O perigo ronda a porta

Gael

Chamo Dinorá e digo a ela para cancelar todos os compromissos que eu tenho para hoje e digo também: 

– Dinorá você é uma pessoa da  minha inteira confiança e você tem em seu poder uma quantidade de dinheiro vivo e aquele imóvel que você sabe aonde fica, eu quero que você me prometa que qualquer coisa, você vai proteger a Laís e a Luna, escondê-las naquele local e não falará para ninguém! 

– Naquele imóvel, no cofre existe uma carta da Laís, selada endereçada a você, se qualquer coisa nos acontecer você abra, nela contém instruções que Laís pede que se cumpra siga a risca! 

– Fique tranquilo Gael! Você sabe o quanto eu sou amiga da Laís e de você e o quanto eu gosto da Luna, se te deixa tranquilo eu juro que vou fazer o possível para proteger e seguir as instruções, mas você sabe que não precisaria de nenhum juramento para que eu protegesse a minha amiga e a pequena Luna! 

– Obrigada Dinorá, eu confio plenamente em você, em nosso meio são poucas as pessoas em que podemos confiar e eu confio plenamente! Agora estou indo para casa até amanhã. 

– Até amanhã Gael!

Chegando em casa peço a Laís que me acompanha até o escritório 

– Laís você sabe que nunca escondi nada de você e você sabe do amor que eu sinto por você e pela nossa filha, vocês são as coisas mais importantes da minha vida! 

– Eu sei Gael, eu tenho certeza disso! O que houve, está acontecendo algo, me conte, por favor! 

– Laís a Itália não é mais segura para você e nem para a Luna, tenho que tirá-las daqui o mais rápido possível, preciso que você faça as malas agora.

– O que foi importante e não pudermos levar agora deixe com Dinorá para que ela me envie por encomenda.

– Você pode separar que eu levo amanhã para o escritório, assim não levantará nenhuma suspeita, será como documentos que vão para o arquivo 

– E quero que você prepare isso imediatamente e prepare também as malas para sairmos do país. 

Passo as recomendações para Laís e digo que vou auxiliá-la.

– E você já tem algum lugar específico para onde Vamos Gael? 

– Não ainda, não pensei em nenhum lugar específico Laís!

– Então eu vou te pedir, podemos ir para o Uruguai? 

– Uruguai Laís? por quê?

– Nesse momento Gael não tenho tempo para te contar e é uma longa história, mas quando chegarmos você vai entender. 

– Venha me ajudar a separar o que vai ficar com a Dinorá! 

Passamos a tarde preparando as caixas com coisas para serem enviadas mais tarde. 

Laís encaixotou várias coisas da Luna como brinquedos, livros, que seriam como memórias da sua infância, já que estávamos saindo do lugar que ela sempre conheceu.

Algumas roupas que ela achava necessário e também algumas fotos de família que ela disse ser para que no futuro a Luna soubesse dos seus antepassados.

Ao terminarmos de encaixotar e selar as caixas, etiquetei como documentos para o arquivo assim não levantaria suspeita de chegar na empresa com essas caixas. 

Jantamos preocupados e dormimos juntinhos um com o outro sabendo que o perigo nos rondava e principalmente rondava a nossa princesa 

No dia seguinte me despeço da Laís e vou para o escritório como planejado, ao chegar chamo a Dinorá que vem imediatamente. 

–Dinorá, bom dia! Tenho um favor importantíssimo para te pedir. Preciso que essas caixas que se encontram aqui no escritório você as guarde na sua casa.

– Quando eu entrar em contato contigo você faz o envio para o endereço que eu te der são coisas importantes da Laís, peço que cuide com cuidado e carinho. – Recomendo.

– Pode ficar tranquilo meu amigo, sei que vou ficar sem a minha amiga de infância mas se é para o bem dela, que você e ela sejam muito felizes para onde vocês estão indo!

–Obrigada Dinorá sei que você é uma amiga de longa data, qualquer coisa  você sabe como manter os negócios. No cofre tem uma procuração transferindo a direção da empresa para você, até  a Luna ficar de maior. Estou contando com você para proteger o futuro financeiro da Luna! 

Meu telefone toca e é o Marcelo, eu atendo rapidamente: 

–Fala meu amigo, descobriu mais alguma coisa?

–Sim Gael, descobri meu amigo, o cerco está se fechando, há informações de que foi colocado um preço sobre a cabeça da Laís e também da Luna, me ouça e saia agora da Itália! 

 

– Obrigada Marcelo pelo aviso! Adeus meu amigo!

Me levanto pego as chaves, documentos,  coloco no bolso passo pela recepção e me despeço da Dinorá cancele todos os meus compromissos! 

