Dinorá
Minha amiga está destruída, com hematomas por todo o seu corpo, cortes superficiais e profundos, vários aparelhos ligados em seu corpo, toco a sua mão de leve tenho medo de machucá-la, sinto os seus dedos moverem e um gemido fraco sai de seus lábios – Fique calma Laís a Luna está bem, você precisa se recuperar, eu vou ficar com ela até você ficar boa. Ela abre parcialmente seus olhos que estão inchados e com hematomas, move os lábios e eu não consigo ouvir. Me aproximo mais de seu rosto e escuto claramente – Por favor a carta no cofre, faça! Neste momento os aparelhos começam a apitar um som aterrador, o médico me retira e a equipe começa o procedimento de ressuscitação cardio pulmonar nela. Sei que minha amiga querida não vai voltar, ela vai encontrar seu amado e ficar a seu lado pela eternidade! E como previ a equipe após várias tentativas cobrem o rosto de Laís confirmando a sua morte. Me abraço a Marcelo em prantos, totalmente descontrolada. – Calma Dinorá, temos uma incumbência muito importante para cumprir, você pode vir comigo preciso falar com você em particular. – Sim, nem tenho palavras para me expressar. Saímos do hospital e entramos no carro, Marcelo me ajuda a entrar no carro fecha a porta e entra no lado do motorista – Dinora eu te conheço há muito tempo e vou ser direto contigo, nós sabemos que Gael e eu temos envolvimento com algumas coisas que não convém a você saber, sendo que ele se apaixonou pela Laís desde que a viu pela primeira vez e Gael fez tudo que podia para tê-la com ele. – Hoje o Gael não se encontra aqui e você sabe que nem a Laís, Dinorá. Mas eles deixaram as coisas organizadas pois sabiam que algo poderia acontecer, Gael nunca enganou a Laís e ela era esperta, e eles pensavam muito na segurança e no futuro da Luna. – Precisamos nesse momento buscar a Luna e levá-la para um lugar seguro. – Mesmo que você tenha que assinar um termo de responsabilidade assine e vamos tirar a Luna daqui você consegue me entender Dinorá? – Sim Marcelo, entendi perfeitamente, vamos fazer o que for preciso pela Luna, vamos voltar. Voltamos ao hospital e eu procuro pelo doutor Miguel, falo com ele sobre as condições da Luna e ele me diz que ela está bem, foi simples escoriações e que todos os exames dela estão dentro da normalidade. – Então doutor, por favor, me deixa levar essa criança para casa, aonde ela tem um lugar conhecido ficar, aqui no lugar estranho e longe da mãe não vai fazer bem para ela, sem contar que ainda teremos que falar sobre a perda dos pais. O doutor Miguel foi muito compreensivo sobre isso liberando a Luna, nos recomendou que qualquer alteração nos procurássemos por ele imediatamente. Agradeci ao seu gesto, peguei o receituário com alguns medicamentos para dor e a volta da próxima consulta e para o próximo raio x. Entrei no carro do Marcelo com a Luna, sentei no banco traseiro com a pequena no colo pois o carro dele não tem cadeirinha. Ele me olha e fala: – Agora é você que vai das ordens! – Como assim Marcelo eu vou dar as ordens? – Foi o que eu recebi do Gael! Que em qualquer problema com ele e a Laís era para que eu cuidasse de você e você cuidasse da Luna. Então estou à sua disposição! – Mas primeiramente vou levá-las ao shopping! – Como assim ao shopping Marcelo você ficou louco! – Não Dinorá não sei se estamos sendo seguidos, preciso mudar de carro e vocês precisarão de roupas e provisão, não voltarei a sua casa com a Luna. percebi que não há nada em discussão, momento de obedecer o Marcelo. Fomos em direção ao shopping, compramos algumas roupas básicas para que possamos passar um mês, enquanto passávamos pelos corredores pegando o que iríamos precisar, compramos também uma cadeirinha para o carro, enquanto Marcelo fazia ligações, 40 minutos após saímos do shopping e entramos em um outro carro SUV, colocamos tudo na mala. Marcelo instala a cadeira da Luna e me pede para colocar o cinto de segurança na Luna, eu me sento a seu lado e ele segue para a direção. Dou o endereço do imóvel que fica numa zona rural onde o Gael nem Laís nunca estiveram, foi escolhido por mim e Gael pediu que eu fizesse tudo em meu nome, nada que ligasse a família deles Ao chegarmos no imóvel era uma casa simples mas confortável e não chamava a atenção. Luna estava adormecida exausta de tudo que havia passado naquele dia e eu preferi não acordá-la, acredito que uma parte do sono era efeito dos analgésicos que ela recebeu no hospital. Como havíamos comprado algumas coisas pelo shopping decidimos tomar um café e assim nos sentamos na ilha da cozinha para decidir os próximos passos. – Dinora, você sabe o que tem que ser feito de agora em diante? – Ainda não Marcelo, mas sei que existe uma carta de Laís com orientações sobre Luna. –Dinorá preste atenção, a