Sebastian Black estava sentado no meio da sala imensa. Aquela mansão parecia muito maior agora. Ao ver a pessoa se aproximar, Sebastian Black se levantou, olhou na direção dela e sorriu. Ainda havia dor ali, mas o homem lutava a cada segundo para disfarçar seus sentimentos. Os braços estavam abertos, esperando por ela, ali. E quando Sebastian sentiu o perfume doce, um alívio percorreu seu corpo. Aquele homem enorme parecia perfeitamente confortável em um abraço de pouca estatura. Uma paz o consumia, e Sebastian mal se lembrava da última vez em que não sentiu dor, como aconteceu naquele momento. Mas logo ela se afastou. Um sorriso peralta no rosto fez com que Sebastian sorrisse também, sinceramente, depois de quase uma semana de lágrimas. Mas por mais que ele tentasse disfarçar, os olhos estavam inchados e vermelhos, sua barba por fazer e o cabelo escovado para trás estava grande. Maior que os padrões aceitáveis dos Black. – Como você está, pequena? – Sebastian Black perguntou. Z
Siena Robins ainda encarava Sebastian Black. Seus olhos podiam captar todas as dores que ele expressava apenas com seu olhar, mas nem mesmo isso foi o bastante para que ela voltasse a confiar naquele homem. De toda maneira, era estranho, Siena também sentia algo forte por ele. Seu cabelo deslizou pelo ombro quando ela olhou para baixo, para uma das sacolas que caíram no chão, exibindo o sapato branco do bebê. Tantas coisas de cores neutras naquele quarto. As mãos se encontraram ao mesmo tempo, segurando o pequeno objeto que transmitiu uma paz temporária. Siena ergueu os olhos e o encarou ali, olhando para ela, com toda sua dor e sofrimento expostos. – Desculpe! – Siena se levantou, temendo que o peso da barriga a impedisse de ficar ereta novamente. Sebastian Black segurou o sapato de bebê com as duas mãos. Sua mente parecia divagar numa imensidão de pensamentos, que Siena sentiu curiosidade em saber. O que se passava na mente daquele homem? – Você já sabe o que vai ser? – Como?
Quase três dias se passaram depois daquela última visita. Sebastian Black ainda via Zozo com frequência, mas Siena Robins jamais voltou a descer enquanto ele estava lá. Dáda tentou consola-lo sobre o comportamento da filha, mas Sebastian entendia bem por que ela agia assim. Na realidade, Sebastian apenas odiava a si mesmo por tudo. Depois de trata-la de uma forma tão terrível nos primeiros meses de casamento, as lembranças dela jamais poderiam ser boas. Por que culpa-la, quando na realidade, somente Sebastian Black tinha culpa por tudo? Já era noite. O lustre brilhava em um esplendor exuberante logo a cima da mesa que Sebastian Black estava sentado. Usando um terno branco tão diferente da escuridão original, ele permaneceu ali, sozinho, com os olhos vermelhos e olheiras profundas. Desde a separação definitiva, aquele homem parecia ter desaprendido a viver, a amar qualquer outra coisa que não estivesse na mansão do Barão. A mão dele levantou, anunciando mais um pedido. – Mais uma d
Siena Robins jogou os pés para fora da cama, forçando a si mesma a levantar outra vez. Mais um dia inchada. Mais um dia carregando aquela barriga que não parecia ter fim. Siena odiava olhar para baixo e não conseguir enxergar as próprias pernas. Odiava não conseguir calçar os chinelos sozinha. Sua mente sempre se perguntava aonde estava a beleza de ter um bebê que as mulheres tanto falavam? Cadê o cabelo exuberante e o se sentir bem e cheia de libido? Siena ainda procurava por tudo isso, embora não pudesse enxergar que estava no auge da sua beleza. A porta se abriu. Zozo se lançou ao chão, ajoelhando aos pés da Siena Robins. – Seu chinelo! – A menina anunciou, posicionando aos pés da mulher grávida. Siena não exibiu um semblante amigável como gostaria. – Zozo, eu já disse que você não tem que fazer isso. Você não é empregada nessa casa! – Mas eu gosto! – A menina sorriu, se levantando tão rápido quanto se ajoelhou. – Eu gosto de cuidar de você, Siena. Você é como uma boneca. Tão
