— Precisamos ganhar tempo. Miguel é o único que pode enfrentar essa criatura. Mariana precisa curá-lo — Alys murmura, sua voz tensa enquanto observa a criatura avançando em direção a Pedro, que mal consegue manter o equilíbrio com a arma tremendo em suas mãos. Seu coração dispara, e ela sente o calor do sangue escorrendo pelos cortes profundos em sua perna e braço. Cada movimento é uma luta contra a dor.— O que você tem em mente? — Pedro pergunta, ofegante, seu olhar alternando entre Alys e a criatura horrível, que sua filha se tornará, que se aproxima com passos lentos, mas ameaçadores.Alys não responde de imediato. Ela fecha os olhos por um breve momento, tentando ignorar a dor que lateja em seus membros. As palavras de Liana ecoam em sua mente, e ela sente um aperto no peito ao pensar no que Melody poderia fazer à irmã mais velha.Não é hora de pensar nisso, Alys. Concentre-se! — Ela diz a si mesma em pensamentos, enquanto força o corpo a se mover.De repente, Alys avança contra
— Desconte em mim todo o seu sofrimento — Liana insiste, sua voz trêmula, mas carregada de uma determinação feroz. Ela ergue a cabeça, permitindo que Melody veja as lágrimas escorrendo por seu rosto. — Pare de machucar pessoas inocentes! Aquela menina não fez nada contra você para merecer isso!O grito dela ecoa pela caverna, reverberando como um apelo desesperado. Melody recua um passo, sua expressão indecifrável.— O mundo não é justo, você sempre disse isso — Liana engole em seco, a voz quase falhando, mas ela continua. — Por favor, não se torne o monstro que todos pensaram que você era. Continue sendo a princesa gentil que eu admirava, que amava olhar para as estrelas, que contava histórias para nos ajudar a dormir, que fugia com Mariana para comer pizza no mundo humano, achando que ninguém sabia, a garota do sorriso mais doce...Melody sente os dedos tremerem, as palavras de Liana quebrando as barreiras que ela havia erguido ao redor de sua alma. As memórias invadem sua mente com
Todas as velas estão apagadas, a caverna está mergulhada nas sombras, o cheiro de sangue fresco e muitos tipos de magia ainda paira pesando o ar.O silêncio perturbador é quebrado pelo som de passos pesados e rosnados baixos que ecoam pelas paredes rochosas.Lukan não se incomoda de falar qualquer palavra que seja aos lycans solitários que ainda estão vivos. Ele simplesmente começa a caminhar, querendo sair logo daquele lugar e ir para uma de suas propriedades no mundo humano.— Aonde pensa que vai, Lukan? — Uma voz rouca ressoa atrás de Lukan, o fazendo parar de andar.Lukan se vira, encarando o lycan que voltou a forma humana.— Vai fugir e nos deixar aqui para sermos exterminados por aquele demônio! — Acusa outro dos lycan que também volta a forma humana, eles começam a se espalhar, cercando Lukan em um círculo, tampando o corredor da saída da caverna.O ar se torna mais pesado, carregado de ressentimento e ódio que Lukan consegue sentir emanando dos outros.— Seu maldito! — Berrou
A clareira parece pequena diante da presença da criatura possuída por Baalberith. Suas garras negras refletem à luz da lua, o cheiro acre de enxofre enche o ar sobrepondo o natural da floresta, quase sufocante.Pedro está ofegante, apertando o gatilho da arma sem parar, mas as balas de prata são inúteis. Ele sente o suor escorrer pela testa, seu corpo estremecendo a cada passo que o demônio dá em sua direção enquanto ele se arrasta sobre a neve tentando manter a maior distância possível.A criatura não diminui a marcha. Os tiros perfuram sua carne, mas não causam dor, nem desaceleram seu avanço. Seus olhos vermelhos brilham, fixos em Pedro, como se saboreasse o medo que emana do homem.— Merda... — ele murmura entre dentes, tentando manter o foco, o pânico crescendo em sua voz. Ele tenta recarregar a arma, mas suas mãos tremem demais.A criatura ruge, um som gutural que reverbera pela floresta, e Pedro sabe que não há mais nada que ele possa fazer. Ele pare de se arrastar, suas forças
