Siena Robins sentiu como se o coração estivesse sendo arrancado. A maneira como Sebastian Black olhava para era ela dura, questionadora e cruel. Cruel demais. Ele nunca disse que a amava, mas Siena Robins podia jurar que havia algum sentimento naquele homem. Um sentimento que ele parecia não se importar naquele momento. – Vamos lá! – Sebastian Black a questionou mais uma vez. – Se tem algo a dizer, esse é o momento certo. Não amanhã, nem daqui a um mês... agora! Siena Robins se esforçou para sentar na cama, de frente para ele. Os olhos dela estavam sempre olhando para cima. Para ele, como se o Sebastian Black fosse o sol que iluminava seu mundo. Mas o sol que o destruía também. – Eu não sei o que você quer saber de mim! Acho que já tem suas conclusões. Adianta explicar algo agora? Sebastian Black andou alguns passos até que estivesse tão próximo dela que sua calça encostou no queixo. Aquele lugar tão sugestivo e próximo a ela o fazia pensar em coisas inapropriadas para uma conve
Sebastian Black estava naquela cama quente e bagunçada. Apenas metade do corpo estava coberto pelos lençóis. Pax ainda dormia de bruços, cansada, e o cabelo espalhado pelo rosto em tons tão selvagens quando ele a olhou pela última vez. O sol brilhava intenso do lado de fora. Desde que ela entrou na vida dele, Sebastian Black sentiu como era dormir como um bebê novamente, mas naquele momento, os olhos estavam abertos. Irritantemente abertos a noite toda. Mesmo quando a beijou, mesmo quando fez amor com a Pax, os olhos se mantiveram abertos. Sebastian Black não confiava na Pax? Talvez não na Pax de antes, mas agora ele havia percebido que se entregou completamente. Sebastian entregou o corpo, a alma, o sono, a vida. Sebastian entregou tudo a ela. Merda... Como ele se odiava por isso. Como ele odiava não conseguir perdoar a Pax do passado. Como Sebastian odiava não conseguir esquecer das torturas, da morte de sua esposa, dos olhares de decepção das pessoas. Como Sebastian não conseguia s
Sebastian Black sentia como se a alma estivesse fora do corpo naquele momento. Algo de muito ruim estava prestes a acontecer, Sebastian podia sentir. Sebastian sabia. Aquele tipo de intuição que acontecia sempre que sua vida voltaria ao inferno, ao mesmo buraco que ele tanto lutou para sair... Merda... Os olhos dele não conseguiam olhar direito enquanto o corpo era cuidadosamente arrancado daquele buraco. O buraco... Um arrepio percorreu a espinha do Sebastian Black. Aquele lugar que a Zozo tanto amava... O lugar que a Zozo sempre visitava agora estava maculado para sempre. Sua garotinha havia encontrado algum conforto naquele lugar, mas agora... Ah, agora ela jamais voltaria ao terreno novamente. – Eu acho que vocês estão enganados. Jacobs estava com os olhos arregalados. Incrédulo. Apesar do estado avançado, naquela região fria ainda havia uma conversação que permitia identificar os mortos. A pulseira... A joia... Aquele colocar que ela nunca tirava no peito de forma alguma, desde
Passos rápidos subiam a escada, fazendo com que o coração da Siena Robins se enchesse de ansiedade. Sebastian Black estava prestes a entrar no quarto, ou seria qualquer outra pessoa? Aonde estava a Dáda que ela não via desde que a Zozo saiu do quarto? Siena Robins estava tão fraca naquele momento... Havia uma sensação tão estranha. Sempre estranha e incomum, como não acontecia a bastante tempo. A porta se abriu bruscamente, batendo contra a parede. Siena vislumbrou um rosto aflito olhando para ela. Olhos arregalados como se não pudesse acreditar nos próprios olhos, a boca formando uma fina linha dura e séria. Siena sorriu, embora soubesse que não significava algo bom. Aquele homem parado na porta daquela maneira era como o prelúdio de um pesadelo prestes a acontecer. Era como Siena Robins sonhava em seus piores pesadelos... Sim, ela havia sonhado muitas vezes com o dia em que seria descoberta por aquele homem. Maldição! Esse dia finalmente havia chegado? Sebastian Black estava trist
