Depois do trabalho, Hebe chegou ao hospital onde Roberto estava internado. Como enfermeira, ela sabia como extrair informações, utilizando uma técnica de conversa perfeita para descobrir o quarto de Roberto. A porta estava entreaberta, e Hebe esticou o pescoço para espiar discretamente pela fresta.Ela viu uma mulher ajoelhada ao lado da cama de um homem, chorando:— Roberto, meu coração dói tanto. Você está sentindo dor?— Estou bem, Ângela, não chore. — Roberto levantou a mão para enxugar suas lágrimas. — Eu pedi para você não vir, mas você insistiu. Sua saúde já está debilitada.— Não importa, eu quero estar ao seu lado. Você está machucado e sozinho, o que é muito triste. Não quero que você fique só, sei que você não quer preocupar sua família, então não contou a eles. Se eu não ficar, quem ficará?Ângela realmente sabia o que dizer, aquelas eram as palavras certas para tocar o coração de alguém.— Ontem você passou o dia inteiro comigo, e à noite, quando voltava de carro, certam
Hebe entrou furiosa no quarto do hospital de Jaqueline.— Hebe, como ele está? — Jaqueline aguardava ansiosamente.— Você ainda se preocupa com aquele idiota? Você não sabe que ele está muito feliz agora?— O que você quer dizer? — Jaqueline franziu a testa, evidenciando confusão em seus olhos. — Ele não estava machucado? É grave?— Veja você mesma. — Hebe entregou o vídeo que havia gravado a ela.Jaqueline pegou o celular e assistiu ao vídeo do começo ao fim.Seus dedos pareceram perder toda a força, e o celular deslizou de suas mãos, caindo sobre o cobertor."Com Ângela ao seu lado, como ele poderia estar mal? Basta Ângela chorar que ele amolece. Ele sempre é gentil com essa mulher."Mas Roberto sempre criticava sua esposa primeiro, depois a confortava, alternando entre momentos bons e ruins, ora frio, ora quente, o que a deixava confusa sobre quais eram, na verdade, os sentimentos dele por ela.Até mesmo um irmão não teria uma relação tão instável com sua irmã.Hebe pegou o celular
Jaqueline viu Roberto e, subitamente, se sentiu desconfortável.Porém, ao observá-lo melhor, se tranquilizou.Decidida a evitar mais sofrimentos, falou de forma distante:— O que você está fazendo aqui?Roberto, ao perceber a frieza de Jaqueline, franziu o cenho:— Você não estava recebendo alta do hospital? Eu vim te visitar.— Obrigada. — Ela respondeu, mantendo a cortesia.O olhar irritado de Roberto se fixou em George, que surgia constantemente ao redor.— O Sr. George parece realmente gostar de fazer amizade com mulheres casadas.— Presidente Roberto, se não estou enganado, Jaqueline mencionou que vocês já formalizaram o divórcio.Ao ouvir o nome "Jaqueline", um lampejo de raiva cruzou os olhos de Roberto.— Como você a chama?— Foi ela quem concordou que eu a chamasse assim.Jaqueline deu um passo à frente, puxando George para trás dela. — Somos amigos, e eu não serei mais a Sra. Santana, não é normal ele me chamar pelo meu nome?Isso deixou claro que Roberto não tinha motivos p
Ela não precisava mais se preocupar com Roberto e podia dizer o que quisesse na frente dele, pois não se sentia mais culpada. A expressão de Roberto era sombria.— Bem, vou indo então. — George foi cortês do início ao fim, uma verdadeira gentileza comparada à natureza instável de Roberto.— Desculpe mesmo por ter feito você ter vir me ver. — Jaqueline parecia constrangida.— Eu estava a caminho da empresa e aproveitei para te visitar. Não se sinta pressionada, preciso ir agora. Até mais.Após se despedir de George, a expressão cortês de Jaqueline endurece ao enfrentar Roberto novamente. O pager de Hebe tocou. Ela precisava ir, mas estava um pouco preocupada com Jaqueline, então disse a Roberto:— O estômago ruim da Jaque é por causa do estresse que ela sofre. Não a maltrate mais.Roberto, raramente manso, apenas concordou, o que era um pouco surpreendente.— Hebe, vá logo. — Jaqueline ouviu o som do pager.Hebe acenou com a cabeça e deixou o quarto do hospital.— Vamos para casa. — R
