Durante o trajeto, Nádia percebeu que o humor de Jaqueline estava um tanto anormal:— O que há com você? Parece que o céu está prestes a desabar.— Não é isso. — Jaqueline sorriu levemente. — Estou apenas um pouco nervosa.Nádia certamente não se importava com os assuntos de George, achava que não valia a pena mencionar, e ainda poderia acabar sendo repreendida.— Não há nada para ficar nervosa, a menos que a aparência miserável de Roberto, bêbado ontem à noite, tenha sido porque você disse algo para ele.Jaqueline sentiu um arrepio e se virou para perguntar:— Você está dizendo que ele estava bêbado ontem à noite?Nádia assentiu:— Sim. Ele foi até minha casa no meio da noite, não sei quanto álcool ele bebeu, mas estava completamente bêbado, mal conseguia andar, falava coisas sem sentido. Ele dizia que você o odiava, que não o queria mais, falava seu nome o tempo todo, queria ligar para você, mas estava tão bêbado que nem conseguia segurar o telefone. Quando se lembrou que você tinha
— Não fale mais isso, ele não me ama! — Jaqueline estava visivelmente agitada. — Se ele me amasse, não teria se divorciado de mim por causa da Ângela, não teria escolhido acreditar nela repetidamente e me machucar. Portanto, ele definitivamente não me ama!— Porque o Roberto é um tolo! — Declarou Nádia. — Ele careceu de amor na infância, por isso não sabe o que é amor, está confuso! Hoje, marquei de encontrar com ele justamente para que vocês dois pudessem se ver e conversar para esclarecer de uma vez por todas quem ele ama.— Você marcou este encontro por minha causa e do Roberto? — Recuou Jaqueline, dando alguns passos para trás. — Não posso encontrá-lo, já disse que cada um deve seguir seu caminho, eu não posso...— Pare aí! — Nádia segurou seu braço. — Jaqueline, por que você está tão assustada? O que um encontro poderia fazer?— Ele não me ama, um encontro seria apenas uma humilhação! Ele se divorciou de mim por causa da Ângela, não importa a situação, eu não posso reconquistá-lo.
Jaqueline voltou mais uma vez à casa, decorada exatamente ao seu gosto, onde ela e Roberto haviam morado juntos. Eles haviam vivido ali, felizes, por um ano. A casa permanecia a mesma, inalterada. Mas as pessoas já não estavam mais lá. Ao entrar no hall, Nádia viu Fábio sentado no sofá:— O que você está fazendo aqui?Sempre que via Nádia, Fábio sentia uma emoção interna, ele se levantou e ajustou o terno, se mantendo ereto. Mesmo na meia-idade, ele não deixava de cuidar de sua imagem. Não seria exagero dizer que, se Fábio decidisse atuar em uma novela como um presidente maduro, apenas por estar lá, ele provocaria um frenesi.— Nádia, como vocês vieram parar aqui? — Perguntou Fábio.Nádia franziu a testa levemente, sentindo um mau presságio. Naquele momento, Roberto apareceu:— Fui eu quem as avisou.Ele se apresentou diante de todos, com uma camisa branca e calça preta, um estilo simples e clássico que nunca sai de moda. Embora parecesse um pouco abatido, sua aparência ainda era el
— É tudo o que ela gosta, não tem nada que eu goste? — Nádia parecia um pouco invejosa.Roberto olhou para cima e disse:— Não sei do que você gosta, você nunca me disse, raramente comemos juntos.Ele olhava para sua mãe, sem muita expressão no rosto.O rosto de Nádia endureceu ligeiramente.Roberto, como se nada tivesse acontecido, continuou a servir Jaqueline.Jaqueline virou a cabeça, olhando o perfil sério de Roberto, sentindo uma onda de tristeza."Será que ele é bipolar? Me machuca de um lado e é gentil comigo de outro."— Desculpe, vou ao banheiro. — Jaqueline largou os talheres e se levantou.— Roberto, por que você está tão próximo da sua ex-mulher?Nádia perguntou, parecendo insinuar algo.— Ela também me ajudou, qual o problema de eu passar um prato para ela? É uma questão de reciprocidade. — Ele se justificou.— Ela te ajudou? — Nádia perguntou. — Você está falando daquela noite em que ela ficou acordada na minha casa pesquisando informações sobre o Grupo Nuvem Branca?Vend
