— Sem ela para atrapalhar, você finalmente poderá se tornar a Genuína Lunam! — Lukan rosna, seu olhar frio e calculista, enquanto observa Sasha se contorcer no chão. Sasha solta um rosnado profundo, sua voz entrecortada pela dor excruciante. Suas costas se arqueiam de forma involuntária, enquanto a prata continua a queimar sua pele, o cheiro de carne queimada tornando o ar pesado e sufocante. Ela mal consegue respirar, sua visão turva de dor, o corpo frágil lutando para suportar o tormento. Lovetta, observando a cena, sente a fúria se acender em seu peito. A ideia de se livrar de Sasha para finalmente ocupar a posição de Genuína Lunam deveria ser tentadora, já que ela mesma planejou e desejou tanto que Sasha saísse de seu caminho. Mas agora, seu pensamento é outro. Depois de ter visto as marcas da rejeição no pescoço dela, ter visto a maneira como ela se comporta, de como se importa, de mesmo xingando e batendo boca com quem tinha mais força e poder que ela, ela é única a estender
Lukan não consegue terminar a frase. Num piscar de olhos, sua cabeça é agarrada com uma força brutal, garras afiadas no lugar de unhas cravam-se em sua cabeça, e ele é violentamente empurrado contra a parede de pedra.O som oco do impacto reverbera pelo porão, misturado ao estalo inconfundível de osso se partindo. A testa de Lukan racha com o choque, e uma linha espessa de sangue escorre pela ferida aberta, manchando sua pele pálida enquanto seus olhos se arregalam de dor e surpresa.O momento parece se arrastar no ar, a tensão palpável enquanto o corpo de Lukan desaba lentamente no chão, suas pernas falhando em sustentá-lo. O sangue pinga no piso de pedra, formando uma pequena poça vermelha ao redor de sua cabeça. Seus olhos encontram os de Miguel, e por um instante, o tempo parece congelar.Em câmera lenta, Lukan vê o punho de Miguel indo em sua direção. Ele tenta mover-se, mas a pressão da dominância de Miguel o paralisa. Cada célula do seu corpo grita por reação, mas é inútil. O l
Miguel não teve tempo de processar a informação de que a cúmplice de que Lukan se referia era sua escrava, sua mente e corpo haviam sido dominados pela dor compartilhada com Sasha. Tudo o que ele conseguiu focar foi em chegar o mais rápido possível e vingar a sua fêmea.Mas agora, outra verdade se impunha diante dele, uma ainda mais avassaladora.Sua escrava humana, não é humana, não completamente.Ele sente seu peito aperta, a compressão de tudo parece ser demais até para ele.Miguel relembra do cheiro que sentiu na noite passada, o feitiço, que agora ele compreende, começou a se desmanchar após ter recebido seu nó, após a vida do filhote ter sido concebida...Aquele feitiço, com certeza foi um feitiço duplo, ele prendeu a parte lycan de Sasha e mascarou o cheiro do feitiço com outro. Somente uma das princesas bruxas poderia fazer algo assim.Miguel rosna.Pedro mentiu.Pedro sabia da existência dos lycans, do acordo entre os deuses, mas sempre se recusou a responder as perguntas, mes
Miguel afasta a cabeça da de Sasha gentilmente, seus dedos tremem levemente, já antecipando a dor que está por vim. Ele se inclina e deposita um beijo na testa peluda de Sasha, um gesto quase instintivo de carinho e arrependimento. Sasha lambe o próprio focinho, suas orelhas em pé, encarando-o.— Eu estou com você, minha pequena lux lunaris — Miguel diz, e então transforma seu dedo indicador em garra.Ele afunda sua garra na testa de Sasha, a sangue instantaneamente começa a emergir da ferida, Sasha solta um grunhindo, seu corpo lupino tensiona e ela tenta afastar sua cabeça do toque que lhe causa dor.— Não se mexa, querida — Miguel pede, sua voz um sussurro doloroso. — Farei isso rápido — ele promete e começa a desenhar o circulo na testa dela, uma representação da lua cheia. Sasha se tenta se afastar com mais força, Miguel a prende com as pernas e a outra mão ele força a cabeça dela a ficar no lugar.Cada linha traçada pela garra é uma dor que ele sente junto dela, ecoando pela lig
