Donatella RomanovaA noite estava escura e fria, mas minha determinação ardia como fogo. Cada passo era calculado enquanto eu me esgueirava pelos jardins da mansão. A necessidade de respostas me consumia. Eu precisava encontrar Victoria. Precisava avisar que tudo estava saindo conforme o planejado.O muro estava próximo. Um impulso e estaria do outro lado. No entanto, antes que pudesse me mover, senti uma mão firme agarrar meu braço, apertando-o com força. Tentei me soltar, mas era inútil.— Planejando uma aventura noturna, senhora Ostrov? — Dmitry perguntou, a voz baixa, carregada de sarcasmo.— Me solte, Dmitry. — Exigi, lutando contra o aperto.Ele apenas riu, arrastando-me de volta para a propriedade.— Vamos ver o que Roman acha da sua tentativa de fuga.Meu coração afundou. A vergonha de ser arrastada como uma criança desobediente era quase insuportável. Sabia que Roman não toleraria isso.Dmitry me levou direto para o galpão no fim da propriedade. O espaço era frio e sombrio, i
Roman Ostrov A floresta russa era um lugar severo, o tipo de cenário que não oferecia conforto nem redenção. A neve sob nossos pés rangia a cada passo, e o silêncio era pontuado apenas pelo som distante do vento cortando os galhos das árvores. Eu havia trazido Donatella até ali para provar a ela que o mundo ao qual havia decidido pertencer não perdoava fraquezas.Ela estava no centro do círculo improvisado, marcado no gelo com galhos e pedras. Sua postura era rígida, e as marcas de nossas lições anteriores ainda estavam visíveis em seus braços. Vestida em preto, com luvas que mal protegiam do frio e botas gastas, ela olhava diretamente para mim. Não havia medo em seus olhos, apenas um brilho de raiva mal contida.Ivanov, um dos meus homens, estava parado do outro lado, ajustando as luvas enquanto a observava. Ele era um homem de quase dois metros, musculoso, com a expressão de quem não recuava diante de nada.— Donatella, hoje você vai lutar. — Declarei, cruzando os braços e analisan
Donatella Romanova O frio era implacável, cortando minha pele como pequenas lâminas enquanto eu me forçava a caminhar mais fundo na floresta. Roman havia me deixado aqui ao amanhecer, sem aviso e sem explicações detalhadas. Apenas uma ordem: sobreviver por 24 horas. Ele estava perto, observando, mas não interferiria, a menos que minha vida estivesse verdadeiramente em risco. — Você precisa aprender a ser uma arma, Donatella, e uma arma que não sabe se adaptar é inútil. — Foram as últimas palavras dele antes de desaparecer entre as árvores. A mochila que ele me entregara continha apenas itens básicos: um canivete, um fósforo solitário, uma garrafa de água pela metade e um pedaço pequeno de pão velho. Não havia lugar para conforto ou misericórdia aqui. Eu sabia que ele estava testando não apenas minha resistência física, mas também minha força mental. Era um jogo de controle, como tudo o que Roman fazia. Ele queria me moldar para o mundo brutal que habitava, mas eu não estava di
Donatella RomanovaO clube da Bratva era um universo à parte, um mundo onde poder e decadência se encontravam em um equilíbrio perfeito. O prédio imponente, de fachada escura, erguia-se como uma fortaleza no coração da cidade. Ao entrar, fui imediatamente envolvida por um calor abafado, o cheiro de perfume caro e fumaça de charuto misturando-se ao som pesado da música eletrônica que fazia as paredes vibrarem.As luzes eram difusas, em tons de vermelho e dourado, lançando sombras sensuais nas paredes de veludo preto. Lustres de cristal pendiam do teto, iluminando discretamente o ambiente. Homens de terno e gravata estavam espalhados em grupos, conversando em tons baixos, enquanto mulheres deslumbrantes, vestindo vestidos justos e sapatos de salto vertiginoso, circulavam com a confiança de quem sabia que era o centro das atenções.Eu usava um vestido preto simples, de tecido grosso para combater o frio lá fora, mas justo o suficiente para destacar minhas curvas. Minhas botas de couro at
