LauraAssim que Javier afastou-se da porta do quarto, olhei tudo ao meu redor, observei cada detalhe do quarto que seria o meu espaço pessoal dali para frente, era um lugar agradável, de cores claras, móveis em madeira rústica, uma cama de casal entalhada, ao lado mesinhas de cabeceira combinando com a cama.No lado oposto, duas portas, na primeira porta encontro um closet espaçoso, e com certeza sobrará muito espaço não tenho tantas roupas, e a segunda porta é um banheiro privativo simples, porém muito bem organizado, do outro lado do quarto há uma janela grande, da qual se tem a visão de toda a Campina até o horizonte.Dando um toque delicado ao lugar, pequena mesa e sofá unitário especial, excelente para leitura de um bom livro, coisa que farei muito, ler me acalma.Respiro fundo e pego a minha mala, me encaminho para o closet, ali começo a arrumar todas as minhas coisas, tudo forma organizada para trazer praticidade ao meu dia.Ao terminar, me sento e começo a pensar na reviravolt
JavierAssim que a Laura se recolhe, eu e o Fernando ficamos tomando umas doses de whisky na varanda, apreciando o céu maravilhoso, todo estrelado enquanto a lua cheia reina no céu clareando todo o campo a perder de vista.Aproveitamos para colocarmos a nossa conversa em dias, pois mais cedo, enquanto descarregava a caminhonete com tudo que havia pedido ao Fernando, não tivemos tempo hábil, por isso não tivemos tempo nem para tratar de negócios, temos algumas pendências quanto as galerias de artes, estamos com pouco tempo para cumprir o contrato de uma exposição.Ainda faltam algumas peças para fechar o lote de obras que serão expostas em Buenos Aires, com isso Fernando tem estado muito ansioso, ele sempre fica assim quando está se aproximando a data de uma exposição, mas como sempre e graças a sua competência, tudo ocorre maravilhosamente bem, ele consegue resolver todos os problemas e suprir a minha ausência de uma forma magistral.— Relaxa Fernando, você sabe que tudo vai correr
LauraApós uma noite de descanso acordo, olho em volta, começo a me espreguiçar, levo alguns segundos para reconhecer o local em que me encontro e recordo que agora estou no meu novo lar, a fazenda Feitiço do Sol Nascente e que estou recomeçando a minha vida e isso me deixa animada, cheia de energia.Pulo da cama, e vou para o banheiro, início a minha rotina de higiene, opto por um jeans e uma camisa de botão flanelada xadrez, penteei os meus cabelos, fiz um rabo de cavalo, borrifo uma colônia refrescante para o dia e calço um tênis confortável.Olho no espelho e me sinto bem, ouso a pensar que estou até mais bonita, sem a sombra do medo refletido nos meus olhos de reviver o meu passado.Passo um batom nude e agora sim, estou pronta para começar o meu dia.Na cozinha, começo a preparar o café da manhã, enquanto o bolo está assando, organizo a ilha, passo o café, pego o leite na dispensa, encontro algumas bolachas, já organizo em algumas travessas e coloco sobre a ilha.Javier entra na
LauraA cozinha é grande e bem equipada, com uma despensa espaçosa em um dos lados, janelas amplas em toda a bancada e a pia, dando uma ótima visão externa, com suas cortinas de renda com babado superior dando graça ao cômodo.As janelas panorâmicas eram o que todos os cômodos tinham em comum, é como se o arquiteto tivesse a intenção de que toda a beleza do paisagismo externo adentrasse as paredes da casa enchendo os olhos dos moradores com a beleza natural do lugar e do fascínio das luzes do amanhecer e anoitecer que por si só é um espetáculo à parte!A mobília segue a linha clean, com um quadro abstrato em uma das paredes, tudo feito para dar a sensação de leveza aos ambientes de uma forma encantadora.Sobre um aparador, uma escultura de dois cavalos na sua plenitude, com o pescoços cruzados, como se pudessem dessa forma se abraçarem, os traços eram bem definidos como macho e fêmea e percebia-se a proteção e o fascínio do macho e a aceitação da fêmea em se permitir ser protegida.O