Siena Robins tinha os olhos completamente inundados quando desceu as escadas. Olhando para trás a cada segundo, imaginou que tudo fosse diferente de como aconteceu. Se ela ao menos tivesse dito a verdade. Ao menos só uma vez... Ao menos só daquela vez não fosse tão covarde, mas era tarde demais. O coração dela estava dilacerado mais uma vez. Ver os olhos do Sebastian Black olhando para ela como a maior das traidoras era doloroso demais para aguentar. Siena parou os passos em frente a um papel e caneta. Talvez ela não tivesse a chance de se explicar. Talvez ela nunca mais conseguisse dizer a ele o quanto amava. Aquela era a chance. A última. A sua explicação e a prova de dizer a verdade. Cada letra escrita era como agulhas penetrando a carne da Siena. Os olhos dela derramavam lágrimas e mais lágrimas que sangravam a alma. Siena não se sentia bem, mas não era uma novidade, e nem mesmo as emoções ruins daquele momento em que vivia seriam o suficiente para afastar sua doença. Será que e
Assim que Siena deixou o quarto, Sebastian Black despencou. Aquele homem já não parecia frio. Aquele homem era como o ser mais vulnerável que já pisou sobre a terra. Os olhos estavam aflitos, inundados, tensos, preocupados. Começou a andar por todos os cantos do quarto, destruindo tudo ao redor. Talvez Sebastian quisesse destruir tudo como seu coração hvqia sido despedaçado. Talvez aquele orgulho o tenha feito perder uma oportunidade, um amor. A porta se abriu. Os olhos assustados simplesmente invadiram o quarto. Dáda jamais havia se atrevido a algo como aquilo. Mas o choro dela deixava claro que sabia de tudo que havia acontecido. – Eu já ouvi tudo! A policia está lá fora! – Dáda revelou. Sebastian Black parecia desolado. – Vai dar tempo... Vai dar... – Os punhos atingiram um par de vasos, fazendo todo a porcelana despedaçar. Maldita porcelana vermelha que fazia o Sebastian se lembrar da mulher que amava. – DROGA! – Um grito grave se estendeu. – Eu devia ter feito isso antes. Dev
Aquela água tão fria lavava todos os pecados que uma mulher cometeu ao se envolver em uma mentira tão grande. Aquela água maldita que a matava aos poucos . Aquela maldita água que lavava o sangue no meio das pernas. Siena Robins sentia como se flutuasse na vastidão das águas profundas e frias. Tão frias... Ela sentiu tanta solidão ali, sozinha, abandonada. Tanta dor. Morrer era assim? Flutuar no vazio para sempre, enquanto pensava na vida e nos próprios erros... Siena estava condenada a viver daquela maneira tão terrível? Tão ordinária? Ela ainda podia sentir o sol queimando a pele branca e intensa. Suas memorias aos poucos pareciam desaparecer, junto com os olhos abertos que se fechavam, e que fitavam o céu entre lapsos de visão embaçada. Aquela seria a última vez que Siena veria o céu, ou moraria naquele lugar tão lindo? Os olhos dela ainda podiam emitir as lágrimas que escapavam pelas laterais do rosto... Era difícil demais ter que lidar com a dor que sentia. Mas estava começand
Um gesto tão simples parecia mais difícil que tudo para o Sebastian Black. A noite havia caido violentamente, e o rio estava tão perigoso, mas ele ainda insistia em nadar naquelas águas escuras. Procura... Procura... Sebastian Black nunca se cansava. Aquela maldita dor tão intensa no peito o deixou desnorteado. Tanta culpa... Sebastian Black sabia bem que tudo que havia acontecido era culpa dele. Sebastian a afastou para proteger, mas não esteve com ela no momento final. Justo quando achou ser uma pessoa nobre, cometeu seu pior pecado. Um pecado real. Um pecado que realmente merecia a prisão... Os olhos estavam encharcado, mas não se podia ver nada além dos olhos vermelhos. Como enxergar lágrimas em meio a um rosto molhado? As pessoas em cima da ponte ainda estavam ali, paradas, chorando. Tanto arrependimento parecia uma grande hipocrisia. Para que chorar por algo que eles mesmos causaram? Sia Campbell pulou no rio horas depois, nadou até o Sebastian, e o abraçou. Um abraço tão inte