A realidade de ver sua companheira morta, mesmo que temporariamente, é um fardo maior do que Miguel poderia imaginar.O vínculo que os unia ainda pulsa dentro dele, como uma corda invisível amarrada ao coração de Miguel, fazendo-o sentir a ausência de vida no corpo de Sasha de forma quase física. Ele precisa acreditar que ela retornará. A deusa da lua lhe prometeu isso ao fazê-lo destinado a ela, então ela irá voltar. E, no entanto, o medo se infiltra, insinuando-se em cada recanto da sua mente.— Sasha... — ele chama por ela, sua voz treme com a rouquidão de seu tom, apertando-a com mais força em seu abraço, sentindo o corpo dela, agora gelado, pressionado contra o seu. Um calafrio corre pela espinha de Miguel, o peso da incerteza e da dor quase o paralisando.Ele morde o lábio, sua mandíbula tensa, e seus olhos permanecem fechados com força, como se a dor de abri-los fosse insuportável. Dentro dele, seu lobo se agita, tão angustiado quanto ele. Ambos estão à beira do desespero, mas
O vento gélido bate contra o rosto lupino de Sasha, balançando seus pelos, mas ela não sente frio —pelo contrário, a sensação é de pura liberdade. Suas patas batem com força na neve, empurrando-a para trás enquanto ele corre, cada músculo de seu corpo grande e pesado trabalha com precisão, levando-a cada vez mais longe.A cada trote, o vento gélido envolve o corpo de Sasha, fazendo seus pelos alvos dançarem e brilharem sob os filetes de luz que se infiltram pelas árvores ao seu redor. Cada raio que a toca a faz parecer ainda mais etérea, como se estivesse se fundindo à própria paisagem. A sensação de liberdade percorre cada fibra de seu ser, e a loba dentro dela, antes aprisionada por tanto tempo, se sente finalmente viva.A loba sente seu corpo lupino ganhando força a cada passo, a cada salto na neve macia. O peso da forma h
Por longos minutos, Sasha continua a rosnar, recusando-se a ceder. Seu instinto grita para lutar, para não ser controlada, mas a energia de Miguel é constante, sem pressa, sem violência. Ele mantém seu corpo sobre o dela, os músculos tensos, mas seu olhar é firme e paciente. Ele não a pressiona, mas também não recua.Finalmente, os rosnados de Sasha começa a diminuir, até que tudo o que resta é o som de suas respirações pesadas e ofegantes, a tensão vibrando entre os dois. Ela o encara, seus olhos ainda brilhando de fúria e algo a mais.Miguel se abaixa lentamente, aproximando-se de seu focinho, e sem dizer uma palavra, lambe-a com uma delicadeza que a surpreende. Não era isso que ela esperava dele. Uma quebra total do que ela achava que viria de alguém que tantas vezes a feriu. Por um breve instante, ela se permite abaixar a guarda, e é nesse momento que seu corpo começa a mudar, sua loba cedendo o momento a parte humana.Sob ele, sua forma lupina se contorce e, em poucos segundos, s
— Desde então eu carreguei essa sensação, achando que estava louca, como poderia sentir essas coisa por um cara que eu nunca havia visto antes?Miguel não desvia o olhar, ele lembra exatamente quais foram as emoções que ela sentiu, pois cada uma transbordou diretamente nele, duas vezes mais.Mas, ele não esperava que ela tocasse nesse assunto.— Sasha, eu... — Miguel tenta falar, mas sua voz falha. Se ele pudesse voltar no tempo, não teria aceitado o convite da fêmea, mas ele não pode mudar o que aconteceu.— E apenas algumas horas depois, a fez passar pelo inferno — ela diz, sua voz carregada de dor. — Enquanto eu estava inconsciente, quase morta pela sua amante, você não teve nem um pingo de compaixão. Sabia que eu era, sabia o que poderia ter acontecido, e mesmo assim, escolheu nos ferir ainda mais.— Eu não...— Eu vi a dona Luciana cuidar das minhas feridas, rezar a deusa da lua por mim, e então eu vi você. Minha loba, mesmo presa, ficou feliz em te ver, mas então, você nos fez p