⸺ Está indo caçar? ⸺ A porta da toca de Lovetta é aberta, ela olha para Kesha escorada no batente enquanto terminar de tirar sua roupa.⸺ Sim ⸺ Lovetta responde, dobrando suas roupas e as colocando sobre a cama.Desde que Miguel foi ao mundo humano, antes de Lukan levar Sasha em custodia, a tarefa de caçar comida fresca para a lycan prenha recaiu a Lovetta, pois todos os machos betas já estão emparelhados e suas companheiras se recusaram a ter seus companheiros caçando e dando a melhor parte a outra fêmea.Mas, o respeito que Lovetta começou a ter por Sasha a fez assumir esse papel de peito aberto.⸺ Eu vou com você ⸺ Kesha diz, Lovetta se vira para ela com uma sobrancelha arqueada.⸺ Com certeza não ⸺ Lovetta responde, caminhando até a janela de sua toca, mas Kesha não desiste e a segue.⸺ Por que não? ⸺ Ela puxa a outra lycan pelo braço, fazendo-a ficar de frente para ela novamente.⸺ Você é uma Luna Cimex, não tem garras e presas afiadas o bastante para essa tarefa, sem contar que
Pedro mantém os olhos fixos na enorme loba branca diante dele, ele aperta a arma com mais força entre suas mãos que começam a tremer levemente enquanto escuta os grunhidos da lycan.— Pedro, não atire, não podemos chamar atenção, está lycan deve ser uma Velut Luna, não devemos... — Mariana fala se aproximando lentamente, seus olhos nas mãos ansiosas de Pedro.— Ela irá nos denunciar — ele a interrompe, Mariana então olha para os olhos da loba e ela para de elevar a mão até o ombro de Pedro deixando-a suspensa no ar.Sasha? — Mariana franze o cenho. — Não pode ser... apenas se...A loba grunhe novamente, e então os olhos dela — uma azul profundo e cristalino, como os dele — encontram com os de Pedro, e o humano sente o impacto.Os olhos dela refletem uma dor e saudade que ele reconhece em sua própria alma. Em um momento de clareza, ele finalmente se dá conta de quem é a lycan gigante na sua frente.— Sasha — ele sussurra, a voz quase um lamento, Pedro sente o peso de suas emoções tomar
O céu nublado cobre a floresta com uma sombra cinzenta, e o vento frio traz consigo um aviso sutil de perigo. A sensação de leveza e alegria que Sasha sentia pelo reencontro com seus entes queridos desaparecem de repente, substituídas por uma tensão gélida que percorre sua espinha. Ela sente um arrepio intenso, e seus olhos desviam instintivamente dos de Mariana para um ponto indefinido na floresta. Cada fibra do seu corpo fica tensa.Algo estava errado.Ameaças se aproximam.Seus instintos estão todos em alertas, seu coração bate mais rápido, o peito sobe e desce em respirações curtas e rápidas.⸺ Sasha? ⸺ Mariana pergunta, confusa pela expressão súbita de alerta da afilhada. ⸺ Está me ouvindo...Mas antes que possa terminar a frase, a loba de Sasha toma o controle, instigada pelos instintos de proteção e prevenção. Seu corpo responde com uma rapidez que ela não consegue controlar; seus músculos se alongam e, sem querer, sem escolha e sem nem tempo para processar, num piscar de olhos
— Última chance, Pedro — Miguel diz, sua voz carregada de advertência, seus olhos fixos nos de Pedro. — Muito bem, tomo seu silêncio como um aceite da minha proposta. Como disse, se você vencer, a liberdade e o dinheiro serão seus — reafirma, dando a Pedro esperanças de conseguir se livrar da dívida de mais de duzentos mil dólares. — Se eu perder... o que acontecerá? — Pedro pergunta, sua voz quase um sussurro impregnado de medo, utilizando seu último resquício de consciência, mas o álcool em seu corpo inebriando seu senso de perigo. Miguel sorri de maneira predatória, sua expressão revelando a satisfação com as reações do humano à sua frente, alimentando seu lobo com o desespero nas feições humanas. — Você entregará sua filha para mim. Ela se tornará minha escrava — Miguel diz friamente. Pedro engole seco, as palavras frias ecoam em seus ouvidos, mas logo são silenciadas pelo acelerar de seu coração, a adrenalina corre novamente em suas veias, a excitação de poder jogar novamente
