“Eu nem te conheço, mas sinto que te entendo. Sinto que você me entende. E é disso que eu mais gosto nessa história."
Sorrio com essa frase e animada passo a página, me aconchego ainda mais na cama e leio os diálogos seguintes.
Parece que estou a horas trancada aqui dentro do quarto e talvez seja porque quando Íris entra no meu quarto eu pulo cinco centímetros na cama antes de olhar para cima assustada.
- Caramba, não te ensinaram a bater não?
- Na verdade não – ela responde e eu bufo antes de voltar a olhar para o livro em minhas mãos – O que vai fazer daqui a digamos, uma hora e meia?
- O mesmo que eu estou fazendo agora
- Que bom, então vamos
- Seja lá para onde, a resposta é não
- Vamos para a aula de yoga
- Nem pensar – eu falo rindo ainda concentrada no livro – Estou muito bem aqui.
- Vai te ajudar a relaxar, e hoje é sábado
- Exatamente, hoje é sábado, noite de folga – olho para ela e aponto para o livro – E está vendo? Eu estou relaxando
- Kathy....
- Não
- Por favor
- Sai daqui – eu falo e ela faz uma careta se aproximando da cama – Íris não ouse.... Ahh – ela puxa o lençol para longe e começa a puxar minha perna para fora – Me solte, sua gnoma dos infernos
- Não existe gnomos.... dos.... infernos – ela arfa com o esforço e eu tento me segurar na cama. É o mesmo que nada, caímos de encontro ao chão e o meu cabelo fica espalhado no chão frio – Acho que quebrei minha bunda
- Otária
- Babaca – ela devolve e começamos a rir – Vamos lá Kathy, prometo que você vai gostar
- Tenho escolha?
- Na verdade, não
Isso é o que dá ter irmãs mais velhas.
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- Agora façam silencio e entrem em contato com o seu eu interior – a orientadora anda entre os espaços dos tapetes no chão e eu fecho os olhos novamente – Inspirem e expirem lentamente.
Faço o que ela diz e contenho um bocejo com a mão, abro um olho e observo Íris que parece muito concentrada na aula.
Droga, eu sou péssima nisso
E minha bunda está suada, e dolorida de tanto ficar nessa posição.
- Para de ficar se remexendo – Íris resmunga ao meu lado e eu faço uma careta
- Fácil falar, não é você que está com a bunda dormente
- Só está dormente porque você está tensa – ela diz baixinho ao meu lado
- Nossa, não percebi. Obrigada gênio – Íris abre o olho e mostra a língua rapidamente antes de fechar os olhos de novo – Quanto tempo ainda temos....
- Agora abram os olhos e se levantem lentamente
Suspiro aliviada e me levanto me esticando em cima do tapete
- Se inclinem para baixo e abracem com os dois braços as suas pernas – faço isso e minha coluna range levemente
Ui, eu sentiria isso mais tarde
- Permaneçam nessa posição por alguns instantes – a orientadora passa por mim e eu espero antes de olhar para Íris.
- Sabe, eu meio que comi antes de vir. Se eu vomitar aqui a culpa vai ser sua
- Você não vai vomitar
- Esteja avisada
- Voltem a posição em pé – volto rapidamente e inspiro esperando novas instruções – Apoiem a perna direita a sua frente e se abaixem colocando a perna esquerda para trás
Tento fazer isso sem cair e comemoro quando não tombo de lado como um bebe. Um segundo, dois segundos, três, quatro......
- Agora se deitem no tapete de bruços e apoie seu corpo em seus braços esticando a coluna e a deixando rente ao chão – olho ao redor e vejo o que ela está pedindo. Copio a posição e tento não ofegar quando meus braços pedem sossego.
- Eu vou te matar Íris
- Shh – ela responde e eu reviro os olhos
- Agora se sentem tranquilamente e façam a posição de lótus
Me sento e coloco as pernas no que parece ser cruzadas, mas é um cruzado estranho. Os outros alunos colocam as mãos apoiadas em suas pernas e eu os imito.
Sorrindo olho para Íris e dou uma piscadinha
- Pareço buda, não é?
- Tenha respeito
- Com todo respeito – eu falo e repito – Pareço buda, não é?
- Você não presta
- E você está me devendo cookies do Stevens
- Vou comprar se você ficar quieta – ela devolve e eu fecho a boca e os olhos.
Até porque eu faria qualquer coisa por cookies.