primeira coisa que precisamos fazer é o sepultamento da Laís, não podemos ligar a Laís ao Gael e muito menos à Luna. – Por que Marcelo ela é filha dele e da Laís, eles merecem estar juntos para a eternidade, eles viveram juntos, foram o amor um do outro, morreram juntos porque não podem ser sepultados juntos? – Dinorá ouve o que eu estou falando! A Laís não pode ter nenhuma conexão com a morte do Gael, eu estou fazendo o possível para desconectá-los! – A todos os casos seriam três passageiros homens naquele carro, está me entendendo Dinorá? – disso depende a segurança da Luna! –Tudo bem Marcelo, eu já entendi! – Outra coisa Dinorá, nem você nem a Luna estarão no sepultamento de Laís! Isso é uma ordem explícita! – Como! Como que eu não irei ao sepultamento da minha melhor amiga? – E como não levarei sua única filha para ser o último adeus? – Você quer Luna viva ou morta? – pergunta Marcelo. E assim, apesar de toda dor e de todo sofrimento não pude estar presente no sepultamento da minha melhor amiga, mas eu prometi a Gael que faria tudo para proteger a Luna. Esses últimos dias tem sido difíceis e conflituosos, a imprensa divulgou com enorme alarde a morte de Gael Hernandez, o empresário mexicano que estava se preparando para assumir o poder das empresas familiares. Alguns tabloides dizem que além de ser empresário Gael seria o próximo Dom da máfia mexicana. Marcelo pediu que eu não acessasse nada referente a esse assunto nas minhas redes sociais, e que deixasse o assunto ser esquecido para depois tomar as devidas providências em relação a Luna.DinoráA tristeza da pequena era de cortar o coração, por não ter os seus pais com ela na realidade Luna não tinha nada do seu antigo mundo com ela, sua única referência sou eu e eu estou fazendo o máximo para não desabar também.O Marcelo sempre me liga, para saber como estou, ele nunca fala da Luna, mais sei que essa simples pergunta incluí a nós duas. O que havia no carro se perdeu, muito pouco restou a única coisa que foi entregue, foi entregue a família de Gael, a mochila que estava debaixo do banco do motorista contendo dinheiro, joias e armas, os documentos da Laís e da Luna sumiram do local do acidente.Lá foram encontrados alguns documentos dos homens que foram enterrados como vítimas do acidente e os outros dois mortos foram corpos de indigentes que foram identificados como retirados do local junto do Gael e estes até ganharam um enterro digno.Eles não souberam da Laís e nem da existência da Luna.Hoje é o sepultamento da minha amiga Laís, ela foi enterrada em um túmu
Dinorá A dias que estou sentada olhando o horizonte através da janela.Nunca imaginei que a tragédia chegaria de uma forma tão forte na minha vida perdi minha amiga e irmã seu esposo que era não somente meu Chefe mas também um grande amigo de uma forma trágica, consequentemente também perdi minha linda afilhada.Ela é tão doce e meiga que não sei como ela deve estar se sentindo.Nossa princesinha, como diria Laís, era a luz das nossas vidas!Não sinto mais a menor vontade de sair daqui, não tenho interesse por nada, minha vida se tornou escura, como se o sol não fosse mais nascer!Recordo-me da conversa que tive com a pequena Luna, quando tive a dura tarefa de falar que seus pais haviam falecido.Seus olhinhos se transformaram em duas poças d'água, e eu fui tão fraca e emotiva que não consegui ser forte e choramos juntas.Lembro-me que choramos até dormimos abraçadas na cama, e de que Luna soluçou durante toda a noite.Foram dias tristes e nublados, não no clima mas em nosso coração
Três meses antes.Uruguai.JavierO fogo está alto, muito alto mas eu não posso temer, aliás eu fui forjado a não temer nada e nem ninguém, me aproximo apesar das chamas estarem enormes e entro na casa, tenho que chegar até o segundo andar, a minha mãe está no quarto e pela sua condição física não conseguirá sair sozinha.Eu corro pelas escadas que tem os corrimões a sua volta em brasa, o calor já está insuportável chego a porta do quarto, coloco a mão na maçaneta, sinto que a minha pele fica agarrada no metal, retiro as mãos feridas e chuto, a porta cai e o fogo que havia no interior salta na minha direção.Volto, pego uma tapeçaria que está no corredor, envolvo o meu corpo, adentro o quarto e consigo chegar a cama da minha mãe e a coloco nos meus braços, após enrolá-la na tapeçaria, sinto a sua respiração fraca, tenho pouco tempo, sei que os seus pulmões devem estar muito prejudicados pelo calor do fogo e pela fumaça inalada.Começo o meu caminho de volta, as chamas queimam a minha
