— Onde Ares foi?
— Ele entrou no bosque, se quiser, posso te acompanhar até lá…
— Eh… e o que ele foi fazer lá?
— Não sei, talvez tenha te visto olhando para o humano…
Será que ele sairia sem falar nada por isso? Duvido, mais fácil ele matar o Amir.
Olhando em volta, quem não estava “ocupado” na forma humana, estava na forma de lobo, exceto os Gamas e o Beta. Nem quero imaginar onde o Alfa Derik está ou o que ele está fazendo…
— Você não… eh… tem uma namorada? Está todo mundo, meio que ocupado, por que você não está?
— A minha natureza não escolheu nenhuma das fêmeas que se ofereceram para mim.
— Ah…
Encarei Derik por uns instantes, debatendo internamente se revelava a verdade a ele.Tanto faz, não há nada nessa informação que dê a ele algum poder.— Hermes era obcecado por Estela, ele a queria para si, mas não podia montá-la, pois não estava madura. Para evitar que ela encontrasse o companheiro dela, ele…— O seu pai era um filho da puta pervertido!— Ele não é meu pai! — Tanto faz, sabe muito bem que laços de sangue não me importam, posso te levar para visitar o crânio do meu tio quando estiver no meu território…— Não estou intere
ELAGama Antero teve a sensibilidade de me acompanhar até um ponto um pouco afastado da orgia dos lobisomens. Confesso que conversar com gemidos e grunhidos ao fundo é um tanto quanto desconcertante. Beta Alaor nos acompanhou e aos poucos, se mostrou menos formal, até mesmo interessante com a suas histórias divertidas sobre o passado.Para começar, disse que começou a trabalhar como Beta ainda criança, o seu pai o levava para treinos e reuniões em outros clãs, assim aprendeu muito. Acho que ele era uma espécie de estagiário.Quando perguntei se Ares também ia, ele e o Gama pareceram constrangidos.— Hermes era um Alfa muito duro e cruel, especialmente com o filhote. Ares foi mantido escondido, como um segredo sujo, poucos clãs sabiam da sua existência. — Disse o Beta, a expressão calma
ELAAres anunciou ao público que dava início ao cortejo. Os casais que ainda estavam “ocupados” se apressaram em terminar o que estavam fazendo ou se atrasariam.Pelo que percebi, o evento era muito importante e nenhum macho queria ficar para trás.— Gama, você fica com os Lobos Negros para proteger a sua Luna, entendido?— Sim, senhor! — Antero respondeu da maneira mais formal que vi até agora.Ares veio até mim, os seus olhos atentos aos meus, antes de se curvar e sussurrar no meu ouvido? “Não tenha medo”.Fiquei confusa com o que ele quis dizer no momento, mas logo entendi as suas palavras, quando ele tirou a roupa e se transformou em lobo. Um lobo enorme, o maior de todos daquele lugar. Os seus pelos eram cinza escuros e brancos. Ele me lembrava um Husky Siberiano co
— Não tem como curar o lobo dele? Pelo que entendi, a forma de lobo ainda é ele, só que mais ligado aos instintos do animal, ou estou errada?— Você está correta, Luna Esmeralda!A bela e esquisita Dófona chegou vestindo uma capa com capuz que a fez parecer a morte nos desenhos animados, só que sua capa era verde e não preta.— Dófona, quanto tempo não te vejo. O Velho Agar te mandou alguns livros e um saco de folhas, disse que saberia o que fazer com elas.— Oh, Lorde Agar é sempre muito atencioso, obrigada, Alfa Derik!— Tem como fazer um remédio para o lobão? — Insisti com a questão, ao que ela me olhou e sorriu lentamente.— Um remédio, como os humanos fazem, infelizmente, não. Há out
