— É tudo culpa minha... — Pedro desabafa, a voz quebrada pela dor, enquanto se desfaz em lágrimas nos braços de Mariana. Seus soluços vêm em ondas, sacudindo seu corpo como se a culpa fosse uma tempestade implacável. — Se eu não tivesse pisado naquele maldito cassino, minha filha... minha menina... estaria viva! — Ele aperta os punhos contra o peito, como se quisesse arrancar a dor que o consome.Mariana o segura com firmeza, mas suas próprias lágrimas silenciosas traem a força que tenta demonstrar. Elas deslizam pelo rosto, quentes e incessantes, enquanto o vazio deixado por Sasha se faz ainda mais presente.A mente de Mariana se recusa a aceitar que sua preciosa afilhada, aquela garota cheia de vida e sonhos, tenha partido tão cedo.Ela sente como se estivesse em meio a uma brincadeira sem graça e que a qualquer momento Sasha irá chegar por trás e tentar dar um susto nela, igual fazia quando era pequena.— E aquele maldito nem me deixa chegar perto! — Pedro grita, a indignação mistur
Dois dias depois:— Filha, você está tão linda... — Pedro diz, com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.Ele a observa com admiração e orgulho –apesar de achar ela jovem demais para se casar. Ver sua filha vestida de noiva é um sonho, e fica imensamente grato por não ter pedido essa chance com ela.Sasha, em frente ao espelho, ajeita nervosamente o tecido do vestido, tentando esconder a emoção que transborda em seu peito. Ela sorri olhando para o pai, emocionada.— Ainda dá tempo de desistir — Pedro solta de repente, interrompendo o silêncio carregado de significado. — Posso pedir pra irmã de Mariana nos mandar pra bem longe daqui.— Papai! — Sasha exclama, revirando os olhos, mas não consegue evitar um pequeno sorriso em seus lábios, que mostra o quanto ela sabe que ele só está falando isso por ciúmes bobo de sua garotinha.— Não custa nada tentar — Pedro deu de ombros com um ar despretensioso, mas o olhar preocupado revelava o contrário.Mariana, que estava ajudando Sasha a
A música preenche o ambiente, anunciando a entrada da noiva. Todos os olhos estão focados em Sasha, cheios de alegria e admiração.Essa é a primeira vez que acontece um casamento humano entre dois lycans.A cada passo que Sasha dá, o vestido flutua com graça ao seu redor, e as luzes suaves refletem nos cristais, fazendo-a parecer uma visão saída de um sonho.Sasha sente o peso das emoções enquanto caminha. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto. Ela está vivendo um sonho — um que, até um mês e uma semana atrás, parecia impossível.Ela não está apenas juntando suas coisas, mas se casando, como esposa, companheira, e assumindo o posto de Rainha Lycan, a Genuína Lunam de uma raça que ela sequer sabia que existia. E agora é a responsável, junto a Miguel, por todo um povo.O seu povo.Seus olhos varrem o altar, na escada mais baixa, Mariana sorrir para ela enquanto lágrimas escorrem de seus olhos e um enorme sorriso se estica em seus lábios pintados de vermelho.Sasha sorrir de volta.A
Miguel e Sasha caminham lado a lado para fora do salão, seus passos alegres e apressados. O som de risos e aplausos ecoa ao redor enquanto os presentes jogam arroz nos dois, a pequena tradição humana simbolizando bênçãos para o casal.Miguel mantém a postura imponente, mas seu olhar, ao se virar para Sasha, é cheio de ternura. Ela, por sua vez, segura levemente a barra do vestido para não tropeçar, os olhos brilhando de felicidade e emoção.— Você está bem? — Miguel pergunta, inclinando levemente a cabeça para ela.— Sempre, se estiver com você — Sasha responde, sorrindo, entrelaçando seus dedos nos dele, sentindo a segurança que sua presença proporciona.Ao chegarem ao lado de fora, a noite os envolve com um manto de estrelas e uma enorme lua cheia prateada. A mansão está cercada por fileiras de lycans, que vieram de várias partes do mundo, aguardando por ela.O ambiente vibra com uma energia poderosa, quase elétrica. Cada lycan presente mantém a postura respeitosa, mas os olhos de t
