Francisco mordeu os lábios e perguntou: - Patrão, perdoe minha franqueza, mas o senhor não teme que, se trouxer a senhora de volta, o mundo inteiro se oponha e difame o relacionamento de vocês?- E daí? Não estou com ela para agradar os outros. Além disso, nunca fui inimigo do mundo, tentar uma vez na vida não faria mal.O tom de Lucas era despreocupado. Francisco percebeu sua seriedade e determinação.Francisco sorriu, olhando para os fogos explosivos no céu. - O patrão é o patrão, diferente da gente.- Bajular não vai aumentar seu bônus.Francisco ainda sorria. - Um bônus de fim de ano seria bom.Lucas esboçou um sorriso, tragando o cigarro com os olhos estreitos.Quando Amanda veio correndo, Lucas apagou o cigarro,jogou no gramado e se abaixou para pegá-la no colo.Lucas disse a Francisco: - Chegou a hora, vá dormir.Carregando Amanda, Lucas foi para dentro. Francisco olhou suas costas e desejou: - Feliz Ano Novo, patrão!Aquela noite, Amanda dormiu junto com Lucas.Quando já
Amélia com os olhos arregalados, boquiaberta e incrédula, repetiu: - Você quer dizer que está agora... Aqui embaixo do meu prédio em Povoado de Águas Claras?- Dou um minuto para descer.Da cozinha, ouvia os pais: - Amélia, os raviólis estão prontos, vem se servir e dizer qual o molho que você quer colocar!Amélia sussurrou no telefone: - Estou quase comendo raviólis!- Ou prefere que eu suba ai direto pra te procurar?Mesmo o tom de Tiago ser neutro, Amélia sentiu a ameaça.Quando ia argumentar, ele desligou na cara dela.Amélia olhou incrédula para o telefone mudo, ficou completamente inconformada e apreensiva.Por que o demônio veio até Povoado de Aguas Claras numa grande noite de Ano Novo? Será que veio visitar parentes de novo?Com medo dele realmente subir e os pais confundirem com Breno, ela desceu rapidamente.Quando os pais voltaram da cozinha com os raviólis, Amélia já havia sumido.- Ei? Onde essa menina foi parar?- Sumiu! Amy? Amy?Amélia desceu correndo com seu grosso c
Amélia que tinha o rosto pressionado nas costas largas do homem, sacudiu a cabeça com força.Era longe de ser algum tipo de assédio.Tiago sentiu ela negando com a cabeça e o coração que estava suspenso se aquietou.Ele tentou manter a voz fria: - Então por que está me abraçando?Amélia olhou para o alto, inspirou fundo e reuniu coragem: - Numa grande noite de Ano Novo, você dirigiu toda essa distância da cidade até aqui, só para dizer algumas poucas frases e ir embora? Seria um desperdício de gasolina... Desperdício de gasolina?Tiago teve vontade de rir, que raciocínio era esse da garota?Nesse momento, o que importava mais, a gasolina ou ele?Mas com aqueles braços finos circulando firme sua cintura, não conseguia afastá-la.Amélia, não ouvindo resposta, comentou: - Perguntou se eu queria ficar com você, foi muito repentino. Eu... Preciso de um tempo para pensar direito.Tiago comprimiu os lábios, soltou as mãozinhas dela e sentou no carro.Amélia ficou parada do lado de fora, e
Na manhã do Ano Novo, às 6h, a Mansão da Baía Rasa ecoava um som dessincronizado de fogos de artifício.Lucas que segurava o celular em pé junto à vidraça, olhou para a pequena Amanda dormindo profundamente na grande cama.Francisco acabara de se levantar quando atendeu o telefone. - Alô, patrão, feliz Ano Novo!Lucas respondeu secamente e disse: - Peça ao advogado Neves para preparar dois acordos de divórcio, quanto mais detalhados forem, melhor.Francisco levou um susto. - Como? Patrão, não faça nada de forma impulsivo. Ainda não encontramos a senhora, seu pai não iria querer que se divorciassem assim de repente... Talvez ela esteja em algum lugar esperando o senhor buscá-la...- Vá preparar.O tom de Lucas permaneceu calmo, sem demonstrar tristeza.Francisco ficou parado por vários segundos depois que desligou, pensando: - Pedir os papéis do divórcio no Ano Novo... Que azar...Mas algo parecia ainda errado.Então Francisco, inesperadamente, estalou os dedos para concluir que aca
