Siena Robins tinha os olhos completamente inundados quando desceu as escadas. Olhando para trás a cada segundo, imaginou que tudo fosse diferente de como aconteceu. Se ela ao menos tivesse dito a verdade. Ao menos só uma vez... Ao menos só daquela vez não fosse tão covarde, mas era tarde demais. O coração dela estava dilacerado mais uma vez. Ver os olhos do Sebastian Black olhando para ela como a maior das traidoras era doloroso demais para aguentar. Siena parou os passos em frente a um papel e caneta. Talvez ela não tivesse a chance de se explicar. Talvez ela nunca mais conseguisse dizer a ele o quanto amava. Aquela era a chance. A última. A sua explicação e a prova de dizer a verdade. Cada letra escrita era como agulhas penetrando a carne da Siena. Os olhos dela derramavam lágrimas e mais lágrimas que sangravam a alma. Siena não se sentia bem, mas não era uma novidade, e nem mesmo as emoções ruins daquele momento em que vivia seriam o suficiente para afastar sua doença. Será que e
Assim que Siena deixou o quarto, Sebastian Black despencou. Aquele homem já não parecia frio. Aquele homem era como o ser mais vulnerável que já pisou sobre a terra. Os olhos estavam aflitos, inundados, tensos, preocupados. Começou a andar por todos os cantos do quarto, destruindo tudo ao redor. Talvez Sebastian quisesse destruir tudo como seu coração hvqia sido despedaçado. Talvez aquele orgulho o tenha feito perder uma oportunidade, um amor. A porta se abriu. Os olhos assustados simplesmente invadiram o quarto. Dáda jamais havia se atrevido a algo como aquilo. Mas o choro dela deixava claro que sabia de tudo que havia acontecido. – Eu já ouvi tudo! A policia está lá fora! – Dáda revelou. Sebastian Black parecia desolado. – Vai dar tempo... Vai dar... – Os punhos atingiram um par de vasos, fazendo todo a porcelana despedaçar. Maldita porcelana vermelha que fazia o Sebastian se lembrar da mulher que amava. – DROGA! – Um grito grave se estendeu. – Eu devia ter feito isso antes. Dev
Aquela água tão fria lavava todos os pecados que uma mulher cometeu ao se envolver em uma mentira tão grande. Aquela água maldita que a matava aos poucos . Aquela maldita água que lavava o sangue no meio das pernas. Siena Robins sentia como se flutuasse na vastidão das águas profundas e frias. Tão frias... Ela sentiu tanta solidão ali, sozinha, abandonada. Tanta dor. Morrer era assim? Flutuar no vazio para sempre, enquanto pensava na vida e nos próprios erros... Siena estava condenada a viver daquela maneira tão terrível? Tão ordinária? Ela ainda podia sentir o sol queimando a pele branca e intensa. Suas memorias aos poucos pareciam desaparecer, junto com os olhos abertos que se fechavam, e que fitavam o céu entre lapsos de visão embaçada. Aquela seria a última vez que Siena veria o céu, ou moraria naquele lugar tão lindo? Os olhos dela ainda podiam emitir as lágrimas que escapavam pelas laterais do rosto... Era difícil demais ter que lidar com a dor que sentia. Mas estava começand
Um gesto tão simples parecia mais difícil que tudo para o Sebastian Black. A noite havia caido violentamente, e o rio estava tão perigoso, mas ele ainda insistia em nadar naquelas águas escuras. Procura... Procura... Sebastian Black nunca se cansava. Aquela maldita dor tão intensa no peito o deixou desnorteado. Tanta culpa... Sebastian Black sabia bem que tudo que havia acontecido era culpa dele. Sebastian a afastou para proteger, mas não esteve com ela no momento final. Justo quando achou ser uma pessoa nobre, cometeu seu pior pecado. Um pecado real. Um pecado que realmente merecia a prisão... Os olhos estavam encharcado, mas não se podia ver nada além dos olhos vermelhos. Como enxergar lágrimas em meio a um rosto molhado? As pessoas em cima da ponte ainda estavam ali, paradas, chorando. Tanto arrependimento parecia uma grande hipocrisia. Para que chorar por algo que eles mesmos causaram? Sia Campbell pulou no rio horas depois, nadou até o Sebastian, e o abraçou. Um abraço tão inte