Na sua memória, ela parecia nunca ter afirmado que não o amava, nem tampouco declarado seu amor. Portanto, isso permanecia um enigma para ele. Ele não sabia de nada, eram apenas suas próprias suposições, pensando que Jaqueline não o amava e que isso o deixava profundamente infeliz. Um amargor emergia no coração de Jaqueline, ela ergueu a cabeça com dificuldade, o observando em silêncio com um sorriso irônico nos lábios:— Você não acha isso engraçado? Perguntar isso agora, o que você realmente quer?— Eu quero saber seus sentimentos por mim, desejo uma verdade. — Roberto colocou as mãos em ambos os lados de sua cabeça, envolvendo ela com seus braços e se aproximando dela. Ele era muito mais alto, e ao falar com ela, inclinou a cabeça, ficando muito próximo. — Então, me diga agora, quais são seus verdadeiros sentimentos por mim? Quero ouvir a verdade.Não era apenas Roberto que não compreendia Jaqueline, ela também não o compreendia.Ambos não entendiam um ao outro, mas parecia que ha
Roberto, com as mãos cada vez mais tensas, começou a afrouxar o aperto nos ombros dela.— Você realmente deseja que eu corte relações com ela?— Não é uma questão do que eu quero ou não, apenas estabeleci uma condição, cabe a você cumpri-la ou não.Ela sabia que Roberto jamais conseguiria, e era exatamente por isso que ela impôs tal condição, para silenciá-lo. Jamais poderia revelar a Roberto seus verdadeiros pensamentos, nem os segredos que ocultava dele."E agora, que vantagem teria eu em falar? Ele se viraria, procuraria Ângela, e eu acabaria sendo a pessoa patética que nem ao menos guarda um último segredo."Roberto baixou os olhos, fitando profundamente a mulher, que estava tão próxima. Seus lábios se aproximaram da bochecha dela, a temperatura quente tocou suavemente sua pele enquanto ele falava roucamente:— Se eu cortar relações com ela, você voltaria para mim?Jaqueline apertou as bordas de sua roupa com as mãos.Ela estava nervosa, tentando escapar da respiração quente do hom
Jaqueline olhava para ele em silêncio. "O que mais esse homem quer que eu diga? Será que ele espera que eu perca o controle e comece a gritar com ele como uma louca? Uma mulher que ele não ama, enlouquecendo por ele, isso poderia lhe dar algum tipo de satisfação masculina?" Roberto retirou as mãos que apoiava na parede, deu alguns passos para trás, aumentando a distância entre eles, seus olhos transbordavam melancolia. Ele falou em tom baixo: — Aquelas coisas que você não quer me contar, que fiquem para sempre dentro de você. Você está certa, mesmo que me contasse, o resultado não mudaria. Jaqueline apertou os punhos, sentindo a raiva subir. "Pareço um brinquedo nas mãos dele, ele faz o que quer comigo, me joga ao ar e depois me deixa cair no inferno, é assim que ele gosta de brincar com meus sentimentos, mas ainda assim finge inocência. Esse é o Roberto, o homem que amei por tantos anos." Com um estalo, Jaqueline lhe deu um tapa. Ela bateu com toda a força que tinha. O rosto
Ao perceber que Roberto observava silenciosamente Jaqueline, Nádia se impacientou e, com um olhar penetrante, exigiu em voz alta:— Fale logo o que você tem para dizer!Nádia o achava insuportável.Ao lado, Fábio tremia interiormente, seus olhos surpresos se voltaram para Nádia, e, de repente, uma onda de admiração surgiu, como se um fã estivesse observando seu ídolo."Ela é tão legal e dominadora, eu realmente gosto dela. Sinto uma grande vontade de ser controlado por ela."Ninguém sabia que Fábio, sempre impecável em seu terno e com uma expressão autoritária, abrigava pensamentos tão vulgares.Afinal, o ser humano também é um animal e, embora a sociedade humana seja regulada por normas morais, os desejos animais primitivos no fundo da alma precisam ser liberados de vez em quando. Como o desejo de usar um chicote pequeno em alguém, ou de ser chicoteado por ele.De repente, Jaqueline percebeu que Nádia e Roberto pareciam não precisar de um esforço especial para cultivar seu relacioname