Aquela água tão fria lavava todos os pecados que uma mulher cometeu ao se envolver em uma mentira tão grande. Aquela água maldita que a matava aos poucos . Aquela maldita água que lavava o sangue no meio das pernas. Siena Robins sentia como se flutuasse na vastidão das águas profundas e frias. Tão frias... Ela sentiu tanta solidão ali, sozinha, abandonada. Tanta dor. Morrer era assim? Flutuar no vazio para sempre, enquanto pensava na vida e nos próprios erros... Siena estava condenada a viver daquela maneira tão terrível? Tão ordinária? Ela ainda podia sentir o sol queimando a pele branca e intensa. Suas memorias aos poucos pareciam desaparecer, junto com os olhos abertos que se fechavam, e que fitavam o céu entre lapsos de visão embaçada. Aquela seria a última vez que Siena veria o céu, ou moraria naquele lugar tão lindo? Os olhos dela ainda podiam emitir as lágrimas que escapavam pelas laterais do rosto... Era difícil demais ter que lidar com a dor que sentia. Mas estava começand
Um gesto tão simples parecia mais difícil que tudo para o Sebastian Black. A noite havia caido violentamente, e o rio estava tão perigoso, mas ele ainda insistia em nadar naquelas águas escuras. Procura... Procura... Sebastian Black nunca se cansava. Aquela maldita dor tão intensa no peito o deixou desnorteado. Tanta culpa... Sebastian Black sabia bem que tudo que havia acontecido era culpa dele. Sebastian a afastou para proteger, mas não esteve com ela no momento final. Justo quando achou ser uma pessoa nobre, cometeu seu pior pecado. Um pecado real. Um pecado que realmente merecia a prisão... Os olhos estavam encharcado, mas não se podia ver nada além dos olhos vermelhos. Como enxergar lágrimas em meio a um rosto molhado? As pessoas em cima da ponte ainda estavam ali, paradas, chorando. Tanto arrependimento parecia uma grande hipocrisia. Para que chorar por algo que eles mesmos causaram? Sia Campbell pulou no rio horas depois, nadou até o Sebastian, e o abraçou. Um abraço tão inte
Sebastian Black voltou para a sala. Aquele caixão ainda estava ali, irritante, como um maldito lembrete. Sebastian Black alimentou aquele ódio por tanto tempo, e quando finalmente achou que havia diminuído, ele passou a odia-la mais. Mesmo morta, Pax ainda conseguiu tirar tudo dele. Tudo! Até mesmo a Zozo parecia completamente louca. Aquele riso histérico se misturava a um balanço sinistro enquanto a garota abraçava as próprias pernas. Para frente, para trás, para frente... Movimentos repetitivos que pareciam nunca ter fim. Era um verdadeiro pesadelo. Sebastian Black caiu de joelhos mais uma vez. As mãos dele foram ao rosto, e estranhamente tremiam muito. Pareciam queimadas e em plena dor. Mas a dor do Sebastian era muito mais profunda que as queimaduras na pele. Aquela primeira noite tão inocente da esposa impostora... Sebastian não reprimiu a memória de como a tratou naquele dia. A forma como havia tomado o corpo virgem... Agora tudo fazia sentido. Agora Sebastian Black podia ente
Sebastian Black se arrastou em direção a cama. Dois dias depois e ele ainda parecia miserável. Talvez mais que antes. Ao buscar por seu terno amarrotado, Sebastian apenas o vestiu e partiu mais uma vez. Para o lado de fora, onde estranhamente tudo estava desorganizado. Seu principal funcionário havia desaparecido a alguns dias, assim como sua mãe. O que teria acontecido ao Jacob? Sebastian não tinha tempo para se preocupar com aquilo. Na realidade, não havia tempo para se preocupar com mais nada.Vários seguranças estavam andando em direção ao carro, ao mesmo tempo em que vários homens vasculhavam o rio. Aquela mulher e o seu bebê que havia escorrido pelas pernas deveriam ser encontrados a qualquer custo. Ao custo da vida das pessoas da cidade se fosse preciso. Sebastian não se importava com mais ninguém, exceto a Zozo que parecia ter enlouquecido completamente... Quando estava prestes a entrar no carro, a janela do quarto se espatifou. Os olhos aflitos do Sebastian encontraram o mot