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A loja de construção antiga nomeada Stevens ficava bem no centro da cidade, era enorme e tinha dois andares onde você podia subir e descer as escadas e nos dois andares você poderia escolher milhões de doces.
Era uma loja colorida é claro
Mas a minha parte favorita era a pequena confeitaria que fazia os melhores cookies de Nova York.
Tinha bastante recheio e a massa era crocante, macia e quentinho. Ou seja....
A melhor coisa do mundo.
- Nutella, duplo chocolate e chocolate com leite ninho – eu falo para Íris e me sento em uma das mesas de madeira, ela revira os olhos e eu sorrio
- Você vai acabar tendo uma crise doce
- Só ouvi você falando a palavra doce – eu falo olhando para o balcão – E meu cérebro excluiu tudo o que vinha antes
- Mané
Ela diz e vai até o balcão, olho ao redor e em um reflexo pego o pingente rodando entre os dedos.
Minutos depois Íris volta com o meu prato recheado de cookies, sorrio animada e mordo um bom pedaço antes de me recostar na cadeira satisfeita.
- Céu
- Sei – ela diz sorrindo e morde o próprio cookie – O que está achando do novo trabalho?
- Maravilhoso, Vince é bem irritante
- Então vocês vão se dar muito bem – ela diz rindo e eu jogo um guardanapo nela que desvia no último segundo – Estou falando a verdade, você é muito chata quando quer
- Eu sei, só não precisa jogar isso na minha cara
- Não estou jogando, estou expondo
- Dá no mesmo Íris – reviro os olhos e pego o segundo cookie – Da próxima vez vou deixar você ir sozinha fazer a posição de buda.
- Flor de lótus
- Buda
- Flor de...... – ela para e eu sorrio vitoriosa – Doida
- Afirmativo
Com Vince tirando o cochilo de tarde eu acabei sem ter muito o que fazer já que na última semana eu conseguir organizar todos os remédios e gerenciar cada um deles, etiquetando e separando por horários.Desço as escadas silenciosamente e ando pelo corredor somente parando para conversar com Sarah – aquela mulher que me atendeu pela primeira vez – ela acabou sendo minha acompanhante aqui na mansão, a não ser quando precisavam da ajuda dela na cozinha.- Passou mais a dor de cabeça? – eu pergunto caminhando com ela ao lado- Sim, aquele chá de camomila e gengibre foi perfeito- Viu? Eu disse que não era ruim- Não, o gosto era ruim mesmo – ela diz e eu sorrio passando por uma faxineira - Mas melhorou, então obrigada- Não há de que – olho ao redor da sala e pisco pensando no que eu posso fazer – Quer ajuda em al
- O que aconteceu com o seu rosto? – Agatha pergunta olhando para Sky e eu tento não pensar muito sobre o que ela acabou de jogar na minha cara.Neto deleHa ha haO destino era realmente muito engraçado. Talvez ele fosse um palhaço na outra vida ou sei lá- Um livro caiu em meu rosto – ele fala e eu pisco lentamente em sua direção, tentando me reconectar ao presente- Um livro fez isso?- Foi uma edição de Senhor dos Anéis – eu ajudo e Agatha faz um som compreendendo a situação, enquanto isso estou sendo fuzilada pelo o olhar de Sky.- Deveria deixar que Katherine olhasse esse machucado- Não, obrigada- Mas está meio vermelho – Agatha reforça e eu quase finjo um mal estar para sair dali. Mas ela é mais rápida – Katherine você poderia?NãoDe jeito nenhu
- Está brincando comigo – Íris começa a rir alto e eu reviro os olhos.Irmãs não deviam se ajudar de vez em quando?A minha deve ter vindo estragada, só pode- De todas as pessoas do mundo......- ela fala e ri ainda mais, jogo um travesseiro nela e ela para de rir por uns instantes para jogar de volta.- Você sabe que a culpa é sua, não é?- Minha?- Sim, você que me fez fazer aquele desafio idiota- Foi genial na verdade – ela diz e coloca mais uma garfada de macarrão na boca mastigando antes de continuar – O que ele disse quando você falou o que era o desafio?- Acho que ele ficou bem chateadoEnrolo um fio de macarrão e o coloco na boca suspirando.- Será que vou ser demitida?- Claro que não – ela fala e me acotovela de leve – Ele não pode te demitir por voc&e
