita continuaram muito próximas, andando de mãos dadas na frente, ignorando completamente Jerónimo e Cerqueira que seguiam atrás.Cerqueira tocou seu nariz e lançou alguns olhares furtivos às duas jovens à sua frente. Ele baixou a voz e pe
Cidade S, hospital.Quando Lucas acordou, ele não sentiu força alguma em seu corpo, seus membros pareciam ter sido deslocados e esquecidos de serem colocados de volta, e a parte mais desconfortável era sua cabeça, que estava dolorida e inchada, como se fosse se partir ao meio.Francisco olhava para ele com preocupação.- Chefe, você finalmente acordou.Lucas lembrou que havia batido na barreira da estrada a caminho do aeroporto devido a uma dor de estômago, e Caio apareceu.Ele também se lembrou claramente que, após a aparição de Caio, que ficou a fingir ser ele, pediu definitivamente o divórcio a Rita.- Chefe, como se sente? Vou chamar o médico.Depois da consulta no hospital, foi dito:- O Sr. Caio não está em perigo, desmaiou talvez por excesso de trabalho, exaustão. Agora, o que ele precisa fazer é apenas descansar. Lucas, é claro, sabia a razão do seu desmaio na sala de reuniões. Olhando para a aliança de platina pura em seu anelar, franzia a testa profundamente.Depois que o méd
- Qual é a razão do seu divórcio? - perguntou Jerónimo.Rita achou um pouco engraçado a pergunta, um leve sorriso irônico apareceu em seus lábios.- Foi uma farsa. Mas agora, eu tenho que agradecer por essa farsa, ela me fez perceber o que o Lucas realmente sentia por mim.- Você realmente não pensa mais nele?- Ainda penso, mas vou me controlar.Jerónimo olhou para ela com uma expressão séria, e não pôde deixar de sorrir, brincando:- Se você quiser vê-lo, posso mandar alguém trazê-lo, mesmo que for amarrado.Rita sabia que Jerónimo estava tentando aliviar o clima, fazendo de tudo para poder confortá-la.- Não quero vê-lo, tenho medo que, se o fizer, não possa resistir à vontade de reconciliar-me com ele.- Tudo bem, caso ele realmente vier atrás de você, vou impedi-lo.Rita olhou para ele atônita, como se não esperasse que Jerónimo pudesse cuidar tão bem dos outros.Jerónimo ergueu uma sobrancelha.- Não acredita?- Claro que não.Ela apenas pensava: "Que tipo de 'deus' é este irmão?
- Doar medula óssea não deve ser muito prejudicial ao próprio corpo, certo? - perguntou Rita.Jerónimo acenou com a cabeça.- Agora não é mais necessário doar a medula óssea, hoje já se é possível usar as células-tronco hematopoiéticas, seria eficaz do mesmo jeito. Sobre a questão da saúde do doador, de fato não se é muito prejudicial ao corpo. Rita sorriu.- Então, por que eu não estaria disposta? A pessoa deitada lá dentro é minha mãe biológica, vocês não me fizeram nada de errado. Se eu for compatível com ela, é claro que estarei disposta a doar. Antes, nosso professor de biologia nos disse que doar células-tronco hematopoiéticas é quase como tirar sangue, e não há perigo pois são metabolizadas todos os dias. Mesmo que doadas, novas serão produzidas. Já que não é prejudicial, nem algo arriscado, eu naturalmente aceito ajudar nossa mãe.Jerónimo disse com uma voz muito séria:- Eduarda, muito obrigado.- Você não disse que somos uma família? Sendo uma família, não precisa agradecer.