Sebastian Black estava em silêncio outra vez. Aquele maldito silêncio mortal onde somente os corações disparados podiam ser ouvidos no quarto. O barulho do vento que entrava pela janela quebrada soava como um tormento em meio a uma espera pela resposta que nunca chegou. Aquela frase... Sebastian só precisava ouvi-la mais uma vez. – Eu ainda estou esperando explicações. Você sempre disse que seu filho estava morto. O coração da cada sentiu todo o peso da dor quando se lembrou daquela cena, naquele dia em que entrou no quarto. A esposa impostora estava tão machucada, tão ferida... Sebastian Black ainda a odiava tanto naquele dia, e ela se lembrava perfeitamente de que a pobre mulher preferia morrer a continuar na casa. Talvez todos a tivessem encurralado ali, naquela situação. Nunca foi realmente culpa dela. – Eu a vi sem roupas, senhor Black! Sebastian Black não conseguiu compreender. De que aquela informação serviria? – Eu também. Não é um mérito apenas seu. Mas isso não me fez
Siena Robins tinha cada traçado de medo evidente no rosto. As pessoas estavam de costas para ela, cochichando sobre algo que ela não deveria saber. ‘Fique calma, por favor, mantenha a calma’. Siena Robins sempre repetia para si mesma, tentando convencer o próprio medo de que não era real. Mas Siena tinha algo em sua memória que a deixava apavorada. Mesmo sabendo que aquela era sua mãe, algo soava sempre estranho, e Siena não conseguia sentir qualquer afeto por aquela mulher. Os pés gelados o dormentes bateram contra o chão cautelosamente. Siena Robins andou quase na ponta dos dedos, tentando evitar que qualquer barulho pudesse ser ouvido naquele lugar que parecia remoto. Devagar, alcançou a porta. Para onde ir? Siena não tinha idéia, mas sabia que aquele lugar não era onde ela deveria estar. Tocando na barriga quase reta, Siena temeu que algo acontecesse assim que girou a maçaneta. O coração dela estava tão acelerado. Os olhos vidrados de medo. Siena viu o lado de fora. Aquela mata
Minutos antes, Sebastian Black tinha um semblante de desespero. Paralisado, olhando para a sua filha tão frágil, tão pequena, mas sempre agressiva. Sebastian sabia que havia uma chance real de que aquela não fosse mais uma história que a pobre Zozo costumava fantasiar dentro de sua cabeça desequilibrada. Todos os olhares estavam direcionados para a garota que ainda mantinha um sorriso de orgulho no rosto. – A Zozo ganhou? Zozo acha que ganhou! Sebastian Black saiu do desespero e bagunça que seus pensamentos se formaram. Lá estava ele, ajoelhado em frente a criança. Suas mãos apoiadas nos braços da garota. Olhando no fundo dos olhos da filha, Sebastian Black praticamente implorava para que ela negasse aquilo. Sua mente tentava a todo custo se convencer d que ela devia ter sonhado. Seria um grande pesadelo que fosse real. Seria simplesmente terrível perder as únicas coisas que Sebastian Black se importava na vida, e ele sabia que ficaria louco. – Zozo, isso não é uma brincadeira.
Sebastian chegou como uma bomba na direção do motorista. Arrancando o homem de dentro do carro, Sebastian parecia querer mata-lo ali mesmo. - O que ela disse para você? – Sebastian Black cuspiu as palavras. Mesmo mantendo o homem em suas terras, Sebastian sabia que teria um propósito no final. Um empresário não agia sem pensar. – O que? Quem? – Os olhos do homem estavam arregalados de medo.Sebastian Black não esperou. O primeiro soco atingiu o homem com tanta fúria que partiu o lábio. O nariz estava sangrando depois do segundo golpe, e no terceiro tudo se quebrou no rosto daquele homem. Sebastian Black parecia o monstro que sempre pensaram que ele fosse, e a fama se espalharia rapidamente depois daquilo. A estatura tão grande o fazia parecer assustador demais para qualquer pessoa naquela região, e qualquer golpe que aquele homem desse em alguém já seria o bastante para tornar-se brutal e até mesmo mortal.– O que a Sia disse a você naquele dia? – Senhor? – O homem cobria o ros