A enfermaria está envolta em um silêncio pesado depois que os lycans deixam o local, suas pegadas ecoando pelos corredores do lado de fora. O ar está saturado com o cheiro de ervas medicinais e o cheiro de limpeza antisséptica fazendo lembrar dos hospitais humanos. As irmãs estão deitadas em suas camas, exaustas e cobertas por bandagens, cada uma imersa em seus próprios pensamentos.Melody, porém, não encontra descanso. Ela se senta na borda da maca, o olhar fixo no chão, as mãos tremendo levemente, seus olhos, inchados de lágrimas não derramadas. A culpa e o arrependimento pesam como uma âncora em seu coração. Finalmente, ela se levanta, seu corpo ainda cansado pela batalha, pelo uso da magia negra constantes, e sua mente cansada das escolhas que a trouxeram até esse momento, seus joelhos vacilam levemente sob o peso do que está prestes a fazer.Cada passo até o centro da sala parece um esforço monumental. A luz fraca das lâmpadas ilumina seu rosto abatido. Melody se ajoelha lentamen
Miguel está ao lado da cama, as mãos tremendo ansiosas enquanto seus olhos observam Luciana pressionar mais um pano com ervas contra a ferida aberta no peito de Sasha. O quarto está impregnado com o cheiro de sangue e magia negra, um aroma denso e sufocante que parece grudar na pele. A expressão de Luciana é de desespero controlado, seus olhos brilham com lágrimas não derramadas.Luciana troca os panos ensanguentados com rapidez, suas mãos experientes, mas trêmulas. Ela observa a ferida no peito de Sasha, ainda aberta e pulsante, sangrando sem parar.— Não consigo estancar o sangramento... — Luciana murmura, sua voz frágil como se cada palavra fosse uma confissão de derrota. Ela retira mais um pano pesado e encharcado de sangue e o joga em uma pilha crescente no chão. — Já fiz tudo o que podia... não importa o que eu tente, continua sangrando, ela já perdeu sangue demais... até mesmo para um lycan...Miguel olha para Sasha, deitada imóvel sobre a cama. Sua pele está tão pálida que par
— Por favor, deusa da lua, ouça minhas súplicas... sei que não ando falando muito com você, nem uivando nas luas azuis, e nem em outras luas... sei que não fui o líder digno que deveria ser... Mas, por favor, eu te imploro, traga-a de volta. Ela é a companheira perfeita que você escolheu para mim, é a luz na minha escuridão, a minha pequena lux lunaris... Não me deixe aqui sem ela, por favor... eu ainda não tive a chance de fazê-la feliz como ela merece, por favor...A voz de Miguel ecoa cheia de dor e desespero, rasgando o silencio como um lamento agonizante, seus soluços entre as frases bem audíveis.— Uau, sobrinha, o fervor dele conseguiu chegar até aqui, estou impressionando — a voz do imperador ecoa pelas paredes sombrias de seu trono no submundo.Selene se materializa no centro do salão, sua presença radiante um contraste gritante contra o ambiente opressor e flamejante do castelo. Ela está altiva, o queixo erguido, os olhos azulados fixos no imperador com determinação inabaláv
Zeus emerge, sua presença magnânima preenchendo o ambiente. Sua aura é eletrizante, literalmente, com pequenos raios cintilando ao seu redor. Com um sorriso descontraído, ele caminha despreocupadamente até Hades, como se estivesse entrando na sala de estar de um velho amigo, e sem cerimônia, passa o braço pelo ombro dele.— Ei, irmão! Quanto tempo, hein? — Zeus diz, sua voz retumbante preenchendo o salão.Hades revira os olhos, afastando-se do toque de Zeus com um movimento brusco.— O que está fazendo aqui, Zeus? — Ele rosna, a irritação evidente em sua voz. — Volte para o Olimpo. Não quero visitas, já basta sua filha aqui.Zeus dá uma risada alta, como se a reação de Hades fosse exatamente o que ele esperava.— Ah, irmão, sempre tão rabugento — Zeus se recosta casualmente em um dos pilares próximos, cruzando os braços. — Entregue a alma de Sasha e do filhote, Hades e a de todos os outros que Baalberith ceifou— ele diz com firmeza, seu tom deixando claro que ele não está ali para neg
