Sebastian Black tombou a cabeça para o lado. Nitidamente havia um incomodo na sala. Sebastian olhou para Dáda, e soube no mesmo momento que ela já conhecia aqueles papéis. Estavam planejando aquilo a quanto tempo? Os olhos dele estavam vermelhos, mas não por que perderia a fortuna. De nada importava aquele dinheiro todo. Sebastian sempre foi um homem rico, um herdeiro. Mas e quanto a ela? Ao assinar aquilo, Sebastian a perderia também? – É realmente o que você quer? – A voz do homem quase falhou. Siena o encarou novamente. Sua firmeza parecia uma infeliz surpresa. – Sim! É o que eu quero. – E quanto a nós dois? – Nunca teve nós dois. Sempre teve você e a Pax. Você e o seu ódio. Você e a fortuna do barão! Sebastian Black balançou a cabeça positivamente. Não por que concordava com as palavras da mulher, mas por que soavam dolorosas como ele sempre achou que merecia. Um nó que havia se formado na garganta desceu quando ele engoliu o orgulho, movimentando o pomo de Adão para baixo
Sebastian Black abriu a rolha da garrafa. O líquido amargo desceu direto, sem copos no caminho. Se jogando no sofá, Sebastian olhou para o teto. Todos os móveis da casa ainda estavam cobertos com lençóis brancos, como haviam sido deixados depois da morte se sua esposa. Lembranças... Aquele lugar carregava lembranças que Sebastian Black precisava confrontar. Sentado ali, olhando para todos os lugares empoeirados, o coração dele ardeu como louco. Dói, mas não em pensar que estava sozinho agora. O porque... Aquilo sim o machucava por dentro como se o matasse aos poucos. Uma pausa, e novamente Sebastian entornou a garrafa. Tanto tempo sem beber, e agora, Sebastian não passava de um homem bêbado, e talvez um pouco louco. Pensando da Siena Robins... Seria assim que ele passaria a vida? Longe do seu filho que estava prestes a nascer. Sebastian sabia que queria estar perto quando aquilo acontecesse, mas como? Siena o odiava agora, e ela tinha razão... Toda vez que ele pensava em como foi em
Sebastian Black estava sentado no meio da sala imensa. Aquela mansão parecia muito maior agora. Ao ver a pessoa se aproximar, Sebastian Black se levantou, olhou na direção dela e sorriu. Ainda havia dor ali, mas o homem lutava a cada segundo para disfarçar seus sentimentos. Os braços estavam abertos, esperando por ela, ali. E quando Sebastian sentiu o perfume doce, um alívio percorreu seu corpo. Aquele homem enorme parecia perfeitamente confortável em um abraço de pouca estatura. Uma paz o consumia, e Sebastian mal se lembrava da última vez em que não sentiu dor, como aconteceu naquele momento. Mas logo ela se afastou. Um sorriso peralta no rosto fez com que Sebastian sorrisse também, sinceramente, depois de quase uma semana de lágrimas. Mas por mais que ele tentasse disfarçar, os olhos estavam inchados e vermelhos, sua barba por fazer e o cabelo escovado para trás estava grande. Maior que os padrões aceitáveis dos Black. – Como você está, pequena? – Sebastian Black perguntou. Z
Siena Robins ainda encarava Sebastian Black. Seus olhos podiam captar todas as dores que ele expressava apenas com seu olhar, mas nem mesmo isso foi o bastante para que ela voltasse a confiar naquele homem. De toda maneira, era estranho, Siena também sentia algo forte por ele. Seu cabelo deslizou pelo ombro quando ela olhou para baixo, para uma das sacolas que caíram no chão, exibindo o sapato branco do bebê. Tantas coisas de cores neutras naquele quarto. As mãos se encontraram ao mesmo tempo, segurando o pequeno objeto que transmitiu uma paz temporária. Siena ergueu os olhos e o encarou ali, olhando para ela, com toda sua dor e sofrimento expostos. – Desculpe! – Siena se levantou, temendo que o peso da barriga a impedisse de ficar ereta novamente. Sebastian Black segurou o sapato de bebê com as duas mãos. Sua mente parecia divagar numa imensidão de pensamentos, que Siena sentiu curiosidade em saber. O que se passava na mente daquele homem? – Você já sabe o que vai ser? – Como?