Amélia pretendia ir de ônibus até o Hotel Meia Lua, mas com medo dos Bolinhos esfriarem no caminho, chamou um táxi.Chegando à porta do quarto de Tiago, respirou fundo por um minuto inteiro antes de criar coragem para bater.Quando namorava Eurico, ela não ficava tão tímida e encabulada assim, por que agora estava tão medrosa?Era só um namoro, quem nunca namorou?Quando Tiago abriu a porta, os cabelos estavam molhados, claramente acabara de sair do banho pela manhã.- Bom dia.Amélia sorriu meio paralisada ao vê-lo, mas logo o cumprimentou desajeitadamente.Que péssima abordagem.Tiago segurava uma toalha branca e secava distraidamente os úmidos cabelos curtos. Caminhou para dentro dizendo: - Que horas dormiu ontem?Dando uma olhada no relógio, viu que eram nove e meia.Dormindo tão tarde e mesmo assim acordando cedo sem preguiça, será que significava que ele a deixava agitada essa noite?Amélia gaguejou:- Dormi bem cedo depois de te mandar mensagem! Acordei com os fogos na rua hoje
Tiago segurava a mão de Amélia enquanto saíam do Hotel Meia Lua. No caminho todo ela parecia querer dizer algo, ficava olhando fixadamente para a mão de Tiago que segurava as dela sem acreditar no que estava acontecendo, mesmo que tentasse, nada saia de sua boca. Eles agora eram... Oficialmente namorados? Era difícil saber pois em nenhum momento ele oficializou, em claras palavras, o pedido. Quando começou com Eurico, também foi meio sem querer, sem pedido, sem nada. Aí só depois que Eurico terminou, ele veio dizer a Amélia que nunca a havia chamado de “namorada”, realmente um canalha. Mesmo sentindo no fundo que Tiago não era esse tipo de pessoa, Amélia não podia deixar de ter suas dúvidas e preocupações.- Será?...Mal Amélia ia começar a falar, o WeChat de Tiago apitou com uma mensagem.Quando ele pegou o celular, Amélia, de soslaio, conseguiu ver quem era a pessoa no celular. Era Zara.Amélia ficou encanada. - Você realmente adicionou a Zara no seus contatos?Seu tom estava ni
Tiago provocou de propósito: - Por que não pode? Se você nem gosta de mim agora mesmo, eu ser bom com você não impede que eu goste de outra, por que não poderia então?Amélia continuava balançando a cabeça e teimosamente disse: - Não pode e pronto, você é meu namorado! Como pode gostar de outra garota além de mim?!Vendo-a bufar feito um gatinho, um brilho manso surgiu no olhar e no sorriso de Tiago.Amélia que não o entendia e disse: - Se gosta da Zara, então terminamos agora!A expressão de Tiago escureceu. - Nunca mais diga a palavra terminar.- Mas você gosta da Zara...- Não gosto dela, foi só um exemplo hipotético.Amélia exigiu teimosa: - Nem nos exemplos!A diversão no olhar profundo do homem se intensificou. - Então, chega desse exemplo idiota.Mesmo agora não gostando muito dele ainda, Amélia já tinha um forte senso de posse. Isso já bastava.O futuro ainda os aguardava, ele não tinha pressa. De qualquer forma, ela era dele agora. Era como se tivesse cercado um terreno
Povoado de Águas Claras, 16h.No inverno anoitecia muito cedo, as ruas sempre ficavam escuras, mas por ser Ano Novo, elas estavam cheias de luzes e fogos.Tiago e Amélia caminhavam de mãos dadas pela rua principal da cidadezinha. Ela usava o cachecol preto de lã dele, e mesmo com algumas rajadas geladas em seu corpo, não sentia frio.Não havia muita diversão em Povoado de Águas Claras, então depois de almoçarem em uma pensão, passaram a tarde toda no hotel.Amélia pensava se deveria ir para casa agora.Quando o celular tocou, ela viu que era sua mãe ligando.- Oi, mãe.- Filha, seu encontro com as amigas já acabou? Seu tio ainda está aqui esperando você para jantar, volte logo. Onde está rolando esse encontro? Quer que seu pai vá te buscar?Amélia apressou-se em dizer: - Não precisa não, já estou indo.Tiago, é claro, ouvira a conversa e disse friamente: - Está tão envergonhada de estar comigo que precisa mentir pra sua mãe dizendo que é um encontro com amigas?- Mas minha mãe acha q