Bocejo de novo e ouço um estalar alto na minha mandíbulaPorcariaTalvez eu tenha quebrado um osso. Coloco o regador mais perto de uma roseira e derramo um pouco de água na terra tentando impedir mais um bocejo.Eu não deveria ter passado a madrugada lendo, foi um erro. Mesmo que o livro tenha sido maravilhoso e que o final tenha me feito chorar que nem uma condenada.Mas do que isso adiantava se eu não conseguia nem regar algumas flores sem conseguir impedir um bocejo? Me levanto e vou para outra roseira, uma de flores coloridas e que exalavam um cheiro tão doce quanto o ar ali de fora.Depois de meia hora consigo terminar e vou direto para o deposito, colocando o regador e as luvas que eu acabei não usando. Sigo em direção a cozinha e sorrio quando vejo Marina terminando de lavar a louça do almoço.- Olá Marina- Hey, terminou?- Sim, estou pe
Uns travesseirosSim, era isso que eu colocaria aqui na biblioteca.... Se ela fosse minha é claro.Me ajeito de novo no chão e apoio o livro na minha coxa descansando as mãos de lado. Passo para outra página e sorrio quando vejo um mapa desenhado a mão.Livros criativosAmeiMe apoio na estante e leio a página antes que com o canto do olho eu perceba um breve movimento perto da porta. Me endireito e olho desconfiada para Sky.- Fiquei imaginando quanto tempo você demoraria para perceber - Perceber que tem um espião em minha cola?- Espião? – ele pergunta e se aproxima- Tanto faz – eu falo e olho de novo para o livro – Posso ajudar em algo?- Na verdade nãoOlho de lado e vejo que agora ele está bem ao meu lado, pigarreio baixinho e viro uma página sem nem mesmo ter lido.- Porque você es
- A vizinha está cozinhando peixe de novo – eu falo abrindo a porta do apartamento e vejo quando Íris corre para a mesinha pegando uma vela aromática.Tiro a chave da porta e me viro para fechar ela quando olho para baixo e tomo um susto gritando um pouco, fazendo com que Íris pule um centímetro do outro lado.- Caceta, esse cachorro ainda vai me matar – eu falo ainda ofegante e Íris se aproxima olhando para o cachorro meio morto, meio vivo- Eu acho realmente que deveriam levar ele no veterinário – Íris fala e se abaixa acariciando o pelo grosso do cachorro silencioso.Credo, ele nem ao menos pisca- Você quer comer alguma coisa camarada? – eu falo e ele vira a cabeça para mim, inclinando a cabeça – Ou quer algum remédio?- Kathy!- É sério, tadinho dele Íris – ajeito a bolsa em meu ombro e fa&cc
ChiqueDe vidroFácil demais de quebrarDescarto outra xicara e acabo pegando uma de lá de trás do armário, que está meio empoeirada. Mas é melhor empoeirada do que quebrada.Lavo rapidamente e enxugo a caneca, vou até a cafeteira e encho até a metade de café. Assopro levemente e levo a boca tentando me aquecer desse frio absurdo que assolou Nova York da noite para o dia.Bebo outro gole e já me sinto parcialmente aquecida quando vejo que Sky está entrando na cozinha, faço uma careta e tento andar na ponta dos pés até o outro lado, onde existe outra porta de saída. Mas assim que chego na metade do caminho ele pigarreia alto e eu resmungo um palavrão baixinho.- Bom dia Katherine – porque eu estremeço toda vez que ele diz o meu nome? Isso é algum truque dele?Me volto lentamente para ele e finjo que nunca
Guardo as coisas dentro da maleta e a fecho antes de me virar para Vince que está observando o ar meio nublado do lado de fora.- As vezes sinto falta de trabalhar – ele diz baixinho e eu me aproximo ficando do seu lado.- Até mesmo em dias como esse?- Como assim? – ele pergunta se virando para mim e eu aponto para o lado de fora.- Dias nublados e chuvosos- Sim- Você é estranho – eu falo e ele balança a cabeça sorrindo – Todo mundo quer ficar em casa dormindo, assistindo, comendo besteira, ou até mesmo os três juntos.- Eu queria trabalhar – ele afirma e eu concordo seriamente- Eu entendo o sentimento- Ah é? – ele fala e sai da janela se sentando em uma das poltronas – Você também prefere trabalhar?- Não. Eu só disse que entendoVince ri roucamente e eu dou um sorriso sain