O alarme de invasão ecoou pelo clã no meio da madrugada. O Alfa deixou a Luna grávida assustada na tenda e correu ao encontro dos seus guerreiros. Lobos perdidos mais uma vez entraram no seu território para saquear os bens do seu povo.Alfa Hermes era um líder honrado, corajoso e muito dedicado ao clã e a sua amada companheira, Luna Edite. Ela estava grávida de seu primeiro filhote e ele ordenou que ela permanecesse na tenda e não pusesse a sua vida e a do filhote em risco, pois ele cuidaria de tudo.Infelizmente, os lobos perdidos invadiram o território no meio de uma tempestade, muito vento, chuva e neve prejudicavam o faro dos seus rastreadores, dificultando a busca pelos malfeitores.Mesmo com as dificuldades climáticas, os lobos bem treinados do Alfa Hermes capturaram os invasores sem muita demora.Pelo menos, era o que pensavam, ignorando que o líder do bando de lobos perdidos tinha um cúmplice infiltrado no clã. A batalha acontecia de um lado do território, enquanto ele próprio
Vinte e seis anos depois…— Acorda, preguiçosa! Mulher casada não dorme até essa hora não!“Bom dia, flor do dia!” Era a frase que a minha mãe usava para me despertar todas as manhãs antes de ir à escola.Quando foi que a minha vida mudou tanto? E para pior…— Eu, na sua idade, acordava antes do sol nascer para preparar o café da manhã dos meus sogros!“Blá, blá, blá! Quem liga para como você tratava os seus sogros, sua megera?”Pensei, ao jogar o cobertor para o lado e me levantar. Infelizmente, não tinha coragem de falar esse tipo de coisa para a minha sogra na cara dela. Não desejava outra punição do meu marido por desrespeitá-la.Tomei um banho para despertar o meu corpo para os desafios do meu sério dia de mulher casada.O meu chamado marido saiu bem cedo pela manhã para administrar a fazenda, deixando para trás o meu corpo dolorido por mais uma noite em que ele fez o possível para me engravidar.Olhei-me no espelho, para ajeitar o hijab, e saí do quarto em direção à cozinha. A m
Terminei de preparar o almoço e servi à mesa. A minha sogra chegou com a mesma cara de nojo de sempre e fez um muxoxo antes de sentar.Peguei um prato para servi-la primeiro, escolhendo a fatia de cordeiro mais bonita e gordurosa para ela, arroz com nozes, e quando estava prestes a pegar o puré de abóbora, ela deu um tapa na mesa.— Não me sirva essa coisa horrorosa que você fez, parece lavagem! E coloque outra peça de cordeiro no meu prato, não seja sovina com a mãe do seu marido!Respirei fundo e obedeci sem reclamar. Entreguei o prato a ela, que comia como se não houvesse amanhã. Servi-me do que mais gostava e sentei na cadeira de frente para ela.Ela mastigava ruidosamente e reclamou de tudo o que tinha na mesa, botando defeito em todos os pratos, embora tenha repetido quase todos. Quando estava satisfeita e com a boca cheia de gordura, tamborilou os dedos sobre a mesa me observando comer. De repente, ela levantou.— Não deve comer tanto, está ficando gorda e o meu filho não gosta
ELEAres estava no salão de artes do castelo antigo, que ficava no centro da cidade principal do seu território. Nesse salão, ficavam os quadros e bustos dos Alfas anteriores. Diante dele, a pequena estátua de Luna Edite, onde ele havia, como todos os dias, trocado as flores do vaso.Ele olhava fixamente para aquela que era a figura que representava a Luna conhecida por sua bravura e bondade.A saudosa Luna cujo vincula ainda percorria a aura de todos os membros do clã.A amada líder que dedicou a vida para cuidar do seu povo.A fêmea que ele nunca teve a oportunidade de chamar de mãe, mas que, ao nascer, causou a morte.“ Você não é meu filho, muito menos o meu herdeiro! Por sua causa, a minha companheira morreu, você é um maldito!”Ares retirou as flores do vaso e as arrumou novamente, uma a uma, até que o arranjo lhe parecesse perfeito.Pegou uma pequena vela de cera e parou diante da imagem de Hecate, a Deusa dos lobisomens, mãe de todas as Lunas.Aquele era o aniversário de morte