A luta continua feroz, contudo, os ferimentos que antes estavam se curando rapidamente em Miguel, não está mais acontecendo. O demônio imbuiu seu poder infernal nos ataques, e agora Miguel está exausto, o corpo coberto de ferimentos, o sangue escorre por sua pelagem negra enquanto ele encara Baalberith, o demônio que demonstra está cada vez mais divertido com o sofrimento do Genuíno Alfa.Miguel avança novamente, um rosnado profundo saindo de sua garganta. Ele tenta usar sua força bruta para derrubar a criatura, mas o demônio, com um movimento rápido, o arremessa ao chão mais uma vez, fazendo-o tremer com o impacto. Miguel grunhe de dor.⸺ Esperava mais do filho de Selene ⸺ Baalberith provoca, sua voz carregada de desprezo. ⸺ Que decepção.Miguel tenta reagir, usando as patas traseiras para se impulsionar, mas Baalberith é rápido. Ele o atinge novamente, desta vez com um golpe devastador que faz Miguel deslizar pelo chão até bater em uma árvore caída. O impacto é tão forte que ele sen
— Tira a adaga, Miguel! — O grito de Melody ecoa pela clareira, sua voz carregada de urgência. ⸺ Agora, enquanto ainda consigo segurá-lo! Sem hesitar e com um rosnado baixo, demorando um pouco mais do que o normal, Miguel volta a sua forma humana. Seus olhos fixos nos galos que envolvem Baalberith como serpentes de madeira viva. Miguel avança com determinação, pulando os troncos em seu caminho, suas pisas fundas sobre a neve. Ele aumenta ainda mais sua velocidade, ignorando as feridas abertas em seu corpo, cada movimento uma dor que ele empurra para o fundo de sua mente, seu objetivo claro: Salvar sua companheira. Com seus olhos negros fixos na adaga enterrada no peito da criatura, ele salta sobre Baalberith, que grita em fúria tentando se libertar dos galhos. Miguel segura o cabo da adaga com ambas as mãos. Sua pele formiga ao entrar em contato com a arma, uma sensação como se sua própria essência estivesse sendo drenada. Ele aperta os dentes, ignorando o desconforto. O cabo da
Mariana cai de joelhos ao lado dele, sua respiração ofegante. Ela estende as mãos trêmulas em direção a Sasha, fechando os olhos para canalizar sua magia de cura. A energia quente começa a fluir de seus dedos, mas imediatamente ela sente o bloqueio. Sua magia não responde como deveria. — Não, não, não — Mariana murmura, tentando novamente usar sua magia, suas mãos agora vacilam.Miguel observa, o terror aumentando conforme percebe que nem mesmo a magia pode ajudá-la.— Merda! — Mariana balança a cabeça, seu rosto empalidecendo ainda mais. — Usei tudo o que tinha... para curar você, Alys, Liana e Pedro... Eu não consigo mais usar a magia...Pedro cai de joelhos do outro lado, segurando a mão fria de Sasha. Ele sente as lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto murmura:— Sasha... minha menina... Acorde, por favor...Miguel se vira para Melody, pouco se importando se a bruxa está vendo ao não as suas lágrimas, testemunhando a sua fraqueza. Ele a encara com uma expressão desesperada.—
A enfermaria está envolta em um silêncio pesado depois que os lycans deixam o local, suas pegadas ecoando pelos corredores do lado de fora. O ar está saturado com o cheiro de ervas medicinais e o cheiro de limpeza antisséptica fazendo lembrar dos hospitais humanos. As irmãs estão deitadas em suas camas, exaustas e cobertas por bandagens, cada uma imersa em seus próprios pensamentos.Melody, porém, não encontra descanso. Ela se senta na borda da maca, o olhar fixo no chão, as mãos tremendo levemente, seus olhos, inchados de lágrimas não derramadas. A culpa e o arrependimento pesam como uma âncora em seu coração. Finalmente, ela se levanta, seu corpo ainda cansado pela batalha, pelo uso da magia negra constantes, e sua mente cansada das escolhas que a trouxeram até esse momento, seus joelhos vacilam levemente sob o peso do que está prestes a fazer.Cada passo até o centro da sala parece um esforço monumental. A luz fraca das lâmpadas ilumina seu rosto abatido. Melody se ajoelha lentamen