No dia seguinte:O sol começou a nascer a apenas alguns minutos, mas Miguel já está sentado à cabeceira da imensa mesa redonda de reunião, observando com atenção casa um dos alfas e suas companheiras que entram na sala e tomam seus lugares.A sala, decorada com uma simplicidade imponente, exala um ar de tensão e expectativa.Um a um, cada casal toma seu lugar, até que finalmente o último se senta.As princesas Alys e Alice estão sentadas a mesa, no lado direito, com a rainha Liana entre elas. E ao lado, Lovetta também está sentada, um detalhe que chama a atenção de todos, pois apesar de ela não ser emparelhada a nenhum alfa, ela foi especialmente convidada, pessoalmente pelo próprio Genuíno Alfa, a participar, algo que levanta algumas sobrancelhas, mas ninguém ousou questionar.Miguel se levanta, o olhar sério, carregado de autoridade. Ele saúda todos com um leve movimento de cabeça antes de iniciar.— Agradeço a presença de cada um de vocês. O que será discutido aqui hoje tem implica
— Após uma conversa séria com minha Genuína Lunam, decidimos que é hora de fazer diferente. Hora de sermos diferentes. — A voz de Miguel ecoa pela sala, firme e carregada de convicção.Os olhos dos alfas estão fixos nele, a intensidade de sua presença dominando o ambiente. — O que você pretende fazer, Genuíno Alfa Miguel? — O Alfa Dante e o Alfa Dominic questionam ao mesmo tempo, ambos empolgado para saber como será essa nova mudança. Eles trocam olhares, as expressões em seus rostos parecidas.Miguel ergue a cabeça, os olhos negros brilhando com determinação inabalável.— Iremos acolhê-los.A resposta, direta e poderosa, cai como um trovão sobre a sala. Miguel não deixa margem para dúvidas. Não está ali para pedir permissão ou consultar votos. Ele já tomou sua decisão, e a única opinião que realmente importou foi a da sua companheira destinada.— Os híbridos vivem escondidos, muitos em condições de extrema miséria. — Ele pausa, o peso de suas palavras parecendo aumentar a tensão no
Duas luas depois:— Boa tarde, senhores! O que vão querer? — Pedro pergunta com um sorriso caloroso, segurando o bloco de notas enquanto olha para a família sentada à mesa à frente do caminhão.O homem coça o queixo enquanto lê o cardápio.— Humm... quero uma de calabresa e outra de quatro queijos, por favor — responde o homem da mesa, enquanto as crianças discutem entre si sobre qual sabor preferem.Pedro anota os pedidos com destreza e grita pela janela da cozinha do caminhão:— Uma calabresa e uma quatro queijos!Lá dentro, Mariana e Melody trabalham lado a lado, rindo e conversando enquanto preparam as pizzas. Melody, com um enorme sorriso, polvilha os temperos com um toque mágico, literalmente. Um brilho sutil esverdeado envolve suas mãos, fazendo os aromas se intensificarem.— Pedido pronto! — Mariana anuncia enquanto pega a pizza fumegante e sai da cozinha.Ela se aproxima da mesa da família com passos firmes.— Aqui está! Mas antes de servir, me digam: preferem do modo tradic
4 luas depois:Seis meses após a reunião com todos os líderes de matilhas e as bruxas, a mansão adotiva finalmente está pronta, contanto com mais de cinquenta quartos.Um trabalho magnifico, contendo salas de estudos, areias de brincar, salas de treinamento.Um lugar que Lovetta sente que foi feita para estar.A lycan loira segura o volante com firmeza, seus olhos caramelos fixos na estrada à frente. Agora, ela está oficialmente em sua primeira missão, então se sente ansiosa e nervosa como nunca se sentiu antes, seu coração bate descompassado, mas ela evitar ficar criando cenários em sua cabeça, tentando se manter focada apenas no presente.Ela respira fundo, pisando com mais força no acelerador, decidida.Não vou falhar, trarei os filhotes comigo!Ao entrar no bairro, ela observa as ruas estreitas e mal iluminadas. O cheiro de gasolina, mijo e lixo se mistura no ar, um marco inconfundível de áreas abandonadas a própria sorte.— Vamos resolver isso de uma vez por todas — Lovetta murmu