JavierCom tempo e paciência consegui colocar a fazenda Feitiço do Sol Nascente muito bem equipada, temos autonomia na questão da energia, pois temos uma quantidade substancial de placas solares, o que abastece toda a minha propriedade, temos também um bom manancial de água com poços artesianos, já que é alcançado o lençol freático, e a água vem de grande profundidade.Aqui não temos problemas no abastecimento de água nem para residência e nem para os animais e temos internet apenas via satélite para uma ótima conexão, porém também temos via rádio para qualquer emergência.Mantemos também um bom estoque de alimentos, com espaço na despensa para seis meses tranquilamente, isso me traz uma autonomia tranquila para fazer uma das coisas que eu mais gosto, me manter isolado!Tenho também em um dos quartos da casa um arsenal, que mantenho muito bem cuidado e também um quarto de segurança, que sempre está bem abastecido.O treinamento da máfia nunca será esquecido, eu saí da máfia, mas a máf
FernandoÉ hilário ver a cara do Javier e para melhorar, o Pantera que estava deitado no canto da varanda se aproxima de Laura, lambe as suas mãos e abana o rabo, numa clara manifestação de festa, aceitando a presença dela.Os olhos de Javier parecem que vão saltar das órbitas!O Pantera não se aproxima de ninguém, nem mesmo de mim, parece que o peludo já se rendeu aos encantos da Laura. Também ela é uma morena muito linda, apesar de seu jeito arisco, ela chama a atenção pelos seus traços delicados.Não sou um homem de ficar dando uma de cupido pra ninguém, pois sou o maior galinha mesmo.Porém o Javier não é assim e desde que nos tornamos amigos ele vive só.Eu trouxe a Laura e tenho certeza que ela estará segura com ele, porém quem sabe o destino não move os seus fios e eles se envolvem um com o outro.Depois de tudo que eles já viveram, até poderiam curar as feridas um do outro!Vamos ver o que o destino vai aprontar! Penso enquanto observo os dois de perto e mais atentamente.— N
LauraAssim que Javier afastou-se da porta do quarto, olhei tudo ao meu redor, observei cada detalhe do quarto que seria o meu espaço pessoal dali para frente, era um lugar agradável, de cores claras, móveis em madeira rústica, uma cama de casal entalhada, ao lado mesinhas de cabeceira combinando com a cama.No lado oposto, duas portas, na primeira porta encontro um closet espaçoso, e com certeza sobrará muito espaço não tenho tantas roupas, e a segunda porta é um banheiro privativo simples, porém muito bem organizado, do outro lado do quarto há uma janela grande, da qual se tem a visão de toda a Campina até o horizonte.Dando um toque delicado ao lugar, pequena mesa e sofá unitário especial, excelente para leitura de um bom livro, coisa que farei muito, ler me acalma.Respiro fundo e pego a minha mala, me encaminho para o closet, ali começo a arrumar todas as minhas coisas, tudo forma organizada para trazer praticidade ao meu dia.Ao terminar, me sento e começo a pensar na reviravolt
JavierAssim que a Laura se recolhe, eu e o Fernando ficamos tomando umas doses de whisky na varanda, apreciando o céu maravilhoso, todo estrelado enquanto a lua cheia reina no céu clareando todo o campo a perder de vista.Aproveitamos para colocarmos a nossa conversa em dias, pois mais cedo, enquanto descarregava a caminhonete com tudo que havia pedido ao Fernando, não tivemos tempo hábil, por isso não tivemos tempo nem para tratar de negócios, temos algumas pendências quanto as galerias de artes, estamos com pouco tempo para cumprir o contrato de uma exposição.Ainda faltam algumas peças para fechar o lote de obras que serão expostas em Buenos Aires, com isso Fernando tem estado muito ansioso, ele sempre fica assim quando está se aproximando a data de uma exposição, mas como sempre e graças a sua competência, tudo ocorre maravilhosamente bem, ele consegue resolver todos os problemas e suprir a minha ausência de uma forma magistral.— Relaxa Fernando, você sabe que tudo vai correr
LauraApós uma noite de descanso acordo, olho em volta, começo a me espreguiçar, levo alguns segundos para reconhecer o local em que me encontro e recordo que agora estou no meu novo lar, a fazenda Feitiço do Sol Nascente e que estou recomeçando a minha vida e isso me deixa animada, cheia de energia.Pulo da cama, e vou para o banheiro, início a minha rotina de higiene, opto por um jeans e uma camisa de botão flanelada xadrez, penteei os meus cabelos, fiz um rabo de cavalo, borrifo uma colônia refrescante para o dia e calço um tênis confortável.Olho no espelho e me sinto bem, ouso a pensar que estou até mais bonita, sem a sombra do medo refletido nos meus olhos de reviver o meu passado.Passo um batom nude e agora sim, estou pronta para começar o meu dia.Na cozinha, começo a preparar o café da manhã, enquanto o bolo está assando, organizo a ilha, passo o café, pego o leite na dispensa, encontro algumas bolachas, já organizo em algumas travessas e coloco sobre a ilha.Javier entra na