LauraAssim a vida segue o seu curso na Fazenda Feitiço do Sol Nascente, é uma vida totalmente diferente do ritmo que temos com o cotidiano na cidade grande. O trabalho começa com clarear do dia e segue até o almoço, onde todos param após a refeição para sesta e depois continua até o cair da noite.É um trabalho braçal e muitas vezes cansativo, mas sem o estresse da cidade, aqui conseguimos admirar as pequenas coisas da vida, sempre temos tempo para um bate papo, as amizades se fortalecem apesar das distâncias.Hoje adiantei o serviço, já que eu havia organizado toda a casa do meu jeito e até dado uma geral nos quartos fechados.Eu queria aproveitar o tempo para conhecer os arredores da casa e olhar de perto algumas coisas.Caminhei um tempo admirando a paisagem ao redor.Há uma grande variedade de plantas e também flores silvestres de vários tons e espécie, o terreno é uma imensa planície a perder de vista.Uma beleza natural excepcional! Me aproximo de algumas árvores frondosas que
JavierApós o café da manhã, Horácio e Ruan saem na direção do carro que estava bem ao lado da casa, estavam indo alimentar e limpar as baias, só após isso é que levamos os cavalos para o treinamento.Uma fazenda de criação de cavalos Crioulos tem um encanto, e é preciso muita dedicação para se domar um animal tão rústico e poderoso, é necessário desenvolver um laço emocional e de confiança para que se consiga trabalhar com esses animais, o que leva tempo e paciência.Os Crioulos que são criados por mim, são conhecidos pela sua harmonia física, longevidade, agilidade, rusticidade e muita resistência.Essa Raça é resultado de uma seleção natural dos animais que viviam livremente pelos países da América do Sul, como Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.Eles se dispersaram dos animais cujas raças são descendentes: os cavalos espanhóis, Jacas e Andaluz trazidos à América pelo explorador Álvar Núñes Cabeza de Vaca, por volta de 1634.Na América do Sul, foram submetidos a ambientes de extr
FernandoA noite de Buenos Aires tem um brilho que não se encontra em outro lugar. As luzes, os sons, a agitação constante das ruas. É como se a cidade nunca dormisse. E hoje, depois de semanas lidando com toda a logística para a exposição de Javier, resolvi que era hora de me dar uma pausa, uma pequena distração.Assim que chego na boate, o clima é exatamente o que eu esperava. Música alta, pessoas rindo, copos levantados no ar em comemoração a alguma coisa que ninguém precisa saber o que é. O som das batidas me envolve, cada nota vibrando no meu peit0. A energia aqui é contagiante, e é disso que eu precisava. Entregar a mente para o caos e deixar o corpo seguir o ritmo da música.Peço um drink no bar, algo forte e rápido. Quero a cabeça leve, os pensamentos soltos. Enquanto bebo, o meu olhar percorre a pista de dança, observando as pessoas, mas já com um objetivo claro em mente: encontrar a mulher certa para me acompanhar nesta noite. Entre tantas opções, quero alguém que combine
Fernando— Parece uma boa — disse, dando uma olhada para ela. — O que você acha, gata? Quer sair daqui?Ela me olhou com um sorriso que dizia tudo, mordendo o lábio de leve, e eu soube que a noite estava longe de acabar.— Vamos — respondeu, com aquela voz que quase me fez esquecer do ambiente barulhento da boate.Eu olhei para o Téo, que já estava se levantando com a loira, e ele me deu um olhar cheio de cumplicidade. Ele era sempre o primeiro a agitar esse tipo de mudança nos planos, e eu? Bem, eu não ia negar que gostava de acompanhar.— Então tá, irmão. Vamos sair daqui — disse, batendo no ombro dele enquanto começávamos a caminhar para a saída.Eu estava me preparando para pegar um táxi assim que saímos da boate. Afinal, tinha vindo de avião, não estava com o meu carro aqui em Buenos Aires, e o plano inicial era só curtir a noite e depois voltar para o hotel. Mas antes que eu pudesse levantar a mão para chamar um, Téo se aproximou, já jogando aquela ideia dele no ar.— Tá maluco,