Sebastian Black voltou para a sala. Aquele caixão ainda estava ali, irritante, como um maldito lembrete. Sebastian Black alimentou aquele ódio por tanto tempo, e quando finalmente achou que havia diminuído, ele passou a odia-la mais. Mesmo morta, Pax ainda conseguiu tirar tudo dele. Tudo! Até mesmo a Zozo parecia completamente louca. Aquele riso histérico se misturava a um balanço sinistro enquanto a garota abraçava as próprias pernas. Para frente, para trás, para frente... Movimentos repetitivos que pareciam nunca ter fim. Era um verdadeiro pesadelo. Sebastian Black caiu de joelhos mais uma vez. As mãos dele foram ao rosto, e estranhamente tremiam muito. Pareciam queimadas e em plena dor. Mas a dor do Sebastian era muito mais profunda que as queimaduras na pele. Aquela primeira noite tão inocente da esposa impostora... Sebastian não reprimiu a memória de como a tratou naquele dia. A forma como havia tomado o corpo virgem... Agora tudo fazia sentido. Agora Sebastian Black podia ente
Sebastian Black se arrastou em direção a cama. Dois dias depois e ele ainda parecia miserável. Talvez mais que antes. Ao buscar por seu terno amarrotado, Sebastian apenas o vestiu e partiu mais uma vez. Para o lado de fora, onde estranhamente tudo estava desorganizado. Seu principal funcionário havia desaparecido a alguns dias, assim como sua mãe. O que teria acontecido ao Jacob? Sebastian não tinha tempo para se preocupar com aquilo. Na realidade, não havia tempo para se preocupar com mais nada.Vários seguranças estavam andando em direção ao carro, ao mesmo tempo em que vários homens vasculhavam o rio. Aquela mulher e o seu bebê que havia escorrido pelas pernas deveriam ser encontrados a qualquer custo. Ao custo da vida das pessoas da cidade se fosse preciso. Sebastian não se importava com mais ninguém, exceto a Zozo que parecia ter enlouquecido completamente... Quando estava prestes a entrar no carro, a janela do quarto se espatifou. Os olhos aflitos do Sebastian encontraram o mot
Sebastian Black estava em silêncio outra vez. Aquele maldito silêncio mortal onde somente os corações disparados podiam ser ouvidos no quarto. O barulho do vento que entrava pela janela quebrada soava como um tormento em meio a uma espera pela resposta que nunca chegou. Aquela frase... Sebastian só precisava ouvi-la mais uma vez. – Eu ainda estou esperando explicações. Você sempre disse que seu filho estava morto. O coração da cada sentiu todo o peso da dor quando se lembrou daquela cena, naquele dia em que entrou no quarto. A esposa impostora estava tão machucada, tão ferida... Sebastian Black ainda a odiava tanto naquele dia, e ela se lembrava perfeitamente de que a pobre mulher preferia morrer a continuar na casa. Talvez todos a tivessem encurralado ali, naquela situação. Nunca foi realmente culpa dela. – Eu a vi sem roupas, senhor Black! Sebastian Black não conseguiu compreender. De que aquela informação serviria? – Eu também. Não é um mérito apenas seu. Mas isso não me fez
Siena Robins tinha cada traçado de medo evidente no rosto. As pessoas estavam de costas para ela, cochichando sobre algo que ela não deveria saber. ‘Fique calma, por favor, mantenha a calma’. Siena Robins sempre repetia para si mesma, tentando convencer o próprio medo de que não era real. Mas Siena tinha algo em sua memória que a deixava apavorada. Mesmo sabendo que aquela era sua mãe, algo soava sempre estranho, e Siena não conseguia sentir qualquer afeto por aquela mulher. Os pés gelados o dormentes bateram contra o chão cautelosamente. Siena Robins andou quase na ponta dos dedos, tentando evitar que qualquer barulho pudesse ser ouvido naquele lugar que parecia remoto. Devagar, alcançou a porta. Para onde ir? Siena não tinha idéia, mas sabia que aquele lugar não era onde ela deveria estar. Tocando na barriga quase reta, Siena temeu que algo acontecesse assim que girou a maçaneta. O coração dela estava tão acelerado. Os olhos vidrados de medo. Siena viu o lado de fora. Aquela mata