Donatella RomanovaO bilhete estava dobrado com cuidado na gaveta do meu criado-mudo, como se esperasse o momento certo para ser encontrado. "Estou orgulhosa de você." Reconheci a caligrafia de minha mãe imediatamente, cada letra como uma faca cortando as camadas da minha frieza cuidadosamente construída. Ela nunca foi de expressar emoções facilmente, e encontrar aquelas palavras em um pedaço de papel amarelado fez algo em mim desmoronar e, ao mesmo tempo, se fortalecer.Eu li e reli o bilhete até que as palavras perdessem o sentido, mas a mensagem permanecesse. Minha mãe estava orgulhosa de mim, mesmo agora, mesmo com tudo o que eu havia me tornado. E isso tinha que significar algo. Eu guardei o bilhete no bolso interno do meu casaco e respirei fundo, deixando a determinação me consumir.Roman me esperava no salão de treinamento, onde o frio parecia invadir cada canto, apesar do grande espaço ser fechado. Hoje, no entanto, ele não estava sozinho. Cinco homens estavam alinhados atrás
Donatella Romanova O jardim da mansão era um lugar mágico à noite, mas também carregava um ar de mistério. A brisa fria da Rússia sussurrava entre as árvores, e o som das folhas se movendo era quase hipnotizante. O céu estava claro, iluminado por uma lua cheia que lançava uma luz prateada sobre as flores e os arbustos perfeitamente aparados. Eu não conseguia aproveitar a beleza do momento; minha atenção estava fixada em Roman, que segurava uma venda preta nas mãos, seu olhar intenso perfurando o meu. Ele estava vestido de preto, como sempre, com uma jaqueta de couro ajustada que acentuava seus ombros largos. A luz da lua refletia em seus cabelos dourados, criando um halo quase angelical, embora soubesse que ele estava longe de ser um anjo. — Hoje você vai aprender algo diferente, Donatella. — Ele disse, sua voz carregada de calma, mas também com uma nota de desafio. Eu cruzei os braços, tentando parecer confiante, mesmo sentindo o nervosismo se agitar em meu peito. — Diferente c
Roman Ostrov A luz baixa do quarto criava sombras suaves nas paredes, mas o que realmente me prendia era Donatella, deitada na cama diante de mim, ainda vendada. Sua vulnerabilidade era tão palpável quanto sua força, e isso me fascinava. Ela era uma mistura impossível de fragilidade e determinação, e cada vez que olhava para ela, sentia algo que ameaçava arrancar o controle que eu tanto valorizava. Caminhei até a beira da cama, observando-a em silêncio por um momento. Seu peito subia e descia rapidamente, denunciando a excitação e o nervosismo que ela tentava esconder. A venda que cobria seus olhos realçava ainda mais sua entrega, e por mais que ela não quisesse admitir, eu sabia que ela confiava em mim. — Donatella... — murmurei, meu tom baixo e rouco, carregado com tudo o que eu sentia naquele momento. — Você sabe o que acontece quando tira a visão de alguém? Ela virou a cabeça ligeiramente na direção da minha voz, seus lábios entreabertos. — O quê? — perguntou, sua voz um pouc
Donatella Romanova A bebida tinha um gosto estranho, amargo e metálico, mas Roman não me deu escolha. Ele ficou em pé diante de mim, seu olhar afiado, quase desafiador. Era impossível recuar quando ele me encarava daquele jeito, como se soubesse exatamente o que eu faria. Hesitei por um segundo, mas levei o copo aos lábios e virei o conteúdo de uma vez. A sensação de calor se espalhou pela minha garganta, mas logo veio uma leve tontura.— Boa garota. — Ele disse, sua voz baixa e carregada de algo que não consegui identificar.Tentei focar nele, mas o mundo começou a girar. As paredes do quarto pareceram se afastar, e minhas pernas cederam. Roman estava parado ali, imóvel, sua figura se tornando um borrão à medida que o escuro me envolvia.A última coisa que ouvi foi sua voz, um sussurro frio:— Confie em mim, Donatella.Quando abri os olhos, estava deitada no quarto da mansão, mas algo parecia errado. O ambiente era familiar, mas havia uma tensão que eu não conseguia ignorar. Tudo pa