— Por que você fez isso? — Sasha indaga, as lágrimas escorrendo pelo rosto, misturando-se com a dor do ardor que o café quente jogado em si deixou.— Por que contrataram uma incompetente como você? Toda vez que venho a este café e você me serve, as bebidas e a comida são terríveis, ou muito salgadas ou muito doces. Você quer me matar, sua miserável? — A mulher histérica acusa.— Esta é a primeira vez que te vejo aqui, senhora — Sasha tenta se defender, sua voz trêmula, quase suplicante.— Você ousa me chamar de mentirosa, sua idiota? Isso é muita audácia — a mulher diz com desdém, lançando um olhar fulminante de cima a baixo para Sasha.— Não sou eu quem prepara os pedidos, só... — Sasha tenta argumentar novamente, a desesperança crescendo em seu peito.— Ainda ousa me responder? Ei, você, vá chamar o gerente! Um dos funcionários dele não sabe o seu lugar — a mulher grita para um colega de Sasha, sua voz estridente ecoando pelo café.Sasha sente seus músculos tremerem de raiva. Ela fe
“Tenho permissão para matá-la” — essas são as únicas palavras que os ouvidos de Pedro captam. A verdade desce sobre ele com um peso esmagador. Ele está prestes a perder sua filha de uma maneira indescritivelmente cruel, um destino que jamais quis para ela. As lágrimas caem, desesperadas, de seus olhos, e ele cai de joelhos, a humilhação pesando sobre ele. Sem permissão, a senhora invade a casa, decidida a ir atrás da garota, mas tem a barra de seu vestido segurada por Pedro. — Qual é o seu nome? — Luciana — a senhora responde e puxa o pano de seu vestido, soltando-se do agarro de Pedro. — Por favor... — ele soluça, implorando com a cabeça baixa. — Por favor, não leve minha filha. Eu não devia ter feito isso. Não deveria ter apostado ela. Eu imploro, por favor, não a leve, leve a mim, deixe a minha pobre menina, diferente de mim, ela nunca fez nada de errado. — Não irei desobedecer às ordens do senhor Miguel — a senhora diz sem brechas, sua voz fria e decidida. — Eu não deveria t
— Agora? Assim do nada? Eu nem tenho passaporte... Eu... Eu acabei de acordar... Eu... — Sasha balbucia, sua mente correndo para acompanhar a torrente de informações. — Não se preocupe com isso; eu cuidei de tudo. Apenas arrume suas coisas — Luciana diz, tentando sorrir para a garota, uma expressão que mistura simpatia e urgência. — Está bem — Sasha cede, ainda perplexa com a rapidez com que as coisas estão acontecendo. Sasha se levanta e volta para o quarto. Ela arruma uma pequena mochila com seus pertences pessoais, cada item colocado com cuidado, representando uma parte de sua vida que ela está prestes a deixar para trás. Ela olha para seu quarto uma última vez, sentindo uma onda de nostalgia. — Ligarei todos os dias para o senhor — Sasha se despede do pai. Após um curto abraço, Sasha segue Luciana para fora da casa, seu coração pesado com a incerteza do que está por vir. Pedro observa em silêncio, suas lágrimas caindo enquanto vê sua filha ser levada embora para cumprir com
No dia seguinte, Luciana vai ao quarto de Sasha. Ela entra no quarto e diz bom dia, fazendo a jovem se assustar e se virar rapidamente para a senhora idosa com o coração acelerado. — Oh, é você — diz Sasha, aliviada ao reconhecer a sra. Luciana, então, continua pegando as roupas de frio dentro do pequeno guarda-roupa. — Por que você não fechou a porta? — Luciana pergunta. Sasha dá de ombros, parecendo distraída: — A porta é muito pesada. Eu não tenho força para fechá-la. A resposta de Sasha faz Luciana olhar para a porta e lembrar de seu verdadeiro propósito. Ela é destinada a impedir que os escravos escapem, e nenhum humano teria força para movê-la. Depois de se vestir com várias camadas de roupas para se proteger do frio, Sasha segue Luciana até a cozinha da mansão. Enquanto caminham, Sasha percebe que não estão indo para a cozinha principal, mas continuam andando. Antes que ela possa perguntar para onde estão indo, Luciana explica que a cozinha principal é para o chefe da