– Sim. – Siena Robins se virou para o homem. Sua postura continuava impecável, como a realeza que existia dentro dela, mas que havia sido herdado de alguém que não tinha qualquer nobreza de espirito. – Mas eu tenho uma condição. O senhor parecia tão animado por se livrar do problema que nem se importava com o que fosse. – Qualquer coisa. O que a senhora pedir, eu prometo que vou fazer! Siena Robins encarou a mãe que ainda segurava nas mãos dela. Ípsilon estava logo atrás delas, observando tudo como um bom protetor. Se ao menos soubessem que estava passando informações para o Sebastian Black. – Eu quero a casa desocupada hoje. – Hoje? – O senhor se espantou. – É que... – Agora, na verdade! – Siena Robins tinha o olhar decidido como nunca havia sido antes. – E então? O velho coçou a cabeça. – Complicado... – Ele respirou fundo, pensando. – Bom, eles não pagam faz um tempo! O casal continuava completamente sem roupas, tentando esconder a nudez. Estavam tão magros naquela al
A mulher se lançou no chão, ajoelhada. Tocou os pés inchados da Siena Robins e se curvou, como faria a realeza que estivesse diante dela. – Por favor, me perdoa! Por favor, não faça isso comigo. Eu sei que errei em muitas coisas, mas eu também estive ao seu lado. Eu cuidei de você! Eu fiquei ao seu lado quando esteve doente. Eu paguei suas dívidas. – Epa! – Sebastian Black protestou, apontando o dedo para cima como se aquela fosse a sua vez de falar. Ele ainda não conseguia se manter parado, e só deixava Siena Robins tonta também. – Ela não pagou nada! Eu paguei. Siena Robins o encarou. – Do que vocês estão falando? – Filha, você ficou muito doente. Você tinha um tipo de câncer, sabe? E eu cuidei de você. Eu tratei das suas cirurgias, eu mantive você perto de mim. Siena Robins começou a se lembrar. O rosto dela franziu. As lembranças nunca eram boas quando ela as resgatava daquele lugar, em momentos como esses. – Eu acho que estou lembrando. Eu me lembro de chegar na casa do..
Siena Robins entrou na casa logo atrás dos homens. Seus olhos percorriam por todos os lugares. Os moveis ainda guardados e empoeirados, os quadros que representavam uma vida que já se foi. Siena Robins parecia encantada, mas também havia um tom mórbido sempre que se aproximava. Por que aquela sensação sempre estava presente? A mulher sorrindo no quadro, tão feliz com sua família, com o homem rico e perfeito e uma criança meiga ao seu lado parecia a mais sortuda das mulheres. Mas Sebastian Black, ah, para ele havia um tom diferente. Serio, rígido, como se durante aquele quadro, sua vida já estivesse prestes a mudar. Era como se o Sebastian pudesse adivinhar o que estava por vir. Um grito explodiu no andar de cima, fazendo com que Siena Robins andasse em direção as escadas em forma de um grande caracol. Tudo parecia tão antiquado, mas ainda era luxuoso. Se fosse um tanto mais escuro, provavelmente seria o cenário de terror. Siena andou cautelosa. Tinha medo de cair de qualquer altura
Sebastian olhava para ela de baixo, os olhos cheios de lágrimas, a boca seca pela espera da resposta. O nervoso estava começando a corroê-lo tanto quanto a dor em seu peito, que o martelava, martelava, e o machucava a cada batida. Por que ela não respondia. Os joelhos estavam começando a doer, mas que se dane a dor. Que se dane qualquer coisa além da resposta que ele precisava ouvir. – Siena? – Sebastian Black a chamou, tirando-a dos pensamentos.Os olhos da Siena Robins estavam tão retos, olhando para a parede. Para o quadro bonito na parede. Para a representação do que Siena Robins ainda não tinha em sua vida. – Eu... – Sua voz parecia falhar. – Eu sinto inveja. Sebastian tinha uma voz tão baixa que quase sussurrou. Era a dor o afetando bem mais do que gostaria. – Do que? – Foi tudo que ele conseguiu dizer com a rouquidão irritante o matando por dentro. – As vezes eu olho para os seus quadros nas paredes. Sua família era perfeita. Eu quero ter isso. Sebastian parecia surpre