Um leve movimento nos cílios dela o faz prender a respiração. Sasha desperta lentamente, seus olhos piscando com dificuldade contra. Miguel está ao lado dela, seus braços fortes a segurando com cuidado. Quando ele vê os olhos dela se abrirem, lágrimas imediatamente voltam a escorrer pelo rosto marcado pela exaustão e pelo desespero.— Companheira — ele fala baixinho, seu lobo uiva dentro dele, alegria o consumindo, a ligação com sua companheira voltou.Ela está fraca, mas viva. Miguel sente um nó na garganta, suas lágrimas descendo sem controle enquanto ele segura o rosto dela com cuidado.Ela tenta falar, mas sua garganta está seca e sua voz não sai. Mesmo assim, ela tenta sorrir para ele, um sorriso fraco, mas cheio de significado. Miguel apoia a cabeça dela delicadamente em seu peito, segurando-a como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.O que de fato é.Ele sente um alívio tão esmagador que mal consegue respirar. Seu coração parece descompassado, os músculos tensos finalmente
— É tudo culpa minha... — Pedro desabafa, a voz quebrada pela dor, enquanto se desfaz em lágrimas nos braços de Mariana. Seus soluços vêm em ondas, sacudindo seu corpo como se a culpa fosse uma tempestade implacável. — Se eu não tivesse pisado naquele maldito cassino, minha filha... minha menina... estaria viva! — Ele aperta os punhos contra o peito, como se quisesse arrancar a dor que o consome.Mariana o segura com firmeza, mas suas próprias lágrimas silenciosas traem a força que tenta demonstrar. Elas deslizam pelo rosto, quentes e incessantes, enquanto o vazio deixado por Sasha se faz ainda mais presente.A mente de Mariana se recusa a aceitar que sua preciosa afilhada, aquela garota cheia de vida e sonhos, tenha partido tão cedo.Ela sente como se estivesse em meio a uma brincadeira sem graça e que a qualquer momento Sasha irá chegar por trás e tentar dar um susto nela, igual fazia quando era pequena.— E aquele maldito nem me deixa chegar perto! — Pedro grita, a indignação mistur
Dois dias depois:— Filha, você está tão linda... — Pedro diz, com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.Ele a observa com admiração e orgulho –apesar de achar ela jovem demais para se casar. Ver sua filha vestida de noiva é um sonho, e fica imensamente grato por não ter pedido essa chance com ela.Sasha, em frente ao espelho, ajeita nervosamente o tecido do vestido, tentando esconder a emoção que transborda em seu peito. Ela sorri olhando para o pai, emocionada.— Ainda dá tempo de desistir — Pedro solta de repente, interrompendo o silêncio carregado de significado. — Posso pedir pra irmã de Mariana nos mandar pra bem longe daqui.— Papai! — Sasha exclama, revirando os olhos, mas não consegue evitar um pequeno sorriso em seus lábios, que mostra o quanto ela sabe que ele só está falando isso por ciúmes bobo de sua garotinha.— Não custa nada tentar — Pedro deu de ombros com um ar despretensioso, mas o olhar preocupado revelava o contrário.Mariana, que estava ajudando Sasha a
A música preenche o ambiente, anunciando a entrada da noiva. Todos os olhos estão focados em Sasha, cheios de alegria e admiração.Essa é a primeira vez que acontece um casamento humano entre dois lycans.A cada passo que Sasha dá, o vestido flutua com graça ao seu redor, e as luzes suaves refletem nos cristais, fazendo-a parecer uma visão saída de um sonho.Sasha sente o peso das emoções enquanto caminha. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto. Ela está vivendo um sonho — um que, até um mês e uma semana atrás, parecia impossível.Ela não está apenas juntando suas coisas, mas se casando, como esposa, companheira, e assumindo o posto de Rainha Lycan, a Genuína Lunam de uma raça que ela sequer sabia que existia. E agora é a responsável, junto a Miguel, por todo um povo.O seu povo.Seus olhos varrem o altar, na escada mais baixa, Mariana sorrir para ela enquanto lágrimas escorrem de seus olhos e um enorme sorriso se estica em seus lábios pintados de vermelho.Sasha sorrir de volta.A