Jaqueline chegou ao restaurante, e Nádia ainda não tinha chegado. Poucos minutos antes, Nádia enviou uma mensagem informando que se atrasaria um pouco e pediu para Jaqueline esperar sentada. Ao ser guiada pelo garçom até o local onde deveria encontrar Nádia, Jaqueline viu uma mulher sentada ali. Seu rosto imediatamente se fechou.— Ângela, o que você está fazendo aqui?Ângela, visivelmente confusa ao ver Jaqueline, ergueu a cabeça com orgulho e respondeu:— Não posso almoçar com minha futura sogra?— Futura sogra? Você está falando da mãe de Roberto?— Quem mais seria? — Retrucou Ângela com um ar de superioridade. — Nádia me ligou ontem à noite, disse que queria ter uma refeição comigo hoje. Ela foi muito simpática, parece realmente apoiar o relacionamento do filho. Afinal, ela se importa muito com ele, visto que passou por uma gravidez de nove meses.Jaqueline respondeu friamente:— Quer dizer que a avó e o pai dele não se importam com ele? É isso que você está insinuando?— Eu não
Ângela franziu a testa, e um vislumbre de nervosismo passou por seus olhos. Após encontrar o número de Roberto, Jaqueline hesitou com o dedo sobre a tela e continuou:— Se eu não estiver enganada, ele deve ter pedido para você não contar a ninguém sobre o acidente, inclusive a mim.Então, ela ligou diretamente para Roberto. Ângela ficou pálida de surpresa e rapidamente agarrou o celular, o desligando antes que a chamada fosse completada, fazendo com que a tela voltasse para a tela inicial.— Por que a pressa, Srta. Ângela? — Jaqueline recuperou o celular. — Você não estava confiante?— Roberto deve estar ocupado agora. Não devemos incomodar ele com isso, para não lhe causar mais preocupações. — Ângela arranjou uma desculpa, mas sua voz claramente demonstrava seu nervosismo.Jaqueline estava certa, Roberto não queria que Ângela contasse a ninguém, afinal ele também havia pedido à sua mãe para manter segredo.— Srta. Ângela, parece que quem está realmente causando problemas é você. Qua
Ângela pegou o guardanapo limpo sobre a mesa e enxugou o rosto. Pensar que Roberto a amava e estava prestes a se divorciar de Jaqueline, já a fazia se sentir vitoriosa. Jaqueline, por sua vez, era vista apenas como alguém prestes a ser abandonada.Jaqueline preferia não conversar muito com Ângela, muito menos discutir naquele local e perder sua dignidade, especialmente quando algumas pessoas começaram a lançar olhares em sua direção. Ela pegou sua bolsa, pronta para se levantar e ir embora, quando, de repente, uma mão pousou em seu ombro.— Eu cheguei.Nádia surgiu diante delas e pressionou Jaqueline de volta ao assento:— Desculpe pela demora, acabei fazendo com que vocês ficassem a sós, deve ter sido um pouco constrangedor, não é?Ao ver as lágrimas no rosto de Ângela, Nádia mostrou preocupação:— Srta. Ângela, você está bem?— Estou bem, tia, obrigada pela preocupação. Eu e Jaqueline tivemos um pequeno mal-entendido, não precisa se preocupar.Ângela, que até um momento atrás parec
— Tia, não tem problema, ela provavelmente está brava comigo, afinal de contas, a minha relação com o Roberto... — Ângela fez uma pausa, com uma expressão envergonhada. — Mas, por favor, acredite em mim, tia, eu não tive a intenção de destruir nada entre eles, eu conheci o Roberto bem antes de eles se casarem, nós já éramos um casal.Lágrimas brotavam em seus olhos enquanto tentava se passar por uma vítima frágil, fazendo com que Jaqueline parecesse indiferente em comparação.— Não chore, eu já sei de tudo. — Nádia rapidamente pegou um lenço de papel para secar as lágrimas de Ângela. — Um rosto tão bonito não deveria ficar vermelho de chorar, Roberto ficaria triste ao ver.— Está bem, tia, não vou chorar, estou muito feliz por poder jantar com você hoje. — Ângela imediatamente cessou as lágrimas, se mostrando uma moça dócil, definitivamente o tipo que era adorada pelos mais velhos.Jaqueline ficou sem palavras. "Então o almoço foi organizado por Nádia para apresentar essa futura nora,