Quase três dias se passaram depois daquela última visita. Sebastian Black ainda via Zozo com frequência, mas Siena Robins jamais voltou a descer enquanto ele estava lá. Dáda tentou consola-lo sobre o comportamento da filha, mas Sebastian entendia bem por que ela agia assim. Na realidade, Sebastian apenas odiava a si mesmo por tudo. Depois de trata-la de uma forma tão terrível nos primeiros meses de casamento, as lembranças dela jamais poderiam ser boas. Por que culpa-la, quando na realidade, somente Sebastian Black tinha culpa por tudo? Já era noite. O lustre brilhava em um esplendor exuberante logo a cima da mesa que Sebastian Black estava sentado. Usando um terno branco tão diferente da escuridão original, ele permaneceu ali, sozinho, com os olhos vermelhos e olheiras profundas. Desde a separação definitiva, aquele homem parecia ter desaprendido a viver, a amar qualquer outra coisa que não estivesse na mansão do Barão. A mão dele levantou, anunciando mais um pedido. – Mais uma d
Siena Robins jogou os pés para fora da cama, forçando a si mesma a levantar outra vez. Mais um dia inchada. Mais um dia carregando aquela barriga que não parecia ter fim. Siena odiava olhar para baixo e não conseguir enxergar as próprias pernas. Odiava não conseguir calçar os chinelos sozinha. Sua mente sempre se perguntava aonde estava a beleza de ter um bebê que as mulheres tanto falavam? Cadê o cabelo exuberante e o se sentir bem e cheia de libido? Siena ainda procurava por tudo isso, embora não pudesse enxergar que estava no auge da sua beleza. A porta se abriu. Zozo se lançou ao chão, ajoelhando aos pés da Siena Robins. – Seu chinelo! – A menina anunciou, posicionando aos pés da mulher grávida. Siena não exibiu um semblante amigável como gostaria. – Zozo, eu já disse que você não tem que fazer isso. Você não é empregada nessa casa! – Mas eu gosto! – A menina sorriu, se levantando tão rápido quanto se ajoelhou. – Eu gosto de cuidar de você, Siena. Você é como uma boneca. Tão
– Sim. – Siena Robins se virou para o homem. Sua postura continuava impecável, como a realeza que existia dentro dela, mas que havia sido herdado de alguém que não tinha qualquer nobreza de espirito. – Mas eu tenho uma condição. O senhor parecia tão animado por se livrar do problema que nem se importava com o que fosse. – Qualquer coisa. O que a senhora pedir, eu prometo que vou fazer! Siena Robins encarou a mãe que ainda segurava nas mãos dela. Ípsilon estava logo atrás delas, observando tudo como um bom protetor. Se ao menos soubessem que estava passando informações para o Sebastian Black. – Eu quero a casa desocupada hoje. – Hoje? – O senhor se espantou. – É que... – Agora, na verdade! – Siena Robins tinha o olhar decidido como nunca havia sido antes. – E então? O velho coçou a cabeça. – Complicado... – Ele respirou fundo, pensando. – Bom, eles não pagam faz um tempo! O casal continuava completamente sem roupas, tentando esconder a nudez. Estavam tão magros naquela al
A mulher se lançou no chão, ajoelhada. Tocou os pés inchados da Siena Robins e se curvou, como faria a realeza que estivesse diante dela. – Por favor, me perdoa! Por favor, não faça isso comigo. Eu sei que errei em muitas coisas, mas eu também estive ao seu lado. Eu cuidei de você! Eu fiquei ao seu lado quando esteve doente. Eu paguei suas dívidas. – Epa! – Sebastian Black protestou, apontando o dedo para cima como se aquela fosse a sua vez de falar. Ele ainda não conseguia se manter parado, e só deixava Siena Robins tonta também. – Ela não pagou nada! Eu paguei. Siena Robins o encarou. – Do que vocês estão falando? – Filha, você ficou muito doente. Você tinha um tipo de câncer, sabe? E eu cuidei de você. Eu tratei das suas cirurgias, eu mantive você perto de mim. Siena Robins começou a se lembrar. O rosto dela franziu. As lembranças nunca eram boas quando ela as resgatava daquele lugar, em momentos como esses. – Eu acho que estou lembrando. Eu me lembro de chegar na casa do..