–Tudo bem Gael. 

Saio e entro no meu carro e vou diretamente para casa, estaciono o carro em frente ao portão e entro  chamando a Laís que vem para me atender 

– O que houve Gael?

– Pegue as malas e o necessário vamos sair agora! 

 –Agora Gael nesse instante? 

– Sim, agora nesse instante arrume simplesmente o necessário. Quando chegarmos compramos o que precisamos. Cadê a Luna? 

– Ela está brincando no quarto. 

– Isso é bom, deixa brincar, não vamos deixá-la ansiosa.

Enquanto isso nos preparamos para viajar, vou para o escritório pego os documentos, dinheiro em espécie, joias que mantenho guardado num cofre secreto. 

Pego também as minhas armas e as coloco na cintura, aproveito e pego os nossos passaportes e todos os documentos necessários meu, da Lais e da Luna coloco tudo numa mochila que é fácil de carregar.

Quando saio do escritório a Laís já está com as três malas de mão pronta. 

Colocamos tudo no carro chamamos Luna e  enquanto vou buscá-la no quarto Laís pega algumas coisas na geladeira no caso de Luna sentir fome na viagem até o aeroporto já que estamos a uma certa distância.

Coloco Luna no colo, saímos e fecho a casa, vejo lágrimas nos olhos de Laís, já que ela mora a muito tempo nesta casa desde que estamos juntos.

Mas ela como sempre é uma mulher forte e sei que ela  vai superar.

Entramos no carro e saímos sem olhar para trás, sabemos que é necessário que seja assim. Nossas vidas dependem disso!

Espero estar à frente daqueles que estão atrás de nós, não entendo o porquê da  Laís ser o alvo,  algo está errado e eu preciso descobrir. 

Pego a rodovia em direção ao aeroporto, Luna está na sua cadeirinha brincando com o seu tablet distraída em seu mundo infantil e não percebe a situação que estamos vivendo.

Seguimos viagem tensos, porém sempre faço um carinho na coxa de Laís procurando passar tranquilidade para ela que sempre me devolve um sorriso, Laís sempre confiou em mim durante todos esses anos.

A estrada é longa e bem sinuosa, e nós já estamos na metade do caminho e a Luna acabou dormindo recostada na cadeirinha presa no cinto de segurança.

Estamos quase chegando ao aeroporto, não vejo a hora de tirá-las da Itália, olho pelo retrovisor central e vejo um caminhão se aproximar , peço a Laís para conferir se o cinto de segurança dela está fechado corretamente.

Faço o máximo para não chamar sua atenção, lhe direciono um sorriso e digo o quanto a amo, ela se estica e beija o meu rosto. 

–Também te amo muito Gael!

Estamos num declive e já avisto a cidade, como as curvas são mais fechadas vou diminuir a velocidade, piso nos freios e eles não respondem, meu corpo fica gelado, repito o movimento várias vezes, bombeio o pedal e nada!

Olho no retrovisor o caminhão está próximo da minha traseira, e eu percebo que estou em uma armadilha, sinto o primeiro impacto, e só tenho a direção para controlar o meu veículo, além de tudo, o veículo que me encurrala é bem maior e muito mais pesado.

Minha velocidade só aumenta por causa da descida e o caminhão na minha traseira, a cada tranco faz com que a velocidade aumente mais ainda!

Laís olha pra mim, em seus olhos vejo  o desespero cru, os seus olhos se enchem de lágrimas e ela murmura o quanto me ama.

Sinto meu rosto molhado pelas lágrimas,a olho nos olhos e falo:

–Você Laís é a mulher da minha vida, me perdoe!

Sinto o caminhão empurrar o carro que quebra as barreiras laterais da pista, agora o que  nos resta é o vazio, estamos capotando para o nada, sinto apenas o meu corpo sendo machucado, e ouço os gritos da minha filha, a minha mulher está sangrando desacordada, observo que ela está muito machucada e peço a Deus que a salve, sinto algo perfurando o meu tórax, respiro com dificuldade, já não consigo me movimentar, todo o meu corpo dói, o carro parou numa árvore, agora entendo que realmente é o meu fim, vejo a Luna presa na sua cadeirinha, parece apenas está desmaiada, a dor que sinto foi de um galho que me atravessou, consigo pegar o meu celular e envio  a minha localização ao Marcelo e apenas escrevo SOS.

Já não tenho mais forças, o celular cai da minha mão, espero que ele consiga resgatar a minha mulher e a minha filha e a deixe segura.

Preso nas ferragens, impotente diante dessa situação, minhas forças se esvaíram, tudo começa a escurecer, a dor já não está mais tão insuportável, respirar está cada vez mais difícil, a escuridão me abraça…

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